Volume 1 – Arco 1
Capítulo 59: Em Meio aos Lírios
Ao entrar na gruta do paraíso, a gata saiu pulando e se jogando na terra, ela chegou até mesmo a lambê-la.
Mythro impediu ela a tempo de começar a comer a terra.
Se passaram um pouco mais de 8 dias desde a última vez que ele esteve aqui, e já é possível ver as mudanças no ambiente.
— Precisaremos de mais mãos se quisermos deixar isso aqui do jeito que quero.
“Tens que plantar logo os algodoeiros, e as demais plantas. Sempre que você fizer um avanço significativo na sua cultivação a terra se espalhará mais fundo e trará mais benefícios a todo o local.”
— Mm.
“Primeiro de tudo você tem que escolher bem os locais onde tudo vai ser colocado, quando a runa se tornar completa, ela poderá gerar uma administração sobre quais plantas precisam de mais ou menos água.”
— Que legal. Hey, o que acontece se eu colocar todas as runas aqui?
“O ambiente ficaria independente, seguindo as leis das forças das runas. Mas isso só aconteceria por causa do selo NOVA que você tem neste local, assim a energia cósmica de fora evitaria colidir com a daqui.”
Mythro se senta, pega um papel e pena do saco cinza. Na ausência de uma pedra para ter base, ele chama a gata, que deita em suas pernas.
— Quantos metros tem aqui? — Mythro está pensando em fazer primeiro um tipo de “planta” da gruta, assim ele pode ter maior controle de onde cada coisa vai ser colocada.
“Sabia que ia ter interesse nisso. Quando pude sair eu estendi minha mente aqui e já medi o lugar todo.”
— E aí?
“Aqui tem 200 quilômetros de montanha ao todo. O que você pode usar dessa caverna sem ter que derrubar paredes ou modificar terreno, no momento é 2 quilômetros. Tem 300 metros da saída do túnel até o lago, e depois do lago tem mais 1500 metros.”
— O lago ocupa 200 metros então? Mm, certo!
Ele começa a desenhar. Mythro faz um quadrado, imaginando que dentro desse quadrado seria a gruta, mas claro, a gruta não era um quadrado. Ele colocou 20 pequenas linhas, e cada uma ia funcionar como uma marcação de 100 metros.
Nas 3 primeiras linhas, Mythro desenhou as árvores ginseng, dromor, chanomita e flor serpente. Embora ela fosse chamada de flor serpente, na verdade ela era uma árvore que crescia como um corpo de serpente e, por seu tronco não ser marrom escuro como de outras árvores e ser na verdade um rosa com amarelo na base, decidiram chama-la de flor.
As flores vagalumes eram flores que usavam a energia cósmica na terra para poder brilhar. O teto da gruta cobria de luz no máximo, até o lago. Então depois do lago escuro era quase permanente. Por isso Mythro pensou em colocá-las para lá.
Junto com as flores vagalume, iria o trigo, a flor de sete pétalas amarelas e também as flores de harmonia.
Os algodoeiros também ficariam para depois do lago. Todas essas iriam ficar para depois da oitava linha, assim não ficariam muito próximas do lago.
— Vamos trabalhar!
Mythro coloca na boca da gata uma muda, e aponta no chão, o lugar onde ele quer que seja plantado.
A gata corre, cava e planta a muda subsequentemente. Com a gata tudo ficaria bem mais rápido.
— Você é bem inteligente, tenho que te dar um nome.
“Núbia.” — Ammit se pronuncia.
— Núbia.
A gata pula em cima de Mythro e começa a lambê-lo.
— Gostou do nome, hein!? Foi minha irmã que escolheu, agradeça a Ammit depois.
Núbia então se separa de Mythro e deita embaixo de uma das mudas. Ela olha mais uma vez para ele, e dessa vez, algo diferente reflete em seus olhos. Ao invés de amarelo, existe o dourado.
— O que aconteceu?
“Núbia quer dizer perfeita como ouro.”
— Língua ancestral?
“Não, é o nome de mortais que habitam as margens do rio Nilo.”
— Bem, daqui em diante ela será minha gata. Espero que a Mits não sinta ciúmes. — Mythro ri consigo mesmo. Ele faz um corte em sua mão com a adaga, e se aproxima de Núbia.
“Você não vai jurar o mesmo que jurou à Mits, né?” — Gornn pergunta.
