Volume 1

Capítulo 28: Expulso a Pontapés

Raphtalia levantou cedo na manhã seguinte, então fomos juntos para o estábulo.

Gua! — Assim que chegamos no local, Firo soltou um canto alegre e correu para nossa direção. 

— Será que você cresceu ainda mais?

De alguma forma... senti que ela estava ainda maior se comparado a noite anterior, mas não tinha certeza.

— Acho que esse é o tamanho de um Philorial adulto, não é? — perguntou Raphtalia.

— Agora que você falou... parece que é isso mesmo — respondi.

O tamanho da Firo já era o mesmo que os Philorials que andavam na cidade e nas estradas. As penas dela eram brancas... bem, tinha algumas rosadas no meio, no entanto era uma linda mistura de cores. Aquele traficante de escravos não mentiu quando falou que só vendia produtos de qualidade.

— ‘Tá com muita fome?

Gua?

Ela balançou a cabeça para os lados enquanto cantava. Que bom. Pelo visto era mesmo por causa do período de crescimento.

Quebra.

O corpo dela continuava fazendo aquele som estranho. Bem, tanto faz. Depois disso fomos tomar o café da manhã e planejar o que fazer naquele dia.

***

Começamos a caminhar em direção a cidade.

Gua...

Firo ficava vidrada toda vez que uma carroça de madeira que passava por nós. Parecia estar sentindo inveja.

— Será que ela quer puxar uma?

— Acredito que sim.

— Algum problema, Yuusha-sama? — perguntou um homem do vilarejo, enquanto eu conversava com Raphtalia.

— É que minha Philorial não para de olhar para as carroças, então estava pensando se ela quer mesmo puxar uma.

— Bem… fazer isso é como um instinto para eles. — O homem balançou a cabeça e começou a observar a Firo. — Sabe, o vilarejo está no meio da reconstrução e não temos mão de obra o suficiente. Yuusha-sama, você poderia nos ajudar na distribuição dos suprimentos em troca de uma carroça?

Hm...

Não era uma oferta ruim. Consegui um monstro que seria útil para esse tipo de situação, então não havia motivos para não o usar. Também posso fazer outras coisas enquanto a carroça está sendo puxada.

— O que teríamos que fazer?

— Estamos cortando madeira em uma floresta próxima daqui, seria muito bom se você pudesse traze-las para o vilarejo.

— A floresta... — Agora que ele mencionou, ainda não exploramos aquele lugar. — Acho que vai demorar um pouco, tudo bem?

— Não tem problema.

— Ok então. Nós aceitamos o pedido.

Depois de discutirmos os detalhes nós ganhamos uma das carroças do vilarejo. Tudo desde a roda até o assento era feito de madeira velha e de baixa qualidade, mas não podiamos reclamar, já que era de graça.

Gua!

Após a carroça ser preparada, Firo começou a correr para todos os lados com ela, parecia estar se divertindo. Os aldeões também nos deram uma rédea. Era igual a aquelas usadas por cavalos no meu mundo.

— Tudo certo! Hora de ir em direção a floresta!

— Sim!

— Guaaaa!

Apontei para o caminho que iriamos seguir e Firo, não conseguindo controlar sua animação, começou a andar.

Carroça balançando.

Então nós lentamente…

Estrondo.

Um barulho alto começou a vir da carroça. Assim como ontem, o cenário ao meu redor passava a uma velocidade assustadora.

— Muito rápido! Muito rápido! Desacelera um pouco!

Gua

A velocidade diminuiu. Contudo a Firo não parecia feliz com isso, soltou um canto triste enquanto caminhava.

Ugh… Não estou me sentindo muito bem... — reclamou Raphtalia.

Deve ter sido por causa da aceleração repentina. Seu corpo perdeu a força e ela deitou no chão.

— ‘Tá tudo bem?

— Sim… mas parece que tudo está girando…

— Calma, já vai passar.

— Espero que sim... Naofumi-sama, você não está sentindo nada?

— Não fico enjoado com facilidade.

