A Terceira Lua Cheia Brasileira

Autor(a): Giovana Cardoso


Volume 1

Capítulo 1: Recomeço

"O passado nos persegue como uma sombra, mas é através da jornada para desvendá-lo que encontramos a luz que ilumina nosso futuro."

(O Legado Perdido, Haruki Tanaka)

 

11ª Lua do ano 1832

Lua do Fogo, dia 11

 

 

Gotas de água pairavam no ar, como que sustentadas por mãos invisíveis, imóveis a meio caminho da queda. Um brilho suave refletiu na lâmina da espada nas mãos trêmulas de alguém cujo rosto permanecia oculto sob um capuz. À sua frente, uma figura enorme avançava lentamente, um sorriso se desenhando nos lábios.

Um sorriso perverso.

A umidade densa do beco girava ao redor deles, misturando-se à sensação sufocante que enchia o ambiente.

O som dos sinos distantes se misturava ao cheiro metálico do sangue fresco. Yuri estava ali outra vez. Imóvel, mudo, impotente. Sabia o que viria a seguir, mesmo sem conseguir se mover. Era só um espectador, vendo a silhueta diante dele tombar em silêncio, o sangue se espalhando como tinta sobre a terra.

Seu corpo inteiro ficou gelado de repente. Sabia que algo muito ruim estava prestes a acontecer, mas não conseguia se mover, mesmo estando a poucos centímetros de distância de alguém prestes a morrer.

Seu coração batia tão rápido que poderia colapsar a qualquer momento. O ar sumiu dos pulmões. Levou as mãos à garganta. Estava buscando... algo. Um nome? Uma lembrança?

Mas tudo escapava.

Agora só o que sentia eram os espasmos dolorosos que vinham de dentro. Já não conseguia focar na imagem à frente. Estavam lutando?

Não importava mais, tudo estaria terminado em breve...

Então tudo escureceu.

 

Yuri despertou engolindo o ar como quem acaba de emergir da água. E de fato, seus pulmões doíam como se tivesse segurado o fôlego por tempo demais. O coração pulava no peito e um suor frio escorria em seu rosto. Precisou de um minuto inteiro para entender onde estava. Aos poucos, percebeu o ronco abafado do motor do táxi.

Esfregou o rosto com as duas mãos. Aquela experiência não era nenhuma novidade para ele, mas não conseguia evitar a sensação de que estava perdendo algo. Não um objeto, mas uma lembrança que escapava por entre os dedos.

Era sempre assim: flashes de lugares que não conhecia, sensações estranhas demais para serem apenas sonhos, e o mesmo sentimento sufocante de impotência.

O táxi deslizou em silêncio até a estação enquanto Yuri, aos poucos, se distraía com a paisagem através da janela. O céu estava pintado de um tom escuro de cinza, e parecia prestes a desabar sobre as pessoas que corriam apressadas de um lado para o outro. Yuri fechou os olhos e recostou a cabeça no banco, numa tentativa falha de afastar os pensamentos que pesavam em sua mente.

Quando o carro parou, ele se moveu no automático abrindo a porta.

— Precisa de ajuda com a mala? — perguntou o motorista, com gentileza.

Yuri o encarou pela primeira vez e balançou a cabeça, ainda atordoado.

— Ah... não, tá tudo bem. Obrigado. — tentou sorrir, mas o gesto saiu torto, quase uma careta.

Arrastou-se para fora do carro puxando a mala. O vento soprava tão forte que quase o empurrava para trás, enquanto folhas secas giravam no ar, chocando-se sem piedade contra as pessoas. Mesmo assim, havia algo tranquilo naquele momento. Uma quietude estranha, como se o tempo houvesse parado, tal qual as gotas de água em seu sonho que já começava a se dissipar da memória.

Chegou à plataforma no instante exato em que o trem parava e dirigiu-se às portas que se abriam com um estalo metálico.

Mas seus pés se colaram no chão a poucos centímetros da porta. Yuri olhou em volta sentindo a angústia se acumular na garganta. A mente quase não era capaz de conter tantas lembranças que estava abandonando.

