Volume 2

Capítulo 134: Desafio Electi

A líder conjura três lanças de fogo e mira nos três.

– Morram!

Ao mesmo tempo o traidor conjura algo contra o Izan velho, que fica paralisado com toda a situação, a Izan mulher corre para perto de Izan e de Kyran, as ações de todos acontecem muito rápido e simultaneamente.

Kyran usa sua energia e a fé em suas ações contra os seus inimigos, a lança direcionada a Izan mulher é aparada pelo escudo que Kyran arremessa, a lança desaparece e o escudo é desintegrado no ar.

A lança direcionada a Kyran desaparece ao desintegrar a aljava e a balestra que Kyran joga para se defender, a lança direcionada ao velho Izan desintegra a maça de guerra de Kyran e desaparece.

O selo de fé colocado por Kyran no cetro de prata depois de ter matado o traidor anteriormente faz com que a magia ricocheteie, o cetro explode e joga o traidor longe, que bate as costas na parede caindo inconsciente no chão.

Kyran é pego de surpresa com outra lança de fogo lançada pela líder, por impulso ele se coloca na frente do Izan velho que é o alvo dela, a lança atravessa seu corpo e desaparece, Kyran sente uma grande dor, mas que passa em segundos.

Ele olha para seu peito e vê que está usando uma armadura corporal dourada, a armadura tem chamas entalhadas em alto relevo, Kyran fica admirado e diz surpreso:

– A amadura do Electi do Fogo!

A líder demostra raiva e ataca outras lanças em Kyran, todas elas apagam quando encostam na armadura dele, ela grita e desaparece com tudo ao redor:

– Depois de décadas eu fui superada!

Kyran se aproxima do Izan velho e estende a sua mão para que a mulher Izan a segure com medo de que eles sejam pegos por outra armadilha e afaste os dois novamente dele,, ela pega na mão de Kyran e agradece feliz;

– Parabéns guerreiro de fé, você prova a honra, a classe e os seus.

– Izan?

Ela desaparece deixando um anel no dedo de Kyran, tudo ao redor se distorce, se rompe e desaparece, deixando um vento forte que eleva Kyran e Izan ao ar, os dois são envolvidos por chamas que não os queima, mas os teleportam.

Os dois aparecem em pé dentro de um templo muito grande como se fosse um templo de Dionamuh-M, com vários pilares grossos e bem entalhados, braceiros grandes, acesos e com o mesmo alto relevo da armadura Electi, janelas pelas laterais e um altar que chama a atenção de Kyran.

– O último desafio.

Izan admira o lugar e questiona:

– Ainda não acabou?

– Não... Ali, olhe!

Um bastão em chamas está entre eles e o altar, Kyran olha atentamente e informa Izan:

– Aquilo vai me levar até o Electi, assim termino essa missão.

– Terminaremos, juntos.

– Não, o senhor já fez muito, está na hora de ir.

Kyran pega na mão de Izan e coloca o anel que a mulher Izan deixou antes de ir embora, o velho Izan estranha e questiona:

– Como assim? O que é isso?

– Esse é um anel mágico, um anel de retorno. Eu vou ativá-lo e o senhor estará livre.

– Não! E você?

– Eu vou fazer o último teste e sair.

– E se não conseguir?

– Então lamentarei.

– Mas a sua vida e seu objetivo são maiores que o meu.

Kyran junta as mãos de Izan e as beija, como se pedisse a benção dele e diz:

– Um antigo mestre de Pando me ensinou que todas as vidas e objetivos são importantes e que não devemos nos colocar acima de ninguém.

– “O Desejo de Deus”?!

– Sim e sempre.

– Mas...

Antes de debater Izan é teleportado para fora da Magia Electi pelo anel que Kyran ativa.

– Sua liberdade já é uma vitória para mim Izan, espero vê-lo em breve.

Depois de Izan desaparecer Kyran ouve uma voz grossa que sai do bastão em chamas.

– Que bela cena, mas não pense que por isso eu não o tratarei como o invasor que é.

– Não, não fiz isso para me mostrar para ninguém.

