Volume 2

Capítulo 96: Jahrestag

Ray desmaia e fica nesse estado por um bom tempo, quando ele acorda se vê amarrado e amordaçado dentro de uma carruagem, ele se debate e analisa que a mordaça e as cordas estão frouxas e que ele está bem vestido, limpo e arrumado, antes de continuar com as suas suspeitas a carruagem explode ao seu redor sem atingi-lo e sem lhe nenhum causar dano.

Ao redor Ray se vê na cidade de Joan dentro de Libryans, uma multidão o vê e começam a comemorar, Maxmilliam aparece um pouco distante e com magia faz as cordas se soltarem de Ray deixando-o confuso, ele fica em posição de luta e conjura uma esfera de fogo com a mão.

– O que houve?

Erèm aparece atrás de Ray e o acalma, apagando o fogo das mãos do afilhado com a sua energia:

– Ray, está tudo bem, olhe ao redor, você conhece as pessoas que estão aqui.

Na primeira fila da multidão estão todos do grupo Koètuz, todos também estão limpos, arrumados e bem vestidos, com exceção de Onurb que está bem vestido, mas com um dos olhos roxo de pancada, todos se aproximam e Erèm questiona Ray:

– Não imagina o que seja isso?

– Uma comemoração? Conseguimos a paz na reunião dos reinos?

Todos já estão perto de Ray e Maxmilliam responde.

– Não Ray, hoje é trinta de fevereiro, seu aniversário!

Ray fica surpreso e toda a multidão inicia a celebração, todos começam a beber, a comer e a dançar, a festa tem muita música, uma linda decoração e muita animação, parecendo a festa de fim de ano, tendo até alguns magos usando seus poderes para iluminar o céu da cidade, Ray olha ao redor e questiona surpreso, ainda querendo entender o que houve:

– Mas é noite! Hoje é vinte e nove.

Jhon se aproxima e responde:

– Não Ray, a bebida que eu te dei ontem à noite o fez dormir até agora, eu a fiz para dar tempo de todos aprontarem a festa sem que você perceba.

Ray ri e comenta:

– Precisava de tanto? Todos estavam nisso?

Erèm abraça Ray colocando seu braço por volta de seu ombro e o responde.

– Não, seus mais chegados foram alvos da nossa “brincadeira” também.

Onurb reclama baixo:

– Eu não sou chegado de ninguém aqui, e foi uma péssima brincadeira.

Ray fica alegre pela surpresa e pergunta:

– Então eu não fui o único enganado?

Alexia, Doug e Baltazar riem e Erèm diz:

– Não, eu cheguei ontem à tarde, mas quis fazer uma surpresa e ver se minha estratégia de captura ainda estava boa.

Ray olha para Jhon desconfiado.

– Você me traiu?

Jhon se explica um pouco envergonhado:

– Não! Não pense assim, eu agradeci por confiar em mim, mas tive que seguir ordens, afinal, a rainha que me deu a missão.

– Sei, não bebo mais nada que você me der... Mas e os outros? Padrinho?

Erèm responde:

– Ele é muito chato, ele sentiu minha presença quando entrei em Libryans, eu mesmo fui contê-lo, mas ele já havia se preparado então não foi pego como eu gostaria.

Ray olha para Maxmilliam orgulhoso e continua perguntando:

– Anirak?

– Ela foi difícil, ela detectou algo na bebida e na comida dela e reagiu, mas foi contida depois de alguns esforços.

– Baltazar?

– Na verdade eu não sei se ele dormiu normalmente ou foi o efeito da comida alterada.

Baltazar ri e comenta:

– O que posso fazer? A comida estava ótima... Ela é minha fraqueza.

Ray ri e continua perguntando.

– Alexia?

– Ela correu, mas infelizmente escorregou na escada, bateu a cabeça e desmaiou, foi pega em seguida, mas foi medicada e teve uma ótima recuperação.

Alexia fica sem graça e comenta:

– Fraqueza, faz parte...

– E Onurb?

Erèm olha para Onurb que está bravo e ri respondendo Ray:

– Esse foi bem complicado, ele atacou a camareira que não sabia de nada, jogou ela pela janela e correu atacando todos que via pela frente, ele fez tudo isso pelado com uma adaga na mão e outra na boca.

Ray fica surpreso e todos olham para Onurb que tenta se defender dizendo:

– Foi essa bebida estranha, achei que era um sonho.

– Você anda nu nos seus sonhos?

– Às vezes.

– Mas... E a camareira?

