Volume 2

Capítulo 95: Aliados ao Oeste

A reconstrução do Reino de Bronze havia iniciado, mas seu andamento estava a passo de tartaruga. Encontrar casas para todas as pessoas desabrigadas, reunir as famílias sobreviventes e conseguir comida para tanta gente era difícil e envolvia uma logística absurda.

Mas Lucas não desistia. Todos os dias haviam relatos de desentendimentos entre antigos rivais, mas sempre acabavam rápido, bastava alguém lembrá-los de que o novo chefe havia ordenado que vivessem em paz.

Haviam duas formas de governar: pelo amor e pelo medo. Lucas usava as duas, as pessoas o amavam como um herói que as salvou e as guiava, e ao mesmo tempo temiam a sua fúria.

Sempre haviam relatos dos atos heróicos do jovem que lutou em nome do Reino de Bronze, e ao lado de Hugo, protegeu as fronteiras do reino por quatros dias contra a invasão de Zhang-Nee e o exército da Foresta sagrada. Sem contar que foi Lucas quem enfrentou sozinho o monstro do Leste, Deco, o filho mais novo de Miraa, e quase o matou.

Poderiam haver alguns exageros aqui e acolá, mas todos sabiam que cada uma das histórias tinham um fundo de verdade. Então, se alguém poderia reerguer o Reino de Bronze, essa pessoa era Lucas.

Onde antes ficava a terceira maior cidade do reino hoje havia um acampamento com centenas de barracas improvisadas, casebres feits em barro e palha, e até tenativas de construções com destroços do que sobrou das residências que umdia existiram no lugar. Pessoas corriam para todos os lados buscando cumprir os seues respectivos papeis em reconstruir um local propício à habitação humana mais uma vez.

A primeira obra foi a construção de uma grande cemitério em um local de destaque para que todos pudessem ver e lembrar da tragédia que pode ocorrer quando se perde o senso de união. A segunda foi um aterro sanitário onde deveriam ser depositados todos os resíduos domésticos, materiais em decomposição e dejetos humanos, evitando assim a disseminação de doenças simples mas que poderiam dizimar um terço do que restou da populalão naquelas situações precárias.

A terceira medida foi adquirir água de qualidade e fazer o tratamento dessa, uma tarefa difícil para um mundo onde os conceitos de saúde prevetiva ainda não existiam. Lucas não tentou sequer explicar os motivos, apenas impôs suas ordens e deixou que a população entendesse com o tempo.

Todos que podiam trabalhar tinham um papel, e a cidade que antes atendia pelo nome de Lurdia agora passaria a se chamar Lucardia, essa foi a única mudança não proposta por lucas, mas ele entendeu como uma forma de agradecimento do povo ao seu trabalho em uni-los novamente e não recusou.

Lucardia estava muito longe de ser uma cidade de verdade, mas as notícias de que ela estava se reerguendo em uma velocidade inacreditável chamou atenção de caravanas de mercadores que viam ali uma oportunidade de fixar comércio, e em manos de três semanas o mercado estava funcionando e fazendo dinheiro circular, mesmo a céu aberto. 

Para garantir a segurança das pessoas, Lucas recrutou os soldados da antiga guerra civil e os colocou como policiais sobe suas ordens diretas. Usando os conceitos do seu mundo original como referência, ele implementou um conjunto de leis a serem seguidas, revolucionando a forma com que o Reino de Bronze lidava com a criminalidade.

Diferente dos outros reinos, O Reino de Bronze não tinha uma família real com uma ordem de sucessão, e seus reis eram escolhidos de acordo com patentes militares. O maior problema para Lucas era que Baruc, o líder do exército vermelho e mais cotado para ser coroado, estava desaparecido desde que a guerra civil começou.

Não restavam muitas opções, então foi estabelecido um governo provisório cmposto por onze pessoas, cada uma era representante de uma sessão importante. Oito representantes das províncias, um representante do exército rela, um do exército revolucionário e um representante do povo escolhido por aclamação popular.

Deixando a cúpula política incubida de resolver a montanha de problemas que ainda assolavam o reino, Lucas selecionou vinte guerreiros renomados, sem importar suas origens, para acompanhá-lo no seu retorno ao leste, para a guerra.

Muitos gostariam de segui-lo, mas o número foi fixado em vinte porque era mais fácil de se moverem sem chamar muita atenção. A tática era comumente utilizada por grupos de mercenários e espiões, e era nisso que Lucas se baseava.

No dia em que se comemorou um mês do cessar fogo, um grande festival foi comemorado em todas as cidades do Reino de Bronze. Cada cidadão comia, bebia, cantava, dançava e agradecia a Lucas por uni-los novamente. As medidas implementadas e Lucardia se mostraram tão eficientes que foram rapidamente implementadas em todas as outras cidades e vilas.

Enquanto todo aquele povo comemorava, lucas e seus vinte soldados sairam discretamente por uma estrada que cruzava a floresta ao norte do reino. O seu destino era a tríplice fronteira entre os Reinos de Bronze, Prata e Aço, dali seria mais fácil atravessar o lado oeste do continente até chegar à Grande Falha.

Com um rupo pequeno a mobilidade aumentava, então menos de dois dias foram necessários para que o grupo chegasse à fronteira, a enorme pedra basáltica se destacando em uma área onde não nasciam árvores,mesmo em meio a uma floresta era o marco principal.