– Mas é claro, o esperado de um guerreiro de fé, Kyran integrante do Kabedon, exército de elite da Floresta de Pando.

Kyran fica surpreso pela afirmação e antes de questionar a voz responde:

– Eu sei... Claro que eu saberia, eu sou o Electi que você veio ver, mas isso não muda nada. Prepare-se descendente de Ivo, para enfrentar o último desafio.

– Último já?

– Gosto do seu humor.

Um Guerreiro Caos de um chifre surge à frente de Kyran e corre para atacá-lo, Kyran se prepara e pede:

– Um martelo de guerra!

Um martelo de duas mãos surge em suas mãos, o martelo possui os mesmo traços da armadura Electi que Kyran está usando, com um único golpe Kyran destrói o Guerreiro Caos que vira pó, Kyran se afasta e se prepara.

– Eu sei que tem mais.

O pó se comprime formando outro Guerreiro Caos com dois chifres e com a armadura mais grossa e com um machado pequeno, Kyran apara o golpe do machado e contra– ataca destruindo novamente o Guerreiros Caos, depois do inimigo virar uma nuvem de pó, Kyran se afasta e desanima.

– Já sei onde isso vai dar.

Novamente o Guerreiro Caos se forma, mais forte, mais resistente, com uma arma maior e com mais um chifre.

Kyran o enfrenta, ele defende dois golpes e destrói o Guerreiro em seguida. Kyran tenta interceptar o ressurgimento de outro Guerreiro Caos, mas não consegue, o Guerreiro com quatro chifres ataca, Kyran deixa ser acertado em um ponto forte em sua armadura e o destrói em seguida com três golpes seguidos sem deixar o Caos reagir.

No próximo ressurgimento o Guerreiro surpreende Kyran desaparecendo e aparecendo atrás dele, um golpe forte deixa Kyran tonto dando chance de acertá-lo mais duas vezes, Kyran contra-ataca, mesmo debilitado ele destrói o Guerreiro com dois golpes certeiros no elmo arrancando-o do corpo da armadura, o elmo no chão desaparece, a armadura cresce e forma outro elmo com seis chifres.

Kyran se recompõem e fica atento a luta, ele energiza seu martelo fazendo uma luz forte emanar dele atrapalhando o guerreiro caos por segundos, segundos que ele usa para dar uma sequência de seis golpes destruindo seu inimigo, a fumaça se afasta e desaparece.

Ele é surpreendido em seguida, o Guerreiro Caos de sete chifres surge à sua esquerda e o ataca, Kyran é acertado em cheio pelo primeiro golpe, mas consegue aparar os outros cinco, em uma brecha ele destrói o Guerreiro com um golpe em um ponto específico no tronco da armadura do inimigo.

– Descobri como achar seu ponto fraco, nunca imaginei que usaria tudo o que aprendi em Pando em um único dia.

Depois de um urro surge o Guerreiro Caos com oito chifres, o machado dele é maior que o martelo de Kyran, que se surpreende.

– O ponto fraco agora é mais forte que o meu ponto forte... Vamos mais uma vez.

Kyran respira fundo e se aproxima, eles se atacam mantendo a luta equilibrada, até que em um momento eles decidem fazer um ataque total sem se defenderem dos golpes, os dois são jogados para trás, Kyran cai e logo se levanta e se depara com o Guerreiro com nove chifres e comenta baixo:

– Impossível, como eu estou enfrentando um ser tão poderoso e sozinho...

Kyran olha ao redor pensando se não há outra forma de ganhar ou se o objetivo da luta é outro além de lutar.

– Cada vez que eu o destruo ele volta mais forte, não há como vencer...

Kyran se lembra de seus treinamentos e vê que não se esqueceu de nada, ele analisa tudo e tem certeza de que não deixou escapar nada.

– A Magia Electi. Tem algo nela que eu ainda não sei.

O Guerreiro Caos se aproxima e faz Kyran ficar recuado, seus golpes são definitivamente mais fortes e precisos do que os de Kyran, que não consegue ferir seu inimigo, com um pouco de esforço o Guerreiro Caos desarma Kyran e com um golpe forte no tronco faz a armadura Electi que ele está usando desaparecer por magia, deixando-o preocupado.

