Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: Bczeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 13: Sacrovivo

Mythro se recupera em segundos da cambaleada e se vira rapidamente, ele se curva e olha para quem o segurou.

— Obrigado pelo suporte.

— Tome mais cuidado na próxima vez. Sou Sacrovivo,  vim aqui para você, Mythro, e trouxe a placa de medição.

O homem que salvou Mythro da queda é um senhor careca com uma longa barba negra e olhos de íris brancas. Ele usa um robe preto e sandálias simples e em seus dedos há tatuagens com runas.

“Tais runas… Eu já as vi” — Gornn avisa.

— Você não é o todo sábio? Então tem que saber mesmo.

“Ora, mais respeito ao seu mestre”

— Começa com ora de novo, não.

— Está pensando o quê?

Sacro interrompe a festa na cabeça de Mythro.

— Nada. Você disse que veio com a placa de medição, o que é isso?

Marsca então aparece na frente de Mythro e pega uma pedra oval com um buraco em cima de Sacro.

— Pedras de medição são artefatos naturais que podem estimular e dar-nos de forma objetiva e quase sempre correta a natureza e o potencial do sangue de alguém. Assim podemos ver qual a natureza de seu sangue. Os Markhos tem em seus sangues uma natureza caótica, enquanto nós temos ela completamente pacífica, é assim que vamos provar sua inocência.

— Entendi, comecemos então.

Marsca tira uma agulha da pedra oval, Mythro ao observar ela de perto vê que a pedra e a agulha partilham igual natureza, e quando a mulher passa para ele, ele consegue sentir a fria sensação de sucção que vem da agulha de pedra.

—Tudo que tens de fazer agora é furar seu dedo e deixar a agulha encher, você saberá quando.

Mythro então fura seu dedo e deixa a agulha presa. Por alguns instantes somente a dor do furo reverbera em seu dedo, mas depois ele consegue sentir um puxão em todo seu corpo, e a agulha começa a tremer.

— Que estranho… — Marsca fica surpresa. — Nunca vi ela fazer isso antes…

A agulha então começa a fazer barulhos de vidro rachando.

Sacro então age e pega de Mythro a agulha e coloca rapidamente na pedra oval.

— Pode ficar relaxado, foi descoberto recentemente que quando o talento é muito grande, até mesmo um artefato natural de medição pode começar a rachar.

— Incrível, então Mythro possui grande potencial? — Marsca pergunta, ainda atônita.

— Sim. — Sacro responde estufando o peito.

— Parece que a vila da caça se beneficiou muito desse noivado às pressas… — Marsca fica com o rosto mais tranquilo, e olha Mythro com olhos cheio de entusiasmo.

Sacro segura a pedra e por um momento, imperceptível a todos, menos um, as runas em seus dedos mudam e a pedra oval começa a brilhar branco.

— Pronto, com isso está feito. Agora você pode ir livre onde for, pois esta atestado sua humanidade.

— Obrigado, Marsca.

— Sa… hã. Sacro?

— Sim?

— Desde quando você serve ao senhor da cidade, não me lembro de alguém como você.

— Bem, faz pouco tempo mesmo, eu fui apresentado ao senhor da cidade e ele resolveu me aderir aos guardas. Tenho ótimas recomendações, então ele não perdeu tempo em me dar serviço.

— O senhor da cidade é bom e justo.

— Bem, Marsca, Sacro, vou indo. — Mythro começa a se distanciar dos dois e anda no mesmo caminho que ao Paschi fizeram antes.

— Tome cuidado com Rátim e cuide bem de Mits. — Marsca toca na cabeça do pequeno NOVA e se curva à ele.

— Eu o acompanharei. — Sacro começa a andar do lado de Mythro e os dois vão indo conversando pela distância.

Marsca volta com a pedra oval para a bancada, ela se senta e prepara um pergaminho. Ela tira a agulha da pedra e rola ela no canto inferior esquerdo do pergaminho, fazendo um pequeno círculo de sangue no papel, com alguns selos de mão, ela faz com que nenhum lado seja exagerado e acelera a secagem do sangue. Ou ao menos ela queria, pois o sangue de Mythro simplesmente não seca, ela olha para a pedra oval na dúvida repentina que lhe surge e percebe pequenas runas ao redor da pedra que antes não haviam.

— Um sangue que não seca? E essas marcas estranhas na pedra oval…

Marsca pega o pergaminho e o levanta, controlando a energia cósmica ao redor para carimbar o sangue, mas como nunca virá antes, a energia evita ações agressivas ao sangue. Ela se levanta e pensa em levar até um conselheiro direto do senhor do abismo, mas ela dá dois passos e Sacro aparece na sua frente.

— Sacro…. Você não ia acompanhar Mythro?

— Neste exato momento eu estou.

— Então como você está aqui, bobo?

— Você não precisa entender e nem se lembrar deste sangue.

Sacro então levanta a mão e desta vez, a energia cósmica carimba o sangue, e ele parece ficar seco no pergaminho. Após isso ele coloca um dedo no centro da testa de Marsca e as runas de sua mão mudam rapidamente. Depois disso, ele some.

Marsca fica olhando o nada por um tempo, até que a abordam.

— Senhora, você está bem?

