Volume 1 – Arco 1
Capítulo 5: Lâminas
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6 de junho, 3222. Torre Central.
Lâminas.
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Quando Elandor finalmente conseguiu relaxar de toda a dor de cabeça por ter que gerenciar todo o andamento do projeto Andriene, finalmente pôde sentar e relaxar sobre sua refinadíssima poltrona no salão do último andar da torre. Apreciando a vista de Douceur Voile pela vidraça enquanto bebia uma boa taça de vinho.
Ele era muito sensível ao álcool, então em poucas quantidades de vinho ele já estava sentindo os efeitos no cérebro. Gargalhava do nada enquanto fechava seus olhos, respirando o aroma fresco do perfume liberado pelos dutos.
Mas quando abriu seus olhos novamente e vislumbrou o crepúsculo do luar caindo sobre si pela vidraça, Elandor ficou hipnotizado. Olhava para a lua como se fosse uma linda mulher inalcançável. Ele não pensava em nada, apenas carregava um grande ressentimento que não era compreendido por si próprio naquele instante. Talvez fosse apenas os efeitos da bebida.
Elandor voltou a realidade quando o som agudo de vidro se partindo ressoou logo ao lado.
— Ah! — exclamou Lyra, que estava bebendo vinho na poltrona próxima a de Elandor. A taça acabou escorregando de sua mão.
Ao encará-la, de cara Elandor percebeu uma tremedeira em suas mãos. Ela estava aflita de alguma coisa, olhando para a taça quebrada e o vinho derramado no chão e então desviando o olhar para o outro canto da sala.
Não era normal ver Lyra tão preocupada assim, principalmente perto do Elandor, seu maior protetor além de seu mestre.
— Algum problema? — Ver Lyra daquela forma mais o som que a taça acabou deixando Elandor sóbrio de alguma forma.
Ele não parecia irritado ou sequer incomodado com a bagunça feita, seu rosto demonstrava apenas compaixão por sua androide.
— N-não é nada!
Lyra retrucou como se estivesse sendo incriminada. Levantou-se abruptamente e se apressou para limpar os destroços da taça caída.
Elandor apenas observava, curioso, percebendo o quanto aquele comportamento era anormal.
Na verdade Lyra estava preocupada com sua irmã e Atlas, que ainda não tinham voltado do golpe que foram executar há um tempo. Temendo que Elandor a questionasse e eventualmente descobrisse, ela juntou os cacos bem rápido e atrapalhada, deixando um rastro deles pelo chão enquanto corria para descartá-los.
— Humph… — Elandor soltou um resmungo duradouro, ponderando, ainda sobre a luz do luar.
Após se livrar dos cacos de vidro que sobraram, Lyra perambulava pelos corredores da torre cabisbaixa. Sua expressão um pouco mais séria do que o usual. Parando no meio do corredor ela levou uma mão até o seu núcleo, do qual possuía energia limpa. Lyra não tinha nenhum cristal assimilado a ela.
— Droga! — Um grito ugiu de um quarto próximo, seguido por um baque abafado. Parecia que alguém tinha socado alguma coisa. — Não foi pra isso que eu te enviei!
Era a voz de Adrien. Ele realmente estava furioso. Lyra tentou espiar abrindo uma fresta na porta…
O quarto de Adrien era completamente escuro, as paredes distantes davam uma impressão de profundidade, como se fossem arredondadas. Alguma coisa levemente azul piscava algumas vezes em tubos de energia espalhados aleatoriamente pelas paredes, e fios soltos balançavam bem alto pelo teto.
Lyra assimilou aquilo como o coração de uma máquina ou o reator de alguma estrutura muito grande. Mas não passava de ser apenas um quarto bem exótico. Mas por que Adrien teria um quarto estruturado dessa forma?
No entanto, o que chamou mais sua atenção não foi o design do quarto e nem as distintas tecnologias presentes por ali, e sim, os painéis vermelhos e brilhantes que estavam ao redor do rosto de Adrien, flutuando perante seus olhos como se fosse algum tipo de magia.
Furtiva, ela entrou no quarto e se aproximou devagar. Atraída pelos painéis vermelhos. Quando chegou perto o suficiente, apenas a luz emitida por eles iluminava uma parte de seu rosto vislumbrado.
Com um suspiro para abafar a raiva, Adrien disse.
— Você não tem permissão para entrar no meu quarto.
— Vim conferir você… — murmurou ela, ainda encantada com a luz dos painéis.
— Eu estou bem. Você pode voltar aqui e encher o meu saco outra hora…
Quando Adrien olhou para Lyra, ela percebeu que os painéis em questão eram hologramas, todos sendo projetados pelos próprios olhos de Adrien. Os olhos dele eram avermelhados, a mesma cor das projeções.