— O que faço para ela compartilhar sangue comigo? A Núbia não tem cultivação. Ela deve ser bem forte, mesmo sem cultivação ela me entende muito bem.
“Você subestima seus olhos. Mas já que Ammit já revelou sua misticidade, podemos sim fazer um ritual.”
“Posso? Ela é de minha antiga casa.”
— Sim, mana!
“Nenhuma jura é realmente necessária, apenas intenção. Quando der seu sangue, pense em Núbia como suas irmãs. Pois ela será.”
Mythro entra em NOVA STATUM, agora seus cabelos estão completamente azuis, assim como seus braços. Uma auréola se manifesta, rodeando sua garganta. Seus olhos ficam azuis escuros e suas pupilas viram filetes de fogo negro, como as de Numroharr.
As mãos cósmicas do pequeno NOVA se manifestam. Seus dedos alongam como garras e ele rasga a cabeça da gata, e deixa seu sangue escorrer. Por onde o sangue passa, um brilho azul e dourado emana da pele de Núbia.
Depois que todo o crânio brilha azul e dourado, Mythro move suas duas mãos pela espinha dorsal e o sangue continua a seguir.
Eventualmente, ele entoa:
— Ao se tornar propriedade de um Zumb’la, você será somente dele, não importa o pacto, se um dia você quebrar a confiança de sangue que lhe é dada, apenas a morte lhe espera. Você será, você mesma e a mim. E enquanto viver, honrará, a mim primeiro, depois você.
“Cumprimento arfoziano. Então com essa magia de contrato, seu sangue despertou.”
Depois que o brilho azul e dourado termina, uma auréola se manifesta em cima de Núbia, sua pele vai se tornando azul, um azul escuro como a do céu que está prestes a anoitecer.
Núbia abre a boca e gane para surpresa dos três espectadores, seus dentes estão dourados.
— Os ossos dela mudaram de cor bem rápido.
“Graças a você.” — Ammit tem tom de gratificação. Para ela isso foi um gesto muito importante.
Depois que tudo acabou, diversas partículas começam a convergir em Núbia, sua cultivação começa a dar as caras.
A árvore da vida de Mythro se manifesta, dela um fruto rapidamente nasce de um novo galho que acabou de nascer, a fruta cai e o galho some. Como tudo era relacionado a Mythro, se a fruta fosse cair, cairia no chão de sua área Jing. Mas ao invés disso, ela sai e voa em direção a auréola de Núbia. A fruta paira por alguns segundos, e então a auréola a absorve.
A imagem de Núbia se manifesta. Primeiro, e só um lugar escuro, mas então, uma fruta aparece, ela fica imóvel por alguns minutos até que começa a tremer e se partir ao meio.
De dentro dela, a muda de uma árvore.
Esta árvore é como o distante espaço cheio de estrelas. É como… a árvore da vida de Mythro.
Depois disso, uma mão toca no ombro do pequeno NOVA. Ele se vira para encontrar Aurio.
— Senhor Sacrovivo!
Ele ri e o abraça.
— Você cresceu. Está muito mais forte e determinado do que antes. Vim aqui pois li nas estrelas um evento de grande magnitude, um senhor e um servo estavam prestes a firmar um pacto eterno. As estrelas brilharam intensamente na região das areias douradas e planetas velhos e acabados se despedaçaram para formar um novo. Isso é sinal de santidade e divindade.
— Eu fiz tudo isso?
— Sim… Você foi a causa. Mas quem moveu tudo isso é alguém escondido, que comemora seu amadurecimento. Como antes ajudei você a formar seu sol, hoje, vim ajudar ela.
— Obrigado. Enquanto isso vou arrumar as coisas do outro lado do lago.
Mythro pega o saco azul e corre.
Aurio olha para a gata. Ela mia para ele… como em reconhecimento.
— Você não iria viver muito mais nas areias douradas. De toda uma ninhada, você foi a que nasceu mais fraca. Eu te trouxe a ele, porque ele é a prova viva que coisas divinas nem sempre nascem no topo. Elas precisam crescer como qualquer outra vida, em meio aos lírios. — Aurio passa a mão na gata e um lírio azul com diversas estrelas caindo em suas pétalas se revela.
Ele toca na testa de Núbia com o lírio, ele então o guarda novamente. Enquanto Mythro arrumava tudo no outro lado do lago, Núbia estava aumentando sua cultivação.
Quando ela finalmente alcança o mesmo nível que o pequeno NOVA, Aurio vai embora.