Mas para a surpresa de Lucas um exército estava acampado naquelas terras, não havia motivos para ele tentar algo contra aueles soldados que descansavam, mas se eles marchavam ao leste também poderiam se tornar um problema no futuro. Ele acho melhor investigar.

Deixando seus vinte soldados escondidos, Lucas foi ao acampamento tentar descobrir quem eram  e suas intenções. Não apenas o receio de tê-los como inimigos brevemente, mas como estavam no fronteira do Reino de Bronze eram uma ameaça em potencial.

Difrente do que ele esperava não houve reação negativa à sua chegada, os sentinelas do acampamento até mesmo se curvaram quando chegou. Um deles se ofereceu para levá-lo até a tenda do comandante. Sendo guia, não escoltando, andando na frente de Lucas, uma demonstração de rspeito e confiaça.

Para a surpresa do herói do vento a pessoa que comandava todos aqueles soldados não era um velho rabugento e barbudo, como ele estava acostumado, e sim uma jovem de cabelos verdes.

— Princesa Esmeralda! — Lucas exclamou ao vê-la.

— É “Rainha Esmeralda” agora. — Corrigiu uma guerreira de olhos e cabelos vermelhos, sentada um pouco atrás de Esmeralda.

Lucas reconhecia a outra jovem também, era Rubi, a guerreira abençoada pelos deuses que herdou um dos raros poderes que refletiam na cor de seus olhos e cabelos. Anos atrás ela haviam dizimado um batalhão inteiro com seu poder de explosão, e Lucas lembrava bem disso.

— Ele ainda não sabia. — Esmeralda disse à Rubi, e voltando seu olhar a Lucas, continuou — Que bons ventos o trazem?

— Vim ver do que se tratava um exército acampado nas fronteiras do Reino de Bronze bem quando eu estou tentando reerguer a população e as cidades. Acredito que fariam o mesmo.

— Sim, sim! — Esmeralda disse sorrindo — Mas não há motivo para preocupações, estamos indo para a guerra no centro do continente, não há motivos para se preocupar. Meu reino também está passando por uma fase de reconstrução, e não há motivos para nos desgastarmos em disputas violentas, ou sequer políticas.

— Também acho que o momento é de união. — Lucas disse ainda desconfiado.

— Que maravilha, então que tal uma proposta de nos aliarmos? — Esmeralda aumentou  sorriso e abriu os braços — É claro que dependerá de quem você apoia nessa guerra..

Lucas pensou um pouco, dependendo de sua resposta tudo poderia ser posto a perder em segundos. Ele estava no território de Esmeralda, e cercado pela sua guarda pessoal, e não havia niguém no oeste que não conhecesse os feitos daquelas garotas. E haviam mais duas que ele não conhecia, e a de cabelos azuis olhava como se fosse tentar capturá-lo a qualquer momento, talvez ela fosse ainda mais perigosa do que Rubi.

Como se adivinhasse seus pensamentos, Esmeralda olhou para a garota e balançando a mão, disse:

— Safira, por favor não use seus fios mágicos aqui. Lucas pode ter sido nosso inimigo em outros tempos, mas agora ele é um potencial aliado. Então vai dar uma volta e leve Rubi com você.

As duas garotas se levantaram sem dizer nada e sairam da tenda. Lucas se sentiu mais a vontade, mas ainda não totalmente.

— Ágata, Topázio e Turmalina são o suficiente para me proteger, Lucas. — Esmeralda disse apontando para as outras três garotas — Mas Safira odeia o Reino de Bronze, vocês acabaram com a família dela.

Lucas apenas encarou esmeralda em silêncio.

— Agora, se possível, eu gostaria de saber qual a sua posição nessa guerra.

— Neutro! — Lucas disse com firmeza.

— Pensou tanto para essa resposta?

— Sim, eu me envolvi em tanta coisa recentemente que não hava percebido que não sabia qual lado escolher. Então vou ficar do lado das pessoas, ajudarei protegendo os inocentes, mas não vou interferir em nenhum lado.

Esmeralda sorriu com o canto de lábios.

— E por qual motivo?

— Porque acho que é isso que significa ser um herói. De onde eu venho o título de herói não é dado a quem tem poderes e mata, e sim a quem se sacrifica para proteger pessoas inocentes!

— Tipo roubar comida e doar aos pobres? Resgatar escravos? Sabotar rotas de suprimentos para a guerra?

— Eu sei onde você quer chegar! — Lucas esfregou a testa — É exatamente o que o André fez enquanto a gente criava uma guerra e acreditava nas palavras do Cavaleiro de Prata.

— E se eu disser que outras pessoas estão seguindo o mesmo ideal de heroísmo?

— Não entendi…

— Há boatos de um mago espiritual e um arqueiro capturando bandidos, salvando pessoas e outros atos de pura bondade na região da fronteira entre Aço e Prata.

Lucas sorriu, ele estava entendendo onde Esmeralda queria chegar.

— Raniely e Jaiane!

— Ao que tudo indica…

— As coisas estão mudando.

— E não podemos ficar para trás.

— Então temos um acordo, Vossa Magestade?

— Sim, temos um acordo, Herói.



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