Arena Coreana

Tradução: Filipe

Revisão: Luz


Volume 2

Capítulo 59: Copenhague (2)

Nós andamos no táxi por volta de 20 minutos, até chegarmos em uma rua no centro de Copenhague.

— Aqui é Strøget.

A aeromoça gentilmente me explicou sobre o lugar. Sendo o maior calçadão da Europa e o centro de compras em Copenhague. A palavra strøget significa “caminhar” em Dinamarquês.

Estava repleta de prédios antigos, e a rua por si só já aparentava ser centenária. Senti como se estivesse delirando e que estava nos anos de 1800.

Eu segui Lee Soo-hyun pelo lugar, turistando e fazendo compras. Ela começou fazendo como havia sido orientada, me transformando da cabeça aos pés.

Ela procurou por uma barbearia no telefone e começamos por me conseguir um novo corte de cabelo, depois me arrastou para uma loja de marca, onde peguei um terno de dois botões, uma camisa e sapato social. Acabei por carregar um monte de sacolas cheias de roupas comuns em ambas as mãos também.

De repente, recebo uma mensagem no meu celular.

[Yoo Min-jeong^^: Oppa! Escolhi um não muito caro, mas que é bem resistente. Não consegui me atrever a gastar tanto, então escolhi um até que barato.]

Na foto que ela me enviou, mostrava um relógio de pulso suíço de R$ 5.500,00 e era mesmo uma marca conhecida pela resistência.

“Isso foi inesperado”

Eu sorri, pensava que ela iria ficar empolgada e comprar uma marca luxuosa, contudo ela teve um gosto econômico. Enviei uma resposta para ela.

[Eu: Certo, estou indo comprar esse agora mesmo!]

[Yoo Min-jeong^^: compre e me envia uma foto.]

[Eu: Uhum.]

Por coincidência, talvez por estar no centro comercial, a loja dessa marca estava próxima e claro, eu comprei o relógio com meu dinheiro.

Pensando nisso, o custo de todas as roupas que havia comprado, deveria ser um montão de dinheiro.

— O presidente está comprando todas essas coisas para mim?

— Isso, não é o meu cartão, então não se preocupe.

Lee Soo-hyun respondeu e sorriu, ela não era tão fofa quanto Min-jeong, mas ainda assim era uma garota fofa.

O terno de uma marca de luxo, sem dúvidas difere, só de vesti-lo pude perceber. Costumava pensar que ternos deveriam ser desconfortáveis, mas agora, usando um terno sob medida para o meu corpo, é mais confortável que qualquer outra coisa.

“Esse sou eu!”

Admirei o meu reflexo de corpo inteiro no espelho, pensando se seria pelo “fortalecimento corporal”.

Ombros firmes e barriga chapada, cintura fina e pernas fortes, ficaram em evidência pelo terno bem ajustado. Detalhes tão incríveis, senti como se aquele fosse o momento mais “maneiro” da minha vida.

— Você parece mesmo outra pessoa.

Senti como se Lee Soo-hyun também estivesse me admirando.

— Você escolheu roupas muito boas para mim. Como posso retribuir seu trabalho duro?

— Não precisa, você tem um corpo tão bom, que isso foi divertido.

O dia de alguma forma já havia ido, eram 19 horas e o horário da reunião se aproximava, tinha que me apressar.

Saímos da rua Strøget e pegamos um táxi em direção ao hotel.

Lee Soo-hyun, fez o check-in e me entregou o cartão chave, no qual estava escrito nº 2001, o que me levou a pensar que estaria no 20.º andar.

Ela me levou ao restaurante do hotel, no primeiro andar, e disse adeus.

— Se esperar aqui, os outros vão chegar aqui para a reunião.

— Você vai voltar?

— Sim, também estou hospedada neste hotel, sendo assim.

Ela se curvou de forma respeitosa, antes de ir.

“Ah…”

Um pouco frustrante. Não é como se estivesse a fim dela, era que eu estava cercado em todas as direções por pessoas falando outro idioma!

— Kim Hyun-ho?

De repente, um funcionário do restaurante se aproxima e fala comigo. Ele continuou a falar algo para mim. Depois ele me levou para um quarto no canto mais longe do restaurante, na porta do quarto ele bateu e pude ouvir a voz de um jovem.

