Neo Fhai Brasileira

Autor(a): Hikami


Volume 1

Capítulo 4: Uma nova casa

Continuava o treino busando aperfeiçoar a primeira forma do Estilo da Lua, mas a escassez de comida logo se tornou evidente como Aira havia dito. Precisava ir encontrar o cavaleiro que minha irmã mencionava caso não voltasse após muito tempo.

A única forma de ir rápido para a capital seria pedir ao Seny que me levasse, só que não sabia se iria me levar sem que minha irmã me acompanhasse.

Não tinha escolha, desci a colina junto com uma bolsa na cintura. Passando pelo vilarejo, aldeões encaravam, desviando o olhar continuei a caminhar.

— Ei, Neku.

Aquele que mencionou meu nome era Seny que conversava casualmente com um homem de roupas chamativas. Caminhei até ele.

— Olá, senhor Seny.

— Lorde Zyr, esse é Neku, ele mora junto da irmã na casa da colina.

O homem de roupas chamativas, olhou para mim me analisando.

— Entendo, você mora mais sua irmã. Prazer, sou Zyr Faustos. — o homem de roupas chamativas se curvou reverenciando 

— Pra quê essa bolsa, vai pra capital? — Seny pergunta apontando para a bolsa que carregava

— Hm, sim, preciso encontrar um amigo da minha irmã. O senhor pode me levar, eu posso pagar.

— Não vai dá, garoto, estou muito ocupado nesta semana. De toda forma tome cuidado tá bom?!

— Agradeço, senhor Seny. — me curvei agradecendo e saindo de perto tomando rumo a saída do vilarejo

— Garoto, posso te levar se quiser. Viagem a pé até a capital vai demorar bastante fora que vai cansar após algum tempo. — o homem de roupas chamativas falou

Não tinha motivos para ele me ajudar, era muito desconfiável a atitude dele.

— Agradecido, mas melhor não. — afirmei me aprontando para sair

O homem mostra um pingente semelhante ao que Aira tinha entregue.

— Tem certeza?! Eu posso proteger você, afinal sou um cavaleiro. — disse Zyr ansioso pela resposta 

Após mostrar o pingente, aceitei a proposta.

Nós dois nos encaminhamos até uma carruagem. Detalhes claros na carruagem que indicavam facilmente quem era seu dono extravagante. 4 cavaleiros estavam a postos da ao redor do veículo.

Após algumas horas de viagem já estava com fome. Retirei duas maçãs, oferecendo uma ao cavaleiro que recusou abertamente.

Mais pra mim!

Depois de mais algumas horas chegamos na capital.

— Chegamos, garoto. — o homem falou abrindo a porta da carruagem

— Obrigado, senhor Zyr. — agradeci formalmente como Aira tinha me ensinado, me despedindo em seguida

— Adeus, tome cuidado pois está na capital.

Concordando, andei pelas ruas seguindo o mapa que guiava até o quartel onde grão-mestre Yama estaria.

O mapa que Aira fez era simples e fofo, principalmente o desenho de Slime ao lado da palavra “chegou”; sem demora cheguei até o meu destino, o quartel.

A enorme estrutura em minha frente era protegido por dois guardas que mantinham a segurança de quem entrava ou saía do quartel.

— Com licença, quero falar com o grão-mestre Yama.

— Desculpa aí menino, mas o grão-mestre é muito ocupado pra dar atenção a um simples pirralho.

— Mas... 

Um homem de roupas chamativas aparece em frente aos guardas.

— Deixem ele passar, ele está comigo.

Os guardas ligeiramente saúdam e se afastam. O homem sorri.

— Não durou muito a despedida, não é?! — Zyr falou dando uma leve risada 

— Sim, mas qual sua patente? — Pergunto curioso enquanto estávamos entrando no quartel

— Você é bem ousado pra perguntar sem arrodeios. Eu sou vice-capitão de esquadrão.

Impressionado com o que falava, notei que  provavelmente era tão forte como Aira.

— Incrível, então você é um cavaleiro poderoso igual minha irmã! — falei com um sorriso exposto no rosto

— Mas quem é sua irmã, garoto? — Zyr perguntou curioso pela resposta 

— Aira. Vim até aqui porque ela pediu para me encontrar com o grão-mestre Yama.

