Volume 11

Capítulo 239: A compreensão do rei (Primeira parte)

Um mar de relâmpagos e chamas no céu. Um mar de nuvens de morte abaixo.

Isso poderia ser visto como a visão do fim do mundo, ou talvez como a visão da criação. Sem dúvidas, a impressão diferenciaria dependendo da pessoa.

Mas, em todo caso, não houve quem duvidasse que se tratava de uma cena lendária que ficaria gravada na história deste mundo.

“Para onde estás indo?”

A solene linguagem da alma veio do céu. Todas as pessoas que ouviram ficariam admiradas, querendo ou não, por essa voz.

Essa voz foi direcionada em direção a capitânia que estava tentando escapar primeiro fazendo toda a frota entrar em uma rota de sacrifício. Não, para ser mais preciso, foi em direção ao mestre do navio-almirante Durgrant, que deu a ordem; o deus-rei da pilhagem, Gregor.

Até mesmo essa pessoa devia entender que a pergunta foi dirigida a ele. Dentro da ponte de Durgrant, que já estava dando meia-volta e se movia para escapar, Gregor, que estava assistindo atônito a visão absurda atrás da nave através da tela, estremeceu e se contorceu.

— Não escutem! Velocidade máxima...!

Gregor gritou em pânico em direção ao timoneiro com os olhos abalados. No entanto, ele não conseguiu pronunciar sua ordem até o final.

“Ó falso rei, tenhas vergonha.”

— Su-sua Majestade!

— ... desvie!

Um grito veio do timoneiro. Porque de repente, um tornado gigante desceu do mar de chamas e relâmpagos. O tornado abrasador que queimava o ar com o fogo do inferno e a onda de calor espiralaram e tingiram o interior da ponte com uma luz brilhante.

O timoneiro inclinou o navio mais rápido do que o comando de Gregor para se esquivar por puro reflexo. A capitânia Durgrant desviou imediatamente para a direita com um movimento que não combinava com aquele tamanho gigantesco.

“Tu não podes escapar.”

Junto com essas palavras, o segundo tornado de chamas desceu. Não parou por aí, como se fosse um convite ao desespero em direção à Durgrant, que tentava escapar de alguma forma, o terceiro, quarto e quinto tornado desceram.

— ... impossível de desviar! Está chegando!

— Barreira com força total! Atravessem!

Os gritos altos do timoneiro e Gregor ecoaram.

A capitânia Durgrant tentou deslizar através dos incontáveis pilares de chamas que conectavam o céu e a terra, mas não conseguiu e entrou em contato.

No mesmo instante, o corpo gigante da nave Durgrant foi atacado por uma vibração violenta. O sistema de controle não funcionou e a proa do navio foi levantada como se tivesse sido içada, a aeronave estava girando de forma incontrolável. Além disso, houve até impactos consecutivos que se seguiram. Os trovões que foram gerados dentro do tornado assaltaram a nave.

Os tripulantes, que estava encarregada do controle da barreira de prata, viram como a energia do navio era consumida com velocidade assustadora, e ergueram suas vozes com expressões pálidas.

— A potência da barreira, diminuiu em cinquenta por cento! Sua majestade, a este ritmo...!?

Chih, comecem a reabastecer... merda!

Gregor inconscientemente praguejou quando estava prestes a dar instruções. Para manter a potência da barreira, eles precisavam trocar o casulo de combustível do núcleo de dragão, mas ele se lembrou de que não havia mais dragões para isso.

— Dê meia volta... dê meia volta no navio! Ao mesmo tempo, atire com força total em direção ao dragão negro!

Eles não podiam recuar.

Gregor, que fez esse julgamento, mandou virar a nave sentindo ao mesmo tempo raiva indescritível e um mal-estar.

No mesmo instante, as armas carregadas a bordo de Durgrant dispararam simultaneamente. Mísseis em quantidade absurda para se contar, uma tempestade de balas que já deveria ser chamada de muro, e, de forma natural, o bombardeio de prata.

É claro... que tudo isso foi abatido. Tudo e todos, sem uma única exceção. Por várias centenas, vários milhares de raios que choviam do céu.

Enquanto a capitânia Durgrant estava recuando, as outras frotas se uniam na ofensiva usando seu poder total para pressionarem Tio. No entanto, apesar disso, Gregor foi incapaz de sequer recuar.

A razão para isso era simples.

De todas as direções. No diâmetro de alcance de várias dezenas de quilômetros. Disparos de raios estrondosos estavam atingindo todos os alvos sob o céu ao mesmo tempo e com muita rapidez.

