Volume 2

Capítulo 59: A Guarda Real da Princesa

Quando esmeralda entrou no quarto, sua expressão indiferente se alterou para uma de cansaço e preocupação, suas pernas tremeram e seu corpo tombou levemente. Um braço lhe apoiou, impedindo a queda do seu corpo frágil contra o chão frio, um sorriso caloroso em um rosto lindo estava ao seu lado lhe auxiliando a ir em direção à cama.

Era Ametista, a lanceira de cristal, aquela que antigamente se chamava Lilás e era membra dos ratos, atualmente ela servia de guarda da princesa regente, e mesmo estando com a comitiva de Jonas em missão de guerra no meio do continente, havia retornado para apoiar a sua irmã de juramento em um momento tão importante.

As outras mulheres que compunham a guarda pessoal da princesa também estavam no quarto a esperando, como nenhuma delas usava capa ou capuz, seus rostos estavam à mostra assim como seus cabelos coloridos. Além delas estava no quarto também, Victoria, a heroína que tinha usado seus poderes para leva-las ao Salão de Guerra e depois as tirou de lá. Assim como trouxe Ametista desde o centro do continente à península no extremo Oeste.

Além de Esmeralda, Ametista e Victoria, haviam mais cinco pessoas no quarto, uma delas se aproximou da cama com uma bandeja de chá, com um bule e oito pequenas xícaras. Era Ágata, a espadachim de cabelos e olhos dourados, que tinha decapitado o Ministro da Pesca.

— Alteza! — Ágata ofereceu a primeira xícara de chá a Esmeralda — A senhorita se esforçou muito, esse chá vai lhe ajudar…

— Pelo menos tome um banho para tirar esse cheiro de sangue do seu corpo antes de se aproximar da princesa! — Reclamou Topázio, sentada em uma poltrona próxima à parede.

Topázio era uma garota de cabelos e olhos alaranjados, diferente de todas as outras no local, seus cabelos eram curtos, acima dos ombros, fazendo ela parecer um pouco mais alta do que realmente era, afinal era a segunda menor entre as oito mulheres ali.

— Tomarei banho após saber que Esmeralda está bem! — Retrucou Ágata.

Esmeralda pegou uma xícara de chá e sentou-se na cama, em seguida Victoria repetiu a ação da princesa, sentando-se em uma poltrona ao lado da de Topázio.

— Primeiro problema resolvido! — Disse a heroína — Qual o próximo passo?

— Ainda não pensei… Não estou pronta ainda para dar outro passo… — Esmeralda falou com a cabeça baixa e expressão pesarosa.

— Tenha mais alto-estima, princesa! — Bradou Rubi, a guarda de olhos e cabelos tão vermelhos quanto sangue.

— Não importa qual passo venha a seguir, nós estaremos ao seu lado, alteza! — Ágata disse tocando o peito e curvando o corpo.

— Obrigada…

Após cada uma das sete garotas que compunham a guarda pessoal de Esmeralda pegar uma xícara de chá e sentar-se em uma das poltronas, com exceção de Ametista que estava ao lado da princesa na cama, e regente do Reino de cristal continuou:

— Para o próximo passo, acredito que seria importante fazermos algo a nível mundial, para mostrar a todos que existimos e queremos fazer parte do “todo”.

— É muito arriscado fazer algo assim, mas não importa, desde que seja por vossa alteza eu estou dentro! — Rubi disse alto — Mas o que será exatamente?

— Como já disse, ainda não pensei nos detalhes… Pensarei com calma, é importante não dar um passo em falso a essa altura. — Esmeralda falou com convicção — Até lá deixaremos as coisas esfriarem por aqui, e vemos o que os outros reinos decidem fazer.

— Em breve o mundo todo saberá o quanto a princesa de cristal é inteligente e capaz! — Comentou Ametista.

— E todos no mundo inteiro terão inveja de vossa alteza! — Completou Ágata.

— O mundo inteiro já tem inveja do seu harém pessoal! — Safira deu um sorrisinho sugestivo, enquanto passava avista pelas garotas no quarto.

— Não faça esse tipo de piada, sua idiota! — Ametista reclamou — Nós sete somos irmãs de juramento da princesa, sua guarda pessoal. Não nos compare àquelas se se submetem aos desejos de nobres imundos!

— Não me importo com as brincadeiras da Safira, Ametista! — Esmeralda respondeu em meio a um sorriso gentil, em seguido mudando para uma expressão maligna e encarando Safira — A não ser que as faça fora desse quarto!

Safira engoliu em seco e repetiu mentalmente.

Não fazer brincadeiras com a princesa em público ou ela me mata!

Safira era a menor e segunda mais nova de todas, foi ela quem usou os fios para impedir a fuga dos ministros traidores, as únicas abaixo de 20 anos era ela e Turmalina, além de serem as duas que não participaram da guerra de quase cinco anos atrás. Enquanto safira tinha os olhos e cabelos azuis, Turmalina os tinha na cor preta, e era a única que usava tranças ali.

