A Aurora Dourada Brasileira

Autor(a): W. Braga


Volume 1

Capitulo 2: A PROFECIA

Algumas luas passaram antes que tudo começasse. Foi numa noite específica que o destino mudou drasticamente, desencadeando revelações intensas e profundamente realistas.

A sacerdotisa foi assolada por pesadelos, um deles revelava uma criatura desconhecida e terrível, oculta entre névoas negras. Por onde passava, deixava um rastro de destruição, ameaçando seu reino e toda Téryna.

Na medida em que as noites se decorriam, os pesadelos aconteciam como se estivesse vivenciando os momentos de terror.

Ela quando acordava em aflição. Percebia que deveria fazer algo, ainda que tivesse de colocar a sua vida em risco para salvar a todos, como demonstrava o sonho.

Em seus estudos, os quais realizavam durante o dia no Templo das Três Luas, os pergaminhos antigos revelaram a profecia da queda de Téryna, escrita há mais de cem gerações de luas.

A descoberta deixou a jovem sacerdotisa aterrorizada.

No mesmo dia, ela contou à sua mãe, que a confortou e assim acalmando a sua filha.

Onde aconteceu em uma das noites. O pesadelo foi bastante real... ela estava no meio de muitos corpos: de homens, mulheres, anciãs e crianças. Todos sem vida, destroçados por uma força descomunal.

Sons de gemidos e gritos de terror denunciavam muita dor dos que ainda estavam vivos.

Niara via-se muito desespero dos que ainda estavam dos que tentavam escapar daquele caos.

Muitos corriam em todas as direções e com os seus olhos cheios de lágrimas por causa do especto da morte.

Alguns com seus entes queridos carregados no colo, seus corpos com terríveis ferimentos e sem um pingo de vida.

O cheiro forte de sangue e carne humana queimada fazia com que a princesa sacerdotisa tapasse o nariz com parte de sua veste branca.

Esse odor se misturava com o cheiro de palha e madeira quei­madas.

Por todos os lados que olhava, via os cavaleiros do reino indo na direção de uma criatura encoberta em névoa negra. Ela só conseguia ver o brilho do fogo saindo dos olhos da criatura escondida na escuridão.

Era uma força devastadora e cruel. Niara deslumbrava as poucas chances dos cava­leiros atacarem ou defenderem, pois a névoa ocultava a criatura, na qual tirava proveito e provocava morte generalizada.

O ser bestial avançava sobre a cida­dela, destruindo tudo o que via pela frente. Era a visão aterradora que Niara assistia.

A sacerdotisa, porém, via faixas de luzes brancas penetrando na densa névoa negra. Isso fazia com que a criatura se contorcesse e rugisse com tremenda dor e agonia.

Esse sonho era diferente dos das noites anteriores e ela acordou apavorada, pois havia visto a sua própria morte.

Ao despertar, ela havia soltado um grito tão forte e assustador que emitiu em por todo aposento e ecoou pelos corredores próximos no interior do palácio.

Levantando-se de sua cama rapidamente. Com o rosto molhado de suor, que escorria por sua pele clara e suave.

Sentia o gosto do suor em seus lábios e a garganta seca, sua respiração ofegante mostrava o pavor que sentiu daquele pesadelo.

Imediatamente, as sentinelas entraram segurando firmemente afiadas espadas, curtas, outros com pontiagudas lanças e escudos.

Espalharam-se por toda a dependência do cômodo e envolto da princesa em formação defensiva para protegê-la.

Em pouco tempo vindo ao até o quarto de Niara. Era sua mãe, a rainha, entrou rapidamente nos aposentos, assustada pelo forte grito de sua filha.

Estava acompanhada de três grupos de cinco cavaleiros da guarda real, para defender as suas senhoras. Se preciso fosse, dariam a suas vidas por elas.

A rainha apressou-se até a cama e colocou uma mão gentil no ombro da filha.

— Minha querida, mantenha a calma. O que aconteceu? Outro pesadelo? —perguntou, seu rosto tenso refletindo a angústia.