– Por sorte ele estava no térreo, mas quebrou uma boa janela... Descobrimos depois que Onurb tem resistência contra essa poção do sono, por isso ele acordou e ficou com uma pequena sonolência.

– E o olho roxo?

– Peter tinha uma indiferença com Onurb e aproveitou isso para “acalmá-lo”.

Onurb reclama:

– Ideia horrível, detestei tudo isso, poderia ter dopado só Ray, a festa é só dele mesmo.

Erèm se aproxima de Onurb e diz com muita empatia e carinho:

– Sim Onurb, mas a celebração é para todos e vocês sendo do grupo dele merecem ser homenageados também, me desculpem todos pela brincadeira, não tinha más intenções... Por favor, agora vão se divertir, amanhã começaremos um novo mês e preciso ter uma reunião com vocês.

Ray se anima:

– O grupo Koètuz terá uma nova missão?

– Digamos que sim, mas nada tão grande ou perigoso.

Onurb se anima com a resposta.

– Gostei, missões não perigosas me alegram.

– Finamente algo que anima esse homem, agora até eu estou feliz... Vamos celebrar!

Todos se animam e gritam ganhando apoio da multidão que já festejam, enquanto isso Ray recebe vários abraços.

– Ao Ray! Ao Koètuz! A Libryans!

A festa fica animada levando todos pra folia para dançar, cantar, comer e beber, a noite passa rápida e de forma tranquila, o tempo fresco ajuda a deixar a festa boa e acolhedora, todos retornam tarde e dormem até o amanhecer do dia seguinte.

Todos acordam um pouco mais tarde, se arrumam, comem e se preparam para a reunião com Erèm que já os esperam na sala real, todos encontram com Rosanne e Peter que os conduzem até a sala da rainha, todos se ajeitam à frente de Erèm que inicia a reunião.

 

– Meus fiéis amigos, agradeço novamente por virem ao meu chamado, sei que vocês tem algumas perguntas e já irei direto a elas, o grupo maior que veio comigo ontem são refugiados, quando retornei da reunião eu já tinha a informação de suspeitas e voltei com reforços para averiguar, fui e me encontrei com um grupo grande de presos, escravos e até soldados que estavam contra sua própria vontade no Império de Cristal, acredito que seja uma batalha interna e que podemos tirar proveito dela... Referente a reunião, as notícias não foram muito boas, mas não chegam a ser ruins, a pressão e a intimidação de Xarles em cima de outros reinos ainda é forte, então consegui poucos aliados para a causa. Cassios de Copus Lithy e Nycollas de Coniuro vão nos ajudar, eu já imaginava, eles são mais conscientes que os outros e têm um senso de justiça e de união mais apurados, a cidade de Barbara já está armada e posicionada para conter qualquer ação do Império, o clã Sulzi foi uma decepção, são facilmente manipulados, não os culpo muito, faz parte da cultura deles, o ouro sempre fala mais alto, além do medo que eles têm do Império há tempos. Sikdar eu nem conto, pois ele não entra mais em guerras.

 

Peter demostra estar chateado pela ação de Sikdar e comenta:

– Como um Dionamuh-M eu peço desculpas em nome do rei que representa essa raça.

– Não precisa Peter, eu entendo ele, além de teimoso e ranzinza ele passou por muitas guerras e perdas nas montanhas para unificá-las e não teve muito apoio dos outros ao redor, sem falar do desânimo do exército titânico.

Ray acha interessante o nome e questiona:

– O que foi esse exército?

– Sikdar teve a ambição de tentar unificar o Grande Continente também, mas com o seu jeito bruto e grosseiro, ele formou um exército com seus melhores, um exército de “gigantes”, o exército Titânico, teoricamente invencível, mas depois de algumas batalhas ele perdeu a guerra e alguns de seus homens, isso acabou com ele e depois de uma boa conversa ele prometeu não interferir mais.

– Que estranho, eu nunca ouvi falar dessa guerra.

– E nem deveria, quase ninguém sabe, foi um acordo que Sikdar fez, esconder sua derrota e ainda continuar com fama do “exército invencível”.

– E quem os derrotou?

– Desculpe Ray, mas em outra hora falaremos melhor sobre esse assunto, certo? Para você não ficar sem resposta eu digo que as montanhas adquiriram a mesma “fobia” de Onurb, eles temem tentáculos.

Onurb olha espantado e sente seu corpo arrepiar, ele bebe um pouco de água, todos ficam pensativos com exceção de Alexia que não entendeu a referência e Erèm continua a reunião.

– Eu estou falando de uma forma mais resumida, pois preciso da ajuda de vocês para me aproximar do Império de Cristal.

