A Lenda do Destruidor Brasileira

Autor(a): Pedro Tibulo Carvalho


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 32: A primeira fase, parte 1: Presas e predadores

Numa terra distante, algumas semanas antes do exame, três membros da Seita da Libertação transportavam um enorme caixote. O grupo era conhecido como um bando de criminosos, que tentavam subverter a ordem do governo.

Bem, essa era uma verdade, mas não da forma como a OPML contava. Embora usassem táticas de guerrilha e não se importarem em serem vistos como terroristas, sempre que atacavam uma cidade ou base do mundo livre, tendiam a espalhar boatos, permitindo que o povo fugisse.

Eram um bando rebelde, mas que crescia conforme a população via neles algo que a OPML não tinha. Contudo, estas pessoas não eram santos. Contrário disso, vários deles só se juntaram por motivos pessoais e mesquinhos.

O fato que a célula de três pessoas está obedecendo as ordens de um demônio só mostrava o quão corrupta a organização havia se tornado.

Eles tinham que chegar em Nevra, no reino de Alamar, e contrabandear um perigoso ser, que causaria um imenso caos no exame. Nenhum deles se importava com o resultado desta ação, nenhum deles se importava com as vidas que seriam perdidas…

Ambos os lados tinham seus problemas, mas, ainda que não deva dizer aqui, acredito genuinamente que ambos tenham pessoas boas lá dentro.

Falta muito para chegarmos? — questionou um deles, um rapaz magricela, que andava na retaguarda. Sua postura era relaxada e confiante e carregava uma espada na cintura.

O que acha? — respondeu outro, um ogro. Mesmo para os padrões de sua raça, era grande, tendo incríveis dois metros e cinquenta e cuidava do meio.

Acho que o líder quem devia responder essa pergunta. Além do mais… — Parou de andar e sorriu maliciosamente. — respondendo uma pergunta com outra? Seus pais não lhe deram educação não?

Claro que não, os dois me abandonaram antes que pudesse formular uma palavra. Creio que saiba bem como é a sensação, Chojuro.

Ambos ficaram em silêncio por alguns segundos, quando, de repente, o som da lâmina cortou o ar. Apesar de estarem separados por uns três metros, a espada esticou-se até ele, mostrando o quão anormal era.

O ogro usou a mão para defletir a arma e ambos recomeçaram a briga. A frente deles, o líder também parou e olhou para cima, o sorriso no rosto se alargou conforme observava o céu azul e ensolarado.

Seus olhos eram de um profundo azul celeste, que fluía como líquido, criando uma sensação de se olhar para uma estrela, sempre tão distante, mas que se movia cada vez mais perto para o fim.

Pergunto-me quando haverá o próximo…” Podia visualizar facilmente o movimento das estrelas, aquelas que pareciam travadas eternamente no mesmo lugar, mas que, lentamente, liberavam-se de suas prisões. “Está perto… o próximo Eclipse.”

 

Em Alamar, uma imensa multidão podia ser vista. Eles aguardavam para a chamada do exame dos Mármores, cada um fazendo uma preparação mental diferente.

Ethan podia ser visto dentre eles, procurando desesperadamente Hector e Liza, sem nenhum sucesso aparente. Tinham se separado depois de alguns minutos e isso o incomodou bastante.

Essa gente…” pensou, notando os olhares cheios de animosidade sendo direcionados para si. Haviam vários ali que pareciam o subestimar, achando que seria uma presa fácil, algo que o estressou ainda mais.

Helga? Onde está você? — Após andar por alguns minutos, sem rumo, Ethan se chocou com um anão e caiu no chão. — Helga? Não… aparentemente não.

Ambos se encararam, um olhar arrogante e o outro surpreso. “Ele me derrubou? Sabia que a constituição de um anão era lendária, mas não a esse ponto.”

Sei que está surpreso com minha magnanimidade, mas pode parar de olhar para mim?

Não se dignou a responder e, ao se levantar, saiu dali, continuando sua busca. Deu uma rápida olhada ao redor, procurando-os.

A primeira etapa do exame seria realizada na floresta das lamentações. Ninguém sabia que tipo de perigos enfrentariam e isso os deixou tensos. Todos ali sabiam o risco que era por um pé naquele lugar.

Foi rápido, tão rápido que ninguém quase ninguém teve a chance de se mover. Uma enorme presença paralisou todos os examinados e forçou que olhassem para aquele que a emanava.

Olá, participantes. Meu nome é Beell, sou o responsável por dar a vocês as instruções para a primeira etapa. — Apontou para baixo, onde diversas caixas se manifestaram e sorriu. — Testaremos as suas habilidades de sobrevivência. Peço que todos aqui coloquem a mão dentro dos lotes e tirem uma das esferas.