— Você… o que é isso?
— É a visão da Aurora. — Lyra se assustou, não esperava que ele fosse revelar tão facilmente. — Usando um dos truques da Lemoine eu consegui conectar minha visão com a dela sem que ela soubesse. Estava vigiando ela… — Ele rangeu os dentes antes de continuar. — Mas cortaram a conexão com ela depois que ela entrou naquele trem.
— Ahm… — Lyra queria perguntar sobre como os olhos humanos poderiam fazer isso, mas achou melhor deixar para outra hora. — Mas, provavelmente foi só uma falha. Não tem porque ficar tão irritado…
— Não! Não é só uma falha! — Adrien vociferou. A raiva e desestabilidade em seu olhar fez as projeções desaparecerem. — Alguém me desconectou… alguém que descobriu exatamente o meu plano. Eu tenho que retomar o controle antes que ela encontre o lâmina.
Intrigada, Lyra se aproximou dos computadores também, tentando entender alguma coisa do que Adrien estava configurando.
— Lâmina? — ela processou o que ele disse e chegou a rápida conclusão de que Adrien se referia a um codinome. — Não tenho memórias sobre isso… o que exatamente você está procurando?
— Você vai ver se conseguirmos reconectar com a Aurora a tempo…
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Enquanto isso, a quilômetros da torre central, o trio de androides se viam presos dentro do trem que foi parado repentinamente.
— Não pode ter perdido as forças, ele não teria parado tão abruptamente — explicava Aether, já fazia alguns minutos que estava sugerindo diferentes motivos à parada. — Se fosse alguma coisa nos trilhos, ele teria destruído essa coisa passando por ela… e se fosse um obstáculo grande o trem estaria amassado.
— O maquinista pode ter freado… — sugeriu Aurora, mas enquanto ia dizendo ela parou repentinamente. Teve uma sensação estranha passando por ela, um calafrio de baixo para cima.
Como se de repente faltasse uma parte dela, algo que fugiu de si. Um sentimento estranho de solidão a encobriu.
Os outros não notaram a mudança de humor, pois ela quase nunca expressava nada. Continuaram a discussão.
— Não há maquinista nesses trens — contestou Aether. — E caso ele tivesse freado, o trem não pararia tão do nada.
— E você nem sabe o pior — disse Atlas, apontando para o canto do trem.
Lá estava a caixa de éter falso criado por eles. Todos os frascos derramados, com uma poça de líquido amarelo brilhante escorrendo lentamente pelo chão.
Aether olhou, assentiu e então ponderou novamente.
— Pelo menos não deu trabalho de fazer. E também, demos sorte de não sermos humanos. Caso contrário, nós estaríamos assando agora parados aqui nesse lugar.
— Assando?
— O subterrâneo de Douceur não é o lugar mais propício para seres vivos. Até mesmo grande parte dos androides sequer pode ir até lá.
Enquanto Aether explicava, Atlas caminhou até as janelas no fundo do trem. Com uma cotovelada acabou quebrando elas, sem dar muita importância ao estado que o trem já estava. O buraco foi aberto e ele passou a cabeça para observar o que tinha abaixo.
Era semelhante à visão que teve quando foi até o subterrâneo da torre central. Era um grande túnel com um abismo gigante abaixo, com apenas os trilhos sendo sustentados por pilares que desciam até o brilho alaranjado que emanava de baixo. Um calor imenso subia dali, enquanto os canos espalhados pelas paredes de metal soltavam vapor incessantemente.
— Chamam esse lugar de “fornalha” — continuou Aether — é o coração de Douceur. A nação voadora não se sustenta sozinha, e a fornalha é uma das fontes de poder que energiza toda a cidade.
Se aproximando para ver também, Aurora sentia uma calamidade que vinha lá de baixo. Definitivamente não era a imagem que lhe vem à mente quando imagina um paraíso.
— E ainda acham que esse lugar é perfeito… — murmurou ela, uma pequena explosão foi ouvida ao longe, bem fundo na fornalha. Era impossível discernir o que era.
Passados alguns minutos todos tiveram a certeza de que o trem não se moveria a partir dali. Pelo menos, não por conta própria. Com a intriga, uma das memórias de Aurora veio à tona… ela era bem pequena, e estava conversando com uma mulher que chamava de Jose. A tal mulher contava histórias de inúmeras viagens que teve pela França para ela, e em uma delas ela contava o quão horrível era viajar de trem.
Essas memórias despertaram curiosidade em Aurora.
