Volume 1

Capítulo 30: A CERIMÔNIA

Kai acordou com uma enxaqueca danada.

Sua cabeça poderia explodir a qualquer momento.

Ele se sentou na cama, massageando suas têmporas. Teve um sonho terrivelmente real. Mas já estava esvaindo de sua cabeça.

Tomou um susto quando fortes batidas soaram da porta logo a frente.

Ele ergueu o olhar e encarou a porta. Que estranho, não lembrava como fora parar ali.

– Vamos logo, Murphy, a cerimônia vai começar em breve.

Disse uma voz surda por trás da porta. Novas batidas soaram.

– Vamos, cara, sua prima já está no Castelo Negro.

Prima? Ele se perguntou. Que diabos estava acontecendo?

Entrementes, uma mão lhe acariciou os ombros e massageou seu peito. Quando ele olhou para baixo, se viu completamente nu.

– Não me diga que tem alguém aí com você? – A voz soou novamente. – Hahahaha. Você é mesmo um Murphy, hein.

Kai olhou para trás e não uma, mas duas mulheres estavam deitadas em uma grande cama, envoltas por lençóis de seda vermelhos.

Uma delas era bela como a manhã, de pele tez e cabelos negros e ondulados. Outra era linda como a noite, de pele negra e olhos castanhos como madeira.

– Pronto para uma antes da cerimônia, Jovem Lorde?

A cerimônia, Kai se lembrou.

Ele se levantou rapidamente e colocou as primeiras vestes que viu pela frente.

Abriu a porta e deu de cara com um homem baixo de pele morena e cabelos longos.

Ele tinha olhos castanhos e uma feição muito conhecida. Um nome veio em sua mente...

– Ómra? – Indagou, estranho.

– Que é isso, Murphy? – Disse o rapaz, risonho. – Levou tanto chá que esqueceu até o nome de seu escudeiro? Vamos lá, a cerimônia vai começar.

Era Ómra..., mas estava estranho.

Eles começaram a andar, mas a enxaqueca de Kai só aumentava.

– Que cerimônia é essa, Ómra?

O escudeiro olhou para seu senhor e franziu o cenho. Depois notou que não era uma brincadeira.

– Vamos lá, não diga que esqueceu. – Ómra bufou. – É a cerimônia matrimonial Murphy. Sua prima já está no castelo, aliás. Temos que nos apressar, seu pai depositou muita confiança em você hoje. Isso irá definir o futuro de Neve Sempiterna... isto é, se você vencer, Enoryt não terá mais como se opor à sua futura suserania... isso não o anima?

Kai olhou para seu escudeiro, estupefato demais. Estava nauseado.

– Que é que você tem hoje, hein, chefe? Não está dando para trás, está?

Kai o encarou. Estava confuso.

– Não é nada... É só que... eu tive um sonho esquisito, Ómra.

O rapaz o olhou, sorridente.

– Você sempre os tem, não é? E dessa vez, sonhou com dragões alados outra vez?

Kai o encarou, esquisito. Não houve uma resposta.

Seguiram pelo corredor ladeado de pedras e cheios de flâmulas.

Ele olhou por uma janela e o dia estava lindo, sem qualquer sinal de neve.

– Você me odiava... – Kai balbuciou enquanto andavam rapidamente pelo castelo.

– Hein? Você tá estranho hoje em Murphy. Que seja, vamos lá, papai está te esperando para testar a armadura.

Continuaram descendo escadas e sempre que davam de cara com algum empregado, este fazia uma reverencia, desejava sorte e felicidades.

Mas felicidades pelo quê exatamente?

– Ómra... pelo que é que eles me felicitam tanto?

O jovem escudeiro olhou para Kai, esperando que viesse uma piada logo em seguida. Mas ela não veio, obviamente.

– Ora, vamos. Você sabe... É como eu disse antes. O costume dos Murphy antes de um casamento. O homem tem que provar seu valor para a noiva e etc. Cara, bem que seu pai me disse pra não deixar você beber demais ontem. E aquelas beldades, hã? Pagaria tudo para ter pelo menos uma.

Kai ignorou a última parte, só esteve atento para a primeira.

