Volume 1

Capítulo 4: O Encontro

Após completar 15 anos, despertei minha classe e também recebi a Marca Heroica — algo que só 10 pessoas no mundo podem ter. 

Logo depois tracei de volta a minha rota para o vilarejo. Porém, eu não estava apenas caminhando pela floresta enquanto isso. 

Ao decorrer da trilha consumi, com diligência, plantas e cogumelos venenosos, a fim de conseguir a habilidade de Resistência a Drogas.

— Cura Regenerativa.

Colocando a mão direita sobre minha barriga, uso magia de cura e combato qualquer veneno adquirido.

"Assim, minha proficiência em curar e meus anticorpos devem aumentar…"

Normalmente, para um Curandeiro, usar magia curativa em seu próprio corpo é extremamente difícil, já que, enquanto a utiliza, seu corpo recebe sua própria mana que é direcionada para a própria magia, tornando quase impossível ter um alvo. 

Entretanto, já sou capaz de controlá-la, tendo usado-a muitas vezes na minha vida passada. Assim, sou capaz de enfraquecer veneno, aumentando meus anticorpos — como consequência, futuramente, adquirindo a habilidade "Resistência a Drogas''. 

O único problema agora, é que posso usar magia curativa apenas quatro vezes, caso contrário, ficarei sem mana. 

Sendo assim, preciso subir de nível o mais rápido possível.

.

.

.

Logo, 3 dias se passaram.

 

 

Retornando ao vilarejo, meus conhecidos vinheram correndo em minha direção — todos preocupados por minha ausência nestes dez dias.

Embora tivessem perguntado sobre muitas coisas, fui capaz de inventar desculpas para não deixá-los desconfiados, e mesmo que eu lhes contasse a verdade, não haveria como alguém acreditar na minha história. 

O prefeito da vila, assim que soube do meu retorno, veio ao meu ver e perguntou se eu queria ir junto a ele até a capital, para alugar algum Avaliador. 

Embora minha aldeia fosse grande, como esperado, não havia ninguém capaz de fazer um Avaliador ou utilizar algum.

À sua oferta, acenei com a cabeça, aceitando-a; por querer justamente esconder o fato em que já podia ver meus atributos e classe — o Olho da Verdade estava oculto, sendo apenas visível num estado "empolgado".

"Alguém recém-desperto não ter curiosidade de qual classe possui seria algo estranho também."

Entretanto, apesar de tudo, tal oferta será desperdiçada. A princesa virá me buscar antes de cumpri-la.

 

 

Depois de voltar ao vilarejo, continuei aumentando meus anticorpos e, como de costume, cuidava do meu pomar de maçãs.

Embora quisesse me nivelar depressa, meus atributos de ataque e defesa eram fracos demais; em outras palavras, eu não seria capaz de matar nenhum monstro. E a única magia de ataque que eu possuía era a Cura Degenerativa, porém, para seu uso, um grande consumo de mana era preciso — sendo assim, não importava o quanto eu tentasse, com minha capacidade de mana atual, não conseguiria usá-la — devido a estas circunstâncias, não quero lutar contra monstros. 

"De qualquer forma… não preciso ter pressa, posso aumentar meu nível rapidamente no futuro."

— Keyal-kun, que marca é essa na sua mão esquerda...?

Enquanto voltava para casa depois de terminar meus serviços, uma bela moça, a Anna, me acompanhou no retorno.

— Sei lá, apenas apareceu de repente.

— Por que não vai atrás de algum especialista em maldição?

Embora a existência da "Marca Heroica" fosse famosa, poucas pessoas do interior a conheciam. 

— Caso comece a doer eu vou sim — falei com um sorriso irônico no rosto. — Mais importante ainda, lá parece bastante animado.

A entrada da aldeia estava ficando cheia, talvez porque a Heroína havia chegado. 

Portanto, vamos prosseguir com a história.

 

 

Quando cheguei na entrada do vilarejo, pude ver, de imediato, a causa da comoção; uma carruagem não familiar puxada por cavalos tinha parado lá. 

Ela possuía um design muito elegante e, não era puxada por cavalos comuns, mas sim por bestas míticas, unicórnios. Isto era algo que nenhuma pessoa "pouco rica" podia se dar ao luxo de comprar. 

