Volume 1
Capítulo 8: Esforço para quê?
Depois de abrir os olhos, Baijian ficou agradavelmente surpreso.
“Hong, eu estou vendo novamente você em branco!”
Baijian disse isso enquanto olhava para Ye Hong e depois para seus braços e pernas.
Ye Hong com um sorriso, respondeu:
“Entendeu Baijian? A chave está em ser calmo, creio que isso também funcione para as outras pessoas. Ao usarem até a mais básica das capacidades, se a pessoa estiver com os pensamentos turbulentos por causa da ansiedade, medo, raiva, ódio. Nublando seus pensamentos, até uma coisa tão simples quanto respirar pode se tornar difícil. A diferença é que a sua habilidade precisa de um controle sofisticado das suas emoções, e mesmo a menor ondulação e você perde a capacidade de controlar sua habilidade. Agora, treine até você estar acostumado o suficiente para usar quando quiser”.
Ao dizer até aqui, Ye Hong foi até a cozinha lavar os pratos e os copos sujos.
Depois de escutar o que Ye Hong falou, Baijian focou toda sua mente em treinar o controle de suas emoções. Ele começou a ruminar em como fazer isso, afinal, ele precisa que suas emoções oscilem para que ele possa treinar se acalmar, e depois de ficar calmo tem que novamente ficar emocionado, isso não é uma tarefa fácil.
Baijian pensou um pouco e no final o melhor jeito que conseguiu pensar foi correr, afinal, seu corpo é fraco ainda, pouco desenvolvido. Se ele correr um pouco, vai ficar agitado por causa do cansaço, o que fará com que suas emoções oscilem.
Depois de pensar nisso, ele rapidamente começou a correr em volta da sala. Ao correr, o pulmão, o coração, e os músculos do corpo que no caso seriam os músculos dos pés, das pernas, da cintura e dos braços são postos para funcionar.
Por seu corpo ser pouco desenvolvido, sua velocidade, resistência e equilíbrio são extremamente baixos.
Depois de um ou dois minutos de corrida, ele já estava nos seus últimos, bufando pesadamente, então rapidamente se sentou, fechou os olhos e ficou em silêncio respirando pesadamente.
Até esse momento Ye Hong já terminou suas tarefas e ficou olhando o pequeno rapaz. Ele já entendeu qual o objetivo da corrida, então só ficou observando de lado, esperando para ou ajudar, ou o parar quando necessário. Afinal, Ye Hong já notou uma parte de sua personalidade, que é esforço. Não literalmente, parece mais com obsessão, mas também não é obsessão.
Foco! Concentração muito acentuada, tanto que, quando se concentra, ele entra num mundo dentro da sua mente e a menos que tenha um choque, vai ficar nesse mundo até terminar o que está fazendo, ou desmaiar.
Ye Hong sabe disso através de pequenas situações que aconteceram nos últimos meses, e da grande situação que aconteceu alguns dias atrás.
Ele ficou tão concentrado em conseguir conhecimento, com uma sede tão grande, que estava ignorando tudo e buscando apenas conhecimento.
“Eu nem sei o que aconteceria caso ele fizesse isso. É claro, eu não me importo se ele perseguir conhecimento, mas tem algumas coisas que tem de ser feitas lentamente, isso é o senso comum”.
Não se deve colocar senso comum na cabeça de alguém através de puramente informações. Tem que ter experiência também, fora isso, Ye Hong não se importa de ele ir atrás de conhecimento.
É claro, seria bom se ele fizesse anos depois, afinal, ele ainda é um bebê. Se ele ficar obcecado demais com algo quando tão jovem assim, no futuro ele terá uma personalidade estranha.
Essa é a forma que Ye Hong descobriu de cuidar de Baijian.
Ele não pode ensina-lo nada por ele ser muito inteligente, e também não precisa cuidar dele como um pai faz com um bebê, Baijian não precisa disso. Como Ye Hong não pode cuidar de Baijian nessas coisas, ele pensou em ajudar a construir a personalidade de Baijian, afinal, é nessa idade, quando se é muito jovem, que sua personalidade é construída, e esse é um dos maiores motivos do porque Ye Hong escolheu parar de trabalhar…
Ele precisa estar junto de Baijian e observar como funciona sua personalidade, se achar que a personalidade de Baijian está ficando estranha, ele pode bolar estratégias para endireita-la.
Em suma, “pequenas” coisas como separação de pais, ou um tombo que levou, ou um brinquedo que perdeu. Essas coisas por si só, podem ser fatores decisivos para a personalidade futura de uma criança, e essas “pequenas” coisas podem mudar a vida inteira de uma criança, como ela vai ser no futuro…
E isso é ainda mais decisivo para uma criança tão inteligente quanto Baijian.