— Nos trens da França, todos eram conduzidos por um maquinista — dizia, enquanto avançava pelos vagões. — Se este não tem nenhum, então o que há no final dele?
— França? — questionou Atlas.
Aether apenas a observou com suspeita após ouvir o nome.
Chegando no primeiro vagão, não tinha nenhuma passagem ali, apenas uma parede vazia e sem janelas. Aether e Atlas estavam prestes a dizerem alguma coisa, mas Aurora foi mais rápida ao esmagar um pedaço da parede com os punhos. Ela fazia isso com uma naturalidade incomum, como se fosse papel.
Claro que androides possuíam uma força desumana, mas era assustador para os outros dois vê-la infringindo a ética dos androides sem remorso.
Do outro lado havia um pequeno compartimento, com um painel preto, desativado, e um corpo parado à frente… parecia estar sentado.
— Mas o quê? Eu achei que não… — Atlas atravessou a passagem na parede, encarando o corpo. — Por que um trem automático precisaria de um maquinista…?
— Ei. O que aconteceu com você? — Aurora questionou, se aproximando do corpo do androide.
Mas quando chegou ao lado dele, notou que não era um corpo… e sim metade de um. Ele só tinha o tronco e a cabeça, sequer possuía braços. O tronco estava conectado a um emaranhado de circuitos e metal, que formavam um pequeno pilar conectado ao trem que, de longe, se parecia com um banco. Ele também não tinha boca, não poderia responder.
Tudo o que tinha era dois olhos arregalados, olhando para baixo como se estivesse desligado.
— Não… ele não é o maquinista. Acho que… — Aether chegou mais perto, segurando a cabeça do androide e erguendo-o para encará-lo. — Essa coisa é o próprio trem. Faz parte do corpo dele. O trem seria a outra metade do corpo deste androide…
A cabeça com apenas dois olhos não encarava de volta, mas Aether o moveu até alinhar seus olhos com os dele. Ele não parecia assustado, aqueles olhos não expressavam emoção nenhuma, estavam normais.
Com cuidado, Aether segurou a cabeça dele com uma mão, e apontou os dedos para os olhos dele com a outra. As pontas dos dedos de Aether estavam quase raspando nos olhos arregalados do androide.
Uma pequena corrente amarela de condutividade conectou os dedos com os olhos em seguida.
— Eu posso usar esse corpo… e tentar controlar o trem eu mesmo…
A conexão entre Aether e o trem foi estabelecida, e todo o poder que energizava os leds do trem, que antes eram rosas, agora eram amarelos pelo controle do topázio.
Logo, o trem começou a se movimentar novamente. Não era tão rápido quanto antes, mas pelo menos saiu do lugar.
— Não sabia que as conexões de topázio podiam realmente controlar esse tipo de coisa — comentou Atlas.
Por alguma razão, Aether preferiu não responder. Continuou calado até chegarem lá.
— Mas como será que a cabeça do trem acabou sendo desativada do nada… não vi nenhuma outra coisa entrando aqui para desligá-lo.
Não muito tempo depois, o trem parou com a chegada no destino. O fim do túnel, na verdade, dava em outro túnel menor mais à frente. Mas não havia trilhos ali, então teriam que seguir andando. Aether se desconectou do trem e Atlas desceu em seguida.
Antes de descer também, Aurora deu uma última olhada no corpo inerte do androide que controlava o trem. O corpo estava caído, sendo sustentado no ar apenas pela base que o conectava ao trem. Realmente, parecia estar morto.
Seguindo pelo túnel que dava entrada ao subterrâneo do Andriene, o ambiente continuava muito escuro e também silencioso. As paredes metálicas estavam úmidas, com goteiras pelo teto.
— Vejam só, um pequeno mapa que eu registrei do Andriene. — Com seus olhos, Aether criou uma projeção holográfica do que estava imaginando. Era um mapa amarelo dos caminhos que o Andriene tinha.
O mapa mostrava o Andriene em camadas, era uma grande bola de quatro andares, e um subterrâneo. Mostrando uma perspectiva vista de cima do subsolo, eram visíveis vários corredores que provavelmente derivavam daquele túnel, indo para várias direções, se cruzando e então subindo em uma sala bem no centro.
— Esse espaço no centro é onde fica a plataforma em que ocorrerá o espetáculo. Ela funciona como um elevador, flutuará entre todos os cinco andares do lugar e…
Aether parou de falar quando percebeu que, além dos outros dois, havia um terceiro androide escutando e observando o mapa também. Ele não tinha cabelos e nem carapaça, apenas a lata do seu corpo no lugar da pele. Como se fosse um modelo padrão.