— Sim, mãe! Mas desta vez foi diferente. Era como se estivesse acontecendo de verdade! Uma criatura sombria e colossal... destruía tudo em seu caminho. Não consegui discernir sua origem ou seu destino, apenas vi flashes de luz tentando detê-la antes de ser engolida pela escuridão. — disse a sacerdotisa, pausando para recuperar o fôlego. — Estou com medo, mãe... tão assustada, pois senti a proximidade da minha própria morte.

— Acalme-se, minha filha... Estou aqui. — disse a rainha com voz serena, tentando confortá-la. — Deite-se... ficarei ao seu lado esta noite para que possa descansar. Amanhã, quando estiver mais tranquila, poderá voltar ao templo e revisar os pergaminhos novamente.

— Está bem, minha mãe! — respondeu ela, agora mais serena.

A princesa se acalmou e voltou a deitar-se, com a mãe sentada ao seu lado, na beira da cama, logo depois, pegou no sono. Mesmo assim, voltou a ter seus sonhos proféticos.

Na aurora do novo dia. A sacerdotisa Niara saiu do palácio rapi­damente e dirigiu-se ao Templo das Três Luas.

Ela mal havia feito a primeira ceia do dia, tamanha era a pressa.

Ela era escoltada por uma imponente guarda de doze cavaleiros reais, cujas armaduras exibiam orgulhosamente o brasão do reino gravado nas ombreiras e o distintivo do Templo das Três Luas, formando um triângulo marcante no peito da armadura.

Os tecidos de suas vestes, em tons nobres de branco, vermelho e prata, refletiam as cores da cidadela, adicionando um ar de majestade à sua formação enquanto avançavam.

As ruas ainda estavam vazias por ser muito cedo. O piso de pedra acinzentada estava molhado por causa do orvalho da madrugada, onde dava para sentir o cheiro de terra molhada por onde passavam.

Os residentes acordados em suas casas ouviam-se o barulho dos cascos dos cavalos batendo nas pedras e dava para perceber a velocidade que o grupo cavalgava.

A sacerdotisa e os cavaleiros cavalgaram até o centro da cidadela, onde localizava o templo.

Uma construção arquitetônica grandiosa e esplendorosa, sua fachada contavam com uma linda escadaria de pedras brancas e gran­des vasos dourados repletos de perfumadas flores.

Na paisagem ainda havia uma grande monumento em forma de mão aberta e, em sua palma, três luas.

O monumento fora esculpido e trazido para o local há muitas luas, pelos fundadores da cidadela.

A princesa desmontou de seu cavalo, deixando-o aos cuidados dos servos do templo que ali se encontravam; da mesma forma, a acompanharam os cavaleiros.

O grupo subiu apressadamente pela escadaria, sendo observados pelos adoradores e alguns sacerdotes durante o percurso.

A sacerdotisa era sempre acompanhada de perto pelos cavaleiros, que caminhavam a passos largos e sempre atentos.

Atravessaram as grandes portas que se encontravam abertas. Eram feitas da madeira rústica, com barras e correntes feitas de hortis.

Passaram pela entrada rapidamente, sem olhar para os lados, tamanha era a urgência.

Caminharam por um longo corredor iluminado pela luz do sol que entrava pelas estreitas janelas dispostas ao alto das paredes do templo.

O corredor era cheio de símbolos, alguns conhecidos e outros desconhecidos pela sacerdotisa, estavam tanto nas paredes quanto no piso amarelado.

Ao entrar em um pequeno salão, à direita, havia outro corredor.

Seguiram por ali, andaram mais um pouco, quando, finalmente, chegaram ao destino. A sala dos antigos pergaminhos.

A porta estava trancada. Essa entrada era feita de madeira rústica e com barras de baquita.

A sacerdotisa pegou uma estranha chave feita do mesmo metal, que ficava presa em volta de sua cintura, onde a colocou na fechadura e lentamente destrancando-a.

Entrou em seguida, dessa vez sozinha, de maneira que os cava­leiros ficaram esperando no corredor e assim fazendo a guarda do lugar.

Ela fechou a porta com extrema rapidez, trancando-se nesta estranha sala que somente ela, como sacerdotisa, poderia entrar.

Já havia se passado muito tempo quando ela saiu da sala, com sua expressão muito preocupada.

