Volume 3

Capítulo 117: Contra Ataque do Sul

Quando amanheceu, a trombeta soou.

Os soldados de Esmeralda estavam a postos para substituir os guerreiros de Adênia. Mesmo com a insistência das Pessoas Livres do Leste, o exército de cristal permaneceu firme em se manter nas linhas defensivas.

Em termos numéricos o exército de arqueiros do Sul estava em desvantagem, o exército de cristal tinha quase três vezes mais soldados. Os guerreiros de Adênia eram muito poucos quando comparados às outras duas forças.

Mas em termos de força de combate nenhum exército se comparava com as Passoas Livres do Leste, Lu-Ji havia presenciado tamanha força esmagadora um dia antes. Mas agora ele estava mais calmo e descansado.

E ver que não eram aqueles selvagens que estavam na linha de frente fez seu coração bater mais devagar. Era uma oportunidade de diminuir os números inimigos sem perder tantos dos seus. Ele só não entendia os motivos dos dois grupos não operarem em sincronia, mas agradecia aos deuses por isso.

O plano era similar ao anterior. Causar uma chuva de flechas combinadas com uma diversidade de encantamentos, causando confusão e desorgaização no inimigos. Se manter longe, eliminar o máximo possivel de oponentes, e se possível, não perder muitos dos seus.

Mas uma diferença da plano anterior era a frequência de disparos.

Lu-Ji aconselhou a seus homens que mantivessem um ritmo de disparo constante, o que seria impossível se tivessem que enfeitiçar todas as flechas. Então cada arqueiro só poderia lançar uma flecha encantada a cada cinco disparos.

Mas isso não era tão ruim. Os inimigos não saberiam quais flechas estavam ou não encantadas. Isso traria mais tumulto para o campo de batalha, principalmente com aqueles soldados ali na frente achando que haveria uma abertura entre as rodadas de disparos como foi no dia anterior.

Foi tudo parte do plano.

Um sacrifício doloroso mas necessário. Aqueles que morreram teriam seus nomes gravados na galeria dos heróis de guerra do Sul. Uma honra que somente os que entregam suas vidas em combate pelo bem de seu povo obtêm. Ali não há espaço para covardes.

Lu-Ji pensou no orgulho que traria para su família, seu clã, seu reino, e sorriu. Puxou uma flecha, pôs na corda do arco, e começõu a recitar mentalmente um feitiço especial que faria a flecha se multiplicar por três quando atingisse a altura máxima. Era um dos seus preferidos.

O grito de guerra ecoou, e junto com ele a trombeta.

Centenas de flechas subiram aos cés, no mesmo momento um chifre de batalha soou no outro lado do campo rochoso, os guerreiros sacaram as espadas e levantaram os escudos.

Antes que a primeira leva de flechas atingisse a altura máxima, uma nova rodada de disparos foi efetuada. Não foi tão sincronizada quanto a primeira, mas não precisava ser. Quanto menos tempo o inimigo tivesse para se organizar, maior a vantagem dos guerreiros do Sul.

Uma terceira sequência de disparos foi lançada, mas Lu-Ji já estava no quarto tiro, o próximo teria um encantamento para disparar raios em qualquer coisa que se movesse em até quatro metros de distância, uma descarga fraca mas que poderia desorientar o alvo o suficiente para ser um alvo fácil.

Então a quinta flcha foi disparada, e conforme ela subia, Lu-Ji deu uma pausa para respira e sacou a sexta flecha. Enquanto esticava a corda de seu arco ele observou bem as fileiras inimigas que mal conseguiam se proteger do ataque à distância com poder total. Não havia como não sorrir.

Do outro lado do campo de batalha os ânimos estavam exatamente ao contrário.

Com o exército de Cristal perdendo muitos soldados antes mesmo de ter uma oportunidade de fazer seu movimento, os líderes começaram a demonstrar nervosismo. Principalmente Esmeralda, que assistia impotente aos seus soldados morrerem.