Era semelhante a androide que teve nas memórias de Aurora, aquela que cuidou dela nos seus últimos dias.
O robô misterioso parecia contente, com um sorriso largo e olhos bem abertos. Ele deu uma risada amigável depois do silêncio que se criou. Ele observava o mapa e escutava Aether como se fizesse parte da conversa.
Em seu rosto, embaixo do olho, estava marcado o número “68” bem grande.
Aurora e Atlas ficaram em alerta constante, enquanto ninguém dizia nada, apenas encarando o intruso esquisito. Depois de mais uma risadinha, o androide deu meia volta e fez seu caminho de volta para a escuridão de onde veio.
— Inimigos — afirmou Atlas, lentamente começando a caminhar para o lado em que o androide foi. — A ordem recebida foi “sem testemunhas”, há grande necessidade de executar o alvo.
— Calma! — Aether rapidamente segurou Atlas pelo ombro. — Aquele é um produto do Andriene. Era o sessenta e oito, tem cem outros androides igual a este. Eles são o público do Andriene.
— O… público? — perguntou Aurora, adotando uma voz fria novamente.
— Para que o herdeiro da torre não se decepcionasse com a falta de público em sua comemoração, e nem tivesse problemas com androides mal intencionados ou que não fizessem a vontade dele, um pequeno público pré-programado foi desenvolvido para se infiltrarem entre o público original, ocupando quase todos os lugares do Andriene. Por isso, eles estarão sempre sorridentes, independente do que você diga a eles.
— Um público… artificial… — sibilou Aurora, para si mesma.
Conforme foram avançando com a liderança de Aether, vários desses androides passavam por eles, sorridentes, e perguntando coisas sobre o Adrien como se o evento já tivesse começado. Eles elogiavam a aparência dele e como estavam ansiosos para que o ídolo se tornasse o governante de Dourceur.
Aurora ouvia tudo isso de cabeça baixa, a cada frase, a cada novo androide de aparência idêntica ela se estressava cada vez mais. Esta era a harmonia entre o povo, a felicidade tão almejada, um humor perfeito e programado… olhar em seus olhos sabendo que eles sequer tinham “livre arbítrio” como Atlas e Aether, ou até mesmo Lyra, era repugnante. Seres tão sem vida que foram criados com o único propósito de parecerem felizes, e não verdadeiramente serem felizes…
Esse era o paraíso e sua alegria incessante.
— Eles são a etapa final do projeto Andriene, após a construção, nós desenvolveríamos as aparências de cada um para não parecerem com uma carcaça velha. Eu ainda acho que isso é uma perda de tempo… — lamentava Aether, agora que tinha outros que pudessem o entender.
Um deles parou em frente a Aurora, encarou ela nos olhos com aquele sorriso irritante, e em um tom doce perguntou:
— Pelo que vejo, você também gosta bastante do Loiren não é! Poder ver ele pessoalmente foi incrível, não é! Ele é tão legal que depois que tudo isso acabar, vou rever o discurso dele nos canais também! Foi tão espetacular, não é! Será que eles me deixariam morar na torre? Deve ter muito espaço, não é! Você também iria querer morar junto com os Loiren… não é?
Aurora não respondeu. Quando ela disse o último “não é?”, uma luz branca e extravagante iluminou o corredor. Era o sabre de Aurora, em que a lâmina partiu perfeitamente o corpo do androide de baixo para cima. As duas metades do corpo caíram ao chão com um baque, o sorriso cortado pela metade com uma mancha de queimadura bem na divisória do corte.
— Nossa! — Aether deu um passo para trás, impressionado. — O que você tá fazendo?!
— Lembra do que eu disse antes? — ela olhou por cima dos ombros com tamanha frieza que os dois por um momento sentiram que seriam os próximos. — Sem testemunhas. Vocês dois avançam e encontram o éter lá em cima.
Ela saiu caminhando para o corredor do outro lado em seguida, deixando Atlas e Aether para trás.
— E o que você vai fazer?! — exclamou Atlas, preocupado.
Aurora não respondeu, seguiu em frente com seu sabre na mão calmamente. Sem muita disposição para ir contra ela, os outros dois seguiram o caminho até a sala do centro, onde estaria a plataforma…
— Que estranho… — murmurou Aether. Olhava para os lados como se estivesse perdido. Os dois já estavam subindo lentamente pela plataforma redonda, que era tão branca e reluzente que parecia um espelho. — Consigo ver todos os cem androides e as outras energias mas… não encontro o éter em lugar nenhum.