Olhou para os cavaleiros, com serenidade, virou-se, encostou a porta e trancou-a e colocando nova­mente a chave em sua cintura.

O grupo tomou o caminho de volta apressadamente, pois era de extrema importância que Niara chegasse o quanto antes no palácio, para falar com sua mãe.

Era quase o fim da manhã, a rainha se encontrava angustiada na sala do trono, andava de um lado para o outro, sendo observada por servas e pelos conselheiros do reino.

Foi quando viu passar pelo portal da sala do trono um dos seus comandantes de guerra, que acabava de retornar de umas das cida­des próximas.

Ele entrou ligeiramente pelas portas que se encontravam aberto.

Estava vestindo uma armadura de guerra, diferente das demais que eram vistas pelo reino: sua cor era preta e vinho, com pequenos detalhes em laranja. No peitoral havia em formato menor brasão do reino, na qual era for­mação triangular das três luas. Nas ombreiras símbolos de águia dourada em alto relevo.

Todos os presentes observavam outros símbolos em seu elmo e na capa. Estes demonstravam sua patente superior militar.

Sendo assim diferenciando-o dos demais cavaleiros.

Na cintura, trazia duas espadas: uma de grande comprimento que quase esbarrava no chão, com cabo de marfim rústico e de cor caramelo-claro. A outra um pouco menor com o mesmo cabo, ambas muito bem afiadas.

Ele estava desesperado, caminhava apressadamente pela sala do trono real com uma feição de terror.

Curvou-se, dobrando o joelho direito em direção ao solo, em um movimento rápido, ofegante e cansado pela longa cavalgada e disse:

— Minha senhora, minha rainha! Trago-te más notícias da cidade de Citiana.

— Diga-me? — solicitou a rainha, muito aflita e atenta a suas palavras.

— Aldeões desapareceram novamente na noite passada, minha rainha! Nos povoados e vilarejos mais distantes, nas planícies e nos vales de nossas terras. O envio de cavaleiros para proteger o povo não tem sido eficaz até agora. Os desaparecimentos não cessam, e o povo implora por sua ajuda. — o comandante fez uma pausa para recuperar o fôlego antes de continuar: — Há rumores sobre uma profecia sombria envolvendo uma terrível criatura que virá para destruir toda a Terra de Téryna, começando por nosso reino. Se esses boatos forem verdadeiros, logo essa criatura estará às portas da cidadela, deixando-a em ruínas. — seu tom era trêmulo, o suor escorria pelo seu rosto, umedecendo sua barba castanho-escuro.

O silêncio tomava conta da sala do trono. A rainha fez um gesto com uma de suas delicadas e suaves mãos para que o comandante e todos ali presentes saíssem.

Em alguns minutos, ficou completa­mente sozinha.

A cidade Citiana que havia sido atacada ficava a vinte ou mais luas de viagem a cavalo.

A rainha encontrava-se sentada no trono com o semblante triste, preocupada com o bem-estar do seu povo.

Perto dali, sua filha, que acabara de chegar. Caminhava a passos largos em direção ao local em que a rainha se encontrava.

— Minha mãe! Minha senhora e rainha! Tudo o que ele falou é verdade. Eu vi isso em meus sonhos. Logo essa criatura chegará aqui, então, será tarde demais. Temos de fazer algo antes que isso aconteça! — disse Niara com voz serena, mas com peso em seu coração.

— E o que faremos? — perguntou a rainha, preocupada com a situação.

— Os pergaminhos não dão instruções, minha mãe! Só revelam que há homens de grande honra e coragem que possuem objetos místicos e que são capazes de nos ajudar! Mas dizem também que somente a quem foi revelada em sonho a profecia saberá encontrar esses misteriosos homens. No caso, sou eu, minha mãe! Por esse motivo, peço sua permissão para partir o quanto antes à procura dos tais portadores desses artefatos!

O silêncio tomou conta até a rainha falar:

— Tem certeza disso, minha filha? Seria uma grande e árdua tarefa a cumprir. Você quer realmente levar isso adiante, mesmo sabendo que poderá perder a vida se vier a falhar?

