Volume 1 – Arco 3
Capítulo 17: O Pilar de Capricórnio
O Espectral pairava no ar sobre seu meteoro enquanto todos o observavam. Thomas permanecia desacordado no ombro da entidade misteriosa. Espectral, uma figura com chifres de carneiro, usando um manto branco com runas estampadas nele. Tinha longos cabelos brancos, e usava uma coroa de espinhos azuis bem escuros na cabeça, e em seus olhos vazios, era visível uma chama roxa. Sua pele acinzentada e magra como um monge.
— Essas marcas em seu manto… a energia roxa… só pode ser o Pilar de Capricórnio! — exclamou Milan, observando de longe.
— Capricórnio? Espectrais estão relacionados às constelações do Zodíaco?
— Sim, cada um representa uma constelação diferente, e cada um tem características únicas. Pelo jeito nos esbarramos com o de Capricórnio. Mas o que ele quer com o amigo de vocês? — acrescentou Milan.
O Espectral ergueu uma mão, e pedaços de pedra saíram do chão, flutuando ao céu, como meteoritos. Ele conduziu as rochas em direção à seus alvos: Arashi, e Tsukasa. Arashi com duas manobras para trás desviou de algumas pedras, e então usou sua eletricidade para seguir avançando para a direita, enquanto desviava. Tsukasa, que estava segurando duas lâminas de gelo em mãos, partiu um dos pedregulhos ao meio e seguiu cortando-os, pulando por cima deles, e no final de suas manobras, ele lançou uma de suas lâminas ao solo na frente de Arashi.
Arashi segurou a lâmina, agora tinha uma katana de titânio, e uma lâmina de gelo. Seguiu avançando com as duas lâminas, e ele saltou no ar, girou seu corpo como um peão em alta velocidade, liberando eletricidade de seus brincos e lâminas. Ele se tornou uma serra de eletricidade gigante, cortando todas as rochas que vinham pela frente.
O Espectro criou seis pequenos portais à sua volta, todos eram roxos, e começaram a liberar projéteis de plasma roxa. Tsukasa efetuou um corte curvo para cima, e partiu um dos projéteis. O gelo saiu do chão e seguiu o movimento de seu corte, criando uma barreira à sua frente. Junto da barreira, o gelo se expandiu com velocidade pelo chão, cobrindo boa parte da areia e um pouco do rio também. Uma rampa se estendeu do gelo, em direção ao Espectral. Arashi — que continuava girando como uma serra — subiu pela rampa, criando um rastro por onde passava e obliterando tudo que aparecia no caminho. Tsukasa criou um pilar de gelo na frente da rampa, fazendo com que um dos projéteis acertasse o pilar, e se dissipasse antes de alcançar Arashi. Ele parou de girar, e usou as duas lâminas para cortar o meio o pilar que Tsukasa havia criado, e seguir em frente. Ele já estava cara a cara com o Espectral, e tentou cravar sua espada no crânio daquela entidade. Mas quando a katana se aproximou, ela foi barrada por um campo de força com energia roxa. Arashi infundiu eletricidade na lâmina da katana, e continuou forçando para atravessar a barreira. A colisão entre as duas energias fez com que Arashi fosse repelido para a direção contrária, sendo assim, jogado ao ar. Tsukasa, vendo que seu irmão estava prestes a cair, juntou os dedos e recitou rapidamente:
— Lumen Solidáriun!
A lua de gelo se ergueu no céu, um pouco abaixo de Arashi. Ele caiu sobre a lua, e se apoiou em cima dela.
Os projéteis de plasma continuaram sendo liberados dos seis pequenos portais, e o Espectral continuava imóvel em cima do meteoro. Alguns dos ataques estavam alcançando a área onde Hifumi, San e Milan estavam. Hifumi então jogou o corpo de San para Milan, e ele o segurou.
— Cuide de San garoto! — ordenou Hifumi, enquanto sacava sua espada e avançava, desviando dos ataques.
O Espectral apontou para o chão, e três Golens de pedra se ergueram das rochas. Hifumi desviou de um projétil com uma esquiva para a esquerda, e então se esquivou de novo para a direita. Um dos Golens tentou atacá-lo com um golpe direto, mas uma montanha de gelo o derrubou. O outro Golem arrancou uma pedra do chão e jogou em Hifumi, mas um tiro de elétrico pulverizou o pedregulho.