Ela volta a si e olha ao redor, até que consegue se recompor.

— Sim… estou bem. Ora, onde… Ah, aqui.

Marsca fica levemente assustada quando não acha o pergaminho e logo o acha no chão, desta vez o sangue parece estar seco e sem anormalidades.

— Um sangue comum, uma pena para Mitri, seu genro tem um potencial pequeno.

Enquanto Marsca estava anotando o documento, Mythro e Sacro andam até a parte de aposentos de convidados da cidade do abismo.

— Mythro, você é bem especial, você sabe disso, não?

— Como assim?

— Você falou com o Shangdi, certo?

— Quem? — Mythro acaba gritando, ele nunca tinha ouvido um nome tão estranho.

“Shangdi!?” — Gornn fica surpreso e também acaba falando alto, claro, o único que podia ouvir era Mythro… Ou assim se esperava

— Vocês dois, não falem alto!

“Ele consegue me ouvir.”— Gornn avisa.

— Um momento — Sacrovivo então para e começa a balançar as mãos e mexer os dedos em sincronia, e da pequena ala de aposentos, no meio do vazio corredor, um pequeno altar que facilmente pode ser pisado para ficar em cima, ascende. — Venham.

“O acompanhe!”

Mythro pisa no altar, junto com Sacrovivo, e o altar começa a descer. Momentos depois, o corredor volta a ficar vazio, e onde havia um altar, nem sinal de mudança resta.

O altar que Sacrovivo criou continua descendo, ele em um de seus dedos cria uma luz que se desprende do dedo e flutua em zig-zags entre ele e Mythro.

— Filho das estrelas.

— Eu?

— Sim, seu nascimento foi aguardado por nós, imperadores da guerra zodíaca.

“!!” — Gornn fica exasperado e se põe de pé, apenas para ser lançado novamente a posição que as correntes o permitem, dentro da jaula.

— Que Guerra é essa?

— Ela é antiga, e ainda ocorre, lá fora. Você foi criado da junção de dois amantes, que são separados pelas posições de seus nascimentos, Xaemi e Lucem.

“Então é isso… Lucem, grande arfoziano de Lornum.”

— Shangdi me pediu para passar para você a essência da cultivação de meu planeta. Então preste atenção. — Sacrovivo levanta a mão e mostra as inscrições rúnicas em cada um de seus dedos. — Existem diversos elementos em todo universo, normalmente eles são 5, fogo, ar, terra, água e relâmpago. Mas eles também se divergem dependendo do lugar, como areia, madeira, metal, ouro e entre outros. Nós conhecemos como elemento aquilo que forma a matéria, mas diversas coisas formam as coisas ao nosso redor. E assim, nasce um Dao.

— Um Dao? — Mythro fica surpreso com a explicação, Namhr já tinha falado de elementos com ele, mas somete sobre água, terra, fogo, água e relâmpagos.

— Sim, como seu professor é este leão sagrado, você deve entender sobre o que é Dao. Mas você ainda não pode tocar o Dao. Seguir um Dao, é tentar traçar um dos segredos do grande cosmos e fazer dele sua existência e razão. Um ser sem cultivação não pode ir atrás dos segredos cósmicos.

— Por quê? — Mythro pergunta, com um rosto irreconciliado.

— Como você poderá escalar as montanhas, em que nenhum ar toca? Como poderá mergulhar onde não há luz, e a pressão esmaga todo seu corpo? Como saberá, o que significa cosmicidade?

— Cosmicidade?

— Estou aqui para lhe passar o método de cultivação, não é um livro sobre o que você mesmo precisa experienciar. Se você quer entender, saia deste lugar e viva.

O pequeno NOVA acena, e Sacrovivo continua com a explicação sobre o método de cultivação.

— Eu lhe darei a essência dos cinco elementos mais conhecidos. E lhe presentearei uma runa. Escolha.

“Já sabes, o que escolher.”— Gornn.

— Relâmpago.

Luzes acendem nos dedos da mão de Sacrovivo, uma de cada cor, vermelho, amarelo, cinza, azul celeste e azul. Cada luz é representada por uma runa complexa, com diversas camadas, essas camadas começam a se soltar da mão de Sacrovivo e começam a rodar ao redor de Mythro.

“Invoque sua imagem espectral.” — Gornn

Mythro invoca sua imagem espectral, um leve nevoeiro sobe acima de sua cabeça, no meio desse nevoeiro, a natureza do primeiro reino. Quando a imagem espectral de Mythro é invocada completamente, as inscrições rúnicas começam a se dirigirem, todas a natureza do primeiro reino.

— Sente-se, você deverá absorver devidamente as runas.

O pequeno se senta e cruza suas pernas, colocando sua mão na altura do dantian de baixo.

´´Com isso, você terá uma boa fundação, desde o primeiro reino. As runas são comunicações entre o céu e a terra, e os elementos respectivos. Sua runa principal será relâmpago, as outras auxiliarão o relâmpago, para isso, teremos que construir um conjunto deificado“ — Gornn explica.

— Você entende bem da cultivação deste planeta. Como esperado de Gornn, grande Ancião dos leões sagrados.

“Não reconheço seu rosto…”

— Que tal agora? — Sacrovivo então muda completamente sua aparência.

 



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