ELE TEM APENAS UM ANO!
Se ele se desviar mesmo que um pouco, com a inteligência de Baijian, vai saber o que pode acontecer. Se a personalidade de uma criança é construída a partir dos eventos que acontecem em sua vida á partir do nascimento, para Baijian, qualquer evento pode influencia-lo no mínimo 100 vezes mais que se fosse com outras crianças.
Por isso, Ye Hong planeja sempre acompanhar o desenvolvimento psicológico dele.
Vendo-o correndo desse jeito, sentando, fechando os olhos, e se focando, Ye Hong sabe que Baijian novamente se fechou em seu próprio mundo. Ele não está prestando atenção em mais nada, totalmente focado no que está fazendo. O maior medo de Ye Hong nessa situação é que Baijian possa correr demais e acabar se machucando, ou ficar tão concentrado que ele fique horas assim e também se machucar. Fazer tanto exercício físico também é prejudicial, afinal ele ainda tem apenas um ano, e se ele se exaurir demais, isso pode fazer mal para seu corpo.
Então Ye Hong decidiu vigiar Baijian, para quando achar que está bom poder para-lo.
Isso continuou por 4 horas até Ye Hong o parar, e foi exatamente o que Ye Hong pensou. Se ele não o tivesse parado, Baijian poderia ter ficado muito mais tempo ali, a sorte é que como Baijian é muito pequeno ainda, seu pulmão cansa antes de seu corpo, por serem pequenos, então ele corre pouco tempo, e fica muito tempo sentado abrindo e fechando os olhos para checar se conseguiu usar a habilidade.
Por isso, mesmo que ficou treinando por 4 horas, ele não passou tanto tempo correndo. A maior parte do tempo ficou sentado, o que é bom, mas mesmo assim, depois de 4 horas Ye Hong notou sinais de cansaço… E o malandro ia continuar o treinamento, esse menino é simplesmente inacreditável, se Ye Hong não o tivesse parado, quanto tempo ele ficaria fazendo isso?
Os dias passaram simplesmente assim.
Baijian gastava às 8 horas do dia que ele ficava acordado, treinando sua capacidade de enxergar almas.
Depois de uma semana de treinamento, Baijian já havia se acostumado com seu poder, e Ye Hong percebeu a melhora em Baijian durante esse tempo.
Não é melhora na questão de enxergar almas, afinal, por ser uma habilidade natural dele, era óbvio que seria só uma questão de tempo até ele dominar a habilidade.
O que Ye Hong percebeu mesmo foi a incrível melhora que seu corpo fez.
Por exemplo, no primeiro dia, Baijian corria por alguns poucos minutos, cerca de três ou quatro minutos e já estava bufando com força.
No dia seguinte ele levou mais tempo para correr e ficar desse jeito. Tenha em mente que não é o corpo dele que cansa, afinal, ele é uma criança e tem muita energia, como não corre tanto, o corpo dele em si não cansa.
O que acontece é que, os pulmões dele não conseguem prover oxigênio o suficiente para o coração, e isso faz com que ele não possa correr por muito tempo. Ao correr muito, o pulmão cansa, você tem dificuldades de respirar e seu corpo se sente pesado por falta de oxigênio.
Mas é inacreditável o que aconteceu nesses sete dias.
A cada dia, a quantidade de tempo que o menino tem que correr para começar a bufar cresceu, como se o seu pulmão se fortalecesse todo dia, melhorando toda hora.
Como se o corpo pedisse desesperadamente para o pulmão ficar mais forte e lentamente o fazia, depois de sete dias, para Baijian se cansar, ele precisaria de 10 minutos inteiros de intensa corrida.
‘Será que essa é uma das características especiais que Baijian tem?’
Ye Hong, sendo médico, sabe que é impossível para humanos normais, então só pode ser uma das características do corpo dele.
Mas a maior melhoria foi sua personalidade. Baijian ficou bem mais calmo durante esses dias, pelo jeito, o treino de controlar emoções que ele fez mesmo tendo tão pouco tempo, o ajudou a ter uma personalidade calma. Ele não era exatamente uma criança ansiosa, mas com certeza não tinha esse nível de calma.
Isso obviamente é muito bom. Ser calmo é importante em situações complicadas durante a vida.
Se for calmo, você pode pensar melhor, até mesmo a mãe de Baijian disse que é importante ter controle das suas emoções, então foi bom ele ter feito esse treinamento em uma idade tão jovem, afinal, por ser tão jovem isso pode afetar ele para o resto da vida. Essa com certeza foi a melhor evolução que aconteceu nesses sete dias.