Mesmo sendo a mais nova, Turmalina era maior de que Safira, Topázio e Victoria. Motivo de inveja das três, que não aceitavam que a mais nova tinha crescido tanto em tão pouco tempo. Ágata era a mais alta das oito, seguida por Ametista e Esmeralda.

Geralmente, Turmalina era a mais calada, mesmo que gostasse de conversar, ela evitava falar na frente das outras com medo de ser desaprovada, já que era a mais nova das oito, incluindo a princesa.

— Mas precisava mesmo matar aqueles ministros? — Turmalina perguntou — Sei que eles foram maus, mas se a senhorita apenas os prendesse, não seria castigo suficiente?

— Você ainda é uma criança, Turmalina… — Esmeralda voltou a ficar com uma expressão pesarosa — Assim como eu era dois anos atrás, mas tive bastante tempo para pensar enquanto estive presa no reino de Prata.

Relembrar o período de cativeiro da princesa foi um balde de água fria sobre as garotas da guarda, elas ainda se culpavam pelo acontecido.

— Se pelo menos tivéssemos sido espertas o suficiente para ver que aquilo tudo era uma armadilha dos ministros! — Rubi rosnou.

— A culpa foi toda minha por deixar a princesa desprotegida enquanto acreditava estar em missão para trazer alimentos para o reino, no fim foi tudo uma armadilha… — Ágata disse com uma expressão triste.

— Não foi culpa de ninguém se não os ministros traidores! — Esmeralda disse com tom de raiva — Remoer o passado não mudará nada, agora vamos focar no futuro, em breve terei um plano e precisarei de cada uma de vocês para pô-lo em prática.

Como era esperado das palavras de uma princesa, os ânimos das garotas da guarda foram reerguidos, e alguns sorriso brotaram em seus rostos.

— Isso mesmo, os culpados foram devidamente punidos, que suas mortes sirvam de exemplo para qualquer outro que sequer sonhe em tocar na nossa princesa! — Topázio disse com uma expressão demoníaca.

— E os ministros restantes farão o possível para agrada-la, e acredito que não teremos problemas como revoltas, pois todos conhecem a força da sua guarda pessoal, é apenas questão de tempo e o poder do reino estará em suas mãos. — Completou Victoria.

— Ainda não sou respeitada como governante desse reino, preciso de mais experiência e aliados para conquistar a confiança do povo e ser considerada uma soberana. Até lá terei muito trabalho, mas hoje foi um bom primeiro passo.

Victoria ouviu aquelas palavras enquanto encarava a xícara vazia sobre a palma de sua mão, e ao final do pequeno discurso de Esmeralda girou a xicara que desapareceu e ao mesmo tempo reapareceu sobre a bandeja na mesa de centro.

— Belas palavras, mas acho que um reino precisa de mais do que uma princesa!

As outras garotas da guardas olharam estupefatas para Victoria, não entendiam como ela tinha coragem de falar assim com a princesa. Rubi fez menção de reclamar das palavras de Victoria, mas antes que pudesse intervir, Esmeralda acenou com a cabeça concordando.

— Desde a fundação dos sete reinos, jamais deixou de existir um rei no trono de cristal, e desde a morte do meu pai e minha coroação como regente, os súditos do reino estão apreensivos com a situação… Concordo com Victoria, esse reino precisa de um rei! — Esmeralda suspirou enquanto terminava de falar.

— Ou de uma rainha! — Completou Ametista com atitude positiva.

— Rainha seria melhor, mas uma rainha precisa de um rei… — Turmalina comentou — E eu não sei se Jonas seria um bom rei.

A frase de Turmalina cortou todo o clima, deixando Esmeralda extremamente corada, e fazendo algumas das guardas reais baterem na própria testa em desaprovação à atitude idiota da mais nova das guardas.

Tentando fingir que não havia ocorrido nada, Ametista levantou-se e sorriu para Victoria, dizendo:

— Olha a hora! Está quase no meu turno de vigia no acampamento!

— É mesmo… — Victoria pareceu entender os pensamentos de Ametista — Passamos o dia inteiro longe do acampamento, os outros devem estar preocupados conosco…

— Vamos irmã Vic, tenho medo do que Jairo possa fazer na nossa ausência… — Ametista tocou o ombro de Victoria.

As duas fizeram uma reverencia perante a princesa regente, e acenaram se despedindo das outras garotas da guarda.

— Se me permite, princesa… — Victoria disse antes de sair — Na próxima vez que eu a vir, gostaria de poder chama-la de majestade!

— Eu também gostaria de ser chamada assim, mas ainda não estou pronta. Quem sabe após essa guerra…

No segundo seguinte, Victoria usou seu poder e junto com Ametista, desapareceu do quarto, reaparecendo a centenas de quilômetros dali. Enquanto isso, nos aposentos da princesa, suas guardas pessoais começavam uma guerra de travesseiros, tendo como alvo único a garota de cabelos pretos e atitude desleixada.

Fingindo não se importar com os barulhos que suas acompanhantes faziam enquanto diziam estar a protegendo, a princesa virou-se na cama macia e perdeu-se em pensamentos.

Rainha Esmeralda do Reino de Cristal… Até que soa bem!



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