Além do mais, havia cavaleiros equipados com armaduras de mithril, circundando a carruagem para protegê-la. E, acima de tudo, todos tinham um símbolo especial gravado em sua armadura; o brasão da família real.

Uma das portas da carruagem se abriu e logo uma garota saiu. 

Os aldeões estavam todos olhando para ela, fascinados por sua beleza — se perguntando se o que viam era algum tipo de "anjo".

Tal indivíduo, que tinha um carisma esmagador, se chamava...

— Saudações a todos, eu sou a primeira princesa do reino Georal; a Heroína Maga, Flare Earlgrande Georal.

Os aldeões se agitaram em surpresa, pois a figura tinha se autodenominado uma Heroína.

A Flare atual já podia usar magia de quinto grau, o nível limite para os humanos normais — enquanto escondia o fato de já poder utilizar magia de sexto grau.

Claro, eu também sabia que, logo logo, ela seria capaz de usar magia de sétimo grau. 

— Hoje, nesta aldeia, eu vim buscar um Herói recém-nascido — proclamou Flare.

Os ânimos dos aldeões se tornaram ainda mais fortes, e logo começaram a se perguntar unanimemente se sabiam quem era o novo "Herói".

Focando mana em minha visão, ativo o Olho da Verdade, a fim de verificar os atributos de Flare.


Informações

Nome: Flare

Raça: Humano

Classe: Maga | Herói

Nível: 25


Atributos

[ATQ Físico: 40 | ATQ Mágico: 70]

[DEF Física: 25 | DEF Mágica: 55]

[Mana: 155/155] [Velocidade: 50]


Habilidades

Magia de Ataque「Lv 3」

Artes Marciais「Lv2」


Talentos

Recuperação de Mana Eficaz: a recupere 10% mais rápido.

Aumento da Eficiência nas Habilidades de Maga.

Arquimago: todos elementos mágicos estão disponíveis. 

Quebra de Limite de Nível... [+]

Aura da Experiência... [+]

Presente ao Aliado... [+]


Claramente era um atributo bastante aterrorizante, especialmente os ataques mágicos — ela também possui duas habilidades, uma que envolve tanto a classe Maga quanto a de Herói, e como se isso não bastasse, ainda podia usar todos os elementos mágicos, que para uma pessoa normal o limite seria apenas 2. 

De fato, uma força digna de um Herói. Mas enfim, logo fui verificar sua aptidão.


Aptidão

[Nível Limite: ∞] [Mana: 150]

[ATQ Físico: 70 | ATQ Mágico: 140]

[DEF Física: 40 | DEF Mágica: 100]

[Velocidade: 80] [Valor Total de Aptidão: 580]


Como todos os Heróis Marcados, Flare tinha o limite de nível infinito, e possuía um valor total de aptidão de 580. 

O número médio que os humanos normais possuíam era de 60, então, até mesmo eu, com um valor total de 560, não era tão ruim. 

Seu atributo de ataque mágico também era, de fato, bom — 140 é provavelmente o valor mais alto de toda a humanidade.

Como eu tinha conseguido a informação que precisava, parei de usar minha habilidade. 

Logo depois disso, meus olhos encontraram os da Heroína.

— Você é o novo Herói, certo? Por favor, se aproxime.

Quando Flare me chamou, os aldeões se afastaram, abrindo caminho.

— Eu!? U-um Herói...? — Falei fingindo surpresa enquanto caminhava.

— Isso mesmo, você foi escolhido — disse Flare enquanto também vinha em minha direção. Ela segura minha mão e a levanta para alto. — Esta marca gravada em sua mão esquerda é a prova de que é um Herói, e por isso eu vim buscá-lo. Junte forças comigo e salve o mundo das garras da Maou!

Os aldeões começaram a ficar entusiasmados novamente: palmas, gritos e assobios eram ouvidos. Bem, um Herói tinha nascido em sua vila; isso significava que a aldeia se tornaria honrada, e receberia benefícios de apoio do país.

— Não posso acreditar que me tornei um...

— Tudo bem, porém essa é a verdade; Ah... sei que é repentino, mas precisamos partir logo em direção à capital. Afinal, há muitas coisas que você tem que aprender como Herói.