Depois desses sete dias, Baijian dominou o uso de sua capacidade natural de enxergar a alma. Ele parecia muito feliz ao trocar livremente o que sua visão pode ver, mesmo sendo um garoto extraordinário, e mesmo tendo passado a ultima semana treinando o controle de emoções, ainda fazia coisas infantis como correr pela casa em felicidade.
Depois de alguns dias, Ye Hong começou a ter uma ligeira preocupação.
‘A mãe de Baijian me deu a pequena pedra que imprimiu trinta e duas mil páginas, explicando sobre o inicio do cultivo’.
‘E ela no papel especificou para eu estudar os papéis por três anos e guiar Baijian durante o cultivo. Durante esse ano, passei a maior parte do tempo lendo esses papéis, o suficiente para que eu possa recitar de memória cerca de vinte a trinta por cento do livro’.
Não me julguem, são trinta e duas mil páginas, mesmo com os óculos, são muitas palavras. O fato de que me lembro de vinte a trinta por cento do livro já me deixa extremamente satisfeito com minha própria diligência.
A minha preocupação é que…
Meu esforço foi inútil.
Baijian, com seis meses de idade, que foi a época quando começou a falar, já era MUITO mais inteligente que eu. E eu não sei como funciona, mas parece que sua inteligência subiu de seis meses para cá.
Eu não sei como medir inteligência, mas coisas que seis meses atrás ele demoraria um pouco para pensar, ele pensa instantaneamente agora. Isso é bom, certo?
Quanto mais inteligente melhor, isso deveria ser muito bom.
É claro, como não entendo o funcionamento do seu corpo, os efeitos bons estão aí, então acho que isso é bom.
Eu tenho testado sua inteligência com testes de memória.
Eu o mandei jogar aqueles jogos de memória que você encontra aleatoriamente na internet, e nem foi um desafio, ele resolvia tudo instantaneamente.
Então eu pensei em como aumentar a dificuldade e comecei a dar números a ele…
No começo eu dava uns dez números, para testar, o deixava ler por cinco segundos, mas ele facilmente se lembrava, então eu aumentei a quantidade de números… Cinco segundos… Ele continuava recitando facilmente.
Aumentei lentamente, até que havia cem números. Cinco segundos não eram suficientes.
Eu pensei que era o limite para a capacidade dele, mas continuei dando números para testar.
Na segunda vez, com novamente cem números, ele lembrou em cinco segundos. Ou melhor, quase, os últimos números ele quase acertou.
Eu pensei que foi sorte e dei mais cem números, e ele conseguiu lembrar em cinco segundos.
Ai começou a aumentar os números, às vezes eu diminuía a quantidade de tempo que ele podia ver.
A melhoria da capacidade de memória dele era evidente, eu aumentava a quantidade de números e diminuía o tempo. No final, eu enchia uma página inteira com números pequenos, sem nenhum espaço em branco, o deixava ver por menos de um segundo, passava a folha na frente do seu rosto e tirava.
E ele recitava todos os números corretamente.
Eu continuei a fazer isso, então eu aumentei as páginas, aumentei os números. Vi que a memória dele era simplesmente ridícula.
Eu pensei numa coisa, e fui até o computador, imprimi uma foto de uma arvore aleatória que peguei na internet.
Coloquei na frente do rosto de Baijian e tirei rapidamente.
E então perguntei:
“Baijian, quantas folhas existem na foto da árvore que eu te mostrei?”
Quase que automaticamente, Baijian respondeu:
“Doze mil, novecentas e quarenta e seis folhas, existem mil trezentas e vinte e cinco no chão. Somadas são quatorze mil, duzentos e setenta e uma. Haviam varias folhas atrás que não aparecem na imagem, mas o número exato de folhas que aparece na imagem é de quatorze mil, duzentos e setenta e um.”
E então eu me dei conta, depois de apenas alguns minutos, ele ficou só tentando memorizar as coisas o mais rápido possível, e…
Durante esse tempo, a memória dele passou de alguém com muito boa memória para a lendária memória fotográfica.
Então eu fico me perguntando: Com tal inteligência, porque que a mãe dele me fez ler as trinta e duas mil folhas?
Quer dizer, o motivo da melhora da memória dele foi porque eu o fiz exercitá-la, mas ao longo da vida, ele faria isso mesmo sem querer.
Então a pergunta veio. Por que eu preciso guiar ele no cultivo? Ele não pode fazer isso sozinho com sua inteligência? O que está acontecendo?
Me esforcei pra quê?