Um último projétil foi atirado em Hifumi, e ele desviou com um mortal para trás. Antes de tocar no chão de novo, seu corpo se cobriu em chamas, e avançou como uma bala no outro Golem, partindo-o ao meio. Com o impulso de seu ataque, ele se apoiou na rampa que Tsukasa havia criado antes, e saltou em chamas. Mirou sua espada no solo, e a atirou. A espada coberta por fogo se fixou no solo, e um pentagrama vermelho se formou em volta dela.
— Ira Vulcani! — recitou o feitiço, fazendo a energia do pentagrama aumentar, e explodir em uma erupção de lava. As chamas se ergueram na altura do Espectral, que em segundos estava coberto por fogo, junto de seus portais.
Arashi estava canalizando uma enorme quantidade de eletricidade em um braço só. A aura elétrica se expandia de sua mão até seu ombro. Se preparou para o ataque, firmou seus pés no gelo da lua, e olhou para a coluna de fogo com fúria no olhar. Com uma arrancada furiosa, e o estrondo de um relâmpago, Arashi se moveu como um trovão na direção do pilar em chamas. A arrancada foi tão veloz e estrondosa, que a lua de gelo se partiu em pedaços. Dentro da cortina de fogo, Arashi segurava um golpe contra a barreira de energia do Espectral, que estava completamente rachada. Com um último grito de fúria, a barreira finalmente se estilhaçou. O fogo se fundiu a eletricidade, e uma explosão repeliu o Espectro e Arashi para direções opostas.
Uma cortina de fumaça tampou todo o cenário, e dois buracos no chão foram abertos, onde estavam os corpos dos dois. O Espectral se levantou do chão, ainda carregando o corpo de Thomas no ombro. Já Arashi, não levantou mais. Seu irmão, Tsukasa, correu até seu corpo para checar se seu irmão estava bem.
— Arashi!! — gritou, quando se deparou com seu irmão desacordado, e seu peito com hematomas. Arashi levou um último golpe no peito antes de desferir seu ataque. Suas feridas no peito estavam com energia roxa emanando delas, mas Arashi ainda respirava. Tsukasa se agachou ao lado de seu irmão, e tentou sentir seus batimentos cardíacos. Estavam lentos, quase parando.
Enquanto isso, longe do conflito, duas silhuetas vinham caminhando em passos lentos. Era San Hiroyuki, junto de Milan Hoffmann. San havia acabado de acordar, mas algo estava diferente. Tsukasa se levantou, e caminhou em direção ao Espectral com lentos passos, e uma expressão sombria. O Espectral ergueu a mão para o céu, e inúmeros Golens de pedra surgiram do chão, correndo até eles.
Tsukasa mantinha a expressão sombria, e o gelo da espada em sua mão se tornou vermelho. Hifumi brandiu a espada também, se preparando. Mas San o barrou, sem dizer uma palavra, apenas andando em direção ao Espectral também. San e Tsukasa estavam lado a lado, e de frente ao exército de Golens vindo em sua direção.
San puxou duas correntes de Alquimia, mas desta vez, em vez de energia dourada, tinham uma energia roxa, idêntica a energia que o Espectral de Capricórnio estava usando. Tsukasa avançou entre o exército, e partiu três Golens de uma vez. Os outros tentavam lhe acertar, mas ele era rápido demais. Com sua lâmina mais afiada e maleável, ele seguiu partindo todos os inimigos à frente, girando, cortando, esquivando e acelerando.
San brandiu suas correntes, e as movimentou em direção aos Golens. Com fortes chicotadas, eles eram destruídos na hora. San enrolou um deles em sua corrente, e o puxou, fazendo-o colidir com os outros à frente, e com a outra corrente ele cortou todos na reta ao meio.
Tsukasa, do outro lado, permanecia cortando os Golens com os olhos fechados. Até agora, nenhum sequer havia o tocado. Ele deu um salto ao céu, e recitou o feitiço:
— Tempestas Glacialis… — espinhos de gelo se ergueram do chão, eles eram vermelhos e rígidos, mas também eram moles e maleáveis como tentáculos. Os espinhos seguiram em direção aos monstros, e se multiplicaram conforme atingiam os Golens. Cada vez mais espinhos eram gerados, e cada vez mais Golens voavam aos céus.