Para falar a verdade acho que nunca passei mal. Falar disso tinha me lembrado de uns garotos que sentavam perto de mim no fundamental. Eles falaram que me ver lendo mangas e light novels o tempo todo os deixava com nojo, então mudaram de lugar.

Também me recordei do dia que fomos em um viajem de navio para visitar uns parentes. Minha família inteira ficou com enjoo marítimo enquanto eu fiquei de boa jogando no meu celular.

— Vamos devagar agora, tenta descansar um pouco até a gente chegar.

— Vou aceitar sua oferta... — disse Raphtalia, enquanto se deitava no banco da carroça.

***

No meio do caminho… encontrei com alguém que não queria ver mais.

Ha ha ha! Olha só! Não é que isso combina com você.

Risos.

Ele olhava para mim e ria alto enquanto apertava o estômago. Aquela vadia estava rindo junto. Não sabia o era tão engraçado, mas aquilo estava me incomodando.

— O que foi agora, Motoyasu.

Esses caras nos encontraram no meio da estrada e, do nada, começaram a rir.

— É só olhar! Você parece ridículo montado nisso!

— Ainda não entendi.

— Virou um vendedor ambulante? Acho que a falta de dinheiro faz as pessoas se desesperarem. E que pássaro estranho é esse?

Hm… vendedor ambulante! Não parecia uma ideia ruim. Se a Firo aguentasse viajar longas distancias, poderia ser possível. Comecei a pensar seriamente nessa possibilidade.

— Vergonhoooooso! Não consegue comprar um cavalo então tem que usar um pássaro, e que cor é essa? Aí tem rosa claro misturado com branco. Normalmente seria apenas branco, não é. E ainda é lentoooo!

— Não lembro de ter visto cavalos aqui, mas…

Não entendia o senso de humor desse cara. Aquilo estava se tornando um desperdício de tempo. Iria só ignorar e seguir meu caminho. Enquanto pensava nisso, Motoyasu se aproximou da Firo. E quando chegou perto o suficiente.

Gua!

O pássaro mirou na virilha e chutou com toda a força. Eu vi aquilo. Vi o estupido sorriso de Motoyasu se distorcer em dor enquanto seu corpo voava uns 5 metros para trás girando.

Gemido de dor.

K-Kyaaaaaaaaaaaaaaa! Motoyasu-sama.

Ha ha ha. As bolas dele deviam ter virado carne moida depois disso. Me senti satisfeito. Ter visto aquilo fez valer cada centavo que tinha gastando naquele ovo. Como esperado do meu monstro, devia ter se vingado no meu lugar. Hoje à noite vou deixar ela comer algo delicioso como presente.

Gua!

Firo saiu correndo enquanto batia as assas fazendo o grupo de Motoyasu sumir de nossa vista em poucos segundos. Caraca… fazia tempo que não me sentia assim. Nunca imaginei que presenciaria uma cena daquelas.

— O-o que aconteceu? — perguntou Raphtalia, enquanto levantava o rosto.

Hm? Nada.

— Nunca vi você sorrir tanto...

Oh. Está aparecendo em meu rosto. Deixando isso de lado, que força incrível na perna, foi capaz de mandar o Herói da Lança voando para longe.

Enjoo.

— Por favor... um pouco mais devagar.

Continuei guiando a Firo com um sorriso no rosto, estava tão contente que as palavras da menina enjoada não entraram nos meus ouvidos. Depois de um tempo ela acabou vomitando.

***

Quando chegamos na floresta a de Raphtalia situação era de dar pena.

Gemido.

Raphtalia gemia com um rosto pálido. Percebi que exagerei um pouco e acabei me sentindo culpado. Era tudo culpa do Motoyasu. Ele que me deixou tão enérgico e contente.

— Desculpa.

Gua… — Firo, assim como eu, parecia se sentir culpada.

— E-eu estou b…be...

— Você definitivamente não está bem. Seria bom se pudéssemos encontrar um local para descansar, mas…

— Ah, Yuusha-sama

Havia uma cabina próxima a floresta. Um aldeão que parecia com um lenhador saiu dela.

