Volume 1 – Arco 2
Capítulo 163: Matando o que precisa ser morto(1)
Saindo do leilão, Mythro vê seu grupo levemente preocupado. Mas ao explicar a situação eles se acalmam.
Ele apresenta Zara e Arkab primeiro.
— Yibang e Yabang são gêmeos, dentro da memória de seus sangues, conseguem lembrar de algo chamado “Avestruz alado de seis asas e duas caudas”?
— Sim, Lorde. É vago, mas ao ver ele e sabendo o nome de sua raça sinto uma vaga nostalgia. — Zara responde.
Grásio atravessa as portas do leilão carregando a menina Boor.
— Vocês serão parceiros de combate. Yibang ficará com Zara e Yabang com Arkab. Podem montá-los.
Os avestruzes se curvam para a criança selecionada por Mythro e deixam que eles os montem. Vendo o grau de inteligência das aves, os dois Camilitinianos se curvam e sobem em cima deles.
Essa Sphynx é minha irmã, Núbia. El—
— Lorde, seria ela a minha montaria? — O homem interrompe Mythro.
— Em casos de fuga, se ela permitir poderá ser montada, caso contrário, fique longe das costas dela.
— Entendo, Lorde. Ela é uma mascote tão importante que você não quer que tratem ela de qualquer jeito. Me perdoe.
— Você é surdo?
— Hã? Não...
— Ela é minha irmã. Fique quieto como os outros.
O homem abaixa a cabeça, mas seus pensamentos começam a violentar Mythro.
— Suife é meu parceiro e é nele que monto. Ele também é proibido de ser montado, na verdade vocês nem conseguiriam. Se um dia alguém montar ele sem receber seus golpes, provavelmente é alguém que pode sentar nele.
Os mais jovens ficam confusos com essas palavras, mas acenam de qualquer jeito.
— Grásio é irmão de Suife e há mais um, só que em posse do clã da lua. Quando eu precisar dele, ele virá. Odyel será companhia de Grásio.
O pequeno druida vai até a Serpente Jade Negra, e colocando a menina Boor em uma melhor posição, ele se segura em Grásio e a prende perto de seu corpo, assim eles não cairiam.
— Você.
— Meu nome é—
— Não importa seu nome. Você irá andar a pé por enquanto, tem maior cultivação que nós, portanto creio que será mais rápido e forte. Estaremos indo agora para a Gruta do Paraíso, lá será sua nova casa. Tirando a Gruta, também resido na vila Chamto, uma vila do oeste de fora. Sou artesão convidado do clã do oeste de fora, Espada sob o Sol. Também tenho negócios com o clã anfitrião, o sobrenome deles é Yulang.
Novamente, todos consentem.
Laudis Tong aparece, saindo do grande salão. Ele vai até Mythro e lhe passa um papel dobrado. Mais palavras não são necessárias e ele toma voo, junto com os outros de seu clã que saem do salão e tomam voo junto dele.
Saindo pelas ruas da Vila Déka, eles começam a marchar para a Gruta do Paraíso.
**
Muitas horas depois, o homem fica cansado e implora para o pequeno NOVA dar tempo para que ele possa comer e beber.
Zara, Arkab, Odyel e até mesmo a menina Boor estavam realmente necessitando de alimentação e hidratação. Enquanto eles eram mantidos presos foram barrados suprimentos que deixassem eles em melhores condições.
Mythro olha para o sol, e murmura.
— Pode ser aqui.
— Obrigado Lorde.
Todos se sentam em tocos de terra que foram rapidamente levantadas para que pudessem comer.
Apenas Mythro não senta.
— Meu Lorde, sente-se. Logo chegaremos em casa e poderemos discutir sobre o futuro.
— Você não terá futuro. Tem algo a confessar, antes que eu te mate?
O homem fica assustado. Ele se levanta e começa a dar passos para trás, seu rosto cheio de terror.
Infelizmente os olhos de Mythro não podiam ser enganados. Existe uma lascívia e intenção assassina escondida nas expressões forçadas.
O grupo de crianças místicas se juntam a seus companheiros que ficam em sua frente, como se os protegendo.
— Meu Lorde, o que você está dizendo? Eu não tenho crimes a confessar. Sempre fui justo e honesto, apenas ataco quando atacado e só matei nesta vida, pois tentaram tirar a minha vida!
— Você estuprou Odyel, certo? Ao pagar a Camargo Yulang uma Rocha Solar de quatro estrelas negras, como você a conseguiu?
— Mentiras! Ele te disse isso!? Eu jamais cometeria um crime hediondo destes!
— Além de ter feito isso, também já abusou e matou de crianças e jovens quando você era um morador das ruínas deles. Sinto que você tem um pouco de sangue místico em você, de Camilitinianos, você bebeu sangue de um ser místico, tem noção desse crime?
— Lorde, não sei do que você está falando. Nunca bebi sangue, não sou uma besta! Esses crimes que você diz, de onde vem seus rumores e boatos? Da boca de crianças assustadas? Como pode acreditar mais nelas do que em mim?
— Cansativo. Depois que eu comer seu coração saberei.
Mythro invoca Hemera e Nyx. As adagas fazem as crianças e o homem tremerem como pequenos cães na frente de um lobo gigante.
— Por favor, não!