— Sim, minha mãe, eu tenho certeza! Sei dos riscos, mas basta de tanto sangue inocente derramado em nossa terra! Temos que seguir o que dizem as escrituras dos pergaminhos no Templo das Três Luas: apenas eu poderei encontrá-los!

— Então, que seja feita a sua vontade, minha filha! — aceitou a rainha, com tristeza. — Eu ordeno que se preparei e assim para que tudo estiver pronto parta imediatamente. Você terá a guarda dos vinte melhores cavaleiros de nossa cidadela, onde eu mesma os escolherei!

— Sim, minha senhora, minha mãe! Estou muito grata por isso!

A princesa, então, retirou-se da sala do trono prontamente, para se preparar e partir no dia seguinte, ao sinal dos primeiros raios do grande sol.

Mesmo apreensiva e temerosa pela vida da sua filha, a rainha ajudou como pôde nos preparativos de provisões para a longa e perigosa viagem de sua única e amada filha.

Ele chamou o comandante da guarda real, um homem robusto com uma barba espessa e escura. Sua armadura era semelhante à do general que tinha sido visto na sala do trono mais cedo, com cores vívidas e os brasões da cidadela e do reino adornando o peito e a capa.

Ordenou-lhe que trouxesse os melhores cavaleiros do palácio ou da cidadela em sua presença o mais depressa possível.

Ele concordou com um gesto de cabeça e saiu rapidamente da sala do trono dando passadas largas.

No fim tarde, em um enorme e lindo jardim, lá estava a rainha Andinara e o comandante da guarda real, que havia retor­nado trazendo mais de cinquenta cavaleiros da cidadela, apenas os melhores.

Formavam cinco linhas com dez cavaleiros cada, um ao lado do outro.

Todos bem armados: empunhando, à direita, pontiagudas e mortais lanças; à esquerda, seguravam com firmeza seus escudos arredondados. Esses artefatos de defesa: eram feitos de madeira rústica e finas chapas de baquita.

No centro, estampada em seus peitorais das armaduras, via-se a insígnia do reino.

Na cintura, embainha­das estavam duas espadas e, alguns deles, carregavam punhais ou afiadas adagas.

A rainha andava paralelamente aos guerreiros enfileirados e olhava firme em seus olhos para descobrir em qual deles havia cora­gem suficiente para dar a vida por sua filha.

Foi escolhendo um a um: cada escolhido saía da formação e se juntava a uma nova, logo à frente. O processo se repetiu até com­pletar os vinte de que rainha precisava.

Os demais foram dispensados pelo comandante e saíram rapi­damente do jardim real.

Para a mãe de Niara, estes eram os vinte melhores cavaleiros e confiou a eles a guarda da sua filha.

Falou palavras encorajadoras, avisou que seria uma viagem de muito perigo e que, provavelmente, só haveria a ida.

Caso algum deles voltasse com vida, seria coberto de riquezas e status por todo o reino.

Garantiu que, se algum deles não retornasse, suas famílias seriam abraçadas pelas graças reais, deixariam de pagar os tributos ao reino e outros benefícios reais, por exemplo.

Por fim, ordenou que preparassem suas provisões para uma longa viagem, anunciando que, ao amanhecer partiriam.

Os vinte homens consentiram. Curvaram-se e saíram, com muita rapidez, do lindo jardim real, onde só se ouvia o barulho de seus passos pelo grosso e áspero piso de mármore rústico.

À noite, em um dos muitos salões do palácio, o jantar estava sendo servido.

Sentadas à mesa, a rainha Andinara e a filha nada disseram naquele momento.

O silêncio só era quebrado pelos passos dos serviçais, que tra­ziam saborosas e cheirosas refeições e deliciosas bebidas.

Niara mal conseguia comer, tão angustiada se encontrava.

Vendo isso, a mãe disse, a fim de acalmá-la:

— Minha filha, você precisa se alimentar! Precisa estar forte e preparada para a longa e perigosa viagem.

Niara, com uma expressão facial mais calma, concordou com um gesto positivo de cabeça.

A ceia noturna havia sido rápida e logo ambas se dirigiram para seus aposentos.

Em frente à porta que dava para o quarto da princesa. A rainha Andinara abraçou carinhosamente a amada filha e deu-lhe um beijo suave de boa-noite em sua testa, como sempre fazia. Retribuindo, Niara sorriu serenamente.