— O quê? Você é irmão de Aira? A cavaleira de cabelos pretos e olhos azuis? Essa Aira? — perguntou Zyr pasmo com a resposta

— Sim, ela mesmo!

Escutando que Aira era minha irmã, Zyr pegou em meu braço levando até uma sala onde um homem alto de armadura vermelha se encontrava.

— Você voltou de sua missão, Zyr? — o homem de armadura falava levantando de seu  trono

— Sim senhor, finalizei e estou aqui para reportar o que aconteceu. Antes gostaria que escutasse este jovem, ele se diz irmão da pajem Aira.

O homem de armadura vermelha mostra surpresa.

—Isto é verdade garoto?

— Uhum. Você é o grão-mestre Yama? — perguntei

— Zyr, pode sair, deixe-me a sós com o garoto.

— Como quiser, grão-mestre.

Zyr sai da sala em silêncio. Yama se aproxima de mim.

— O que veio fazer aqui, garoto? — o grão-mestre pergunta olhando calmamente para mim

Expliquei tudo que aconteceu. Desde Aira sair em uma missão e encontrá-lo caso não retornasse em uma semana e que Yama saberia o que fazer. Retirei o pingente que Aira me deu e mostrei ao cavaleiro.

— Então, realmente você é irmão de Aira… Serei direto com você, se ela pediu para você me encontrar significa que ela está tendo dificuldades com algum inimigo muito perigoso e com isso ficarei protegendo você até que Aira volte. — o cavaleiro se ajoelhou e com sua voz firme continuou — Você será meu pajem, assim será mais fácil ficar de olho em você sem que levante suspeitas, irei levá-lo até minha casa e lá poderá descansar.

Sem mais conversa seguimos para a casa do grão-mestre. Uma grande mansão, estava maravilhado com a visão que tinha. Não se comparava com a casa que eu e Aira vivíamos. Talvez essa casa fosse três vezes maior que a nossa.

— Pelo visto, você gostou. Vamos entrar. — ele falou abrindo o portão em nossa frente

Atravessando a entrada, tinha um caminho de azulejos com grama nos lados. Bem na nossa frente tinha um homem esperando, sua roupas eram bem sofisticadas com cores em preto e branco.

— Bem vindo, lorde Yama. Sua esposa e filha estão lhe esperando na sala de estar. — o homem se curvou apontando para a porta aberta

— Obrigado. — Yama falou seguindo a direção que o homem apontava

Caminhamos pela mansão, chegando até a sala onde  uma mulher e uma garota esperavam sentadas.

A garota se levanta correndo em direção de Yama, dando-lhe um abraço.

— Bem vindo, papai — a garota falou me olhando estranho.

—Obrigado, sente-se tenho que falar algo para vocês.

Após todos sentarem, começou a discussão.

Yama explicou a situação em que me encontrava. A filha de Yama não pareceu gostar da ideia.

— Mas papai, por que ele irá morar nesta casa?

— Talvez você não lembre, mas você e Neku já viveram juntos quando eram bebês.

— Espera, ele por acaso é meu irmão? — a garota falou espantada

O mesmo pensamento passou pela minha cabeça, eu era realmente um parente do grão-mestre Yama? Por isso que minha irmã havia pedido pra falar com ele?.

— Não. A mãe dele era uma grande amiga minha e de sua mãe. Ela pediu para cuidar de seus filhos, mas aconteceu uns problemas e eles tiveram que sair desta casa por um longo tempo e hoje ele está voltando.

Minha mãe conhecia o senhor Yama. Então ela era uma cavaleira também!, foi o que comecei a pensar enquanto Yama falava

A garota se calou. Passou alguns segundos e voltou a falar.

— Está bem, se é para ajudar uma amiga sua papai, então não me importo.

A garota levantou do sofá. Caminhou subindo pelas escadas de madeira e sumindo de vista. A mulher levanta também se curvando.

— Perdoe o comportamento de Hina, irei conversar com ela.

— Faça isso por mim, querida.

A mulher sai, ficando apenas eu e Yama sentados.

— Agora, me diga. Você tem algum treinamento de combate?

— Minha irmã me ensinou enquanto estava em casa.

— Ahaha, bem incomum ela fazer isso, vamos para o campo de treinamento e saberei o quanto aprendeu  com ela.

