Volume 1
Capítulo 18: Incidente Noturno
Às 16hrs da tarde, o jogo Cara ou Coroa chegou ao fim. Poucos foram os que conseguiram sair dali vitoriosos, com pontos somados na tabela de classificações. Estes foram; Ethan Kim, Hina Takahashi, David Cohen, Ryan Garcia e Michael Turner. Apenas estes, ganharam mil pontos adicionais.
Após subir as escadas, David corria pelos corredores até a saída do colégio. Porém, foi barrado e tropeçou em uma perna maliciosamente colocada à frente dele. Era Joey Santiego, encostado na parede ao lado, mais uma vez sabotando o pequeno David. Os óculos do garoto caíram ao chão quando ele caiu. A lente esquerda ficou com duas rachaduras cruzando a órbita da lente, mas David não teve tempo para focar nestes detalhes. Colocou o óculos no rosto de novo e saiu apressado até a saída.
Joey resmungou, sozinho, sem o Kevin ao seu lado para dar risadas do pequeno jovem. Sem seus colegas delinquentes, aquilo não tinha a menor graça. Apenas mostrava o quanto David era “patético”, mas mesmo assim, se tornou tão comum que para Joey, que sem o Kevin, se tornou um ato idiota.
— Que ridículo… — disse, virando-se para a escadaria e subindo até o segundo andar.
Fazendo o caminho de casa, Ethan Kim seguia andando pelas ruas pacíficas daquele bairro de Nova York, o bairro onde ele morava. A grama bem aparada ao lado da calçada, a estrada impecável, tinta retocada, sem lixo nas ruas e um ar purificado. Talvez aquele ambiente fosse o motivo de o garoto gostar tanto de caminhar por ali, e fazer suas rotas caminhando em vez de apenas ir com o carro de seu pai.
Ao longo da estrada, havia uma velhinha se esforçando para trazer algumas sacolas para dentro de sua loja. Estava tirando várias sacolas, aparentemente pesadas, do porta-malas de um carro preto. A idosa quase tropeçou no relevo da calçada, até que avistou Ethan se aproximando, distraído com os pássaros no céu.
— Oh, meu querido, poderia me dar uma ajudinha? — exclamou ela, de longe.
Ethan olhou para frente, e viu toda a cena. Não respondeu, mas também não recusou ajudar. Pegou algumas sacolas das mãos da idosa e começou a acompanhá-la. Entrando na loja, era uma espécie de joalheria humilde. Haviam várias vitrines de madeira escura e lisa cobertas por vidro, com cordões, anéis, pulseiras, brincos, todos apresentando jóias em suas composições.
— Estes meus ossos velhos… Hah, quando eu tinha a sua idade, atravessava esta cidade inteira três vezes e ainda me restava energia para fazer a faxina em casa!
Ethan não respondeu. Os dois fizeram o mesmo caminho de ir e voltar até o carro umas duas vezes até que pegassem as últimas sacolas. Ele a acompanhou para dentro, e deixou tudo em cima do balcão para ela.
— Muito obrigado, querido. É raro achar jovens de boa vontade como você hoje em dia… esta é a nova era, afinal. Mas não se deixe corromper por essas coisas do mundo, viu?
— Okay.
A senhora acenou em despedida, e Ethan deu um sorriso um pouco forçado à ela, e então saiu da pequena joalheria. Continuou fazendo o percurso até em casa, que já não estava tão longe. Quando chegou, foi recebido pela pequena Lilly, eufórica como de costume.
— Titio Kim! Como foi, hum? Ganhou? Ganhou?
— Ganhei.
— Ganhou!! — exclamou ela, dando pulinhos e então abraçando o tronco de Ethan. — Titia Ari também ganhou?!
— Titia Ari… ela… deve ter ganhado.
— Como assim “deve ter ganhado”? Quer dizer que ela ganhou?
— Sim.
— Yay!
Lilly saiu saltitante pela cozinha. Katherine estava fazendo uma torta de frango para o lanche quando Ethan entrou pelo corredor.
— Dia cheio, né? — perguntou ela.
— Nem tanto.
Ethan não se sentou à mesa e se dirigiu para as escadas, indo até o seu quarto.
— Ué, não vai comer?
— Estou um pouco cansado, Katherine. Deixe a Lilly comer, eu esquento um pedaço para mim depois — disse, e então subiu as escadas e foi até seu quarto. Se jogou na cama, e no mesmo momento que ele se deitou, ele adormeceu.
