Volume 10

Capítulo 213: DAS

Parte 1

— Bem-vindo, esta é a Gama Farmacêutica, desu! Bem-vindo, esta é a Gama Farmacêutica, desu! Bem-vindo, esta é a Gama Farmacêutica, desu! Bem-vin-...

— Legal, foi um sucesso.

Kosuke acenou com a cabeça satisfeito ao ver Kaysis que dizia continuamente a mesma frase como um disco quebrado com um sorriso amigável.

Os olhos da Chefe Magdanese e de Allen, que observavam por trás, começaram a se contorcer como se tivessem visto algo repulsivo.

Ambos eram pessoas que lutaram no submundo onde havia um vórtice de esquemas e violência, ou melhor, não seria exagero chamá-los de residentes do submundo, no entanto, mesmo os dois ficaram assustados com a técnica de lavagem cerebral que foi concedida pelo rei demônio... e então, vendo Kosuke que estava mostrando um sorriso satisfeito ao ver o resultado…

Ambos estavam pensando: "Aquele grupo de repatriados... eles são más notícias!"

Kosuke ignorou o olhar da dupla do departamento de segurança que perfurou sua nuca. Ele guardou o artefato "Estampando o Orgulho de um Aldeão" e começou o interrogatório... ou melhor, o inquérito:

— Muito bem, Kaysis. Primeiro, conte-nos seu plano, o que você faria usando o "Berserk"?

— Bem-vindo! Esta é a Gama Farmacêutica, desu!

— … não, isso não, seu plano...

— Bem-vindo. Esta é a Gama Farmacêutica, desu!

— Não, qual é o seu plano...

— Bem-vindoooo! Esta é a Gama Farmacêutica, desuuuu!

— ...

Kaysis já era um aldeão esplêndido. Provavelmente ele era um aldeão de alta classe, mesmo entre todos os aldeões, aquele sem nenhum significado particular, aquele que não fazia nada nem mesmo à tarde, o aldeão desempregado vagando perto da entrada da aldeia... Kaysis teve seu trabalho mudado para "o aldeão do início".

— ... ei, Kosuke. Será que você exagerou?

— Nã-não, tal coisa não deveria ser...

Kosuke coçou a bochecha enquanto negava as palavras de Emily. Porém, na realidade, eles não podiam questionar Kaysis porque ele se transformou no "aldeão do início". Não vendo outra maneira, a mão de Kosuke entrou em seu bolso para pegar "Pregando o Orgulho de um Aldeão" mais uma vez.

No entanto, Vanessa o parou. Ou melhor, sua ação chocante o impediu de se mover.

— Faça isso direito.

Depois de dizer tal coisa, Vanessa de repente desceu o cotovelo na cabeça de Kaysis. Boguu! Um som cru que não deveria ser feito por uma coisa viva ressoou. Emily deu um grito fofo: — Hya!?

— Uma máquina problemática pode ser consertada com uma porrada.

— Em-ino. Ea é a ama amaêutia, esu!

— Espe-espere Vanessa! Os humanos não são máquinas, essa pessoa se tornou ainda mais estranha, veja!

Kaysis-san estava se movendo de forma ameaçadora enquanto começava a fazer sons de "gyogyogyo! gyogyogyo!". Emily estava apontando o dedo enquanto fazia uma réplica.

— Que estranho? No filme Armagedon, o astronauta russo usou o Ataque da Chave Inglesa para consertar o motor do ônibus espacial… talvez meu ângulo tenha sido ruim.

— Não, espere, Vanessa. Espe-...

Kosuke tentou parar Vanessa, mas antes que pudesse agir, o lindo e inutilmente refinado gancho de esquerda da mulher atingiu a têmpora de Kaysis. ZUPAN! Um lindo som também ressoou. Ao mesmo tempo, a cabeça de Kaysis foi jogada para a direita.

— △☆△○☆○×jt△×♡△☆♡♡♡...

— Muh. Não é um problema de ângulo, mas de potência?

A cabeça de Kaysis-san foi jogada para a esquerda desta vez. O golpe com as costas da mão de Vanessa, que poderia até ser considerado artístico, capturou o lado direito da cabeça, preenchido com a força centrífuga de uma rotação corporal.

No entanto, Kaysis-san estava apenas descarregando palavras quebradas e expressões faciais que estavam cada vez mais se transformando em uma pessoa que precisava de uma camisa de força; ele não estava devolvendo nenhuma resposta adequada.

Vanessa parecia duvidosa, mesmo assim, depois disso ela tentou várias coisas como: — O giro não é suficiente? —, ou: — Devo usar um combo? —, ou: — Talvez eu deva usar uma vibração em vez do impacto... —, ou: — Nekodamashi1!