– A armadura? Como?

Kyran corre e foge e se esquiva dos outros golpes do Guerreiro e corre até alcançar o seu martelo, ao recuperá-lo ele pede baixo:

– Meu Deus... Dê-me forças, me dê a vitória!

O Guerreiro Caos dá um golpe total como uma guilhotina, Kyran se esquiva, a lâmina do machado desce cravando e rachando o chão, Kyran acha um ponto fraco e ataca o Caos com o martelo, a armadura toda vira pó junto com o martelo, Kyran se afasta e fica preocupado.

– Acabou... Não vou conseguir derrotar o de dez chifres...

A voz do Electi volta a falar com Kyran enquanto a nuvem negra pega o bastão de fogo e sobe ao altar, formando uma figura humanoide e do tamanho de um homem alto:

– Eu gostei desse último golpe, você pediu a ajuda do Criador, mas desde o início da batalha você estava se energizando para um golpe poderoso... Por que chamar Deus mesmo sabendo que daria certo?

– Nada dá certo sem a vontade e o amor e Deus.

– Verdade... Pergunta tola para um Guerreiro de Fé.

– Nem todos que se digam da fé têm realmente fé.

– Vejo que você é um ser com muita fé, não?

– Sim.

– Eu pensei em negociar, deixá-lo ir em troca do ato que fez com aquele velho, mas você recusaria.

– Vejo que você é mesmo um Electi, sabe exatamente o que vou fazer.

Uma chama envolve o corpo de Kyran, a chama restaura toda sua energia, cura todas as suas feridas e faz seu martelo voltar a suas mãos, ele fica surpreso e o Electi que já está com seu corpo formando no altar, diz:

– Use o mesmo golpe comigo, quero ver sua força.

– Não ouso atacar um Electi, eu vim pra lhe fazer um pedido.

– Ataque!

Kyran observa atentamente, mas não vê com clareza o Electi, ele vê um vulto, uma silhueta preta no alto do altar segurando o cajado que emana um calor intenso, então Kyran corre, sua velocidade fica sobre-humana surpreendendo-o, ele sente sua força no auge e decide usar tudo que tem e atacar como foi pedido:

– Prepare-se!

Kyran salta e acerta o Electi que apara o martelo com a palma de uma das mãos, o impacto de seu golpe faz uma onda de energia que apaga os braseiros e empurra o pó preto do Guerreiro Caos, que ainda circulava no altar, revelando o Electi. Kyran fica espantado pela revelação do Electi.

– Izan? O velho Izan?

– Meu jovem Kyran, é com orgulho que o parabenizo por chegar tão longe.

O martelo desparece e Izan cumprimenta Kyran.

– Eu sou Izan, Electi regente de Et Affectio, mais conhecida como a ilha do fogo.

– Electi?

– Golpe forte esse, até marcou minha mão, você superou qualquer expectativa.

Kyran ainda está perplexo sem saber como iniciar a conversa, Izan sorri e diz:

– Estou surpreso, você foi treinado para tudo que eu coloquei em minha magia, sempre sabendo onde e como agir... Essa magia o beneficia ocultamente por cada ato honroso e bem sucedido, lhe dando vantagem no decorrer da “aventura”, por isso que você conseguiu enfrentar um Guerreiro Caos de nove chifres, e agora acredito que você conseguiria enfrentar um de dez, nunca vi um guerreiro de fé com tanta fé e determinação como você, você está de parabéns.

– Obrigado.

– Um descendente de Ivo... Aquele esnobe soube mesmo criar um exército poderoso.

– Ele dizia que eu criaria a classe “Guardião de Fé”.

– Posso afirmar que criou sim.

– Um momento, o senhor conheceu meu mestre?

– Sim, mas não sei dizer se acrescento “infelizmente” ou “felizmente”.

Izan ri dando gargalhadas e Kyran se sente mais leve por sentir que acabou o teste.