Perto da mesma joalheria, Kevin Johnson e Joey passavam andando. Joey parecia um pouco desanimado, e nem estava falando com seu ar de superioridade como de costume. Novamente, estava usando uma camisa regata branca, e sua blusa moletom enrolada na cintura. Suas mãos enfiadas nos bolsos da blusa amarrada na cintura.
— Se anima aí, cara. Todo mundo perdeu aquela merda, não foi só você — consolou Kevin.
— Não é isso, é que… — Kevin achou um pouco estranho o tom de voz mais contraído de Joey, e levantou uma sobrancelha. Joey, percebendo que estava parecendo fraco, voltou ao seu eu normal. — Esquece, não tô nem aí pra aquele lugar. Agora cala a boca, eu tô tentando raciocinar aqui…
— Raciocinar? Que é que deu em você, eim? — perguntou, mas logo teve sua atenção voltada para outra coisa. — Se liga naquilo ali… com certeza vai te animar.
Joey olhou para onde Kevin estava apontando. Pela vidraça da joalheria, era visível uma máscara dourada por dentro de uma das vidraças. Uma máscara que cobria apenas ao redor dos olhos.
— E o que é que tem?
— Maneiro, não? Imagina a gente andando com uma dessas…
— Daora — respondeu, e seguiu andando na frente de Kevin, que o olhou desconfiado. Joey estava agindo muito estranhamente esses dias, e isso estava incomodando Kevin.
Aria Harper e Ethan já estavam dentro do sonho. Desta vez, um cenário bem obscuro, porém, curioso. Estavam dentro da câmara que fica no interior da grande torre do relógio em Londres. Com a luz do sol iluminando pelas paredes do relógio. Ethan estava sentado em uma mesa bem escura, com Aria deitada em seu colo, olhando para o teto enquanto mexia em um polvinho de borracha.
Ethan, admirando o rosto puro de Aria, se esforçava para conter um sorriso. Naquele lugar ele podia agir naturalmente e ser ele mesmo, afinal, Aria pensava que aquilo tudo fazia parte de um sonho apenas dela, e aquele Ethan que a carregava nos braços não seria o verdadeiro.
— Eu não entendi o que ele tentou fazer hoje… não sei se ele tentou me ajudar de verdade ou…
— Ele te abandonou lá, não é.
— Sim… me disse para não deixar a Mia passar e eu tentei… mas… eu não consegui passar por tão pouco…
Ethan ficou surpreso ao ouvir aquilo, ele tinha quase certeza de que Aria teria conseguido. Pelo menos, ela não deixou que Mia conseguisse, mas no fim não mudou nada se Aria também não conseguiu.
— Ninguém sabe o que passa na cabeça dele, mas talvez não sejam coisas ruins. Se ele realmente quisesse te prejudicar, faria isso desde o começo, não é?
— É… faria, eu acho…
— Não precisa ficar assim… — Ethan começou a acariciar os cabelos negros e macios da garota. — Acho que ele só queria te ajudar.
— Sabe, com um segundo Ethan falando isso para mim, realmente é reconfortante, haha…
— Acho que você tem que se aproximar mais dele. Mas não no meio dos jogos ou na Betrayal Lines, pode acabar atrapalhando vocês dois. Devem ter muitas pessoas que não são de se confiar por lá, acho que ele não vai querer você em cima dele o tempo todo em um ambiente desses.
— Você… você tem razão. Mas aquela vez foi ele quem quis que eu…
— Deve ter algum motivo, como eu disse, talvez ele só queria te ajudar.
— Mas por que atrasar a Mia? — perguntou ela, dando ao Ethan “imaginário” um olhar melancólico.
— Não sei. Não sabemos o que passa na cabeça dele, não é? Mas provavelmente ele não queria ajudar ela de qualquer forma.
— Você tem razão! — Aria se levantou e abraçou Ethan com força. — Ei… pode dizer aquilo de novo? É… especial para mim.
O corpo de Ethan arrepiou quando ela disse. Ele sabia exatamente do que ela estava falando, e a frase “especial para mim” fez o coração frio do jovem palpitar bem rápido. Ele ficou levemente emocionado com aquele momento.
— Eu… te amo, Aria.