Enfim, Kosuke gritou: — Pare com issoooo! Pare já com issoooo! — e imobilizou Vanessa por trás enquanto a arrastava de volta a seu lugar. Com isso, a cortina da curta cena de tortura foi por fim fechada. A Chefe Magdanese estava lançando a Vanessa um olhar cheio de uma pitada de admiração, teria sido originado pela crueldade ou o motivo era outro?

— Aa, céus. Parece que as coisas vão ficar ruins sem uma cura. Antes de mais nada, vamos examiná-lo antes de usar o artefato mais uma vez...

— Prazer em conhecê-lo, convidado de honra. Eu sou Kaysis. O presidente desta Gama Farmacêutica. E, por acaso, você tem algum negócio comigo?

— Por algum motivo, ele ficou bem!? Mas parece um pouco estranho!

Kaysis recuperou sua sanidade (?). Como esperado, parecia que algo que quase quebrou realmente poderia ser consertado com uma boa porrada. Uma luz de inteligência brilhava em seus olhos, e uma dignidade que era como a de um chefe de uma aldeia podia ser sentida em seu tom. No entanto, ele tinha uma hemorragia nasal que escorria como um rio, seus dentes da frente haviam sumido e a área ao redor de seus olhos estava roxa e o fazia parecer um panda.

Enquanto se sentia um pouco irritado com o olhar triunfante de Vanessa ao lado dele, Kosuke pigarreou uma vez e perguntou sobre o plano de Kaysis mais uma vez.

— Fumu, então é sobre o meu plano. Por onde devo começar, eu me pergunto...

— Primeiro, faça um resumo.

— Imagino que seja o melhor. Falando de maneira simples, pretendo transformar as pessoas em todo o mundo em berserkir latentes, onde terão que beber o remédio de supressão diariamente e vou obter lucro com isso. Assim, minha posição dentro da organização se tornará firme, e com o poder da organização e "Berserk", me tornarei o único líder que pode manipular o mundo... algo parecido com isso.

O plano foi contado sem demora, mas o detalhe era absurdamente demoníaco. Este homem não pensava nos humanos como humanos, ele apenas os via como peões que produziam lucro. Este plano repulsivo revelou a natureza de Kaysis Wentworks.

Emily engoliu em seco, de modo inconsciente, enquanto o olhar de Vanessa ficava sério. Eram apenas aqueles como Kosuke e a Chefe Magdanese que pareciam imperturbáveis; até o sorriso estava desaparecendo de dentro dos olhos de Allen.

— Transformação em berserkir latentes e depois o remédio de supressão, o que você quer dizer com isso? Algo como uma cápsula ligada a um detonador com certeza seria ejetada para fora do corpo, o que você quer dizer é algo diferente disso, não é?

— Correto. O que quero dizer não significa meios físicos como esse, mas o uso de uma droga melhorada de "Berserk". Logo depois que "Berserk" foi criado por acidente, realizamos experimentos repetidos usando os dados e produtos que nos foram trazidos por nosso cooperador.

Kaysis continuou sua conversa depois de dizer isso. Resumindo, seria algo assim.

"Berserk" era uma droga que vitalizava de forma anormal a célula do consumidor. Essa vitalização excessiva e rápida repetiria a autodestruição e a restauração forçada, criando esse tipo de expansão e capacidade de super-humanização.

Mas, assim como a extensão da vitalização seria em proporção à quantidade consumida da droga, a taxa de vitalização de "Berserk" poderia ser controlada até um certo grau. Parecia que eles já haviam reunido os dados sobre o efeito e limite de tempo da transformação de "Berserk" e a dose necessária depois de vários experimentos humanos realizados.

Mesmo assim, não importava o que fizessem, eles não podiam ir tão longe quanto controlar a vitalização e a transformação logo após o consumo da droga. Essa foi a razão pela qual eles usaram um truque barato, como cápsulas acopladas a detonadores...

Mas a história seria diferente se eles tivessem Emily, que era a desenvolvedora do medicamento.

O que Kaysis e seu grupo desejavam de Emily era o desenvolvimento da droga melhorada com uma taxa de vitalização retardada; em suma, uma droga em que, após consumi-la, haveria um retardo de tempo antes que a vitalização pudesse atingir um estágio em que ocorresse a transformação. Ao mesmo tempo, eles também desejavam que Emily desenvolvesse não o antídoto que pudesse dar a recuperação completa, mas uma droga supressora que só retardasse a vitalização enquanto fosse consumida de forma contínua.