A jovem sacerdotisa entrou em seu quarto real como de costume havia em cada lado da porta, dois cavaleiros da guarda real faziam a segurança.

Da mesma forma, havia cavaleiros reais por toda a extensão do corredor.

Essa madrugada foi longa e angustiante para Niara.

Depois de algum tempo, como estava muito cansada, conseguiu adormecer.

Na mesma noite, seus sonhos proféticos não a acometeram.

Ao primeiro raio de sol, era chegado o dia da partida. Em frente ao palácio, a princesa já estava sendo acompanhada pelos vinte cavaleiros do reino.

Niara observou cada um desses homens. Ficou admirada com tamanha coragem de acompanhá-la ao desconhecido, mesmo sabendo que poderiam morrer.

Muitos eram jovens, com fisionomias diversas de rosto e estru­turas corporais variadas, ainda assim todos eram fortes e sadios.

Vestiam armaduras amarelas e laranjas, realçadas por detalhes vermelhos nas juntas, e capas vermelhas com o brasão do reino de Tanys. Sob as armaduras, usavam roupas simples de couro e tecido de algodão.

Niara percebeu que seus companheiros traziam consigo, além das armas habituais como espadas e lanças, o mais novo item de Tanys: a Balestra. Era similar a um arco, mas com uma haste e ativada por gatilho, lançando virotes, dardos mais curtos que flechas.

Fazendo parte do equipamento estava a aljava, um estojo para carregar as flechas, completamente cheio..

Para manter ocultas suas vestimentas reais, usavam capas escuras e com aparências abarrotadas e surradas.

A sacerdotisa também havia tomado esse cui­dado, com a intenção de evitar chamar muita atenção pelo caminho por onde passariam.

Montaram em seus cavalos com muita agilidade.

Seguiriam por um rumo que somente a princesa conhecia.

Com eles ainda havia mais quatro fortes impávidos cavalos, pre­parados somente para levar as provisões necessárias para os acam­pamentos que seriam feitos ao longo da viagem.

Em seus pensamentos, talvez não houvesse volta. Passariam por terras desconhecidas, paisagens diferenciadas e perigos diversos. Tudo para evitar que a profecia se concretizasse e salvassem o seu povo.

Depois que a rainha se despediu da amada filha. A rainha da bela cida­dela, posicionada estrategicamente na sacada, viu-os passando pelos portões da muralha que cercava todo o palácio.

Sua filha partiu devidamente escoltada pelos cavaleiros, pela estrada de pedras, da qual levantava uma leve poeira com o trotar dos cascos dos cavalos.

Atravessaram toda a cidadela pela estrada principal, sendo sem­pre observados pelos poucos habitantes, mercadores e cavaleiros que ali estavam nesta hora do dia.

Sem que eles percebessem, um ser escondido nos becos, pro­tegido por uma escura sombra, observava-os.

Até o momento em que chegaram ao grande portão principal da imponente muralha de paredes espessas formadas por seus grandes blocos de pedras.

Em uma das torres de observação, estavam duas sentinelas. Eles assistiam à partida da pequena caravana.

Os arqueiros e lanceiros reais de cima da muralha também observavam a cena e atentos a todos os movimentos da parte superior.

Olhavam atentamente a comitiva que acompanhava a sacerdotisa.

Ao passarem pelos colossais, pesados e resistentes portões. Niara e os seus vinte cavaleiros começaram a galopar rapidamente.

Passaram por muitas casas que estavam próximas da grande muralha.

Quando perceberam, já estavam cavalgando pela estrada principal que agora era de terra.

Cavalgaram o dia inteiro pelas longas planícies de Típes. Sob um céu azul com poucas nuvens.

O clima era ameno, pois ventava muito, o que tornava o cami­nho confortável.

Quando o sol estava no pico, pararam para descansar e alimen­tar-se com pão, carne assada e carne seca. Beberam um suave suco de frutas, enquanto alguns cavaleiros cuidavam das montarias.

Descansaram um pouco e, em seguida, seguiram viagem sem parar novamente pelo resto da tarde.

