Volume 1 – Arco 2
Capítulo 150: Herdando o luto
A imagem conseguinte com certeza não fez muito nexo para Paulo ou as três sereias. Mas para Mythro muitas coisas foram conectadas.
Sua cosmicidade mais uma vez foi enriquecida com os eventos que profetizavam seu nascimento.
— Quem é Yan—
“Não diga o nome dele, não pense nele!” — Chokmah grita e chega a machucar ainda mais o espectro de Mythro.
Mas felizmente o Qi NOVA começa a reparar o seu espectro.
— O que foi isso? — Paulo pergunta, em pé.
Mythro agora restaurado. E ciente de quem está à sua frente, estende sua mão.
— Passei no teste?
O Deus Lutuoso fica sem palavras. Mas sua cabeça diz que sim.
— Você... quer herdar esses crimes hediondos?
— Herdarei seu luto, não seus crimes. Além do mais... O Senhor dos Deuses Acadiano e eu já temos o que conversar.
A Cauda-Lança de Mythro aparece, Paulo sente a mesma aura que ele sentiu a tanto tempo atrás.
— Esse é meu primeiro Alcance Cósmico, Cauda de Lanças.
— Os Arfozianos já possuem uma cauda, se és mesmo parte Arfos, como pode ter uma cauda se não a sua? — Gabriella pergunta, sua voz seduziria planetas em guerras.
— Tenho permissão.
— Como podes ter permissão, se a Lei Racial de sua majestade foi criada pelo Grande Progenitor Numroharr? — Estela flutua até Mythro, olhando fundo em seus olhos, como se tivesse perdido sua alma neles.
— O que eu disse é tudo que você precisa saber neste instante.
Verônica olha para Gabriella. Ela então sai do lado de sua irmã para ficar ao lado de Estela e Mythro.
Paulo consente e com um movimento de sua mão, ele faz todo o lago de sangue e os corpos desaparecerem.
— Cantamos as tragédias ao seu lado por tantos anos, finalmente este dia chegou, Paulo. Devido a natureza de nosso nascimento, somos humilhadas em muitas, muitas galáxias. — Ela se põe na frente de Paulo, e o abraça. — Mas você nos recebeu como seres dignos de serem respeitados. Vivas por 70 mil anos, 60 mil destes passaram-se aqui, mas foram...
— Os melhores de nossas vidas. — As três dizem juntas.
Paulo olha para Mythro. Sua boca se abre em pergunta:
— Você desaprova de mim?
— Desaprovo.
Os olhares fixam-se um no outro. As sereias se colocam atrás do pequeno NOVA, estabelecendo seu novo mestre.
— Mas aprovo seu luto. Sei que oferecer uma criança em sacrifício para salvar todo um quadrante, com trilhões de vidas é algo que com certeza é fácil de pesar. Você traiu sua esposa, filha, e a si mesmo, mas não matou a esposa, o marido, e as filhas e filhos do seu povo. Sei que se você tivesse lutado, daria na extinção do seu quadrante do mesmo jeito. O verdadeiro culpado é o Senhor dos Deuses Acadianos. Sua filha, se ela reencarnou nesta era, darei abrigo a ela, nem que tenha que procurar ela presa nos calabouços Acadianos.
As três sereias tremem. Uma luz azul envolve Mythro e então some.
— Uma promessa Arfoziana... — Gabriella
— Não pode ser quebrada... — Verônica
— Apenas cumprida... — Estela
As três se transformam em presilhas de cabelo. Os longos cabelos de Mythro se movem como se vento estivesse soprando. Uma mecha começa a se entrelaçar até virar uma longa trança, que cai no seu ombro direito. As presilhas se movem e dançam na mecha, vivas. Mais três seres conscientes se conectam a alma do pequeno NOVA, pela primeira vez em sua vida ele sente sua alma pesar.
“A sensação de peso logo desaparecerá. Você apenas tem de meditar sua nova cosmicidade, logo sua alma expandirá. Não esquecendo que agora você sabe qual seu Louvor da Vontade, se aprofunde nele.” — A voz de Chokmah tira um pouco do peso.
Paulo faz um sinal de mãos e o pouco de forma física que ainda resta em seu corpo começa a se transformar em pura fumaça negra.
— Que assim seja.
Suas últimas palavras ecoam no espaço do tomo, e então ele se torna uma coisa que voa ao vento. A fumaça negra invade completamente o espectro de Mythro e ele retorna ao mundo físico. Ele sente as sereias se movendo para cima e para baixo na mecha trançada, ele a pega e olha as três cantando uma despedida.
A área Jing de Mythro incha, como se fosse explodir. Ao seu redor Yibang, Yabang, Suife, Grásio e Núbia têm olhares preocupados e assustados.
— Eu consegui, mas terei de me ausentar novamente...
Fechando os olhos, ele começa a meditar profundamente.
Horas passam como minutos, toda a intenção sinistra é apagada por uma pesada tristeza. A sensação sinistra era o peso dos mortos, que morreram incapazes de herdar o luto de Paulo.
Mythro entra em seu dantian, seu espectro vê uma cortina de fumaça negra perto de seu Sol Negro.