— Olá, os aldeões me pediram para vir ajudar a transportar a lenha.

Hm… sua companheira está bem?

— Acho que não. Queria encontrar um lugar bom para ela descansar, conhece algum?

— Bem, então podemos usar a cabana, é só levá-la para dentro.

Depois que o aldeão disse isso nós fomos em direção a residência. Ajudei a Raphtalia caminhar e se deitar na cama.

— Firo só consegue lutar contra inimigos fracos no momento, então a gente vai focar no transporte de suprimentos por hoje.

Pelo visto a Raphtalia ficava enjoada fácil em veículos, então, até que ela se acostumasse, nós não poderíamos ir muito rápido fazendo a corroça tremer mutio.

— Então, desculpa, mas... você poderia colocar a lenha na carroça, nós voltaremos daqui a pouco.

— Tudo bem.

Firo já tinha sido solta e olhava para dentro da cabana.

— Ok, vamos lá.

Gua!

Já que ela tinha chutado o Motoyasu para tão longe o seu poder de ataque deveria ser bem poderoso. Então pensei em dar um pequeno passeio na floresta. Entramos nela e, estranhamente, não encontramos nenhum monstro. Contudo continuei caminhando em silencio enquanto a Firo me aconpanhava.

Deve ter sido porque eu estava muito focado, no entanto senti que o ar de lá era mais limpo. Parando para pensar… essa foi a primeira vez, desde que cheguei naquele mundo, que parei para olhar ao meu redor. Me pergunto o porquê. Talvez ter visto o rosto do Herói da Lança se contorcendo de dor tenha me ajudado a esquecer dos problemas.

Não... Tinha certeza de que era porque a Raphtalia confiava em mim. Ela não estava comigo naquele momento, então me senti um pouco solitário. Não fazia nem um mês desde que nos conhecemos, 3 semanas para ser mais exato. Nunca imaginei que uma pessoa se tornaria tão importante para mim nesse curto intervalo de tempo.

— Seria bom encontrar alguma receita de remédio para enjoo. — Decidi colher todas as ervas que encontrasse para ver se alguma mistura funcionaria. — Mesmo assim… é estranho nenhum monstro estar vindo, não é?…

Já estávamos naquela floresta a bom tempo, porém ainda não tínhamos visto nada.

Gua.

Hm?

Fiquei surpreso ao escutar a voz de Firo vindo de longe. Corri em sua direção e, quando a encontrei, percebi que havia algo na boca dela... Será que é minha imaginação? Aquilo parecia ser um Usapiru. De repente ela engoliu o monstro inteiro de uma só vez.

— Gua. — Firo cantou e começou a caminhar como se nada tivesse acontecido.

34 XP ganho.

Achei melhor não pensar muito naquilo...

Por volta de uma hora depois, terminamos de vasculhar os arredores da floresta e retornamos à cabana do lenhador, a madeira já havia sido carregada em nossa carroça.

Quando entramos na residência vimos que a Raphtalia ainda estava deitada. Isso era ruim. Seria um problema se ela passasse mal toda vez que a Firo corresse em velocidade máxima. Achei que precisaríamos de um pouco de treinamento. Se a Raphtalia não se acostumasse a veículos, nós não conseguiríamos fazer nenhum trabalho de transporte.

— Parece que temos que continuar andando devagar até você se acostumar com a carroça.

Gemido.

Raphtalia gemeu em resposta as minhas palavras. Como pensei, nós tínhamos um longo caminho a frente.

Hm… já terminei de carregar a lenha, mas…

Ah, sim. Então irei para o vilarejo e voltarei aqui, posso deixar ela com você enquanto isso?

— Claro! Irei proteger a companheira do Yuusha-sama não importa o que aconteça. 

Estava um pouco preocupado, mas não tinha paciência para ficar sentado sem fazer nada.

— Então estamos indo — falei, depois de subir na carruagem.

Gua

Firo soltou uma canto energético e começou a correr.



Comentários