Nesse caso, as pessoas teriam que beber a droga supressora criada pela "Gama Farmacêutica" todos os dias se não quisessem se tornar um monstro que perdeu toda a razão.

— No entanto, como você planeja transformar as pessoas em todo o mundo em berserkir latentes? Se entenderem que isso afetaria suas vidas, as pessoas deixarão de comprar até mesmo os remédios para resfriado vendidos no mercado.

— Você está certa. Mas, se for misturado a algo que os humanos bebem todos os dias, eles não conseguirão evitar o consumo.

— Todos os dias? Não me diga...

— Sim, é o que você está imaginando agora. É a água.

O cultivo de "Berserk" poderia ser feito tanto quanto você quisesse, contanto que apenas os dados estivessem ao dispor. Kaysis planejou usar a droga para poluir os reservatórios de água e não só isso, mas represas, rios, usinas de purificação de água e assim por diante, todos os locais que forneciam água.

Não havia antídoto para "Berserk". Uma vez que a água foi poluída, não haveria nenhum método para purificá-la. Não haveria outra maneira senão evaporando a água poluída ou drenando-a para o mar. Parecia que Kaysis estava planejando poluir até a água da chuva e do mar com "Berserk" no futuro.

— Tal coisa... você é louco.

— Como esperado, não é uma situação a ser subestimada. Originalmente, apagar esse tipo de pessoa é meu papel.

Vanessa nem mesmo escondeu seu desgosto e olhou para Kaysis enquanto Allen, entendendo que eles haviam ficado para trás diante desse perigo que ameaçava o mundo, disse algo assim como se estivesse cuspindo.

O rosto de Emily estava pálido. Mas, não havia nenhum desespero em seus olhos de gato. Ela olhou ainda mais para Kaysis enquanto seus olhos brilhavam com a cor da forte determinação.

— Entendo. Em tal situação, mesmo que você seja exposto pelo governo como o mentor, não haveria nenhum problema. Afinal, os integrantes do governo também correriam o mesmo perigo de se tornarem berserkir. Enquanto eles não conseguissem obter a fórmula do medicamento supressor, não colocariam as mãos em você. Afinal, mesmo que tentassem fazer qualquer coisa, o mundo poderia acabar.

A Chefe Magdanese suspirou com seu olhar ainda parecendo severo. E então, ela perguntou mais uma coisa sobre a observação de Kaysis que chamou sua atenção:

— Conte-nos sobre a "organização" que você mencionou.

— Informação sobre a "organização", é isso? Vamos ver... talvez eu devesse dizer que é uma reunião de velhotes capturados em uma ideologia fanática e ilusão profundamente enraizada. Ela conta com uma história antiga, seus membros também são desconhecidos e possui poder político, poder econômico e poder bruto em massa. Apesar disso, é uma reunião de idiotas sem cérebro que não fazem nada, exceto perseguir secretamente o oculto.

Embora fosse a organização a que pertencia, Kaysis estava expressando uma avaliação penetrante sobre ela. Quando a Chefe Magdanese, sem palavras, pediu-lhe que continuasse, Kaysis, que apenas por um momento voltou a ser um presidente de uma empresa que se assemelhava a uma cobra, então falou o nome dessa organização.

— A organização do submundo que está continuamente em busca de místicos genuínos desde tempos remotos. Seu nome é "Hidra". Se é você Chefe-sama, então você deveria pelo menos saber esse nome, não é?

— Então é isso… aquela "Hidra". Eles são um grupo fanático ocultista estereotipado. Diz-se que eles foram esmagados em inúmeras ocasiões, no entanto, às vezes mostravam um vislumbre de seu rosto em algum tipo de caso, uma organização que é difícil de erradicar.

A Chefe Magdanese, que parecia conhecer o nome daquela organização, exibiu uma expressão como se tivesse engolido algo amargo, uma que a mulher raramente mostrava. Pelas palavras dela, parecia que, no passado, ela os confrontou várias vezes. Parecia que Allen também conhecia pelo menos o nome, sua expressão estava meio surpresa e meio compreensiva por esse nome aparecer aqui.

Por outro lado, Emily e Vanessa tinham uma "?" flutuando acima de suas cabeças enquanto ao lado deles Kosuke estava olhando para o céu. Era o nome de uma organização com a qual ele estava terrivelmente familiarizado.

— É um monstro com várias cabeças que aparece na mitologia grega. Não importa quantas de suas cabeças sejam esmagadas, ela reviverá se houver apenas uma cabeça restante... então eles apareceram aqui mais uma vez. No entanto, você está falando sobre eles de forma muita amarga. Você está insatisfeito com sua organização?