– Noiva? Haverá um casamento? – Indagou.

Ómra o olhou de soslaio, estranhando o amigo. Então abriu um enorme sorriso.

– Que engraçado, Hahaha. Vamos logo.

– Onde está sua irmã? V-Violeta...

Kai estranhou o nome que saiu de sua boca. Era como se devesse dizer outro, mas não se lembrava qual.

Ómra o olhou, estranhando tal pergunta.

– Que é que você quer com minha irmã, hein? Já te disse pra não se meter com ela ou nossa amizade se abalaria, cara.

Kai o encarou.

– Não... É só que... ela é minha amiga.

– Amiga? – Ómra berrou. – Hahahaha. Estamos falando da mesma Violeta, certo? A garota sequer consegue olhar para você sem corar, seu imbecil. E ainda tem coragem de dizer que são amigos.

Ómra parou subitamente, puxando Kai para perto.

– Olha, já te falei, não engane minha irmã, certo? Eu o amo como um irmão mais velho, mas Violeta é sensível e uma moça gentil. E você sabe dos sentimentos dela por você... hoje certamente é um dia difícil para ela. Agora vamos, você está mais do que atrasado.

Eles seguiram caminho, mas Kai não conseguiu esquecer as palavras de seu escudeiro. Sentimentos? Sensível? Que raios estava acontecendo?

De alguma forma, toda lembrança que ele tinha sobre esse lugar era o total oposto. E tudo ia se esvaindo.

Finalmente chegaram no calabouço do castelo.

Era uma espécie de fornalha, cheio de armaduras e objetos de guerra.

Assim que entraram, deram de cara com um homem alto de ombros largos e pele suja de carvão. Era careca e uma enorme barba cobria-lhe o rosto. Ele estava entretido prendendo alguma coisa numa armadura laqueada.

– Papai, trouxe o Murphy, como pediu. – Disse Ómra, se encostando num balcão.

O grande homem ergueu o rosto para seu filho.

– Eu já disse para ter modos, moleque. – Ele se virou para Kai. – Jovem Lorde, perdoe meu filho, você sabe da atitude destemperada dele... ele pensa que por conhece-lo desde criança, pode tratar você como um eterno irmão mais velho.

Jovem Lorde... aos poucos a memória do Kai foi fazendo sentido, mas ainda com algumas falhas aqui e ali. O sonho realmente o atordoou muito.

– Não... não há problema, Cineáltas. – Disse. – Melhor, que é que tem para mim?

– Certo...

O ferreiro se apressou e pegou um escudo enorme e redondo, com um trevo de quatro folhas rodeado por uma coroa de trigo e um coração bem no meio. O símbolo dos Murphy.

– Seu pai fez questão de que usasse um escudo, seu oponente é nada mais do que o jovem Lobo do norte, afinal...

– Eu não gostaria de estar na sua pele, Murphy. Ter que lutar com seu primo, um dos melhores guerreiros de Neve Sempiterna, e ainda ter que pegar a mão de sua irmã no processo...

Então era assim que seria. De algum modo, isso fez sentido para Kai.

Entrementes, uma pessoa entrou toda feliz pela fornalha. Quando viu Kai, ela ficou estupefata e paralisada. Seu rosto logo se avermelhou.

– Olha aí quem você queria ver, Murphy. Não vai cumprimentar nosso futuro senhor, Violeta? – Indagou Ómra.

Kai observou a menina. Tinha uma pele altiva e morena; seus olhos eram castanhos do mesmo jeito que de Ómra. Seus cabelos estavam trançados e eram negros como carvão.

Ela vestia uma roupa verde com mangas longas e bordada com flores nas pontas.

– Ih. O gato comeu sua língua é? – Ómra continuou. – Deve ser porque ainda é apaixonada por Kai, né?

A menina corou ainda mais. No fim, quem estava tirando sarro da situação era o próprio Ómra. Que hipócrita.

– Ómra! – Cineáltas gritou. – Eu já disse mais de um milhão de vezes para respeitar o Jovem Lorde! E pare de atazanar sua irmã, moleque. Não vê que a pobrezinha está encabulada?

