Volume 1

Capítulo 48: Início do Fim

Jonas olhava para o horizonte, admirando a beleza das cores que se misturavam no céu durante a aurora, e agora ele se arrependia de não ter aproveitado cada segundo nesse mundo durante seu tempo de herói, mas prometia a si mesmo não cometer os mesmos erros. Nenhum deles.

Dessa vez ele salvaria esse mundo perdido. Nem mesmo que tivesse que colocar uma enorme barreira em torno de tudo.

Baixando seus olhos ele viu à sua frente um terreno destruído com formato circular e marcas profundas de escavação em espiral, como se um terrível furacão tivesse se formado ali e permanecido escavando o solo até uma profundidade de 8 metros, com um diâmetro de 35 metros.

— É incrível… Mesmo após tanto tempo esse lugar ainda permanece morto!

A palavras de Victoria trouxeram Jonas de volta à realidade, ele olhou ao redor, sua companheira de viagem em pé com a mesma expressão apática, cabelos acinzentados esvoaçando com o vento gelado que vinha do deserto.

— Você tinha que ver quando o pilar de chamas emergiu… — Jonas suspirou, lembrando da cena aterrorizantemente bela — Elizabeth conseguiu parar os 3 exércitos sozinha, aqueles que tentaram desafiá-la foram incorporados à paisagem na forma de cinzas. Até mesmo Long-Hua recuou sob o intenso calor. Realmente uma pena que você não tenha visto…

Victoria olhou para Jonas com estranheza, ele não era de falar muito, muito menos uma pessoa saudosa.

— Nenhum lugar é melhor para uma declaração de guerra do que o lugar onde foi declarado o fim da última. — Dizendo isso Jonas olhou para o Sul, de onde vinham vários soldados da patrulha do deserto — Avise aos nossos “amigos” que em breve a batalha começará.

Victoria assentiu e saiu, indo em direção ao Norte, onde a uns 100 metros havia um grupo de guerreiros, 15 pessoas entre homens e mulheres, rústicos e bárbaros, usando couraças esfarrapadas e armas pesadas de ferro, cobertos de cicatrizes, falando alto e sem um pingo sequer de educação.

Após repassar o recado, Victoria retornou para o lado de Jonas, os guerreiros da patrulha do Sul se aproximavam rapidamente. Enquanto Jonas pensava no seu discurso de abertura da guerra e na eloquência das palavras para causar um bom impacto, 3 guerreiros da patrulha do Sul se aproximaram, os demais ficaram atrás para o caso de haver alguma armadilha. Procedimento padrão.

Um dos bárbaros de Jonas apenas passou por ele e Victoria descendo para a enorme cratera circular, arma em punho, sorriso no rosto, sangue nos olhos. Seus cabelos longos e ressecados esvoaçavam, sua pele bronzeada estava exposta ao sol da cintura para cima, e a sua calça e as botas aparentavam ser bem velhas e desgastadas. Parou apontando a sua longa cimitarra para os 3 patrulheiros do Sul, e gritou:

— Eu sou Jairo! Em nome das pessoas livres do Reino do Leste, eu desafio vocês três!

Os patrulheiros se entreolharam incrédulos, não havia motivos para aceitarem o duelo, e com toda certeza era uma armadilha, o melhor era retornar e reagrupar. Mas antes que saíssem, Jonas gritou:

— Jairo! Lembre-se de deixar um vivo para repassar o recado a Long-Hua…

As palavras de Jonas fizeram os patrulheiros arregalarem os olhos, e Jairo abrir um sorriso demoníaco.

Jairo usou um movimento em alta velocidade para se aproximar das suas vítimas antes que qualquer um deles fosse capaz de sacar sua arma, um erro fatal, o certo era já estar com eles em punho no momento em que se separaram do resto do grupo.

A cabeça do primeiro caiu, e antes que o segundo fosse capaz de fazer um movimento, a cimitarra de Jairo decepou seu braço direito, lhe deixando apenas com um escudo, o terceiro teve mais sorte, enquanto via o gigante de pele escura e cimitarra afiada partir o segundo ao meio em três golpes, sacou sua espada se pondo em posição de desafio.

Jairo avançou sobre o terceiro, sua cimitarra descendo com muita velocidade sobre o corpo frágil do guerreiro do sul, suas armas colidindo poucos centímetros acima da cabeça do terceiro, a espada dentada do povo do deserto se partindo, a cabeça e o ombro se dividindo ao meio, o terceiro caindo sobre os joelhos, o sangue escorrendo para dentro da cratera, um sentimento bom, alguns homens só querem sentir o doce aroma da guerra.