— Sim, sim, se for insatisfação, é o que eu tenho. Tagarelando coisas como um fenômeno místico ou sobrenatural nos tempos modernos, eles só podem ser chamados de insanos. Mesmo que eles possam ocupar posições ainda mais superiores no mundo se usarem o poder de uma organização dessa escala, quando se trata desses velhotes, eles estão menosprezando o poder da ciência. O que eles querem dizer com contradizer o ideal da organização, hein? É porque eles estão obcecados por algo místico, que não está claro se existe ou não, que a organização ainda é um pária social mesmo agora.

Kaysis falava como se estivesse cuspindo. Parecia que Kaysis tinha uma maneira de pensar que, se eles obtivessem um poder que pudesse interferir no mundo usando o poder da ciência, então não havia problema em usá-lo. Em contraste, a liderança da Hidra estava procurando por místicos até o fim, e seu objetivo era interferir no mundo usando aquele místico e não reconheceria nenhum meio diferente desse. Essa parecia ser a sua maneira de pensar.

Como a origem do estabelecimento da organização era obter místicos, então, de fato, a maneira de pensar de Kaysis era contrária ao ideal fundador da organização. Kaysis via a organização não como um agrupamento de pesquisadores, mas como mero "poder", em certo sentido, sua natureza era oposta à dos membros da organização; ele era um realista.

— Vou mudar o mundo usando "Berserk", se for assim, até eles não serão capazes de me ignorar como um novato. Fufufuh, até aquele cara, Jefferson Allgrey, que está sempre me olhando de cima pensando que é o superior, zombando de mim, ele vai se ajoelhar na minha frente, implorando perdão. Eu vou esculpir em sua carne e ossos, quem é que o superior de verdade! Era assim que deveria ser.

Kaysis, cuja ambição desmoronou, abaixou os ombros em desânimo.

Por outro lado, a Chefe Magdanese deu um passo à frente, empolgada, e agarrou os ombros de Kaysis. Ela então começou a sacudi-lo para frente e para trás.

— Agora mesmo, você disse Jefferson Allgrey? Aquele rei do mercado imobiliário e também político?

— É-é. Esse Allgrey.

— Quem mais!? Quem mais é membro da Hidra que você conhece!? Me diga!

— En-entendido. Os outros na liderança são...

Os nomes falados por Kaysis eram um luxo inimaginável. Vários dos nomes eram pessoas de quem até mesmo o departamento de segurança estava suspeitando. Também havia nomes que estavam sob investigação secreta, mas mesmo assim, para esses grandes nomes de um grupo fanático ocultista listado serem expostos assim, isso foi fantástico.

Quando Kaysis terminou de dizer os nomes da liderança que conhecia, a Chefe Magdanese confirmou com seu olhar que Allen havia registrado os nomes antes que seu rosto se voltasse para Kosuke.

— Senhor Portal do Abismo. Sou grata. Esse grupo é formado por pessoas cujas formas reais não podemos controlar, apesar dos rumores sombrios sobre elas. Com isso, talvez possamos preparar seus funerais.

— Aaaaa, hã-hã. Entendi…

A resposta de Kosuke foi muito evasiva. O olhar do jovem japonês vagou por um tempo antes de perguntar a Chefe Magdanese de forma tímida:

— Err, Chefe-san. Esse Sr. Allgrey ou algo assim, você irá prendê-lo?

— O que você está dizendo? É óbvio que iremos. Mesmo que ele não esteja relacionado ao caso de agora, há uma montanha de casos que parecem estar relacionados com a Hidra. Toda vez, apenas tratamos o caso como não resolvido, ou acabamos capturando os subordinados, como se eles fossem um lagarto que sacrificou a cauda para escapar. E agora podemos pegar todos de uma vez.

— É, éééé. É isso mesmo, heiiiin...

Parecia que a Chefe Magdanese sentiu a estranheza na atitude de Kosuke. Ela olhou com desconfiança enquanto falava sobre a questão de saber se havia algum problema.

Mas, naquele momento, uma voz chocada ressoou atrás dela. Quando ela olhou para lá, viu a figura de Allen, seus olhos arregalados pelo choque, com seu olhar fixo no tablet em sua mão.

— ? Allen?

— A, aaaaaa, Chefe. Agora mesmo eu estava buscando informações sobre Allgrey e seus companheiros, mas... isso...

Allen mostrou seu tablet com uma expressão preocupada. A Chefe Magdanese o recebeu e, depois dela, Vanessa e Emily também voltaram o olhar para espiar a tela do dispositivo.

Então...

— Então, você está dizendo que a doação desta vez vai continuar no futuro?