Kai ficou encarando Violeta, enquanto esta encarava o chão. Não podia estar mais vermelha.

Entrementes, a pobre garota só pensava em uma coisa: O Jovem Lorde a queria ver? Que é que ele poderia querer?

– De-desejo felicitações ao senhor e a senhorita Murphy, Jovem Lorde. Dê tudo de si.

– Ah, ele vai dar. Vai vencer Bron, não é mesmo irmão? – Ómra falou. – Ainda mais que é apenas um duelo de força bruta.

– I-isso mesmo... – Violeta se animou. – Se o Jovem Lorde vencer, estará a um passo de se tornar o futuro Lorde de Neve Sempiterna.

– Apesar de ser isso o que aquela cobra do Enoryt sempre quis...

– Olha a boca, moleque. Você sabe que qualquer insulto a alguém da Grande Casa, há de ser considerado sacrilégio. – Cineáltas tornou a repreender.

– É a verdade, papai. – Ómra continuou. – Essa guerra patética pelo trono só acontece por um motivo: a ambição de Enoryt Murphy. Se ele não fosse uma cobra venenosa e aceitasse a ordem de seu lorde, nada disso estaria acontecendo. Ademais, o sujeito já é ministro da fazenda... pra que iria querer mais poder?

Cineáltas olhou para Kai, como se esperasse ser repreendido. Como isso não ocorreu, ele falou.

– Você sabe a razão disso, filho... – ele lançou um olhar cauteloso ao Jovem Lorde.

Ómra percebeu e bufou.

– É..., mas essa questão de nascer fora do casamento já tinha sido resolvida pelo Lorde, né? Quero dizer, ele assumiu sua responsabilidade e deu seu nome ao seu filho.

Cineáltas empalideceu com a boca grande do filho.

– Mas isso é um tabu, Ómra... – disse, pressuroso. – não vê como a Grande Família fica dividida com um assunto desses? Como se sentem desrespeitados? Vamos, use a cabeça.

Kai apenas ouviu tudo. Aos poucos, sua memória foi se tornando mais límpida. As peças se encaixado em seus devidos lugares.

Ele tomou ar e olhou para o grande ferreiro.

O homem tremeu. Por trás do grande porte, era muito gentil e cauteloso.  

– Que tem pra mim? – Disse, por fim.

– Aqui. – Cineáltas se antecipou e entregou o escudo, uma espada e uma armadura laqueada.

Enquanto se vestia, Kai ouviu um som abafado vindo de algum lugar acima.

Ómra e Violeta ergueram o rosto. O rapaz revelou um enorme sorriso.

– Isso... já está começando. Vamos.

Depois de ajudar Kai a se vestir, Ómra o empurrou por uma porta lateral e colocou um elmo com pelugem vermelha na cabeça dele.

– Boa sorte, chefe. Acaba com ele.

Kai passou pela abertura, a iluminação o cegando.

Quando sua visão retornou aos poucos, ele observou seu arredor.

Uma multidão gritou, estarrecida.

Ele estava numa arena semicircular, com várias pessoas nas arquibancadas.

Na direita algumas mulheres gritavam seu nome enlouquecidas. Na esquerda, ouviu-se muitas vaias. Na verdade, estas se sobrepunham às primeiras.

Kai encarou o céu e notou um enorme escudo evitando que neve caísse na arena. Era um escudo mágico.

No outro extremo, havia um ponto muito distante e vermelho, que se aproximava lentamente.

– Aí estão eles.

Soou uma voz da arquibancada. Quando Kai ergueu o rosto, notou um homem num palanque.

Ele usava uma magia de ampliação de voz.

– Antes de mais nada, – disse o sujeito da voz. – Gostaria de saudar o senhor Siobhan Murphy, o Lobo Ruivo do Norte. Nosso suserano, nosso lorde.

Kai ergueu o olhar quando a multidão mudou o foco para uma cabine logo acima. Ele não enxergou muito bem, mas havia um telão, bem como vários orbes sobrevoando o lugar.

Ele logo se lembrou da invenção de ponta feita pelos cientistas da Capital Azul. Era digna dos anãos de Montarumos.