— Pode entrar.

Fiquei totalmente surpreso, não era coreano. Mais que isso, nem sequer era uma língua que existia nesse mundo, mas sim, a única outra que eu conhecia.

“É a linguagem de Arena!”

Era como eles estavam falando na vila da floresta. O homem na sala era um participante como eu.

Abri a porta e entrei.

— Prazer em conhecê-lo.

Um homem loiro e elegante. Pensei comigo que não deveria existir alguém mais apto para a imagem de um cavalheiro de alta classe. 

Ele parecia um pouco mais velho que eu, mas claro, os ocidentais realmente aparentam mais idade que os orientais, então não podia dizer antes que ele me confirmasse.

— Sou o participante Kim Hyun-ho.

— Sou Odin.

“Odin? O Odin das lendas nórdicas europeias?”

— Esse é um codinome?

Hahaha, sim, também o nome que eu uso em Arena.

— Entendi, vou te chamar de Odin então.

— Tudo bem, de qualquer forma. Ouvi sobre a sua situação pelo presidente. Você é agora um participante de terceira rodada e um triste quadro caiu sobre você.

— Sim.

— Apoiar você vai ser fácil e difícil.

Ele falou de forma ambígua e eu não queria ser pego em suas palavras.

— Quando você fala fácil, é devido a mim ser um participante de 3.ª rodada, e esse nível não seria difícil para você na sua atual posição?

— Exato. Sendo assim, o que você julga que será a parte difícil?

O Anjo Bebê era como ele, sem dúvida muitos gostam de quizzes como esses dois.

— É porque você não sabe que exame será a quarta rodada.

— Correto.

Odin parecia orgulhoso da minha resposta e assentiu para mim.

— Mas, não se desespere por isso, quero te ajudar, não importa como.

Seria isso graças ao valor que o presidente Park Jin-seong iria pagar para ele?

O dinheiro que ele receberia por me ajudar, seriam uns R$ 50.000.000,00. Contudo, de alguma forma, não parecia que para esse cara, esse valor não era grande coisa. Deveria ser porque senti isso da fala e comportamento dele.

Mesmo carregando o fardo de ser um participante, ele não demonstrava isso de modo algum, mas sim, exalava uma atmosfera de ser um magnata ou algum “figurão”.

— Sou um participante de 18.ª rodada.

“18.ª rodada?”

Isso foi uma surpresa. Isso significava que ele estava abaixo do time de Yoo Ji-soo, que haviam passado da 19.ª rodada.

“Será que ele não é tão poderoso, quanto pensei?”

— E eu nunca tive um caso de falha nos exames.

Ah!

Dessa forma, a história mudava. Ele nunca havia levado uma penalidade de falha, e recebera um prêmio karma todas às vezes, ele estava fadado a ser um poderoso participante.

— O lugar que você está em Arena, deve ser a Floresta da Morte e a fronteira com a montanha marrom.

— Floresta da Morte? Aquela floresta é a Floresta da Morte?

— Recentemente ela tem sido chamada assim. Tem-se falado que ninguém que passa por aquela floresta retorna com vida. Nem um aventureiro habilidoso, nem um mercenário caçador de feras, ambos nunca retornaram, vez e outra vez isso se repetiu, por isso começou a ser chamada assim.

“Não retornaram?”

Nesse momento me lembrei do Clã Prata.

— É o rancho… 

— Rancho?

Eu me descuidei e murmurei baixinho, o que mesmo assim fisgou a curiosidade de Odin.

Mas, não tinha por que esconder nada mesmo, então contei para ele tudo que aconteceu na terceira rodada do exame e a expressão de Odin congelou.

— Eram mesmo licantropos?

— Sim, eram desgraçados de pelo prateado.

— Esses com certeza não são licantropos comuns. Posso ver que o CCPA calculou errado isso.

Continuei a ouvir a explicação de Odin.

— Licantropos têm o mesmo intelecto que humanos e podem até se transformar na forma humana. Apenas ouvindo esses pontos, você não diria que eles são uma forte ameaça aos humanos?

— Sim, sem dúvida. — concordei.

E se eles se transformassem em humanos e se infiltrassem na sociedade humana?

E se eles viverem nas sombras da sociedade humana se reproduzindo e aumentando seus números?