Então os disparos cessaram sem aviso, o que chamou mais atenção ainda. Jonas se aproximou da Rainha de Cristal que estava encostada no parapeito da plataforma e pôs uma mão em seu ombro como tentativa de reconfortá-la e dar força. Esmeralda respondeu segurando a mão dele com firmeza.

A chuva de flechas explosivas havia parado, e a fumaça misturada com poeira foi empurrada pelo vento de Lucas, Esmeralda viu o horror da guerra. Centenas de seus soldados mortos, seus corpos espalhados pelo chão, muitos irreconhecíveis pelos danos sofrido.

Aproveitando o momento de trégua, mesmo sem entenderem o motivo do inimigos terem parado, os soldados de cristal carregaram os seus mebros mortos e feridos para a retaguarda, Esmeralda queria fazê-los recuar, mas um dos generais pediu a ela que não fizesse isso. Seria mais humilhante recuar do que morrre em batalha.

Esmeralda não entendia. Certa vez ela havia conhecido um rapaz estranho, que não tinha medo de enfrentar inimigos mais fortes, mas que sabia a hora certa de recuar. E por mais que alguns dissessem que ele era um covarde, a maioria o temia. A única pessoa com coragem para roubar um dos tesouros divinos dentro do Castelo de Prata, lutar com um dos heróis e ainda sair com vida.

Se ele estivesse aqui já teria feito os soldados de cristal recuarem?

Esmeralda também sabia que ela ainda não era experiente como governante, portanto, seria difícil manter uma ordem firme sobre seus soldados. Mas ela preferia ser chamada de “rainha covarde” do que de “a louca que levou seus soldados para a morte”.

Assim que ela se virou para descer a plataforma e dar a ordem pessoalmente, ouviu Jonas dizer:

— Eles lançaram outro ataque. — Emeralda parou quando ouviu essas palavras, mas Jonas não havia acabado — E esse é maior!

Centenas de flechas subiram aos céus mais uma vez. E agora elas possuiam um brilho dourado, todas elas. A rainha de Cristal não sabia o que significava, mas não tinha um bom pressentimento.

— Agora fu… — O xingamento de Jonas foi interrompido por uma ventania repentina que quase jogou ele e Esmeralda de cima da plataforma.

Jonas se segurou e virou o rosto na direção de Lucas para perguntar o motivo de causar uma ventania tão forte, mas o heróis das tempestades encarava o céu com os braços cruzados e uma expressão séria, como se não gostasse do que via.

Jonas levantou a cabeça e viu uma sombra flutuando em meio a um turbilhão de poeira que se formava. O mais importante que ele observou foi que a figura, aparentemente humana, havia se posto sobre os soldados de cristal, como se estive os protegendo.

O último ataque dos arqueiros do Sul ainda estava indo em direção a ele, mas parecia que não era mais problema.

As flechas começaram a girar ao redor da figura voadora, formando um tornado em torno dele. Alguns dos feitiços foram ativados, e explosões foram ouvidas, cada ativação parecia ativar outras três em uma reação em cadeia.

Alguns efeitos de maior peso foram arremessados para fora do turbilhão caótico. Pedras flamejantes e bolas de água caíram aleatoriamente sobre o espaço entre os dois exércitos, mas principalmente sobre a vanguarda do exército do Sul.

Lu-Ji ordenou que seus homens recuassem mais uma vez, temendo novas baixas como no dia anterior. Mesmo assim não foi possível salvar a todos.

Assim que todos os feitiços pareciam ter sido anulados, o vento cessou como se nunca tivesse existido. A pessoa caiu lentamente, até tocar o solo e tirar o capuz revelando seus rosto. Um rosto desconhecido pelos soldados do Sul, mas muito famoso entre as Pessoas Livres do Leste.

Quem fez sua chegada foi Nilo, o Implacável.



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