Volume 1

Capítulo 12: Informações

Quando André voltou à consciência, estava cercado pelos outros presentes na sala de treino, Lucas e Zita ajudaram ele a se levantar.

— Se não tivesse usado seus poderes,  teria vencido — André disse a Léo.

— Talvez eu seja muito dependente dos meus poderes… — Respondeu o perdedor de confronto.

— Não apenas você — Interferiu Felipe — Todos nós estamos acostumados a usarmos nossos poderes, que nunca imaginamos o que aconteceria se um dia perdêssemos…

Aquilo foi um choque para a maioria dos presentes, mas Felipe pôde observar que além dele e André, Kawã também parecia já ter pensado na possibilidade de perder os dons divinos.

— Kawã… — Felipe interrogou — Tem algo que queira compartilhar?

Kawã sorriu e falou, dando um passo à frente:

— Eu ia deixar isso para o final… Mas desde que o setor de pesquisa e desenvolvimento começou a pesquisar uma forma de abrir a porta por esse lado, eles isolaram um tipo de energia que emitimos quando usamos nossos poderes, suspeito que eles estão tentando criar algo que anule nossas habilidades…

— Como assim? — Exclamou André — Por que eles fariam isso?

— Eles querem nos controlar — Comentou Eduardo.

— Não! — Corrigiu Anne — Eles nos controlam… Não importa o mundo em que estamos, acabamos sendo controlados para satisfazer os planos de pessoas que não sabem o significado da palavra herói.

André parecia muito assustado, que tipo de poder poderia controlar os 32 heróis do outro mundo, nem mesmo os mais poderosos do outro mundo puderam contra eles isolados, imagina se eles se unissem.

— Nossas famílias… — Zita respirou fundo e continuou — Eles ameaçam a segurança das nossas famílias.

— Estamos de mãos atadas, não temos opção a não ser obedecê-los. — Completou Felipe.

— Mas, afinal, quem são eles? — Perguntou André.

— São as pessoas mais importantes desse mundo. — Explicou Felipe — Empresários, políticos, militares, cientistas… Enfim, muita gente preparada para ir até as últimas consequências apenas para nos manter sob controle.

— Então não mudou muita coisa de um mundo para outro? — Reclamou André.

— Parece que não… — Suspirou Zita.

— E se conseguirem criar uma forma de anularem nossos poderes, nos tornamos impotentes contra qualquer ameaça, saiba que eles já conseguiram completar o radar de energia que pode rastrear o uso de nossos poderes ou qualquer forma de abrir portas entre os dois mundos, foi assim que achamos o André tão rápido… A vinda dele gerou picos de energia imensuráveis, que foram captados e rastreados pelos radares…

Kawã estava falando como se explicasse uma teoria da conspiração, e talvez fosse. Ele continuou:

— Normalmente eu adoraria ter o André sob minha custódia, mas tive uma sensação de perigo, talvez meus instintos, então preferi conseguir uma forma de enviá-lo para Felipe, mesmo que a equipe de cientistas conseguisse manter os objetos que ele trouxe em um ambiente fora do meu alcance.

Então retirou uma bolinha de metal retorcido do bolso, e jogou para André, que aparou entre os dois punhos fechados.

— O que é isso? — Perguntou Zita.

— A prova de que teremos uma guerra em breve… — Respondeu André.

Kawã olhou para as bandagens que envolviam os braços de André, o pulso direito tinha marcas de queimadura produzidas por Zita, engoliu e seco, sentou no chão e continuou.

— Só consegui tirar 3 objetos de lá, dois livros e essa bolinha de metal… Aparentemente são os únicos que não emitem nenhum tipo de energia…

— Claro que não — Falou André — Esse aí absorve energia, é de longe o mais perigoso. Se eles tivessem descoberto as reais propriedades estariam chocados.

Jonas que tinha permanecido em silêncio desde o começo da luta de André e Léo, finalmente se manifestou.

— E o que é isso exatamente?

André não respondeu de imediato, deu o objeto a Zita e afastou-se.

