Apenas um Sonho Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1

Capítulo 13: Presente Inesperado

Quando retornaram do shopping, Ethan voltou a sua casa para trazer Lilly de volta. Carregou pelo menos cinco sacolas de roupas, brinquedos, produtos de beleza, entre outras coisas que ela conseguiu encontrar no shopping. Mas de um certo modo, Ethan não se importou com os gastos. Essa foi a primeira vez na vida de Lilly em um shopping, então ele não estabeleceu limites para a garotinha, que agora voltava com um sorriso de orelha a orelha estampado em seu rosto. Aria não voltou junto a eles, pois tinha que guardar suas compras também. Porém, decidiu que ia levá-las para a Betrayal Lines, e no fim do dia iria levar para casa.

Passado algumas horas, a garota já tinha guardado as compras em seu dormitório, e agora estava no primeiro andar conversando com Emily, que havia acabado de chegar para encontrar sua amiga.

— Então, você perdeu um jogo inteiro só para sair com o Kim?

Ah, vai. Eu não sou a única com prioridades aqui — respondeu Aria, que estava empurrando uma escrivaninha com rodinhas para uma outra sala. Isabel Rodriguez, uma das chefonas da Betrayal, pediu para a garota levar a escrivaninha até lá, pois ela ainda tinha que cuidar de umas papeladas.

— E você perdeu o jogo inteiro e não conseguiu arrancar nem um beijo? Que encontro mesquinho.

— Para com isso Emi! Já disse que somos apenas amigos. Nem somos tão próximos assim…

— Sei — disse, soltando um resmungo.

Uma das rodinhas da escrivaninha de repente emperrou em um pequeno buraco no chão, e Emily deu uma empurrada para ajudar Aria a tirá-la dali.

— Por que diabos ela não faz as papeladas naquela outra sala?! Não é muito mais simples do que levar a própria mesa para outra?

— Deve ter algum motivo, Emi.

As duas chegaram até a sala que Isabel pediu, e Aria empurrou a escrivaninha até um canto da sala, posicionando-a cuidadosamente para não ficar torta. Emily esperou na porta, observando o movimento no corredor. Logo, Aria retornou e as duas saíram da sala.

— Inclusive, onde é que está a Emma? — perguntou Emily, com um ar de preocupação.

— Não sei… — Aria começou, mas foi interrompida por Kevin Jhonson, que esbarrou bruscamente em seu ombro, praticamente atropelando a garota pelo seu tamanho. Ele estava acompanhado por um jovem de cabelos roxos, usando óculos de lente pequena.

— É cego por acaso, Jhonson?! — rosnou Emily, cerrando os punhos.

— Fecha o bico, cachorrinha do Turner — provocou Kevin, referindo-se a Michael Turner, irmão de Emily.

— Olha como fala comigo! Seu punkzinho de…

— Já está bom, Emi — interrompeu Aria, colocando uma mão no ombro de sua amiga. — Ignora eles… são só alguns idiotas.

Kevin continuou andando, atropelando todo mundo pelo caminho. O garoto de cabelos roxos seguiu também, e as duas amigas foram para a direção contrária, indo para a escadaria que levava ao segundo andar.

— Enfim. Você não tem falado com a Emma esses dias, Aria?

— Vi ela ontem, ela parecia bem. Mas não sei… ela não está andando muito com gente mais.

— Será que aconteceu alguma coisa? — perguntou Emily, subindo o último degrau das escadas. As duas chegaram no corredor dos dormitórios, que estava bem vazio.

— Bom, podemos tentar procurar ela… Você lembra qual o dormitório que ela fica?

— Não era o do… — Emily demorou um pouco para completar a frase. — Joey…?

Os olhos de Aria arregalaram-se por um instante, e seus pelos arrepiaram só de imaginar como seria viver no mesmo ambiente que Joey, nem que fosse apenas por um curto período. Mas mesmo lembrando de quem era o colega de quarto, ela ainda não sabia qual era o dormitório dele.

— Mas estando no mesmo quarto que o Joey, acho que ela não deve ficar lá naturalmente.

— Mesmo assim, temos que conferir — disse Emily, avançando um pouco pelos corredores. Aria apressou-se para alcançá-la, e elas foram passando de porta em porta.

Levou um tempo andando até que percebessem um detalhe. Na porta de cada dormitório, havia os pontos arrecadados por aquela dupla em exibição. Uma nova ideia surgiu na mente de Aria ao notar, e ela começou a mexer em seu bracelete.

— Notou alguma coisa? — perguntou Emily.

— A pontuação nas portas! É a soma dos pontos dos dois… quantos pontos o Joey tem ao todo?

— Joey? Deixa eu conferir — ela ligou seu bracelete também, e foi direto na tabela de pontos. Joey tinha 1420 pontos no total. Já Emma, tinha apenas 840 pontos.

— Que diferença, eim? Joey não é tão ruim quanto parece.