Ela deu um sorriso verdadeiro e puro nos braços dele. Mas antes que pudesse responder “eu também”, um deles acordou repentinamente. E foi Ethan, com Lilly se jogando em cima da barriga do jovem, animada.
— Titio Kim! Já são 19hrs da noite e você ainda não comeu seu pedaço da torta!
— 19hrs…?
— Sim! Anda, vai comer!
— Certo…
Ethan desceu as escadas até a cozinha novamente, tirou um pedaço da torta que estava em um pote, colocou em um prato e pôs para esquentar no micro-ondas.
Aria também acordou, assustada. Seu sorriso desapareceu quando aquele momento terminou. Ela tentou dormir de novo, fechou os olhos, se revirou na cama, mas nada acontecia. Ela não conseguia cair no sono se Ethan não estivesse tentando também. Ela ficou um pouco triste, pois aqueles sonhos significavam muito para ela. Olhou as horas, estava bem tarde, mas nem tanto. Decidiu fazer algo inusitado; ir até a casa de Ethan para poder vê-lo novamente. Correu até a cozinha vestindo seu moletom branco, e deu um tchau bem apressado à sua mãe, explicando com poucas palavras que ia na casa de uma amiga.
Não demorou muitos minutos até que Aria chegasse no bairro em que Ethan morava. Porém, ao mesmo tempo que ela vinha chegando, Ethan vinha saindo de casa. Iria caminhar pela cidade à noite, pois estava entediado. Aria não o encontrou no caminho, e quando ela chegou à porta da casa dele, ele já estava um pouco longe dali. Tocou a campainha, e Katherine a recebeu.
— Olha, que surpresa! — exclamou Katherine, abrindo mais a porta para ela entrar.
— Oie! Quero ver o Ethan, ele está?
— Na verdade não, saiu faz alguns minutos.
— Oh! Sério?
— Sim. Mas ele não vai demorar, logo deve estar voltando. Você pode esperar aqui, se quiser.
— Eu adoraria!
Aria entrou na casa e foi recebida também por Lilly, que saltitava à sua frente.
— Titia Ari! Você também ganhou, não foi?! — exclamou, com a mesma euforia de antes.
— Eu… hum… sim, ganhei sim.
— Yay! Titio Kim também!
— Hum… que legal…
Katherine passou por elas e acariciou a cabeça das duas com duas palmadinhas, e então retornou para a cozinha.
— Fiz uma tortinha de frango, se quiser, Aria.
— Oh, não, depois eu como em casa…
Aria e Lilly logo subiram até o segundo andar, para o quarto de Ethan. Lilly começou a mostrar para ela várias coisas que tinha adquirido naquele meio tempo, e alguns desenhos que havia feito também. Mas uma coisa que ainda a intrigava sempre que chegava ao quarto de Ethan, era aquele quadro em cima da cabeceira da cama. Uma pintura que retratava a face perfeita de Aria, sorridente, correndo sobre a água com uma árvore de cerejeira ao fundo. Era exatamente a cena de um de seus sonhos que teve com Ethan.
— Desde quando… ele tem esse quadro aqui? — perguntou Aria.
— Hum? Isso aí? Desde sempre!
— Desde sempre?! Mas como…
— Lilly não sabe! — exclamou Lilly. — Quando Lilly chegou, titio Kim já tinha este quadro aí.
Aria ficou sem palavras, ainda analisando cada detalhe daquela pintura quase perfeita, e como o retrato daquele sonho era praticamente perfeito. Será que o Ethan de seus sonhos não fosse apenas imaginação?
Ethan continuava a caminhar pelas estradas de Nova York, sozinho, pacificamente. As ruas estavam bem movimentadas, bastante jovens caminhando por aí juntos pelos shoppings, indo à eventos, entre outras coisas. Porém, enquanto andava e sentia a energia da cidade, olhou pela vidraça de uma sorveteria e viu David sentado à uma mesa. Estava com seu notebook, tomando um milkshake também. Ethan empurrou a porta da entrada e se sentou bem à frente de David na mesma mesa.
— Senhor Kim! Você por aqui, que surpresa!
— O que está vendo, Cohen?
— Nada demais, só passando o tempo aqui e vendo umas notícias. Inclusive, eu consegui passar o Cara ou Coroa! Foi bem no final… mas eu consegui…
— Ótimo, está evoluindo. Eu te disse que não precisávamos daquela coisa, não disse? — disse Ethan, mas o pendrive que usou para trapacear ainda estava em seus bolsos.