Ray como líder do grupo se levanta e anuncia:

– Com certeza minha rainha, estamos ao seu dispor.

Onurb comenta baixo:

– Ela disse que era algo não perigoso.

Anirak diz beliscando o braço de Onurb:

– Não começa.

Erèm ouve, sorri e continua dizendo:

– Preciso ver mais de perto o que há com o Império, se alguns estão conseguindo fugir é nosso dever ajudar, mas não quero deixar Libryans.

– Entendi minha rainha, o grupo Koètuz irá resgatar os inocentes do Império.

– Não chamaria mais de “grupo” Ray, agora vocês são a “Armada Koètuz”.

Onurb reclama entre o grupo:

– Poderíamos aproveitar e mudar esse nome feio.

– Armada, minha rainha?

– Sim, agora mesmo vocês irão selecionar um grupo para ir com vocês até lá, amanhã de manhã vocês partem.

– Como quiser!

– Ótimo, agora vocês podem ir, amanhã de manhã eu me encontrarei com vocês novamente, agora terei uma reunião com minhas rainhas de Libryans para contar as novidades e para já iniciarmos algumas estratégicas para acolhermos os refugiados e nos adaptarmos as possíveis mudanças.

– Certo!

O grupo de Ray sai da sala com Peter os conduzindo,, Onurb indica que quer reclamar sobre algo, mas é empurrado para fora da sala antes que fale algo, Ray fica para trás e entrega o livro para Erèm, ela pega e sorrindo diz:

– Ellen mandou?

– Sim.

– Acredito que você tenha uma dúvida sobre o que você leu, não?

Ray fica envergonhado por ser pego de surpresa e responde:

– Eu? Desculpe, não sabia que tinha um recado.

Erèm se senta em seu trono e abre o livro exatamente na página onde está o recado de Ellen, ela lê enquanto fala com Ray:

– Não se preocupe, acredito que ela fez isto de propósito, ela sempre foi ousada..., mas diga-me, o que te incomoda?

– O Electi traidor... Ele tem poder para deter a unificação do Grande Continente?

– Não Ray, não terá, por isso que eu não posso deixar Libryans e a Relíquia, esse “traidor” sabe de algo que não sabemos sobre ela e quer usá-la para algo ao seu favor... Não se preocupe com ele, é só um covarde que ainda está com medo de se mostrar, quero que você fique bem longe desse assunto e dele, foque em resgatar as pessoas do Império.

– Certo.

– Amanhã eu darei mais detalhes e coordenadas do que fazer, mas já reforço que, você irá lá só para resgatar os fugitivos, não entrem em Sodorra de forma alguma, existe muito mal lá e muitas coisas estão acontecendo, não é viável se arriscar tanto por agora.

– E os inocentes de Sodorra?

– Ray, infelizmente não podemos salvar todos, torço para que todos consigam fugir, mas não posso arriscar muito para isso, como eu disse, não tenho o apoio necessário dos outros reinos, tenho medo de que enquanto resgatamos os inocentes, a nossa cidade seja atacada e muitos inocentes morram, pois além desse Electi, Xarles está movendo um enorme exército para reaver suas cidades.

Ray fica pensativo, mas entende a situação por fim dizendo:

– Sim, eu concordo.

– Sei que é complicado Ray, estamos falando de várias vidas, mas precisamos tomar a melhor decisão possível para a maioria, foque nisso, não faça nada além do que eu pedir, por favor.

– Pode deixar.

– Obrigada... Agora vá, forme sua armada e se prepare para mais uma missão, meu querido afilhado.

– É um prazer, minha madrinha.

Erèm sorri junto com Ray, ele sai e Maxmilliam entra em seguida, ele se aproxima de Erèm e questiona:

– Foi coincidência as luminosidades da festa?

– Babar sempre vendo mais do que deveria, mas sim, foi coincidência.

– Você sabe o que foi aquilo?

– Temo que sim...

Rosanne ainda perto de Erèm questiona:

– Erèm? Vocês estão falando da chuva de meteoro?

– Sim...

– Não foi algo natural?

– Não e é algo que eu achava impossível até ontem à noite... Max? Você que é mestre neste assunto, poderia me dar mais informações?

– Um Electi seria capaz de conjurar tal poder.

– Os atuais não, precisaria de uns três atuais para fazer aquilo.

– O que a senhora sugere?

– Um Electi da segunda geração fez aquilo e tenho pena do alvo dele.

– Tenho uma suspeita de quem foi o alvo.

– Eu também, fico na dúvida se é uma boa ou má notícia.



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