— Tudo bem… então o dormitório deles é o de 2260 pontos. Deve ser… — Aria observou as portas à volta, e então apontou para a penúltima no fim do corredor. — Aquela ali!

As duas foram até ela em passos apressados, e se espremeram na porta para analisarem a fechadura, que não podia ser aberta a não ser que o scanner detectasse o bracelete de Joey, ou de Emma.

As duas ficaram futricando a fechadura da porta por alguns minutos, murmurando ideias para tentar abrir aquilo sem ter o acesso. Uma sombra cobriu as duas repentinamente, e elas olharam lentamente para trás. O azar estava abraçado a elas naquele dia. Tentaram invadir o dormitório bem no momento que Joey Santiego estaria voltando para o quarto.

— Precisam de alguma coisa? — perguntou, em um tom rígido, franzindo a testa, e com um olhar seco.

Ah! Jo-Joey… Nós só queríamos ver a Emma…

— Então vejam outra hora. E tira o nariz da minha porta, vão quebrar o scanner com essas narebas de tucano velho.

As duas correram da frente de Joey, e o garoto liberou o acesso à porta. Alguns segundos após ele entrar, Emma saiu correndo de dentro do dormitório, tampando o rosto com as mãos. Ela estava fungando um pouco, e aparentemente estava chorando antes.

— Emma! — exclamaram as duas ao mesmo tempo, correndo até a garota. Aria acolheu Emma em um abraço, e Emily a agarrou pelos ombros, com uma face totalmente preocupada.

— O que foi? O que ele fez com você?! — exclamou Emily, em um tom alto e furioso.

— Calma, Emi! Ela está aflita… vamos com calma.

Oh… tudo bem, desculpa. — Emily acariciou os cabelos de Emma, confortando-a também.

— O que ele te fez, Emma? — perguntou Aria, cuidadosamente acariciando sua amiga também.

— Nada…

Enquanto as duas tentavam consolar Emma, Ethan já havia chegado a Betrayal Lines. Estava em seu dormitório, mexendo no notebook de David Cohen, sobre uma mesinha de escritório. Vendo algumas informações sobre a Betrayal Lines no passado. Foi interrompido pelo som da porta sendo destravada, e David entrando, meio manco, ao quarto. Dirigiu-se até Ethan, curioso em ver o que ele pesquisava.

— O que foi, Cohen?

Hum? Vim apenas ver você, Senhor Kim!

— Estou falando de sua perna.

David olhou para sua perna manca, e então se apoiou na mesa em que o notebook estava. Sua perna inteira estava bem dolorida, e seu rosto estava um pouco inchado.

Ah… você fala disso. Foram o Santiego e o Jhonson…

— De novo? — perguntou Ethan, com os olhos focados nas informações que pesquisava.

— Mas não se preocupe com essas coisas, Senhor Kim! O que você está vendo aí?

— Coisas da Betrayal — disse, entrando em mais alguns sites. — Aparentemente, esse não é o primeiro evento que eles fizeram.

— Então eles fazem vários jogos que nem esse pelo mundo? — perguntou David, acomodando-se na cama de beliche, enquanto tirava seus calçados.

— Talvez, mas não é disso que estou falando. O evento que estamos agora… já é a terceira vez que está acontecendo. “Betrayal Lines”, exatamente nesse colégio.

— O colégio está abandonado a tanto tempo assim?

David olhou de longe as informações no site, que mostravam que o evento foi realizado em anos diferentes. Com uma distância de pelo menos 7 anos ou mais, entre um e outro.

— Acho que não. Talvez, isso não seja um colégio de verdade… Podem ter construído isso apenas para fazer esse evento, que vai se repetir continuamente.

David se deitou no colchão, abraçou seu travesseiro, e olhou fixamente para a cama de cima.

— E você acha que estão tramando alguma coisa?

— Eu não sei, Cohen. Mas talvez, eles possam ter usado os mesmo jogos em todas as sessões do evento, em ordens diferentes. E é isso que estou tentando descobrir…

Uou! Genial! Assim vamos poder prever algumas provas, se tivermos sorte!

O quarto ficou repentinamente silencioso. Ethan parou de digitar, ou buscar informações, e David parou de falar, observando a reação estranha que Ethan teve. Seus olhos estavam fixados na tela do notebook, e o garoto aparentemente havia entrado em choque total.

— O que foi, Senhor Kim?

— Isso aqui… não pode ser real… — disse Ethan, meio trêmulo. David estranhou o suficiente para se erguer da cama, com esforço, e caminhar lentamente até o notebook. Estava aberto em um site que exibia os funcionários, e toda uma hierarquia de poder entre os líderes na Betrayal.

— E o que tem de errado aí? — perguntou David. Mas tomou um susto ao ler um dos nomes na lista. Deu um passo para trás, e entendeu o porquê de Ethan estar tão assustado.