— Correto, é como você disse. Parece que o eu antes disso estava vagando dentro de um pesadelo o tempo todo. Eu me apegava de forma obsessiva à minha posição atual e à acumulação de dinheiro e influência. Mas, quanto valor essas coisas realmente têm!? É um sorriso. O sorriso das crianças é onde o valor pode ser encontrado. O futuro onde as crianças possam viver com um sorriso no rosto, isso é algo com um valor que vale a pena dedicar a minha vida!

De todas as coisas, na tela, estava o rei do mercado imobiliário fazendo um discurso poderoso.

A Chefe Magdanese gritou: — POR QUÊÊÊÊ!? — com uma voz que nunca tinha sido ouvida dela antes, seus olhos pareciam quase voar para fora da órbita. Ela era a chefe do departamento de segurança, por isso sabia muito bem sobre os rumores obscuros sobre o Sr. Allgrey. Portanto, ver seu sorriso radiante e sua fala transbordando de bondade e sinceridade foi um pesadelo para ela.

A entrevista com o Sr. Allgrey no que parecia ser um programa especial de televisão continuava na tela.

— É maravilhoso pensar assim, Sr. Allgrey. Também ouvi que há um grande número de pessoas que concordam com o seu pensamento, pode nos contar mais sobre isso?

— Isso é um fato verdadeiro. Eles são meus amigos pessoais, meus camaradas. Daqui em diante, meus companheiros e eu queremos agir dando o nosso melhor, para que este mundo se torne melhor, mesmo que só um pouco!

— Entendo. E como símbolo dessa resolução, você está fundando esta organização de caridade. "Pregando o Orgulho de um Aldeão", correto?

— Exatamente. Talvez seja um único herói que está movendo este mundo. Mas, o que está sustentando o mundo é cada um dos aldeões. Não sou um humano especial. Mas desejo apoiar o mundo como um único aldeão, mesmo com minha escassa força!

Ouvindo aquele discurso comovente, o público no estúdio se levantou em uníssono e deu um aplauso estrondoso. Ao mesmo tempo, uma legenda apareceu na tela. Os nomes das pessoas que apoiavam o Sr. Allgrey estavam aparecendo ali. ... todos os nomes, eram os mesmos que foram falados por Kaysis pouco antes.

A Chefe Magdanese e todos os outros ficaram petrificados. Entre eles, foi Emily quem ganhou vida primeiro. Com uma expressão tensa, ela perguntou a Kosuke, cujo olhar estava voltado para o dia depois de amanhã:

— Ei, Kosuke. O nome da organização de caridade é "Pregando o Orgulho de um Aldeão", foi o que a notícia disse…

— Sério? Foi isso mesmo…?

— Ei, Kosuke. O nome da ferramenta que pode hipnotizar outras pessoas, qual é mesmo o seu nome?

— … "Pregando o Orgulho de um Aldeão", eu acho.

Em seguida, a Chefe Magdanese jogou fora o tablet. Allen soltou uma voz estranha enquanto realizava um mergulho para frente.

A Chefe Magdanese caminhou com passos altos e ferozes, desta vez, ela agarrou os ombros de Kosuke.

— Explique, Senhor Portal do Abismo. De forma concisa e rápida.

— SI-SIM, SENHORA! Em-em primeiro lugar, vim para este país com o objetivo de esmagar aqueles caras! Depois de esmagá-los, fiz uma lavagem cerebral neles todos! Eles se tornaram aldeões compassivos! Fim do relatório, senhora!

Kosuke, que estava sendo solicitado a explicar com os olhos injetados de sangue e uma voz abafada, saudou enquanto respondia à intensidade avassaladora da Chefe Magdanese. Vanessa e Allen assentiram, entendendo como ele se sentia.

A Chefe Magdanese olhou fixamente por um momento para o rapaz, que estava encharcado de suor frio semelhante a uma cachoeira, e então a mulher suspirou profundamente e recuou. Enquanto fazia isso, ela cobriu os olhos com uma das mãos e olhou para o céu.

Vendo a figura da chefe assim, Vanessa fez um breve comentário:

— Como esperado de Kosuke-san. Parece que o ditado "Tudo é culpa do Portal do Abismo"2 vai se espalhar, mais cedo ou mais tarde.

Por alguma razão, Kosuke não conseguiu responder. "Você é muito barulhenta!", para Vanessa.

Sem dúvidas, de agora em diante, o Sr. Allgrey e seus companheiros usariam suas fortunas para trabalhos de caridade, sem poupar nada. De modo natural, por causa da reputação de Allgrey como político, a princípio ele também seria ridicularizado por se tratar apenas de uma tentativa de ganhar popularidade, mas não demoraria muito para que sua fama aumentasse.