O homem se joga em Mythro, chorando e se mijando. Ele coloca a mão em seu robe negro na altura do peito. Ele pensa passar desapercebido, mas quando ele chega perto o suficiente, ele puxa uma agulha e tenta perfurar o coração do pequeno NOVA.
— Lorde Mythro! — Zara grita.
Um peitoral aparece e a agulha quebra ao encostar na poderosa armadura. Um forte Qi dourado puxa o criminoso para trás.
— Morra!!!
As correntes impedem grandes movimentos, mas uma arte ainda pode ser invocada. Usando seus punhos, o homem bate no chão. Um tremor seguido de espinhos de terra tentando despedaçar Mythro irrompem do chão. Mas novamente, peças de armadura se movem e o protege.
— O que são essas coisas, morre logo Lorde filho da puta!
A adaga Nyx voa e entra com facilidade no peito do homem. Seguida de Hemera, que corta as pernas.
Gritos de dor e de medo preenchem a floresta.
— Como isso é possível? Sou mais forte que você!
— Sua cultivação é falha. Apressada e artificial. Não venceria nem de alguém no mesmo patamar que você. Muito menos a mim.
— Não me mate, me de uma segunda chance eu posso ser útil.
— Você será.
Pisando nas articulações do braço do homem, Mythro se vira para Odyel.
— Já tirou uma vida antes?
— Sim. Mas foi sem querer.
— Desta vez será querendo. Vingue-se.
Grásio encolhe e deixa a menina Boor no chão. O pequeno NOVA a levanta com seu braço direito, segurando pela cintura.
Odyel vê o homem e seu medo estala. Ele se lembra da noite em que seu corpo esteve completamente preso aos desejos de sua alma deturpada.
— Seu maldito. Desde aquela noite, não há um dia em que eu não pensasse em me matar. Para poder finalmente apagar a lembrança de ser violentado como, como!
As lágrimas do pequeno druida afogam até mesmo sua garganta.
— Obrigado, Lorde. Hoje eu sinto no fundo do meu coração, na minha alma. Que não sai de um cativeiro para outro. Poderei cumprir o desejo dos meus ancestrais.
O garoto de pele verde retira o robe negro de si. Suas pernas são como as de bode.
“Um druida variante.”
Os punhos de Odyel começam a emitir chamas. Depois pedras voam do chão até suas mãos e o que se parece com lava se tornam luvas de socar. Um som estrondoso se faz quando o menino dispara seu punho contra o braço inteiro do seu violentador. Um grito horrível mancha a floresta, afastando todos os animais. Arkab tenta virar seu rosto, mas Zara o força a ver.
— Gornn, agora que você disse... Todos aqui são variantes, não? É isso que as raças místicas denominaram como maior talento? — Mythro lança pensamentos para Gornn na área Shen.
“A menina Boor é definitivamente o topo de sua raça. Você fez bem na arquitetura de seus planos para colocá-la no lugar, afinal, quando você abrir os selos dela, ela será a mais forte deles. Não os chame de generais, você não precisa de termos mundanos. Você é Lorde da Gruta do Paraíso, aquele que veste a Arietem, guardião das Montanhas que Cantam. Assim devem também eles, vestir máscaras. A menina deverá vestir a Aranha, assim como Yu Shin Mo. O ser que sonhou os druidas era Vulcomiris do planeta Tarthia, o primeiro vulcão a existir, irmão direto de Yggdrasil. As raízes da grande árvore nórdica prosperaram no solo fértil de Vulcomiris. Para se encontrar com outros deuses, ele se tornava um lobo feito de magma. Camilitia era uma deusa humanoide, mas era uma Oni.”
Enquanto Gornn fala, Mythro já imagina como devem ser construídas as máscaras. Além disso, ele percebe as características variantes de cada um deles.
— Vocês sabem que são variantes?
O corpo do homem já estava completamente queimado. Sua vida estava se segurando por uma tênue linha.
As três crianças místicas se viram e acenam de forma desajeitada. Odyel ofega, cansado emocionalmente.
— Está bom, você já cortou qualquer saída de vida dele, pode considerar-se vingado. Vou precisar do coração dele.
Mythro vai à frente, carregando a menina Boor. Ele arranca o coração do homem e abrindo sua boca, engole as partículas que saem. Desta vez as partículas são bem mais numerosas e densas.
Memórias invadem a cabeça do pequeno NOVA. A alma tenta lutar contra a devoração, mas logo se apaga no Lago Obscuro.
O primeiro selo da menina Boor, era algo simples. Porém impossível, pelo menos, para tudo na região. Os olhos divinos de Mythro conseguiam enxergar quantos selos a menina possuía, e o que cada um deles requeria para se quebrar. O que Mythro aprendeu durante esses quatro anos outros não aprendem em 50 anos.
O primeiro selo dela, embora o sangue Arfoziano de Mythro pudesse simplesmente quebrar e liberar completamente ela de todas as correntes, o pequeno NOVA decidiu fazer do jeito natural. Pois assim ficaria gravado no corpo dela, quem ele era.
— Um coração que foi retirado de um ser consciente ainda vivo, e então teve sua alma devorada e sacrificada dentro de instantes para a quebra do primeiro selo.
Mythro aperta o coração, fazendo a carne explodir entre seus dedos, logo carne e sangue caem na garganta da menina.