San puxou as duas correntes, e começou a girá-los em forma espiral. A energia se infundiu no movimento, e um vórtex roxo foi criado novamente. Os Golens eram sugados para dentro dele, e ele se expandia cada vez mais.
Os outros observavam de longe, boquiabertos com o massacre. Os Golens foram derrotados, e o Espectral fez um movimento circular com as mãos, abrindo um portal. Ele estava prestes a atravessá-lo com Thomas nos braços. Tsukasa, usando seu gelo vermelho, criou um caminho aéreo em direção ao portal. Subiu pelo seu caminho com velocidade, e San o acompanhou por baixo. O portal começou a se fechar quando o Espectral passou por ele. Vendo isso, os dois deram um longo salto, mergulhando no portal antes que ele fechasse. Quando entraram, o portal desapareceu.
— Merda! Aqueles idiotas foram com ele. Pode nos teleportar até lá, Hoffmann? — perguntou Hifumi, com os braços nos quadris.
— Não faço a menor ideia de para onde aquele portal os levou. Tenho que saber a sua localização antes… mas acho que posso fazer isso, ainda estou conectado com San por causa da pedra que lhes dei antes, mas vai levar um tempo até eu rastreá-lo por completo.
Tsukasa e San passaram pelo portal, e caíram sobre um pedaço de chão rochoso, que pairava pelo espaço. O céu em volta deles era rosado, e o limbo abaixo também. Energias roxas e rosas vagavam pelo vazio, e existia apenas uma ponte de pedregulhos negros à sua frente, e no final da ponte, um pequeno castelo negro.
O Espectral estava indo em direção ao castelo com Thomas nos braços, até que notou que os outros dois também passaram pelo portal. Ele apontou um dedo para a ponte, e ela começou a lentamente se despedaçar no limbo. Tsukasa bateu o pé contra o chão com força, e o solo foi congelando-se lentamente. Mas mesmo com o gelo, a ponte ainda se despedaçava. Tsukasa percebendo isso, logo deslizou no gelo que havia criado, para chegar no destino com mais eficiência. A ponte já estava dividida em pelo menos cinco pedaços diferentes, mas ele não desistiu. Outros esqueletos, desta vez de pedra, surgiram da ponte e avançaram na direção de Tsukasa. San os laçou com uma de suas correntes, e os puxou para o limbo. Um deles tentou saltar no ar, mas San o enrolou na corrente e o usou como impulso, para chegar até Tsukasa. A gravidade alí era baixa, então o impulso que San conseguiu foi parcialmente alto.
Tsukasa seguia estilhaçando os esqueletos à frente, ele era muito veloz e habilidoso com suas lâminas vermelhas. No último esqueleto da ponte, ele enfiou a lâmina em seu crânio e saltou por cima dele, virando um mortal até o outro lado. San estava lentamente caindo do alto, quando um monstro o atingiu na costela. Era uma espécie de pterodáctilo de pedra, que agora voava com San em sua boca, como um peixe no bico de uma gaivota. San relutou para se soltar, e envolveu os punhos com a energia roxa do Espectral. Dando-lhe um soco bem no focinho do bicho, fazendo-o soltar. O animal deu um rugido feroz, e San usou a energia do outro punho para criar um disco de magia. Lançou-o no pescoço do monstro, cortando sua cabeça.
Após o ataque, San caiu lentamente na frente do castelo, junto de Tsukasa. O Espectral havia entrado na janela ao topo, e os dois lentamente caminharam até a porta. Tsukasa cravou a última lâmina que tinha no portão do castelo, congelando-o por completo. Se aproximou da porta coberta por gelo, e lhe encostou a palma da mão. Segundos depois, o gelo foi destruído, juntamente com o portão do castelo.
Dentro do castelo, as paredes eram escuras e com detalhes de cifras antigas, um lustre com luz roxa brilhava ao teto, e o Espectral estava de frente a uma fonte de luz intensa. Era como uma pequena estrela, de cor rosa. O Espectral de Capricórnio colocou o corpo de Thomas em frente à pequena estrela, e baixou sua cabeça a ela, reverenciando-a.