— Zita, jogue isso nele — Disse André apontando o punho enfaixado para Jonas — E você, Jonas, recomendo que faça a sua melhor barreira.

Zita segurou a esfera de metal retorcido, girou na mão tentando entender o que era aquilo, não fazia sentido, o poder de Jonas era criar diversos tipos de escudos invisíveis, de diversos formatos e resistências, inclusive que atendesse a certas condições impostas por Jonas. Como uma esfera de metal poderia anular esse poder? Mesmo assim, ela deu um passo para trás, esticou o braço, enquanto isso, Jonas arqueou o corpo, dobrou os joelhos e pôs dois dedos em riste.

Zita arremessou o objeto sem usar muita força, Jonas nem se moveu, mas o ar em torno do seu corpo se tornou translúcido, devido ao um campo de força criado, mesmo assim a bola de aço acertou em cheio a sua testa, provocando riso da maioria dos presentes.

— Como é possível? — Exclamou Jonas, esfregando a testa enquanto apanhava a esfera no chão.

— Isso é uma parte da armadura do Cavaleiro de Prata — Respondeu André

— O QUE? — Gritou Zita — COMO É POSSÍVEL?

— Quando vocês voltaram, eu enfrentei ele, mas descobri no final que a armadura estava vazia, com certeza ficou para trás enquanto ele atravessou na frente, e enquanto nós enfrentávamos uma marionete, ele fugia. — Explicou André — Então eu escondi as partes da armadura e trouxe uma parte do elmo para provar.

— Suas palavras não me convencem — Bradou Jonas.

— Azar o seu! — André deu de ombros.

— Só pode ser parte da armadura dele. — Murmurou Zita — Não conheço outro objeto com essa capacidade. Certa vez o Cavaleiro de Prata foi até capaz de suprimir totalmente meus poderes me prendendo na armadura, ao tocar a bola de metal eu tive a mesma sensação de que meus poderes estavam sendo repelidos.

André baixou a cabeça e suspirou com uma expressão amarga.

— Então quer dizer que ele fugiu deixando a armadura para trás? Será que não apenas se escondeu com medo da repercussão da merda que ele fez? — Interrogou Zita.

— Não é tão simples, nos últimos 4 anos ninguém teve nenhuma notícia dele, sequer os oráculos conseguem senti-lo…

— Então ninguém pode descartar a possibilidade dele ter vindo para cá! — Concluiu Felipe.

Por mais que alguns estivessem relutantes, todos acabaram por concordar com a possibilidade sugerida por André e reforçada por Felipe.

— E o que você me diz disso? — Felipe mostrou um livro de capa vermelha.

— Ah! — Exclamou André — Minhas anotações…

— Está escrito em Língua Morta — Interrompeu Kawã.

Eduardo que se mantinha encostado e um canto fazendo cara de preguiça, finalmente se aproximou e pegou o livro das mãos de Felipe, mas após folhear por alguns segundos ainda parecia não entender o que estava escrito ali.

— Do que adianta fazer anotações se ninguém consegue ler?

— Adianta se você quiser esconder algo — Respondeu Anne enquanto pegava o livro.

Anne se direcionou para onde estava André, esticou o braço tentando entregar o livro a ele, mas foi Zita quem pegou.

— Ele está com as mãos enfaixadas — Disse Zita sorrindo — Claramente não pode abrir um livro…

— São apenas anotações — Explicou André — Eu sei isso aí tudo decorado, afinal fui eu que escrevi.

— O que dizem essas anotações? — Instigou Felipe.

— São o pouco que descobri sobre os deuses. — Respondeu André.

Kawã tirou um livro de capa verde da mochila e mostrou a todos.

— E isso? Por que mesmo não estando em Língua Morta ninguém consegue ler, nem mesmo os nossos melhores equipamentos conseguiram avaliar? Mesmo que saibamos que tem algo escrito, não conseguimos ler, nem mesmo identificar a energia que emana.

André apenas olhou e deu de ombros.

— Ah… Isso é para o Leonardo, foi a esposa dele quem mandou!

— … — Léo deu um sorriso amarelo.

— Como assim? Ele é casado?



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