O que a sociedade pensaria se ele fosse preso depois de salvar muitas pessoas e obter a confiança da massa… claro, não seria um problema se houvesse uma prova definitiva, mesmo assim, ainda haveria um problema. Não era difícil imaginar o nível de dor de cabeça da Chefe Magdanese subindo.

Cof-cof! Kosuke pigarreou. Ele se virou para Kaysis, que estava olhando sem expressão, e então o questionou a fim de limpar a atmosfera complicada:

— Então, Kaysis. Os dados e a droga de "Berserk", estão todos neste lugar?

— Não. De forma natural, eu os descentralizei. Se for a lista dos laboratórios responsáveis pela guarda dos dados e do medicamento, ela estava salva no pen drive dentro da gaveta. Você pode confirmar lá.

A Chefe Magdanese de alguma forma trouxe sua mente de volta ao normal e enviou seu olhar para Allen. Allen, que recebeu aquele olhar, se moveu para investigar a gaveta. Assim, quando ele verificou o pen drive que descobriu, os dados das áreas de armazenamento estavam lá, e não só isso, havia também o detalhamento das etapas do plano.

Com isso, eles agora entendiam muito do que deveria ser conhecido. Se eles destruíssem todos os dados e drogas em seguida, a ameaça de "Berserk" desapareceria. Emily não se afogaria mais em culpa, e o arrependimento por suas pessoas importantes que se tornaram sacrifícios também desapareceria um pouco.

Por isso, talvez agora não houvesse necessidade de saber, sobre a resposta à pergunta que Kosuke adiava fazer, a pergunta que até o fim ela hesitava em fazer.

Porém, neste momento, quem estava aqui era uma garota forte que por sua própria vontade havia resolvido enfrentar um grande mal e a verdade. Ela era uma covarde e muitas vezes se encolhia, ainda assim, ela era uma garota que não parava de avançar.

Foi por isso que...

— A última coisa. Nos diga. Aquele que te contou sobre a existência de "Berserk"… quem foi?

— Fumu, isso...

Emily soube a verdade.


Parte 2

O tempo havia passado até o final da noite. Não havia uma estrela no céu e também não havia luar. O céu noturno estava coberto por um tempo nublado, fazendo com que a atmosfera sombria pairasse no ar.

A vista noturna da cidade podia ser vista da varanda do hotel que foi preparado para eles pelo departamento de segurança. Apesar de ser a calada da noite, o que se chamava centro da cidade não conhecia a palavra sono. Portanto, as estrelas no solo iluminavam a noite escura de forma radiante, dando conforto a espectadora da vista por um momento.

— … Emily. Você não consegue dormir?

— Kosuke… sim. Só um pouco.

Emily estava em uma varanda, ambos os braços apoiados no corrimão enquanto olhava para a visão noturna por algum motivo. Uma voz a chamou da varanda vizinha:

— Você não está com frio?

Emily estava de camisola. Embora fosse feita com tecido grosso para uso no inverno, era apenas uma peça de roupa. Kosuke franziu as sobrancelhas ao ver isso. Emily sorriu sem graça enquanto balançava a cabeça.

— Entendo. Bem, o ar noturno no inverno com certeza é agradável.

Dizendo isso, Kosuke copiou Emily usando ambos os braços para se apoiar no corrimão da varanda ao lado do dela e olhou para a visão noturna.

Os dois não disseram nada por um tempo. Eles estavam apenas olhando para longe. Emily não conseguia expressar em palavras o motivo pelo qual não conseguia dormir. Afinal, era algo óbvio. Além disso, não havia nada a ser dito sobre amanhã.

Foi por isso que Kosuke apenas murmurou uma breve frase:

— Só um pouco mais. Vamos fazer o nosso melhor, juntos.

— … sim. Sim.

Emily baixou os olhos, como se refletisse sobre algo. Mas a voz dela que respondeu a ele estava reverberando muito bem no ar frio.

O silêncio visitou o lugar mais uma vez. Não se sabe por quanto tempo eles ficaram assim. De repente, Emily perguntou a Kosuke:

— Ei, Kosuke. Quando esse assunto acabar, o que você fará?

— Hmm? Bom, vou voltar para o Japão. Eu falei, não falei? Sou estudante, sabia? Embora ainda seja feriado de inverno, estou no meio do meu curto curso de inverno aqui. Tenho que voltar logo e participar das aulas.

Emily ficou sem expressão por um momento depois de ouvir aquela resposta, mas logo depois, ela caiu na gargalhada como se não fosse capaz de segurá-la.

— Fu, fufu... a pessoa que brincou não apenas com a organização do submundo, mas também com o departamento de segurança, precisa participar de um curso de curta duração... kufuh, fufufufuh.