Ele só precisaria dar mais um passo.

Um simples passo.

Tão pequeno… e ainda assim, capaz de mudar tudo.

O apito soou. As portas começavam a se fechar.

Yuri piscou, voltando à realidade e finalmente, seus pés se moveram.

Entrou no trem, colocou a mala na prateleira rapidamente, sentou-se e fechou os olhos. Não queria ver a cidade tomando distância. Era como arrancar o próprio coração do peito.

Enquanto as luzes piscavam por trás de suas pálpebras e o trem chacoalhava nos trilhos, adormeceu novamente.

 

 

Acordou horas depois com a testa úmida e a boca seca. O vagão, agora quase vazio, abrigava apenas algumas silhuetas silenciosas, recortadas contra a escuridão das janelas. Tentou se esticar, mas no assento duro, seu corpo protestava contra qualquer movimento. Lá fora, a tempestade enfim havia começado. A chuva escorria pelo vidro e o trem avançava devagar, lutando contra o vento.

Yuri suspirou.

Não tinha pressa, mas sentia-se estranho ali. Às vezes, parecia que seu corpo agia sozinho, nos últimos meses sentia-se constantemente cansado e inquieto.

Olhou para as próprias mãos, inertes sobre o colo. Estavam vazias agora. Mas, em sua mente, ainda pesavam. Com a memória do bisturi... e do fracasso.

As mãos de um médico costumam ser motivo de orgulho. As dele, só revelavam marcas. Aquelas marcas que ele sentia mesmo com os olhos fechados. Durante os treinos da infância, aprendera que as mãos também guardavam memória. Aquilo devia ter ficado no passado. Mas não ficava.

Dentre tantas pessoas, logo ela...

Cerrou os punhos e desviou o olhar, tentando focar nas luzes que passavam velozes pela janela. Akimitsu já estava para trás. Mas o passado continuava colado à pele.

Não sabia o que encontraria dali em diante. Só sabia que não suportava mais permanecer ali.

Itakawa era uma pequena cidade a oito horas de viagem de Akimitsu, a província onde Yuri cresceu. Após uma busca rápida na internet, encontrara um apartamento modesto que prometia ser aconchegante, embora duvidasse disso pelo preço baixo e pelas fotos do anúncio. Não era perfeito, mas era o melhor que havia encontrado.

Ao descer na estação, o relógio marcava pouco depois da meia-noite. Um vento gelado serpenteava pelas ruas desertas de Itakawa.

Yuri estremeceu. Esfregou as mãos sobre os braços, embora não soubesse dizer se era o frio ou fato de estar num lugar completamente estranho. Mesmo assim, se arrependeu de não ter vestido sua jaqueta ao desembarcar.

Começou a cantarolar baixinho, como sempre fazia quando estava nervoso, e caminhou devagar sob a luz fraca dos postes. Seguiu o mapa até chegar ao prédio de aparência abandonada. Tirou do bolso da calça um pedaço de papel amassado e conferiu o endereço que havia rabiscado. Estava certo. Procurou as chaves no outro bolso, girou o trinco e entrou por uma porta que levava a uma escada.

Subiu, guiado pela luz amarelada e trêmula do teto, até um corredor mal iluminado. Caminhou até o fim e tentou abrir a porta com a chave. Travada.

Forçou de novo. Nada.

Yuri soltou o ar devagar, encostando a testa na madeira.

Respirou fundo, reuniu o pouco de força que restava e girou a chave com mais firmeza. A tranca cedeu pela metade.

Resmungou, irritado, e deu uma batida leve com o punho na porta.

Uma vizinha surgiu no fim do corredor, lançou-lhe um olhar breve e seguiu em frente.

Ele esperou até que ela desaparecesse de vista antes de tentar outra vez.

Quando a porta finalmente se abriu, entrou como quem invade um lugar onde não é bem-vindo.

Soltou um suspiro desanimado. Era menor do que esperava. Um único cômodo com minicozinha e um banheiro, se é que podia ser chamado assim.

Mas serviria.