Os demais patrulheiros ao avistarem o que aconteceu se encaminharam em direção ao monstro assassino, com o desejo de vingar a morte de seus companheiros, mas Jairo já estava satisfeito, além disso ele tinha que deixar os outros bárbaros se divertirem também.

Dando as costas para os patrulheiros, Jairo começou a descer a cratera para retornar ao lado norte. Um patrulheiro avançou em alta velocidade, pronto para decapitar Jairo em um ataque, mas seu corpo parou no ar, a poucos passos do seu alvo, a dor excruciante no abdômen o fez cair, enquanto uma mulher com os cabelos em uma cor linda parava em frente a ele.

Morrer olhando para alguém tão bonita era mais do que qualquer soldado jamais sonhou, mas a mulher que tirou a sua vida de uma forma tão fácil não se importava, apenas puxando a sua lança de ponta de cristal do abdômen do homem agonizante, ela se pôs em posição de ataque, pronta para cobrir Jairo em seu retorno.

Duas flechas voaram em direção à assassina da lança com belos cabelos, fazendo com que ela se movesse para a frente esperando desviar do ataque, sem perder o arqueiro de vista.

Um segundo depois o arqueiro pareceu estar mais longe, o “buraco” que antes estava atrás dela, agora estava em sua frente, duas explosões no local onde ela estava um segundo antes. O resultado de flechas mágicas, era um arqueiro-feiticeiro.

Victoria usou seu “salto” para retirar a assassina de cabelos coloridos dali, enfrentar um feiticeiro não estava nas capacidades de muitos guerreiros.

— Essa foi por pouco. — Disse a jovem de cabelos coloridos — Muito obrigada, irmã Vic.

— Não foi nada. — Victoria sorriu por uns segundos — Mas tenha mais cuidado, Ametista.

O restante dos patrulheiros chegou à borda do buraco, assumindo uma formação de combate. Enquanto isso, na borda oposta estavam parados os soldados de Jonas como se guardassem a retaguarda de seu líder.

Se sentindo confiante e puxando a responsabilidade para si, Jonas deu um passo a frente, e levantando dois dedos prendeu ao mesmo tempo cada um dos patrulheiros em uma barreira cúbica isolada.

— Eu, Jonas Ramos, estou declarando guerra ao Reino do Sul. — Gritou o herói a toda voz — Um de vocês ficará vivo para repassar o recado a Long-Hua. Então… Alguém se propõe para deixar seus companheiros morrer e levar a mensagem?

Recebendo silêncio como resposta, Jonas sorriu e prosseguiu no seu discurso.

— Eu não podia esperar menos do Clã da Areia, devotos do deserto, são pessoas realmente corajosas…

Ao dizer essas palavras Jonas estalou os dedos, fazendo que duas barreiras explodissem matando seus prisioneiros. Vendo o olhar de resistência, o herói continuou e um discurso cheio de elogios e ameaças, de vez enquanto estalando os dedos e levando alguns prisioneiros à morte.

Quando restava apenas um prisioneiro, justamente o arqueiro-feiticeiro, Jonas o libertou enquanto mantinha um olhar maligno, e disse:

— Você é o sortudo que vai repassar a minha mensagem, espero que o seu rei tenha tanta piedade quanto eu!

— Por que está fazendo isso? — Gritou o arqueiro.

— Porque é assim esse mundo funciona! — Respondeu Jonas — Guerra é a única língua que vocês entendem.

Sem perder tempo, o mensageiro começou a recuar sem dar as costas para Jonas, mas antes que ele fosse capaz de ir longe um chicote de duas pontas atravessou o buraco e o prendeu pelos pulsos, na outra extremidade estava uma pessoa baixinha totalmente escondida por um manto longo e capuz com máscara, apenas lhe deixando descobertos os olhos escuros como uma noite sem luar.

— Arqueiros sem mãos são ótimos mensageiros… — A voz baixa e abafada pela máscara veio da pessoa que controlava o chicote.

Um zumbido foi ouvido e o chicote imediatamente se recolheu dentro manga da pessoa misteriosa. No mesmo instante as duas mãos do mensageiro caíram por terra, no local onde foi cortado havia uma fumaça resultante de cauterização instantânea do ferimento, impedindo que houvesse chance de que a vítima morresse de hemorragia.

Jonas olhou para o mensageiro sem mãos tentando esconder a dor mediante uma expressão de ódio, depois olhou para o misterioso guerreiro baixinho, agradecendo aos deuses que os antigos soldados do batalhão de André não tentaram mata-lo quando ele buscou ajuda.

Enfrenta-los uma segunda vez seria impossível sem os exércitos do Oeste. Pelo menos dessa vez ele escolheu o lado certo.

— Que comece a guerra…

— Que comece a Era do Caos…

— E que venham os deuses!



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