— Oh, Zephyria. Estou limpando a corrupção de Nephthar, assim como desejou que fosse feito. Aqui está o ponto infectado que tinha mencionado, espero que esta purificação lhe agrade — saudou o Espectral, e então ele se dissolveu em energia roxa, desaparecendo.
Tsukasa avançou, e segurou o corpo de Thomas nas mãos, e então desviou para trás novamente com um movimento veloz. San estava parado, admirando a pequena estrela à frente dele.
— Então esta é Zephyria…? Por que as pessoas em Vollmond oravam para essa coisa? — Tsukasa não respondeu, ele estava apenas encarando Zephyria profundamente.
De repente, San ouviu uma voz.
“Criaturas inferiores, lhes aclamo com piedade, deixem o corrompido no castelo e retornem para sua viagem. A função de Zephyria Astralis é purificar Nephthar… assim como os humanos tanto pediram, preciso atender ao aclamado pedido dos meus seguidores.”
— Você… fala? Está falando sobre as rezas que as pessoas de Vollmond faziam a você? — questionou San. Apenas ele conseguia ouvir, para Tsukasa, tanto a estrela quanto San estavam falando em outra língua.
— O que é que você está falando? Língua das estrelas…? — perguntou, mas San não respondeu. Estava focado em ouvir o que Zephyria tinha a dizer.
“Os humanos oraram por mim, suplicando para que eu removesse as trevas e impurezas de Nephthar… Nunca tive tantos seguidores em toda a eternidade, então decidi atender este pedido. Agora sou a guardiã do planeta das Trevas… e farei de tudo para purificá-lo das sombras.”
— Mas eles estão mortos agora… todos mortos! Você os deixou morrer?! Por que não os protegeu?
“Eram impuros. Inconsequentes, e malignos. Estavam estragando o mundo, isto também é um tipo de corrupção. Farei de tudo para purificar este planeta, e os humanos estavam fazendo de tudo para destruí-lo. Então, criei uma fonte de água nos céus, para afundar todo seu império. Apenas restaram as criaturas verdadeiramente puras e sem corações ruins, os lobos de pedra.”
San ficou em silêncio por um tempo após ouvir estas palavras. A estrela, Zephyria, havia destruído Vollmond e todos os humanos vivos lá.
— Matou eles…? Matou… todos eles… seu próprio povo…? Matou as pessoas que confiavam em você para libertá-las… VOCÊ APENAS MATOU ELES?! — San estava furioso, e também sentia remorsos pelas pessoas de Vollmond. Confiaram em uma entidade superior, e no fim, ela os levou a perdição.
“Estão todos livres agora. Suas almas estão livres para vagarem como quiserem, estão libertos das Trevas que tanto reclamavam. Eu os libertei, e eu continuarei protegendo estas terras, com vocês se intrometendo ou não.”
Foram as últimas palavras da estrela, antes de um corpo de uma mulher sair de dentro da luz emitida por ela. Era um corpo inteiramente feito de magia, um corpo bem formoso e com cabelos que flutuavam conforme andava. A energia da estrela era visível vagando por dentro do corpo, como se um universo inteiro existisse lá dentro.
“Mas agora, quero que devolva a essência que roubou de mim no império dos humanos.”
O corpo mágico de Zephyria apunhalou San na barriga com uma mão, fazendo-o tossir saliva com a dor. Ela segurou a orbe que San tinha pegado em Vollmond, e puxou para fora. Com a orbe nas mãos de Zephyria, o corpo retornou para dentro da estrela, e o castelo todo começou a tremer. San caiu no chão novamente, desacordado. Tsukasa segurou no braço de San e o puxou junto com ele, estava carregando tanto San quanto Thomas. Ele correu para fora do castelo, e pulou no limbo. O castelo começou a desmoronar, junto com as plataformas de pedra acima. Enquanto todos caíam no limbo, uma luz dourada os envolveu, e em um piscar de olhos, eles apareceram junto de Hifumi e Milan em Nephthar.
— Consegui resgatar eles…! — exclamou Milan, ofegante. Aparentemente teleporta-los de um local tão isolado custou uma alta quantidade de Alquimia.
Notas:
Aviso: Todas as ilustrações utilizadas na novel foram geradas por IA. Perdoe-nos se algo lhe causar desconforto visual.
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