Deixou a mala ao lado da porta e caminhou pelo lugar. A luz da rua entrava pela janela, iluminando os móveis com um brilho pálido. Havia uma cama no canto. A colcha surrada e o colchão fino pareciam convidá-lo a um descanso que ele não sabia se merecia.

E então a exaustão o atingiu.

Sem forças, deixou-se cair no chão. Abraçou os joelhos, tentando segurar as peças quebradas de si mesmo. Pela primeira vez em meses, deixou que as lágrimas forçassem caminho para fora. Um peso esmagava seu peito. A cada tentativa de respirar, uma nova fissura se abria dentro dele.

Até que só restou o silêncio. Aquele que ecoava dentro de sua mente há muito tempo.

 

***

 

Yuri acordou com um toque familiar e sentou-se na cama, ainda sonolento. Os raios de sol atravessavam a janela, banhando o quarto com uma luz suave. Tateou o chão à procura do celular. Assim que o alcançou, o toque cessou. Na tela, havia seis chamadas perdidas e uma mensagem de Diro, um amigo da faculdade.

Precisava encontrá-lo às oito horas para falar sobre a vaga no café do amigo.

Ainda eram 7h13. Abriu a conversa:

“Bom dia, Yuri. Preciso resolver algumas coisas hoje. Podemos remarcar para 07:30?”

Enquanto digitava a resposta, Yuri se levantou às pressas:

“Sem problemas, estarei lá no horário.”

— Droga... — murmurou, indo rápido para o banheiro.

Ao se aproximar do espelho, encarou sua própria imagem. O cabelo preto estava mais longo que o habitual, cobrindo parte de sua testa. Aquela pessoa o encarando de volta parecia ter pelo menos uns anos a mais do que realmente tinha. A pele pálida também não parecia nada saudável. Não era ele mesmo. Nem de longe. Desviou o olhar e ligou o chuveiro.  

Enquanto a água escorria, respirou fundo, procurando controlar a sensação de desconforto que sempre surgia nos momentos mais inesperados. A água fria não dissipava o arrepio em sua nuca. Era como se alguém o observasse de um ponto cego, alguém que conhecia suas falhas melhor do que ele mesmo.

Enterrando aquele sentimento no fundo da mente, saiu do apartamento, trancando a porta, e seguiu pelas ruas de Itakawa. Uma chuva leve começou a cair. As casas com jardins impecáveis e os sorrisos gentis das pessoas compunham um cenário quase perfeito. “Perfeito demais”, pensou Yuri.

Chegou ao café às 7h28, grato por ter alugado um apartamento apenas duas ruas dali. A fachada destacava-se exibindo o elegante letreiro Kokoro Café em letras grandes e delicadas. Através das portas de vidro, Yuri vislumbrou a decoração que combinava preto e amarelo pastel.

Diro estava parado na entrada do café, com as mangas da camisa de botão dobradas até os cotovelos e um avental escuro preso à cintura. As mãos estavam, como de costume, enfiadas nos bolsos da calça de cor lisa, mesmo em meio ao trabalho. Quando ergueu os olhos e viu Yuri entrar, um sorriso instantâneo surgiu.

Diro Kazehana era do tipo que chamava atenção sem precisar tentar. Seu corpo largo impunha uma presença calma e segura, e o cabelo cortado bem curto, realçava ainda mais os olhos grandes, que traziam sempre uma expressão relaxada. Era fácil se sentir em paz perto dele, como quem escuta o barulho suave da chuva caindo do lado de fora.

Mesmo nos tempos de faculdade, Diro já era um ponto de equilíbrio em meio ao caos. E agora, diante do desafio de manter o próprio café, continuava com aquele brilho no olhar de quem acredita que os espaços também são capazes de curar.

— Achei que não viria — brincou, estendendo uma caneca fumegante. — Preparei seu favorito. Ainda gosta de chá preto com canela?

Yuri aceitou a bebida com um aceno tímido. O calor entre os dedos era um contraste bem-vindo ao frio da manhã.