— E-ei, não ria. Só entre você e eu, até o rei demônio está vivendo como um aluno normal, sabia? Não é estranho que eu seja estudante, certo?

— Ma-mas. Uma pessoa que se apresentou como Sei Lá o Que Portal do Abismo, lutando contra homens armados, alguém assim está participando de aulas normalmente... ahah, nada bom, é muito surreal quando imagino, não consigo segurar minha risada. Ahahahah.

— Gufuh. Não-não diga Portal do Abismo...

Vendo Kosuke abaixando a cabeça enquanto sua mão pressionava seu peito, a risada de Emily parecia cada vez mais divertida.

Ela nunca tinha rido assim desde que a cadeia de incidentes começou.

Sem dúvidas, amanhã seria o dia em que tudo estaria resolvido. Nervosismo, inquietação e dor, essa era a verdade dentro de seu coração. Na realidade, era algo que ela estava vagamente ciente. Era algo de que ela desviou os olhos de forma desesperada. O resultado foi tudo isso que foi colocado diante de Emily agora.

"Se estivesse sozinha, eu aguentaria?"

Pensando nisso, Emily balançou a cabeça dentro do coração.

"Poderia ir tão longe, apenas com Vanessa e eu?"

Como esperado, ela balançou a cabeça em seu coração.

"Neste momento que é cruel, inquieto, doloroso e difícil, mesmo assim, eu seria capaz de rir dessa forma?"

Não havia como ela ser capaz de fazer isso.

Emily olhou para o carrancudo Kosuke ao lado dela, e então sorriu enquanto enxugava as lágrimas no canto do olho com o dedo.

— Kosuke, obrigada.

— Ainda está muito cedo para você dizer isso. Diga isso depois que tudo acabar amanhã.

As palavras de Kosuke foram rudes e cheias de mau humor que não havia desaparecido. Mas, para Emily, essas palavras lhe causaram cócegas.

Emily olhou fixamente para o lado do rosto de Kosuke, que olhava para longe com o queixo apoiado na mão. O rapaz pareceu notar o olhar dela e pareceu um pouco desconfortável.

Emily estava pensando: "Meu corpo vai sentir frio em breve.", enquanto resolutamente fazia um pedido a Kosuke:

— Diga, Kosuke.

— Hmm?

— Sabe, amanhã, quando tudo acabar... quero saber mais sobre você.

— Sobre mim?

Kosuke ergueu a sobrancelha e voltou o olhar para Emily. A garota acenou com a cabeça para o olhar dele, enquanto suas bochechas coravam ligeiramente.

— Sim. Sabe, como você consegue usar esse tipo de poder misterioso? O que diabos são os repatriados? Esse tipo de coisa, várias coisas sobre Kosuke.

— ...

— Uh. Eu-eu entendo que é um assunto secreto, entende? Mas, com certeza, vou proteger o segredo. Estou falando sério, tá? Além disso, da próxima vez que algo acontecer, talvez eu consiga me tornar a força de Kosuke, além disso, err, além disso...

Vendo Kosuke, que ficou em silêncio, Emily continuou suas palavras com um pouco de nervosismo.

Para Kosuke, ele não tinha nenhum problema particular em ensiná-la sobre os repatriados. Em primeiro lugar, eles falaram de forma honesta com a mídia, que estavam lutando contra o exército de um deus maligno em outro mundo. Dependia da outra parte se eles acreditariam ou não.

Emily tinha testemunhado o poder de Kosuke, então, de modo natural, ela acreditaria e aceitaria. Portanto, não era nada que precisasse ser escondido dela em particular.

Como era de se esperar, se fosse do conhecimento de todos os chefes do governo, isso causaria um obstáculo à sua vida privada, e seria algo muito precipitado, então, nesse caso, uma contramedida em grande escala como arrancar a técnica de lavagem cerebral do rei demônio (especialmente de sua esposa) seria necessária, mas fazer algo como contar a um indivíduo como Emily, ou a Chefe Magdanese, que sabia sobre o medo dos repatriados como Kosuke e não agiria contra eles, não seria nenhum problema.

Então, se alguém perguntasse o motivo pelo qual Kosuke estava ficando em silêncio, é claro que era porque ele foi informado de algo como: — Quero saber mais sobre você! — por uma linda garota enquanto as bochechas dela ficavam vermelhas.

Com certeza, para alguém com uma namorada, não era bom para ele dar um passo além disso. Ele estava lamentando profundamente por não falar antes sobre a existência de sua amada. Pensando bem, ele não estaria mentindo se dissesse que não houve tempo para dizer a verdade. Mas, como esperado, seria ruim se o rapaz contasse a verdade agora. Se perguntado sobre o que seria ruim, é claro, era sobre a possibilidade de que a mente de Emily se transformasse em cinzas.