Indo até o campo de treinamento que ficava atrás de um jardim de flores o combate iniciava.

— Você só precisa atacar com tudo que tem!

— Tá.

Foram vários ataques sequenciais, todos sem usar o Estilo da Lua. Meu foco se mantinha apenas em golpear e ter êxito nos golpes. De repente, Yama revida atacando de volta. Neste momento assumi rapidamente a forma do Estilo da Lua, conseguindo diminuir o impacto do ataque que empurrou centímetros de distância do grão-mestre.

— Você consegue utilizar o mesmo estilo que Aira também, pelo visto ela se importou mesmo com você. Invés ir para o quartel você ficará aqui e treinará com minha filha.

— Muito obrigado, grão-mestre Yama.

— Não precisa me chamar de grão-mestre, apenas Yama é suficiente.

— Tá bem, Yama.

Quando prestes a sair daquele campo, Hina apareceu.

— Você estava treinando ele, papai? — ela disse olhando para as duas espadas em nossas mãos

— Não é isso. Apenas precisava saber o quanto de habilidade ele tinha. A partir de amanhã os dois irão treinar juntos.

Hina, após saber que iria treinar comigo, se recusou ao treino. Eu não entendia os motivos dela.

— Ele não vai conseguir acompanhar o meu ritmo, pai! — Hina revoltosa cruzou os braços

— Faremos um desafio, caso vença não precisará treinar com ele, além disso irei treinar você pessoalmente.

Tava claro a felicidade no rosto de Hina. Fomos novamente ao campo aberto prontos para o combate.

Quando estávamos prestes a sair daquele campo, Hina apareceu.

— Você estava treinando ele, papai? — ela disse olhando as duas espadas nas nossas mãos

— Não, apenas estava vendo o quanto de habilidade ele tinha. A partir de amanhã os dois irão treinar juntos.

Hina, após saber que eu iria treinar com ela, se recusava ao treino por saber que eu era 2 anos mais novo. Eu não entendia os motivos dela. Ela era realmente mais velha, mas isso não significava que ela era melhor.

— Ele não vai conseguir acompanhar o treinamento, pai! — ela revoltosa cruzou os braços enquanto falava 

— Faremos um desafio, caso vença não precisará treinar com ele, e além disso irei treinar você pessoalmente.

Tava claro a felicidade no rosto de Hina.

Fomos novamente ao campo de treinamento prontos para o combate.

A batalha seria com espadas de madeira. Um duelo onde não iríamos nos ferir gravemente caso usássemos tudo de nós.

— Se preparem!

Fiquei em prontidão usando a primeira forma do Estilo da Lua inclinando a espada para baixo. Hina por outro lado já morava a espada para frente, pronta pro ataque a qualquer momento, só bastava Yama dá o sinal iniciando a luta.

— Comecem!

Hina nem pensou, já veio ao meu encontro atingindo um corte reto. Várias aberturas se mostravam junto com seus ataques. Aberturas suficientes para golpear sem que Hina conseguisse defender.

Bem próximos de ambas a espada colidiram, mexendo a perna esquerda para trás apoiando meu corpo e cruzei a minha  espada contra a dela. 

Consegui desarmá-la.

Pensamento errôneo. Quando percebi, Hina já tinha recuperado sua espada espada. Não teve qualquer efeito nela. Hina recuou em pouco tempo e atacou novamente, mesmo assim as várias aberturas apareciam de novo. Com a espada empunhando entre as duas mãos atingi as pernas de Hina que saltou sobre, tentando me golpear na cabeça. Seria o meu fim, se não retomasse o controle,  puxei a espada às pressas me defendendo do ataque. Ela desocupou uma das mãos começou a usar magia e as espadas começaram a congelar. Retirei rapidamente impedindo do gelo tomar conta totalmente da espada.

Hã? Hina?

A vitória se tornou minha no mesmo instante em que ela caiu no chão desacordada. Estava preocupado com ela. Olhei para o grão-mestre. Ele não transmitia nenhuma surpresa para com sua filha.

— Yama, ela tá bem? — perguntei 

— Não se preocupe, ela apenas gastou todo seu mana e agora está exausta. Vou levar ela para dentro, venha também.

A família do grão-mestre eram respeitosos comigo, os mordomos e empregadas também eram gentis. Hina ainda tinha repulsa, mas treinavamoss sem problemas.