Pensando nessas coisas, os licantropos tinham a maior das chances de se tornar uma ameaça do que qualquer outra fera ou monstro.

— Contudo, os licantropos não são tão perigosos quanto pensamos. Você sabe por quê?

Pensei e me recordei do líder do clã, Leon. Ele nos colocou em uma batalha psicológica, usando arco e flecha para nos enfrentar.

Conforme pensava em Leon Silver, acreditei saber a resposta.

— Eles rejeitam a cultura humana e suas adaptações para a vida, ao invés disso preferem seguir seus instintos? Normalmente… 

Hahaha!

Odin soltou uma grande gargalhada.

— Estou errado?

— Nem um pouco. Essa é a resposta completa, você é bem inteligente.

Fiquei aliviado. Feliz que ao menos, eu não aparentei ser um novato que não falou nada para ajudar.

— De qualquer forma, escutando sua história. Posso imaginar que tipo de exame sua próxima rodada será.

— Sou todos ouvidos.

— Há uma grande chance que o próximo exame seja relacionado com o Clã Prata.

— …?

“Mesmo eu já tendo escapado da Floresta da Morte? Eu terei outro exame onde terei que voltar para a floresta e enfrentar o Clã Prata?”

— Qual foi seu primeiro exame?

— Foi um exame para matar um macaco-vermelho.

— E o seu segundo exame?

— … sobreviver ao clã dos macacos-vermelhos por uma semana.

— É assim que acontece, em geral. Não termina em um exame, mas tem várias circunstâncias que continuam no exame seguinte. Como em um relacionamento.

— …?

— Assim como encontrar alguém em uma festa e depois se separar, não quer dizer que a relação tenha acabado. Os exames são o mesmo.

Relacionamento… ele era um branco que conhecia bem a cultura asiática.

— Sendo assim, a história é simples. Você não sabe exatamente o que o quarto exame será, mas eu vou te dar dois tipos de ajuda.

— Por favor continue.

— Primeiro, vou enviar o exército para suprimir o Clã Prata.

— … O quê?

“Exército?”

Pensei se não havia escutado errado, Odin apenas sorriu.

— Confesso que minha introdução foi insuficiente. Eu sou o conde Odin Hans. 

“Um conde!”

Fiquei tão chocado que minha boca até abriu. Impressionado que Odin havia alcançado o status de realeza em Arena. Com o título de nobreza, pessoas e coisas sobre as quais governar.

Então, me lembrei do “rancho” de novo.

— Me desculpe, mas a pessoa que implantou as altas taxas lá… 

Oh, céus, não.

Odin levantou as mãos negando com firmeza.

— Esse é o caso de Bastian, um domínio vizinho. Eu não faço coisas deploráveis assim.

— Me desculpe.

— Não precisa. Entre os participantes, está cheio dos desgraçados que tratam as pessoas da Arena como meros insetos.

Isso me atingiu em um ponto delicado. Para concluir meu exame, naquele momento eu sacrifiquei todas as pessoas da vila como isca.

— Existem pessoas perversas que matam os outros para coletar majeong dessas vidas. Em particular é grave na China, eles são loucos por dinheiro.

Hm, pessoas também têm majeong?

Pergunto assustado e Odin fala.

— Claro que têm. Pessoas são um dos vários seres vivos que carregam um monte de mana, essa energia se aglomera, portanto, eles têm majeong.

Odin estava enfurecido conforme ele fazia o discurso.

— Na China, o próximo passo da geração de energia usa como fonte o majeong e para acumular isso, encorajam seus participantes a matar pessoas e assim conseguir mais majeong. Os chineses estão cometendo um erro. Agora mesmo eles estão fazendo merdas como essa e reunindo um monte de majeong, contudo eles estão pegando poderosos participantes e transformando eles em assassinos.

“Eles fazem isso?”

Fiquei com um sentimento horrível.

Usando os prêmios de karma para ficar cada vez mais forte um participante assassino, e isso se tornando algo normal, tudo pelo lucro, como isso vai acabar?

— Nossa conversa acabou mudando de assunto. Então, eu vou enviar um exército para suprimir os licantropos.

— Obrigado.

— E a outra coisa, vai ser bom te presentear com algo útil.



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