Com sua visão, Aether podia detectar todos os outros tipos de energia ao redor. Sejam elas visíveis ou invisíveis, até mesmo ondas de conexão a distância podiam ser detectadas por ele. Em sua visão, cada androide presente ali estava marcado, em suas respectivas posições enquanto escaneava a área. Era um protocolo que só as máquinas de topázio ou âmbar eram capazes de executar.
— Nem mesmo no topo… eu não vejo o éter em lugar nenhum…
Os dois estavam prestes a chegarem no térreo do Andriene, e Atlas estava ansioso para ver como ele era por dentro.
No subterrâneo Aurora continuava eliminando os robôs um por um, nenhum deles pareceu sentir empatia pelo outro mesmo que fosse eliminado na sua frente. Também não se sentiam intimidados ou assustados, eles sequer mudaram seus semblantes. Todos agiam exatamente da mesma forma a cada abate, e mesmo depois de serem partidos ou queimados pelas chamas brancas do sabre, ainda conseguiam reagir de forma positiva aos atos de Aurora enquanto ativados.
Mas uma coisa acabou deixando Aurora hesitante em avançar. Com exceção da fila de corpos de androides que ela mesma havia feito, um pouco mais à frente em um local mais aberto, semelhante a um saguão, estavam alguns outros corpos totalmente mutilados. Foram cortados não só uma vez, mas várias vezes e as partes picotadas de seus corpos estavam espalhadas por aí. Apenas as cabeças, que ainda estavam ligadas, observavam Aurora e sorriam para ela, dando gargalhadas amigáveis.
Rodeada por corpos mutilados, Aurora sentiu uma angústia tomar o seu corpo. Por mais que fosse satisfatório eliminar e acabar com a hipocrisia daquele lugar com as próprias mãos, ela podia sentir algo que os outros não podiam. Aurora era capaz de sentir medo.
Dando alguns passos para trás, com o sabre em mãos, ela viu um pequeno grupo de androides se aproximarem. Diferente de todos os outros, esses não estavam encarando ela. Estavam sorridentes, porém, falando com outro alguém…
— Por que você não desce daí e acompanha a gente até lá no topo? Dá pra ter uma boa vista da capital quando chegarmos no ponto mais alto do Andrie-
Mas todos daquele pequeno grupo tiveram suas cabeças cortadas quase que imediatamente por um gancho que surgiu do nada. Eles estavam todos olhando para o alto na parede. E quando Aurora olhou para aquela mesma direção… ficou aterrorizada.
Era uma máquina gigantesca andando pela parede, com longas patas de ferro com pontas afiadas. As patas eram finas, e separadas em pares de quatro, como uma aranha assustadoramente grande. Ela não tinha cabeça, e no seu tórax havia uma estrutura maior como uma pequena base. A base foi se expandindo para cima, se abrindo como um véu pelo corpo da máquina e exibindo um leque gigantesco de armas presas a correntes e ganchos semelhantes às próprias patas da aranha.
Cada uma dessas armas eram diferentes tipos de lâminas, que giravam tão rápido que acabavam se tornando cerras mortais.
No centro do corpo da aranha, um pequeno espaço para um recipiente era preenchido por vários frascos dourados que brilhavam intensamente. Os frascos eram como vários núcleos ao redor dela. Ela estava sendo alimentada pelo próprio éter que procuravam.
No topo do leque de armas, algumas correntes com lâminas começaram a girar bem rápido, criando duas cerras gigantes ao redor da máquina.
Sem palavras, Aurora deixou seu sabre cair. Ele se desativou na hora. Estava aterrorizada, seu corpo travado e os olhos arregalados contemplando aquela máquina mortal lotada de lâminas pelo corpo.
— Aurora, está me ouvindo?! — a voz de Adrien ecoou na sua cabeça, vindo do fundo de seus sistemas. A voz era muito falha e com chiados, como se estivesse saindo de um rádio antigo. — Finalmente consegui me conectar de novo. Olha, eu posso te explicar essa merda depois, mas por enquanto só me ouça e faça exatamente o que eu mandar!
Mas ela o ignorou completamente, estava sem palavras; sem reação.
— AURORA! — ele berrava, mas era inútil. Aquela coisa esquisita e suas lâminas se aproximavam lentamente pela parede enquanto emitia um som agonizante de metal rangendo, e Aurora não conseguia fazer absolutamente nada. — Droga…
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Aviso: Todas as ilustrações desta novel foram criadas por IA. Perdão causo lhe desperte algum desconforto visual.
Nota: Se quiser, lembre-se de comentar nos capítulos! É sempre gratificante poder ler sua opnião, e é o que nos motiva a continuar! <3
Sabia que o autor também escreve outros gêneros? Conheça também caso tenha gostado desta!
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