Ethan fez como ordenado e, alguns minutos depois, o examinador continuou a falar.

Um terço de vocês recebeu uma esfera com “X” e o resto uma com “O”. Aqueles com o “O” serão caçadores, que devem pegar o máximo de “X”, as presas. — Olhando para a esfera, viu, para sua irritação, que era uma presa.

Olhou para o examinador enquanto tentava lembrar de onde o conhecia. Após alguns segundos, desistiu.

Daqueles que receberam o “O”, apenas os vinte com maior pontuação poderão avançar. Para os “X”, basta manter-se vivo e ter consigo a bolinha que receberam. — Deu um tempo para que a multidão parasse de murmurar entre eles mesmos e, ao ter certeza que tinha a atenção de todos, prosseguiu. — E, antes que eu me esqueça, matar está permitido nessa fase do exame… Bem, boa sorte.

Nisso, desapareceu conforme as portas da floresta abriam, deixando a multidão pasma. Ethan olhou para a bolinha e, lentamente, um sorriso trêmulo se moldou na sua face. “Que seja… pode vir o que for, vou vencer.”

 

Após adentrar na floresta, caminhou por alguns minutos na grama alta, até usar a Bento para perfurar um ponto em particular. Puxando-a para cima, viu a cabeça a da víbora com um olhar tenso.

Esse lugar é perigoso…” Decidiu ir pelas árvores. Correndo pela madeira, pulou no galho e decidiu descansar. O ar era úmido ali e sentia aquela mesma sensação no pescoço. Quase como se alguém o asfixiasse, era a sensação de quando estava rodeado de predadores. “Quando foi a última vez que senti isso?”

Parou de respirar por um momento, escondendo sua presença conforme olhava para baixo.

Tinha algo estranho nesse teste. Mesmo ele conseguiu perceber que haviam alguns detalhes cruciais que não foram revelados. Dentre eles, quanto tempo duraria a primeira fase.

Ittai avisou que este teste seria difícil, mas não falou que eles planejavam eliminar sessenta por cento dos participantes…” Sabia que, provavelmente, seria menos que isso. Pelo menos deu sorte.

Tinha só que manter a esfera consigo…

Um grupo parou abaixo de si, um bando de Hobgolins vestidos com uniformes de ladino.

Onde ele foi?

Continuou a observar o grupo, aguardando uma chance de atacar. Ninguém seria tolo o suficiente para revelar qual o grupo que faziam parte, então este teste também incentivava os participantes a atacar livremente todos que encontrarem.

Bem, onde está a graça em jogar de forma segura? Hora do pêndulo inverso…” pensou, pulando sobre um deles e, com um rápido movimento, cortou o ombro, pulando para trás em seguida. — Procurando alguém?

 

Hector caminhava pelas ruínas, ocultando sua presença ao máximo que podia. Há algum tempo haviam algumas pessoas o seguindo, algo que o incomodou muito. Virou numa esquina e disparou uma saraivada de flechas mágicas na base de um dos prédios, fazendo com que ruísse.

Nisso, ocultou a presença ainda mais, até enfim sentir o grupo lhe deixar para trás. Após ter certeza que o último enfim saiu, pulou no pescoço de um deles, matando-o instantaneamente.

Maldito!

Um teste sem tempo de conclusão, onde incentivam que ataquem livremente outros participantes e que usem força letal…Além disso, há três pilares que definem um Mármore.” Pensou, conforme abaixava-se e pegava a esfera daquele que matou. Um “O”.

Apontou a mão e desviou de vários ataques, disparando outra saraivada de flechas no chão, criando outra cortina de fumaça.

Sobrevivência, coleta de informações e capacidade de luta. Se considerar que esta é a parte de sobrevivência e que sempre terminam num torneio, o próximo teste será responsável por eliminar os mais burrinhos… É isso, ou, talvez…” Sorriu, escondendo-se de novo e deixando-os passar, ceifando a vida de outro em seguida.

Ou talvez a coleta de informações já tenha começado.”Olhou para a esfera que rolou do corpo e correu na direção dos dois que sobraram. Surpresos com a velocidade, demoraram um segundo para responder, tempo mais que o suficiente para cortar o pescoço de um e arrancar o braço de outro. — Dê-me a esfera que tem aí contigo.

Choramingando, fez como ordenou e, para a irritação de Hector, era outro “O”. “Só caçadores? Bem, espero que a informação que carregam valha a pena.”

Estava para continuar quando teve uma ideia e sorriu. “É, isso deve funcionar.” Quando o último estava fugindo, Hector disparou uma faca de arremesso na cabeça e começou a arrastar os corpos. “Se as pessoas aqui forem minimamente competentes, devem ter percebido o mesmo que eu, o que significa que eu posso fazer isso…”

Era hora de montar uma armadilha.


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