Os dias de treino eram bastante cansativos, Hina participava sem descanso. Era incrível a determinação dela. Os treinos me lembravam de quando Aira  me ensinava sobre o Estilo da Lua.

Hina passou a me chamar para combates amistosos, onde ela ficava contando quantas vitórias já tinha alcançado. Ela perdia praticamente todos, em sua maioria por conta que sua magia cancelava durante a conjuração ou caia de exaustão.

Nossos jeitos de lutar eram totalmente opostos. Ela sempre focada em atacar com tudo que tinha e podia, mesmo com aberturas em seus ataques, ela conseguia contornar a situação para sair em vantagem de alguma forma. Eu lutava na resposta, esperava primeiro o oponente atacar para depois revidar. Éramos realmente opostos.

As semanas iam passando. Logo Hina passou a me reconhecer como parceiro de treino, o que tornou divertido teinar.

Ei, você tá muito lento.

— Foi mal.

Realmente estava cansado, motivo: treinar manhã, tarde e noite com Hina tendo descanso apenas no almoço e jantar, além de tudo já faziam dois dias com a mesma rotina. Já era um milagre me manter na mesma velocidade por dois dias seguidos sem folga alguma.

— Senhorita!

O mordomo chegou parando o combate.

— Que foi?

— Senhorita, sua mãe lhe chama ao salão de festas.

— Vamos encerrar o treino por agora, Neku.

— Tá…

Hina poderia ser exigente e focada em treinar, mas acima de tudo obedecia sua mãe e o senhor Yama.

— Jeremy, prepare algo para Neku comer.

— Como desejar, senhorita.

Enquanto Hina seguia para o salão de festas, fui para a sala de estar.

Já tinha passado o horário do almoço, assim o mordomo Jeremy trouxe biscoitos e chá numa bandeja de prata.

— Obrigado.

— Sem problemas.

Desde que cheguei a esta casa, nenhum dos mordomos me trataram com indiferença, mas nenhum me chamava pelo nome.

Comia os biscoitos e bebia o chá esperando por Hina, que não apareceu por mais de uma hora depois.

— O que houve? 

Hina se aproximou sentando ao lado da minha cadeira.

— Jeremy! Eu disse que era para dar comida pra Neku, não disse?!

— Fiz como ordenou, senhorita.

— O que trouxe? 

— Biscoitos e chá de endro.

— Jeremy! Isso não vai encher ninguém!

Hina mostrava grande descontentamento com o que o mordomo trazia.

— Hina, você deveria manter a etiqueta de seus modos ou irá enfrentar problemas em eventos importantes.

A mãe de Hina apareceu dando um leve sermão nela.

— Mas mãe, Neku não comeu nada desde de manhã, ao menos era para Jeremy servir algo mais abundante e satisfatório do quê chá e biscoitos.

— Você perguntou ao garoto se ele ainda sentia fome?

— Não…

— Então não deduza coisas que você só pode saber a resposta, caso pergunte.

— Neku, você está saciado apenas com o que Jeremy trouxe?

Por mais que estivesse com o estômago cheio pelos biscoitos e chá, me sentia mal por Hina que mostrava estar tristonha com toda a situação.

— Ainda sinto um pouco de fome.

— Está bem, então irei preparar um bolo para vocês, enquanto isso podem brincar.

— Sério, mamãe?

— Sim.

Hina mudou repentinamente seu semblante, estava feliz.

A mãe de Hina saiu da sala se direcionando para a cozinha junto do mordomo.

— Se prepare Neku, o bolo da minha mãe é o melhor do mundo.

— Vou estar preparado!

Hina estava muito mais animada que o normal.

Com algumas horas tendo passado, um mordomo veio com uma bandeja com metade de um bolo branco.

— Aqui, Neku.

Quem havia cortado o pedaço e me entregue não foi o mordomo, mas Hina que apenas observava eu levar o pedaço a minha boca.

Mastigava buscando saborear o pedaço recebido.

O bolo tinha um gosto diferente difícil de descrever, mesmo assim era muito gostoso e com o bolo, lembranças cobriam minha mente.

— E então? O bolo da mamãe não é o melhor do mundo.

— É gostoso…

Lágrimas derramavam de meus olhos, com elas uma tristeza profunda pela falta de minha irmã que não voltava.



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