— Você tem razão! Eu devo confiar mais no meu potencial…
Logo, Ethan notou as rachaduras na lente esquerda do óculos de David.
— Santiego de novo, não foi?
— O-oh! Não se preocupe, não foi nada demais.
— Você tem que deixar de ser tão patético às vezes.
As palavras de Ethan acertaram fundo em David, mas ele sabia que tinha que tentar mudar aquela situação, mas ao mesmo tempo não fazia a menor ideia de como. Pedir ajuda ao Ethan não iria funcionar, pois ele sabia que ele não iria ajudar por conta própria a não ser que David pedisse para ele fazer algo em específico. Ethan era inteligente, tinha a situação dos dois na palma da mão e não iria resolver os problemas de David apenas porque ele tem dificuldade.
De repente, mais uma pessoa se juntou à eles. Era Sarah Megan, nova amiga de David. Ela se sentou ao lado dele, acenando com uma mão. Ethan achou um pouco estranho de início.
— Ah, oi, Sarah! Como foi o Cara ou Coroa?
— Bem mal… sabe, aquela prova não fazia sentido nenhum. Não acredito que realmente colocaram uma prova que só tem a ver com sorte…
— Na verdade, não era bem assim que funcionava… eu consegui passar, não tinha nada a ver com sorte.
— Sério?! Você foi um dos que conseguiu? Incrível! Como funcionava então?
— Se eu for te explicar, vai ser bem complicado.
Os dois continuaram conversando por um tempo, e Ethan ficou observando. Cruzou os braços, soltou um leve resmungo, e então começou a observar o teto da sorveteria, entediado.
Em um ferro-velho, um pouco distante da cidade, Joey, Kevin, e mais um garoto estavam juntos fazendo baderna. Uma caixa de som com música pesada bem alta tocando na janela de uma das cabines, enquanto Kevin batia na carcaça de alguns carros velhos com seu porrete, entortando a estrutura de alguns.
Joey estava encostado na cabine de controle ao lado da caixinha de som, parado, desanimado. O outro jovem se aproximou dele, parecia meio embriagado. Colocou uma mão no ombro de Joey, que logo empurrou a mão dele para fora.
— Qual é, Joey, preocupado com a namorada? Sai dessa… eu também já lidei com várias… É tenso quando tu pega ela com outro, bem no meio do ato… — disse, e então começou a gargalhar sozinho, tendo que se apoiar na parede da cabine ao lado de Joey.
O jovem tinha cabelos pretos, longos, e uma barba que precisava ser feita. Estava vestindo uma jaqueta de couro marrom, de calças jeans bem apertadas, com uma camisa preta sem estampa por baixo da jaqueta.
— Cala a boca, Brad, você não sabe de nada.
— Aí — exclamou Kevin. — Bora vazar. Não tem mais nada para fazer aqui.
— Ae Kevin… Joey tá bem tristinho hoje, que é que você fez?
— Sei lá, mas sei o que vai deixar ele animado. Se liga, vamos pegar o carro do meu pai.
Kevin e Brad começaram a caminhar para fora do ferro-velho. Joey se apressou para alcançá-los, um pouco preocupado com o que Kevin quis dizer.
— O que vocês vão fazer?
— Cê vai ver…
Andaram bastante até que chegassem a casa de Kevin. Entrando na sala, tinha um forte cheiro de cigarro por toda parte, e com um ambiente meio esfumaçado, que ardia os olhos. Joey tossiu, e então se recompôs. O pai de Kevin, um gordo, com cabelos faltando, estava sentado em frente à televisão com algumas bebidas na mesa e fumando um cigarro.
— Vou pegar o carro, pai — avisou Kevin, atravessando a sala e indo até a garagem.
— Baladinha agora, é? — berrou o pai, embriagado também. — Tenta voltar antes de amanhecer. E não faz merda com o meu carro, seus otários.
— Já sei, pai — exclamou Kevin, da garagem. Brad e Joey chegaram em seguida.
— E inclusive… — o pai de Kevin apareceu na porta da garagem. — Não vai… ahm… não vai… — ele estava bem tonto. — Ah, foda-se, faz o que tu quiser.