Sentaram-se em uma mesa ao fundo do café, imersos em uma atmosfera aconchegante. Diro contou empolgado seus planos para o estabelecimento e mencionou a vaga disponível perguntando novamente se Yuri estava interessado.

Yuri considerou a oferta por um momento. Trabalhar em um café podia não ser o que havia planejado para sua carreira, mas talvez fosse uma oportunidade de se reconectar com as pessoas. Talvez pudesse encontrar algum conforto em ajudar os outros, mesmo que de uma maneira mais simples. Finalmente, concordou, provocando uma gargalhada em Diro.

— Sei que não é seu emprego dos sonhos, mas podia pelo menos disfarçar, né? — brincou Diro, ainda rindo.

— Não é isso. Eu só... — hesitou. Como explicar que não se tratava do emprego, mas do fato de ele não se reconhecer mais?

— Tudo bem cara — disse Diro, dando um tapinha reconfortante no ombro de Yuri.

Yuri estremeceu, afastando-se discretamente do toque do amigo. Parecia exatamente o mesmo toque que sentira em um sonho. Ele não sabia como, mas tinha certeza. Como se o gesto estivesse escrito em sua pele desde antes de acontecer.

— Tenho certeza de que tudo acontece como deve acontecer. — Diro continuou com um sorriso.

Yuri ainda tentava se recuperar do incômodo que sentia, e aquelas palavras também mexeram com algo dentro dele. Sempre soubera que Diro era um otimista incorrigível, mas, naquela hora, suas palavras vinham carregadas de um peso estranho, quase como se escondessem uma verdade que ele ainda não estava pronto para encarar. Mesmo sem dizer diretamente, o amigo parecia lembrá-lo que fugir não apagaria o que havia deixado para trás.

Não tinha certeza se acreditava em destinos ou em significados ocultos por trás das escolhas aparentemente aleatórias da vida, mas, naquele momento, preferiu não discordar. Ao invés disso, tomou um gole do chá preto que Diro serviu e se recostou na cadeira, observando a rua através das portas de vidro. O movimento suave das pessoas passando pela calçada, os guarda-chuvas se abrindo contra a chuva, os pequenos grupos conversando animadamente enquanto seguiam para o trabalho... Tudo parecia se encaixar perfeitamente. Essa paz aparente do lugar o incomodava de uma maneira inexplicável.

— Você vai gostar daqui, Yuri — disse Diro, trazendo-o de volta de seus pensamentos. — Os clientes são amigáveis, e você logo vai se sentir em casa.

Yuri assentiu novamente, ainda perdido em pensamentos.

— Começamos amanhã? — sugeriu Diro, já perto da porta.

— Amanhã está ótimo — respondeu Yuri, ainda incerto, mas curioso com o que o dia seguinte poderia trazer.

Antes que saíssem, Diro o chamou com um gesto sutil e conduziu até o balcão, onde apoiou um cardápio sobre a madeira envernizada com o cuidado de quem mexe com algo precioso.

— Já que vai trabalhar aqui, é bom entender o básico — disse, com o tom tranquilo de sempre. — Os pedidos podem ser feitos aqui ou nas mesas. Você anota e joga no sistema.

Yuri passou os olhos pela lista, reparando nos valores ao lado de cada item.

— Isso tudo é em Yenjin? — perguntou, reconhecendo o símbolo "¥J".

— Exato — confirmou Diro. — Aqui em Itakawa, quase tudo é digital. Mas de vez em quando aparece alguém mais velho que ainda paga em Rinjin.

Ele riu, com o olhar carregado de uma lembrança recente. Antes de apontar para os preços com o dedo.

— Café preto simples: 8 Rinjin. Com leite: 12. As fatias de bolo vão de 15 a 20, depende do sabor e da cobertura. Os doces pequenos, aqueles da vitrine, ficam entre 5 e 10. A ideia é manter tudo acessível.

Yuri franziu a testa, pensativo.

— E uma refeição completa?

— Temos um combo café da manhã: café, suco e pão artesanal. Sai por 25 ¥J. É o mais pedido, especialmente por quem vem antes do trabalho. Preço justo pra um dia começar bem.

— Pagamento é pelo leitor biométrico?