Estou prestes a vomitar, sinto apenas repulsa agora. Também já sabia onde isso ia dar  — me drogando e depois me transformando em uma máquina de  cura.

— E-entendo, mas… preciso de tempo para me pre...

Fufu, não se preocupe, estarei com você, e como Heroína me permita guiá-lo — interviu Flare após me ouvir. 

Ela logo aperta minha mão com força enquanto sorri docemente. Posso sentir sua palma, é bastante macia, e noto que, a tal figura, cheira bem. Se você fosse um homem, teria se apaixonado por ela imediatamente.

Entretanto, conheço a verdadeira natureza desta desgraçada e só consigo sentir repugnância por ela.

— Entendo princesa; por favor, leve-me para o reino.

— Muito bem, vamos lá!

Nenhum dos aldeões tentaram impedir minha ida, ou desejar boa sorte. Bem, não tinha como eles saberem do tipo de inferno que eu passaria também.

 

 

Dentro da carruagem, estamos nos dirigindo para a capital real.

Ah! Esqueci de perguntar seu nome — declarou Flare.

— M-me chamo Keyal, prazer em conhecê-la.

— Meu Deus, você possui um belo nome… Poderia me dizer sua classe?

Como de costume, a Heroína usava aquele sorriso encantador, junto a uma voz doce que poderia enganar o coração de qualquer um. Mas, o fato dela ter planejado tudo isso era a parte mais assustadora.

— Ainda não sei minha classe… já que acabei de me tornar adulto e não usei um Avaliador. 

— Entendo... Nesse caso, se estiver tudo bem para você, podemos fazer isso agora?

Logo após eu ter acenado com a cabeça, Flare pegou um grande pedaço de folha dourada — o Avaliador — duma gaveta abaixo dos bancos da carruagem. E então, me ensinou usá-lo.

Segurei a folha enquanto colocava  um pouco de mana sobre meus dedos, logo então o papel brilhou, e todo meu atributo foi escrito magicamente nele.

Era quase a mesma coisa que eu via com o Olho da Verdade. Entretanto, aquilo não conseguia ver nenhum limite de atributos ou o valor total de aptidão.

— Minha classe é... C-Curandeiro — murmurei. 

No momento em que disse isso, o rosto de Flare distorceu e em seus olhos tinham desprezo. Porém, não demorou muito para sua face voltar ao normal.

Era perceptível que alguém tinha ficado desapontado comigo.

— K-Keyal-san... posso dá uma olhadinha no Avaliador também?

— Sim, vá em frente... 

Enquanto mantinha um sorriso falso, ela verificava o Avaliador. E era provável que já planejava o que faria futuramente comigo.

Em meu passado, a conclusão que Flare chegou quando soube da minha classe era que, mesmo eu não sendo uma força de luta, caso participasse da Equipe Heróica e às vezes  curassem-los, suas experiências seriam duas vezes mais altas. E também não importava o quanto de Elixir possuíssem, era um item bastante valioso, por isso, gostariam de economizar o máximo possível. 

Portanto, eu, um não-combatente poderia ajudá-los de alguma forma.

Como resultado de um planejamento tão frio, ela me considerava como uma "fraqueza digna de existir". 

E caso não tivesse pensado nisso, provavelmente teria me matado e apostado no nascimento de um novo Herói — só pode haver 10 Heróis ao mesmo tempo.

Sabendo de tudo isso, consigo ver a sua verdadeira natureza, que é escondida atrás de um rosto belo e sorridente.

Enquanto falávamos de coisas que não tinham muita importância, a carruagem tinha chegado à capital.

Se for como eu me lembro, no prazo de alguns dias, serei ordenado a curar uma jovem dama, a Espada Santa, a espadachim mais forte do reino.

E assim que eu usar a Cura Regenerativa, descobrirei a falha fatal na minha habilidade — é nessa parte que, meu antigo eu, começa a recusar usá-la. Entretanto, a realeza depois de descobrir isso, não perdoa e começa a me drogar, no fim me tornando uma máquina de cura.

Mas, o novo eu, não é alguém que poderá ser usado; se alguém tentar me transformar em uma ferramenta, definitivamente o farei se arrepender.

Assim como a princesa está escondendo seu verdadeiro rosto através de sorrisos, colocarei a máscara de uma ovelha inofensiva sobre mim e minha vingança.



Comentários