No telão, apareceu um homem de feição carrancuda e muito velho. Tinha cabelo branco e seu olho esquerdo tinha uma cicatriz profunda. Ele usava uma capa negra com pelugem cinza. Se levantou e deu com a mão. Mas nenhum sorriso riscou aquele rosto aquilino.

Quando a imagem mudou novamente para o sujeito da voz, Kai encarou seu pai. Ele o olhou também, e somente aí o sorriso veio, seguido de uma piscadela.

– Como bem sabem, este se trata de um Duelo Matrimonial. O filho do nosso lorde, Kai Murphy...

A imagem mudou para Kai e os gritos foram diversos. Mas, a exemplo de antes, vaias se sobrepujaram.

– E o filho do nosso ministro da fazenda e sobrinho de nosso Lorde, Bron Murphy.

A imagem no telão mudou e apareceu o rosto de Bron. Ele tinha uma carranca bem comum dos Murphy.

Olhos negros como os da mãe, mas cabelos longos e vermelhos como os do pai. Era alto de ombros largos e usava uma armadura laqueada e vermelha. Portava uma imensa lança nas costas.

– Este duelo matrimonial consiste em provar duas coisas; um: se Kai Murphy é adequado para ser nosso futuro lorde... e dois: se ele é mais do que adequado para receber a mão da donzela de ferro, a queridíssima, a exemplar, a magnífica... Ardara Murphy.

Mais uma vez a imagem no telão tornou a mudar.

Ardara Murphy apareceu nele. Por um instante, a multidão ficou quieta, alarmada com tamanha beleza. E não era pra menos.

Ardara era como uma verdadeira princesa: sua postura ereta, seu pescoço longo, sua pele corada, seus cabelos vermelhos como fogo. Tinha olhos verdes como os de seu pai, mas uma bochecha cheia de sardas como a da mãe. Seus lábios eram vermelhos e contrastantes.

Ela ergueu a cabeça e, por um milésimo de segundo, seu olhar pousou em Kai. A multidão se enlouqueceu.

– Acho que já sabemos das regras: nada de magia, é um duelo de espadas. Veremos se o treinamento de nosso queridinho Kai Murphy foi tão bom assim. A batalha acaba quando o primeiro ficar inconsciente... não queremos que nossas promessas morram tão cedo. Que vença o melhor.

Essas são as regras? Kai pensou.

Mas ele nem teve tempo de ficar muito pensativo.

Quando mudou o olhar da arquibancada para frente, Bron já estava bem na sua cola.

Mas como? O sujeito caminhava calmamente há uns cem metros de distância...

Ele esticou a lança e acertou o pomo bem na face de Kai.

Este foi arremessado longe e o elmo se partiu ao toque.

Kai só foi rápido o suficiente para desviar o rosto brevemente. O impacto foi tão grande que ele não conseguiu se manter em pé.

– Uhhhh! – Bradou o narrador junto da multidão. – Que belo golpe do nosso Lobo do Norte. Rumores apontam que nosso Jovem Lorde ainda está com a cabeça nas nuvens... não sei se foi pelas duas beldades que entraram em seu quarto ontem, ou está apenas estupefato pela beleza de nossa querida Ardara. Eu aposto nas duas.

Boa parte da multidão soltou uma gargalhada.

Entrementes, Kai sentiu todas as partes de seu corpo arderem. Ele se arqueou e vomitou um punhado de liquido amarelo e transparente.

Sua visão embaçou.

Um sonoro EEEECA se fez ouvir.

Mas não havia tempo.

Antes de pensar em qualquer coisa, Bron apareceu em sua frente, golpeando com a lâmina da lança.

Kai rolou para o lado e a arma fincou-se bem onde estivera sua cabeça há poucos segundos. Lama e terra se ergueram.

– Quaaaase! Dessa vez o jovem Lobo quase arrancou a cabeça de vento... digo, a bela cabeça do nosso arrogante... digo... do nosso lindo Jovem Lorde.

Kai se pôs de pé e desviou de uma série de estocadas.

Bron golpeou em sequência rapidamente, com Kai sempre desviando com seu novo escudo.