— A maioria sim. Mas temos uma caixinha de gorjetas — apontou com o queixo para um pequeno recipiente perto da registradora, onde moedas douradas e prateadas se misturavam. — Surpreende o quanto ainda enche. Tem gente que gosta de deixar alguma coisa, mesmo que simbólica.

Diro se inclinou levemente sobre o balcão, o olhar mais afiado por um instante.

— O segredo é saber recomendar o doce certo pra pessoa certa. Tem gente que entra só pra tomar um café e acaba levando uma fatia de bolo de mirtilo... ou duas.

Enquanto Yuri explorava com os olhos o interior do café, Diro ajeitou o avental distraidamente.

— Ah, antes que eu me esqueça... deixa eu te apresentar o pessoal. Vocês vão se esbarrar bastante por aqui.

Apontou com o queixo para uma garota que conversava com uma cliente próxima à janela. Ela ria de algo que a outra dissera, o corpo leve quase dançando no pequeno espaço entre as mesas.

— Aquela é a Emi. Trabalha meio período, então às vezes aparece de manhã, às vezes à tarde. Depende da confusão que é o cronograma da faculdade dela. — Sorriu, observando a menina com um carinho evidente. — Emi é dessas pessoas que iluminam o lugar só por estar nele. Sempre animada, super gentil, e com esse jeito de menina que faz a gente esquecer que ela já tem idade pra se formar.

Ao perceber que falavam dela, Emi acenou com um sorriso tão largo que quase engoliu o rosto todo. Os olhos sumiram num brilho breve e contagiante.

— E lá dentro... — Diro indicou a porta semiaberta da cozinha, de onde vinha o cheiro de açúcar quente e especiarias. — Fica o Keid, nosso confeiteiro.

Yuri inclinou a cabeça, curioso. O nome "Keid" parecia combinar com o cheiro de bolo no ar.

— Ele não fala muito — continuou Diro — mas dá pra sentir que está sempre presente. A gente costuma brincar que ele é o “pai” do café, embora ele revire os olhos sempre que ouve isso.

Diro soltou uma risada leve.

— Mas é verdade. Ele segura o coração do lugar com uma espátula de confeiteiro e um olhar atento.

Yuri sorriu, quase imperceptivelmente. Começava a perceber que aquele café não era só um ponto de encontro. Era uma espécie de refúgio. E, quem sabe, também poderia ser o dele.

Ao saírem do café, o sol havia finalmente rompido as nuvens, banhando Itakawa em uma luz suave e dourada. A chuva tinha parado, deixando um ar fresco.

De volta ao apartamento, enquanto trancava a porta, uma quietude caiu sobre o lugar. Yuri sentiu o familiar peso no peito, mas pela primeira vez em muito tempo, essa sombra que pairava sobre ele parecia... suportável. Como se, de alguma forma, estivesse aprendendo a conviver com ela, mesmo sem entendê-la por completo.

Ele não tinha todas as respostas, e o futuro ainda era um grande ponto de interrogação. Será que tudo ficaria bem? Talvez aquele fosse apenas o primeiro passo rumo a uma vida diferente, uma vida em que ele pudesse, enfim, respirar sem o peso constante da culpa. Ainda assim, algo dentro dele sussurrava que, por mais que desejasse seguir em frente, as sombras do passado continuariam a persegui-lo.

Talvez tivesse tempo para encontrar o que realmente buscava.

Ou talvez não.

 

 

⟡ Nota:
O Yenjin (¥J) é a moeda oficial em circulação desde a reconstrução do país, cerca de 200 anos após a guerra. É amplamente usado em sua forma digital, embora ainda existam versões físicas. Um Yenjin equivale a 10 Rinjins (ᛉR), uma moeda secundária mais comum em trocas informais, pequenas compras ou gorjetas — como as mencionadas no café.
Com um salário mínimo médio de 1.800 ¥J por mês, os preços de itens cotidianos costumam seguir esta lógica: uma refeição simples pode sair por 25 ¥J, enquanto um café de rua custa entre 5 e 12 ᛉR.

 

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