Ele percebe que o Dragão Etéreo está chorando e que os cristais pararam seu translado através do sol.
Ammit derruba lágrimas que ecoam por todo o corpo de Mythro. Gornn mantém um rosto sereno, mas triste. Seus olhos parecem recordar intempéries.
Chokmah aparece ao lado do pequeno NOVA.
— A tristeza deste Paulo... Melhor você não absorver mais do que um milionésimo. Eu vou separar ela pra você, não toque na cortina de fumaça.
— O Dragão Etéreo, está chorando...
— Não se preocupe. Isso é apenas o reconhecimento dele ao luto, suas lágrimas são de respeito.
Chokmah encosta na fumaça negra, e separa uma pitada, como se fosse a fumaça que sai de gelo.
Ele a traz, a guardando, como se fosse uma pequena chama ao vento.
— Você não vai entender agora o que esse luto realmente representa. Mas saiba que é puro. E coisas puras são poderosas, mesmo se forem de natureza negativa.
— Faça.
Chokmah sopra a fumaça na direção de Mythro, ela é tão esparza que chega a dar impressão de ter desaparecido. Mas o espectro do pequeno NOVA treme e vai ao ilusório. Seu rosto vai de ira a tristeza em segundos. Depois culpa preenche a sua mente, então auto depreciação. Sem parar, sentimentos negativos vasculham cada pedaço do seu ser. Se alojando profundamente na sua mente e alma.
Pela primeira vez em certo tempo, a criatura de yin-corrupto da uma resposta. Mas é apenas um pulso, como se algo familiar tivesse a despertado brevemente.
Um breve delírio passa na cabeça de Mythro, por um instante a ideia de morte aprofundou-se em seu cerne de forma tão poderosa que seu corpo físico estava com as mãos na garganta, prestes a estourar a ponte do corpo com a cabeça.
Os que estavam o observando lançam suas energias para impedir que seu corpo se auto ataque. Grásio se alonga e prende toda as articulações para que o seu mestre não se destroce.
Mais visões atacam a mente e alma de Mythro. Ele vê Monc Teblanc e ele lutando naquela pequena arena no Abismo, ele lembra das filhas e filhos derrotados morrendo junto com suas mães e sendo lançados em carroças para servirem de exemplo. Ele lembra de Namhr... De toda as situações em que ela o protegeu enquanto ele viveu no Abismo, e que agora ela estava sendo mantida presa pelos Nortenhos, e que para proteger ele, ela se submeteu a ser escrava dos Mor. Enquanto isso, o que ele tinha feito? Quantos do norte morreram por suas mãos até agora?
“Minha vingança realmente está sendo executada? Minha promessa não está sendo mantida...”
Uma luz azul irradia do pequeno NOVA, ela começa a criar linhas de rachaduras, como se estivesse quebrando a superfície de seu corpo. Mas era bem pior, a própria alma estava em perigo.
Enquanto Mythro se afoga na natureza do luto, ele está prestes a ter sua alma completamente rachada... Um resquício de voz, talvez uma voz que foi soada além montanhas, de tão longe, e só depois de muito ter viajado se ouviram bocados de sua vibração no espaço. A voz permeia a caverna.
— Es...to...u es..pe...ran...do...
Por um momento, todas as rachaduras param. Noutro instante, elas recuam até não sobrar mais alguma.
Uma energia é invocada acima de Mythro, e ela cai em cima dele como um relâmpago. Seus cristais pulam para fora e dançam junto com o blazar de sua majestade.
Sua boca abre, cantos em profundo Ancestral soam:
— Meu luto obscurece sóis e transforma Yah em Weh. Rios não se formam na terra seca que optou a desolação, nem a lua brilha se o sol estiver morto. Eu sou o luto dos inocentes violentados, e sou a raiva permanente que não da vazão em seus inimigos, apenas a si mesmo ataca. Eu invoco chuva do céu, mas estas não alimentam a terra, apenas a faz pesar. Eu sou o pesar de uma terra infrutífera, onde toda semente plantada morre pelas próprias mãos.
Uma fumaça negra começa a envolver Mythro completamente. Lágrimas pretas atravessam as bochechas de seu rosto. Seu corpo se levanta e invisíveis encantamentos fúnebres começam a tomar forma de uma longa labareda de fumaça negra no ar. As Três Sereias da Tragédia começam a cantar o horror por ninguém vivido, e fazem o chão tremer.
Ao longe, diversos urros de dor ecoam dos monstros e animais da floresta. Em seus postos, os seis guerreiros começam a chorar com a mão no peito.
O Qi NOVA de Mythro irrompe brilhando seu poderoso dourado, fazendo a fumaça negra vacilar, mas então, as sereias se calam, pois a fumaça começa a se tornar fogo, fogo negro.
— Estes céus lavam a terra de seus pecados com água, eu lavarei os de Paulo... Com fogo e relâmpago!
As lágrimas pretas na pele de Mythro se solidificam e dão a ele o semblante de uma pintura chorosa.
Seus olhos se fecham, então se abrem jorrando fogo para o teto através dos cantos externos de seus olhos.
Dentro do fogo, trovões e raios rugem, tomando a vontade de viver de miríade vidas.