– Isso que dá beber antes de uma cerimônia... estou achando que nosso Jovem Lorde vai ficar sem sua garota e sem seu trono. – Disse o locutor, arrancando uma bela gargalhada da multidão. Ele olhou para cima e viu Siobhan o encarando. Não estava gostando nada.

Entrementes, Kai sacou sua arma e a multidão soltou outro urro.

Bron investiu com uma estocada de cima para baixo; Kai teve a sensação de já ter vivido isso antes, mas onde?

Então a lança fincou-se no escudo até o meio, partindo-o.

– Mas que força bruta! – Exclamou o locutor. – Bron Murphy mostra porque é o principal lutador desta geração, olha que poder.

Ele puxou novamente a lança e acertou, com o pomo no peito de Kai.

O rapaz caiu longe, lama sendo levantada.

Ele encarou o céu por um instante. Se fosse pra lutar, que fosse a sério.

Kai se sentou e jogou seu escudo longe. Pousou a espada no chão e desabotoou devagar as fivelas da armadura.

– Nosso Jovem Lorde finalmente enlouqueceu?

– Desista logo, seu inútil.

– Isso aí, você só serve para dormir com prostitutas, seu bastardo.

– Suma de Neve Sempiterna.

– Uhhhh! Lixo!

Essas foram apenas algumas das palavras proferidas a Kai. Ele nem as ouviu, é claro.

Bron, no entanto, lhe deu tempo.

– Mas que cena linda entre primos... Quem foi que disse que esses dois se odiavam, hein? – Indagou o locutor, sarcástico.

Entrementes, Bron não ligou.

– Podemos? – ele indagou.

Kai se ergueu e rodou os ombros, a fim de se sentir mais solto.

– Claro.

Então ambos diminuíram espaço.

Kai ergueu a espada em diagonal, enquanto Bron se preparou para uma estocada.

O movimento de Kai foi uma finta; quando estava prestes a descer a arma, ele se jogou no chão e mudou o trajeto da espada.

Ele deslizou de joelhos por baixo da estocada de Bron e acertou a parte achatada nas canelas do primo.

O rapaz se desequilibrou.

Quando parou de derrapar, já foi se levantando, pronto para golpear as costas; Bron rapidamente se reequilibrou empurrando a lança no chão e virou no próprio eixo num giro rápido, erguendo a arma acima da cabeça.

Ele aparou o golpe de Kai, mas foi empurrando para trás, pois além de estar parcialmente desequilibrado, o outro era conhecido por sua força bruta imensa.

Mas como alguém mais jovem e, obviamente mais magro que ele, poderia vencê-lo num duelo de força? Ninguém tinha essa resposta.

Ao forçar Bron para trás, Kai não parou por aí. Ele ergueu mais uma vez a espada acima da cabeça e desceu-a com toda sua força.

Bron conseguiu interceptar alguns golpes, mas sempre desequilibrado e se mantendo com os joelhos.

Kai forçava um ponto e, dali a pouco, sua estratégia deu frutos.

Ele apertou com força o cabo da espada e ergueu-a acima da cabeça.

O choque do impacto foi grande, mas a lâmina de Kai passou como manteiga pela lança de Bron, que se estilhaçou bem onde recebera tantos golpes contínuos.

Quando ele caiu no chão, lama subiu.

Todo mundo ficou estupefato.

– Já acabou? – Indagou o locutor.

Entrementes, muita gente vaiou nas arquibancadas.

– Que luta mais sem graça...

– Uhhh. Pensei que Bron fosse o mais forte de Neve Sempiterna.

– Como esse lixo pode ter vencido tão facilmente?

– Então o vencedor é nosso Jovem Lorde? – Indagou o locutor.

No entanto, Kai não estava feliz com o resultado. Ele jogou a espada, que também se partiu durante os golpes no chão e ergueu os punhos.

– A regra é clara: até que um de nós esteja inconsciente... ou morto.

Bron Murphy ergueu um sorriso e se levantou, tirando toda a lama do corpo. Ele ergueu os punhos e ambos foram de encontro ao outro.



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