No meio da estrada, Kevin dirigia. Joey não tinha certeza se ele tinha carteira de motorista, mas provavelmente não tinha. Kevin já tinha seus dezenove anos, então poderia tirar uma se quisesse, mas provavelmente era preguiçoso demais para isso. Até porque, estava dirigindo embriagado. Ele e Joey estavam nos bancos da frente, e Brad nos de trás, cantarolando junto com a música na caixa de som.
— Bebe um pouco aí, esquecer as mágoas — disse Kevin, dando uma garrafa ao Joey. Ele hesitou por um momento, mas então pegou a garrafa. Virou um pouco da bebida na boca, mas em vez de engolir, deixou o líquido voltar para a garrafa quando desceu. Joey não queria ficar como eles daqui alguns minutos.
Não demorou muito para que Kevin parasse o carro em frente a joalheria do bairro de Ethan. Ele e Brad saíram do carro, e Joey saiu em seguida.
— Vocês vieram fazer o que aqui?
— Pegar a máscara para você, otário. Bora, Kevin — disse Brad, se aproximando da entrada da joalheria. A máscara de ouro já era visível dali. — Bem bonitinha, hein… Kevin tem um bom olho.
Kevin e Joey foram até as laterais da loja, e Kevin achou uma passagem de ventilação fechada. Pegou um pé de cabra, e tentou arrancar a grade da ventilação à força.
— Você não vai conseguir tirar isso daí — disse Joey, observando, começando a ficar meio preocupado com tudo aquilo.
— Fecha o bico, se não vai ajudar.
Ethan e David vinham chegando nas ruas vazias. David tinha decidido que iria dormir na casa de Ethan, dando a desculpa de que sua casa era bem longe e que não iria andar tudo aquilo, mas Ethan já sabia que David queria apenas ficar mais tempo com ele.
Os dois avistaram a cena adiante, e se esconderam entre os arbustos para não serem vistos.
— Que merda eles estão fazendo ali? — sussurrou David.
— Provavelmente um assalto.
— Tinha que ser o Joey e aquela turminha de canalhas…
— Filma — mandou Ethan, e David puxou a câmera que sempre estava presa ao seu pescoço.
De repente, o alarme da joalheria disparou. Kevin e Joey tomaram um susto. O alarme foi acompanhado pelo som de vidro sendo estilhaçado.
— Nem fodendo… Brad! — exclamou Joey, com raiva na voz.
Ele e Kevin correram para a fachada da loja, e viram que Brad arrombou a vidraça com um porrete. Saiu pegando várias jóias, pulseiras, colares, até que chegou na máscara. Joey ficou indignado e paralisado ao mesmo tempo, e Kevin ficou gritando para ele ir rápido. Brad saiu correndo de dentro da joalheria com tudo nos braços, e jogou tudo para dentro do carro pela janela. A velhinha, dona da joalheria, saiu às pressas do fundo, berrando para que eles parassem com o que estavam fazendo. Kevin entrou dentro do carro, e Joey se afastou lentamente de todos. Ele não queria fazer parte daquilo.
Kevin acelerou o carro, e a velhinha correu. Largou tudo que estava segurando para trás, e se apressou para tentar parar o carro. Ficou batendo no vidro, gritando para eles pararem o carro. Ele ainda estava meio lento, e foi suficiente para ela entrar na frente do carro. Kevin não teve piedade e nem dava mais tempo de parar. O carro passou por cima da idosa, o sangue voou e sujou os pneus, mas o carro ficou enguiçado em cima dos quadris da idosa pois não tinha velocidade o suficiente para passar direto.
— Corre, lata-velha! Corre! — gritava Kevin, batendo no volante do carro com fúria. O pneu continuou forçando-se contra o quadril da idosa, quebrando completamente os ossos dela. Já era tarde demais, e pela idade da senhora, provavelmente ela já estava condenada, se não tivesse morrido ainda.
Ethan tirou uma foto do corpo embaixo do carro com o celular, e então tirou mais uma foto que capturava a cena inteira. O carro, a vidraça arrombada, a idosa morta, e Joey ao fundo, com cara de espanto.
Logo, os dois, David e Ethan saíram dos arbustos e correram até Joey. Ele ficou mais surpreso ainda, e não teve reação nenhuma.
— Corre, anda! Foge daqui! — exclamou David.
— Não quer que eles te confundam e te envolvam nisso, né? — gritou Ethan, segurando o braço de Joey. Ele não teve escolhas, e teve que fugir com os dois garotos, deixando Kevin e o carro para trás.
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