– Então o senhor vai me dar a “chave”?

– Sim... Mas ainda falta um desafio.

– Outro?

– Sim, mas não se preocupe, não será nada de mais, permita-me.

Izan estende a mão pedindo a mão de Kyran, Izan respira fundo e pede;

– Peço sua permissão para ver o seu coração, todo o tempo que passei com você eu pude sentir um amor forte que o motiva além do amor de Deus, permita-me ver?

Kyran fica envergonhado com o pedido inusitado do Electi.

– Mas senhor... Eu sou...

– Descendente de Ivo?

– Sim...

– Eu sei disso, isso não interfere, pedi para ver o amor que o motiva, não quem ou que é... Se é algo que lhe faz bem então eu quero ver como é isso.

– Entendi... Pode sim.

As chamas dos braseiros do salão ascendem uma chama branca, que fica colorida parecendo um arco-íris, Kyran sente um calor emanando de seu corpo, principalmente da região de seu peito, Izan demostra felicidade e diz:

– Você já veio a ilha de Et Affectio, na verdade você já foi nas dez ilhas dos Electi.

– Sim.

– Esplêndido, realmente admirável.

As chamas voltam para a sua cor comum, Izan solta a mão de Kyran e continua a conversa;

– Meu teste é considerado um dos mais difíceis entre os dez, mas coincidentemente o mais qualificado foi enviado para passar por ele, confesso que estou surpreso.

– Não diria qualificado, foi um “teste” intenso.

– Você acredita que outra pessoa do seu grupo passaria com a mesma excelência que você?

– Bem... Sim, acredito que sim.

Kyran pensa em Onurb e em como ele agiria e reagiria nas situações em que passou, quando entrasse no teste ele seria picado pelas cobras, seria enganado pelo traidor, abandonaria os Izan por achar muito suspeito os três terem o mesmo nome.

Demoraria horas para descobrir os enigmas para passar de uma sala para a outra, teria fugido dos monstros errantes, desistido ao ver os demônios de pedra, e seria seduzido facilmente pelo desejo carnal dos Aurem encantados além de reclamar de tudo e de todos.

Kyran imagina cada situação e ri, deixando Izan mais satisfeito com todo o teste.

– Viu? Você é ser fantástico.

– Obrigado, o senhor também, não consegui detectar o senhor em nenhum momento.

– Claro, eu ocultei isso.

– Eu suspeitei quando o senhor pegou aquela espada na mesa.

– Verdade, nessa hora eu queria lutar, depois que peguei percebi meu erro e recuei.

– Muito bom, foi muito engenhoso.

– Obrigado, mas antes de você ir deixe eu lhe fazer uma oferta.

– Oferta?

– Desculpe a minha ousadia, mas vejo que esse grande amor não é devidamente correspondido, não que alguém tenha culpa disso, sei que ele não é um descendente como você e, portanto, ele não terá como retribuir.

– Sim, infelizmente essa é a realidade.

– Então pense na minha oferta, depois de completar sua missão venha para Et Affectio, seus ensinamentos, tanto de corpo, mente e principalmente alma ajudaria muito o meu povo.

– Viver na ilha?

– Sim, será como um mestre que irá orientar outros, eu sei que isso ajudaria na missão que Musou passou para alguns de vocês.

– O senhor não se incomoda com isso?

– Não, sei que o plano dele tem fins ótimos para todos, eu comentei de uma forma infeliz sobre seu antigo mestre, mas ele é ocultamente admirado por todos os seres imortais.

Kyran fica pensativo, lembrando-se de algumas conversas antigas e treinamentos que teve na época que vivia em Pando e acrescenta falando baixo:

– E mortais também.

Izan abraça Kyran e se despede:

– Pense em minha oferta de trabalho, será uma honra ter você como um dos meus mestres para guiar outros.

– Obrigado, eu irei pensar com a devida dedicação.

– Perfeito... Guerreiro de fé e Guardião... Até mais ver “Guardião de Fé”.

Em um piscar de olhos Kyran se vê fora da Magia Electi.



Comentários