Kosuke encerrou a reunião com o mini-Kosuke dentro de seu coração, e então ele respondeu para Emily, que ainda estava falando nervosa:

— Não, não me importo, em fazer isso...

— Sério!?

— Si-sim.

O corpo de Emily se inclinou para frente na varanda, com seu olhar cintilante capturando Kosuke. Kosuke pensou que se Emily quisesse saber sobre ele, bastava informá-la sobre como ele tinha uma amada nesta oportunidade, mas...

Vendo Emily cujo corpo inteiro irradiava sua felicidade, o mini-Kosuke dentro de seu coração estava rolando pelo chão com a culpa e várias outras emoções.

Emily percebeu que, por estar inclinada para frente, sua distância com Kosuke era tão próxima que eles quase se tocavam. Ela ficou nervosa com a timidez enquanto puxava o corpo para trás.

E então, Emily estava demonstrando a fofura astuta com seu ato de enviar olhares para Kosuke para confirmar que ele não estava assustado por ela chegar tão perto assim. A música de Rolling Girl3 (de um certo vídeo sorridente) estava tocando dentro do coração de Kosuke.

— Estou ansiosa por isso, Kosuke. Ah, mas, sabe, posso perguntar apenas uma coisa agora?

— O qu-que é?

Emily se remexeu, seu dedo brincou com seu cabelo desamarrado enroscando os fios enquanto suas bochechas avermelhavam tanto que parecia que o ar frio seria aquecido com isso. Kosuke levantou a guarda, mas a pergunta que Emily lançou ainda o atingiu como uma investida.

— Sabe, estou perguntando isso apenas por curiosidade, nada mais, porém... que tipo de garota Kosuke prefere?

Vendo aquele tipo de atitude transparente, o mini-Kousuke estava gritando: — O que você quer dizer com apenas por curiosidade!? Ardilosa! Como esperado de Emily-chan! Isso é astuto! — enquanto tropeçava pela estrada da colina dentro de seu coração.

O olhar fixo de Emily fez com que o olhar de Kosuke vagasse inquieto, e então ele respondeu de forma honesta.

— Uma onee-san com orelhas de coelho.

— … eh?

Um contra-ataque a Emily. Os olhos da garota se transformaram em pontos e ela ficou sem palavras. A figura de si mesma usando uma fantasia de coelhinha seduzindo Kosuke com um ar encantador estava surgindo no fundo de sua mente.

Emily instantaneamente se tornou um tomate maduro, tanto que quase parecia que um som de "puff!" podia ser ouvido. Ela ficou em pânico, olhando para a esquerda e para a direita, e no final...

— Ko-Kosuke, seu pervertido!

Ela disse tal coisa enquanto corria para dentro de seu quarto.

— … quando tudo acabar, eu deveria ligar para Nagumo antes de falar com Emily.

Kosuke decidiu em seu coração consultar seu amigo, seu sênior, que havia avançado muito no caminho para entender sobre garotas.

Porém, ele percebendo que sua escolha estava errada... era uma história para um pouco mais tarde.


Nota do Autor (Ryo Shirakome)

Muito obrigado por ler essa história.

Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.

Pensando bem, parece que o primeiro vídeo sorridente que Shirakome viu foi Rolling Girl.

Eu esqueci qual foi o impulso para ver isso, mas foi impactante.


Notas

1Nekodamashi é uma técnica de luta de sumô não convencional, que envolve um lutador batendo palmas na frente do rosto de seu oponente no tachi-ai (início da luta). O objetivo dessa técnica é fazer com que o oponente feche os olhos brevemente, permitindo que o atacante obtenha a vantagem. Nekodamashi requer que haja uma boa quantidade de espaço entre os lutadores no tachi-ai. Usar a técnica também é uma aposta: se falhar, deixa o lutador aberto ao ataque do oponente.

2 – "Tudo é culpa do Portal do Abismo", em japonês é traduzido como "Daitai Abyssgate no sei", e pode ser abreviado como "DAS".

3 – Rolling Girl é uma música cantada por Hatsune Miku, e criada por Genjitsutouhi-P. Esta música atingiu o segundo lugar no Ranking Semanal de Vocaloid na semana seguinte à sua estreia no Ranking. É uma música popular, e muitas pessoas fizeram covers dela (uma das mais comuns é o cover de Akiakane). Vale citar também que a cantora de NicoNico, Akiakane, fez as ilustrações para o vídeo da música no MS Paint.



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