Abaixo do chefe principal, que tinha seu nome e rosto ocultados, havia uma fileira de pessoas com poder superior aos aplicadores e instrutores da Betrayal. Os administradores de tudo. Alguns estavam ocultados, e outros disponíveis no site. E um dos nomes ali presente, era “Anthony Kim”.

— Esse daí… é…

— Sim… É o meu pai.

— O que o seu pai está fazendo aí?! — perguntou David, tão assustado quando Ethan estava.

— Eu não sei… eu preciso dar uma olhada nisso melhor. De madrugada, os dormitórios são trancados e o portão também… Deve ser o momento que os administradores chegam. Eu tenho que analisar isso de perto.

— Está ficando maluco?! — exclamou David. — Quer ser expulso?!

— Eu preciso ver isso com meus próprios olhos, Cohen! — exclamou Ethan de volta, pela primeira vez elevando seu tom de voz de um modo assustado.

— Vou dar uma olhada por aqui de madrugada…

— E eu não vou deixar você fazer isso, nem sonhando!

— Cala a boca, Cohen — bravejou Ethan, desligando o notebook, e então indo até um armário, e retirando um livro de lá.

— Tenho que devolver esse livro. O prazo já está quase vencendo. Eu já volto, Cohen.

Ethan caminhou com pressa até a porta, e saiu do dormitório. David estava manco, então não conseguiu acompanhá-lo para longe. Ethan usou o livro como desculpa para se distanciar, e poder pensar sozinho enquanto caminhava até a biblioteca. Seu pai era um dos administradores da Betrayal Lines, e nunca lhe disse isso antes. Sua relação com sua família nunca foi das melhores, com exceção de sua mãe, que era a melhor pessoa que Ethan já tinha conhecido. Até que eles foram separados por Anthony, pai de Ethan.

A caminho da biblioteca, passando pelo pátio, Ethan deu de frente com Mia Cooper, que vinha sorridente e com olhos brilhantes até o garoto. Carregava uma caixinha vermelha nas mãos, que era um pouco familiar para Ethan. O garoto se recompôs de um instante para o outro, retomando sua postura padrão em frente a Mia.

— Ethan! Ethan! — exclamou ela, parando bem em frente ao garoto, e então olhando para baixo, com timidez no olhar. — Eu… trouxe um presente para você… — disse ela, erguendo a caixinha vermelha para o garoto.

Ethan franziu um pouco o olhar ao ver aquele presente, e deu um passo para trás.

— Não precisa, Cooper.

— Vamos lá! É com tanto carinho…

— Eu não preciso de… — antes que pudesse terminar, a garota empurrou a caixinha nos braços de Ethan, e ele teve que a segurar.

— Abre, vai!

Argh… tá bom.

Ethan segurou a caixinha, e a abriu. Ali dentro havia um colar prateado, com um pingente de cristal azul. Parecia bem caro, e aquele colar também era familiar para Ethan. Era o colar que ele comprou no shopping com Aria, e deu para ela. Aparentemente Mia havia xeretado as compras de Aria.

— Gostou? — perguntou ela, olhando-o por baixo.

— Sim — disse ele, seco, com um olhar de peixe morto.

Da janela do segundo andar, enquanto Emily ainda consolava Emma em um abraço, Aria pôde observar o pequeno encontro dos dois no pátio. Ficou indignada ao ver que Mia roubou o colar que ela havia comprado, só para dar ele ao Ethan.

— Desgraçada…

Ethan não perdeu mais tempo, e só seguiu em frente, quase atropelando Mia. Ela acenou em despedida, mas o garoto ignorou. Chegando a biblioteca, colocou o livro dentro de uma caixinha de devolução, e então soltou um suspiro. Várias pessoas estavam reunidas ali, Liam Bernard tentando secar a página molhada de um livro de Aaliyah escondido, pois sem querer derrubou um copo d’água em cima dele. Sarah Megan estava o ajudando, em uma mesa bem no canto da biblioteca. Aaliyah Abioye e Brittany Taylor também estavam presentes, no outro lado da biblioteca. Estavam jogando cartas de baralho.

Dentre todas essas pessoas, uma presença um pouco desagradável também prevalecia ali. Era Ryan Garcia, olhando Ethan por entre uma das estantes de livros.

— Ganhou presentinho, Kim? Foi da sua namoradinha? — caçoou Ryan, tentando persuadir Ethan. Por algum motivo, ele não gostava nada de Ethan, e nem ele de Ryan. — Agora a pergunta é… qual delas?

— De nenhuma, Ryan — respondeu, dirigindo-se para a saída da biblioteca.

— Não quer conversar hoje? Achei que gostasse de falar sobre garotas. Vive rodeado delas, afinal.

Ethan ignorou-o, e saiu da biblioteca. Sua mente estava mais focada no que aconteceria naquela noite, e também em seu pai, que misteriosamente era um dos administradores daquele lugar.

Notas:

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