Na chegada do crepúsculo, pararam para levantar acampamento dentro do bosque conhecido por Élenes, não muito longe da beira da estrada.

Ali pelas redondezas haviam poucas moradias e apenas três vilarejos muito simples, construções de aldeões humildes.

Instantes depois de preparados os leitos, a sacerdotisa se encon­trava à beira da fogueira, que fora acesa por um dos cavaleiros reais a fim de aquecer o acampamento e cozinhar as refeições.

Enquanto alguns descansavam, outros faziam a sentinela em volta do lugar escolhido para descansar.

Niara estava pensativa, imaginava como seriam aqueles que a ajudariam, pois seus sonhos não mostraram quem eram essas pes­soas misteriosas, somente onde encontrá-las.

Ela orava para que os encontrasse tão breve quanto fosse possí­vel, para poderem salvar a maior quantidade de vidas possíveis.

Olhou ao seu redor, depois fixou os olhos para cima e orou às três luas pelos seus guardiões, pedindo para que pudessem voltar vivos para suas famílias, pois sabia do alto risco de perigo que todos enfrentariam.

Mais tarde, todos estavam se alimentando, a sacerdotisa comia pão de Céfeta. Onde somente os nobres se alimentavam acompanhada de geléia de mel e tomava suco de Amafia. Acom­panhado por uma tigela de argila com cheiroso e delicioso ensopado feito com muitos legumes preparado por um dos guardas.

Enquanto os cavaleiros reais se alimentavam pão de trigo ou de milho, que cha­mavam de Gines, com carne seca ou assada e tomava Byniz, uma bebida doce, extremamente revigorante, feita de pequenas frutas de nome Éryas. Eram produzidas ao leste das terras de Téryna.

Em pequenas tigelas feitas de argila, tomavam o mesmo ensopado servido para Niara.

O silêncio era enorme entre grupo. De vez em quando saíam alguns cochichos entre os soldados sentados ao redor da fogueira, outros faziam a guarda, cada um em um ponto estratégico do acampamento.

Outras vezes: o silêncio era quebrado pelo estalo dos galhos queimando no fogo ou dos galhos nas árvores enroscando-se com o vento, deixando todos apreensivos e atentos.

Niara havia terminado o jantar, levantou-se lentamente, olhou na direção onde estavam as provisões e encaminhou-se até lá.

Ao mesmo tempo, os seus cavaleiros levantaram rapidamente e reverenciaram a princesa, que não se importou muito com o gesto.

Um deles a acompanhou pela curta distância para fazer a sua segurança.

Perto das provisões, procurou a sua Génita, uma espécie de can­til, forrado de couro muitas das vezes na cor cinza.

Abriu e derramou água na mão, lavou a boca e depois as mãos.

Fechou-a e guardou no lugar em que estava antes.

Quando se virou, viu a cara de espanto dos cavaleiros reais, que logo ficaram sem graça, pois estavam observando o modo de agir da princesa.

No mesmo instante, voltaram a fazer o que estavam fazendo, dando atenção às suas refeições e o outro cavaleiro passou a olhar em direção oposta à sacerdotisa.

Niara se retirou lentamente para sua tenda, para descansar da cavalgada, deixando-os fazendo a guarda do acampamento.

Nesta noite de céu sem nuvens e estrelado, com ventos sua­ves, trazia um ar muito frio e umedecido, levantando o aroma de vegetação.

Do alto de uma colina, alguém ocultamente seguia o grupo. Sob o brilho das três luas, observava o acampamento no meio da mata.

Com olhos atentos, caso precisasse entrar em ação.

De madrugada, o silêncio era parcial: as sentinelas ouviam, em certos momentos, o barulho de algumas aves noturnas, de algum inseto ou dos estalos de galhos secos queimando na fogueira.

Os cavaleiros reais, sempre atentos, eram cinco que faziam a vigilância naquela noite, enquanto os demais dormiam ao redor da pequena tenda da sacerdotisa.

Ao nascer dos primeiros raios da alvorada, já se preparavam para partir na direção do reino de Vanesia.

Seria longo e perigoso o caminho até aquele lugar, pois era pouco vigiado pelos cavaleiros dos reinos...



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