O mundo, que estava coberto com o mar de chamas e relâmpagos, era literalmente o território absoluto do Deus Dragão Negro.

— Carreguem o Henkhaborg! Todas as frotas, ganhem tempo para nós!

O fato de seu ataque não ter alcançado o alvo fez com que a voz de Gregor ficasse cada vez mais abalada. Mesmo assim, todas as frotas obedeceram às palavras do rei que simbolizava terror e violência.

A frota de barreira formou uma formação multicamada para proteger Durgrant; enquanto as outras frotas miravam seu poder de fogo máximo sem pausa de todas as direções, os esquadrões de naves de batalha do céu desencadearam ataques suicidas.

Ao mesmo tempo, o canhão multicoluna com três torretas de Durgrant concentrava a luz de prata com ímpeto fantástico. Porém, essa luz era algo misturado com cor preta como o que a nave-mãe Ostinato mostrou no final, por isso era obviamente diferente em aspecto com o bombardeio normal.

Canhão principal Henkhaborg.

Era um bombardeio de prata que tomava a propriedade da chuva negra para se tornar uma onda de energia abominável. O bombardeio, que se concentrou e misturou a energia impura que enchia este mundo, quando atingia o alvo, mesmo que parte da nave em si estivesse protegida pela barreira, a energia que causava necrose nas células invadiria o interior da aeronave e aniquilaria os tripulantes.

É claro que, depois de ser disparada, a energia altamente poluída ficaria espalhada na área circundante, então o próprio exército também não escaparia do efeito. Era uma arma proibida que era difícil de usar; ela exibia sua presa não apenas para o inimigo e aliado, mas até mesmo para o mundo.

E agora, ela foi disparada.

Um clarão brilhou e encheu o mundo em chamas.

Não importava nem que fosse contra a existência que tinha se desviado tanto do reino do senso comum, desde que ainda fosse uma coisa viva, deveria ser possível experimentar a necrose celular. E então, enquanto eles pudessem apenas ter sucesso em corroer seu corpo, seriam capazes de matá-la com certeza!

Um sorriso contorcido surgiu nos lábios de Gregor.

“Tolo.”

Foi lançado em um instante.

O sopro... do Deus Dragão Negro!

O clarão que foi disparado do enorme maxilar aberto era todo preto. Era uma cor absoluta que não era poluída por nada, pintando tudo.

O bombardeio de prata e negro, que exemplificava tabu, era com certeza poderoso, poderia pulverizar até mesmo uma nave-mãe em um único tiro. Mas, o sopro que foi disparado do Deus Dragão Negro superou-o em muito. A diferença de poder era esmagadora, como uma agulha sendo usada para interceptar um tronco.

GOU! Quando a atmosfera rosnou, este bombardeio, o mais forte do mundo, foi engolido com facilidade pelo sopro negro após um momento de resistência.

— Impossível!

O grito de Gregor ecoou.

Mas, a cena diante de seus olhos era um fato definitivo. O ataque mais forte da capitânia Durgrant foi engolido de frente, e não parou por aí, estava sendo aniquilado junto com a energia negativa pelo calor escaldante.

A primeira camada da barreira de múltiplas camadas implantada pela frota defensiva foi esmagada como se fosse um pedaço de papel. A segunda camada também foi quebrada como se fosse vidro após um momento de resistência. A terceira, a quarta...

— Desviar!

— En-entendido!

Ao mesmo tempo da pulverização da barreira, várias naves da frota de barreira foram atingidas pelo sopro, e explodiram por tarde a parte. Gregor recuperou sua sanidade vendo a figura das aeronaves defensivas pegando fogo e deu seu comando, e então o timoneiro, que da mesma forma conseguiu voltar à realidade, guiou a nave com reflexo milagroso.

Quando Durgrant girou, a última barreira foi quebrada.

— Todos, preparem-se para o impac-...

O grito que foi levantado por alguém não pôde chegar ao fim.

Logo depois disso, um impacto terrível atacou Durgrant. Um som estrondoso e um som de alerta feroz ressoaram.

O sopro que Tio soltou não parou e abriu um grande buraco no mar rodopiante de nuvens e desapareceu em direção ao chão. Ninguém teve tempo de observar onde caiu, mas se pudessem fazer isso, sem dúvidas experimentariam a sensação de um bloco de gelo lançado em sua coluna, com certeza.

Afinal, o lugar que foi impactado pelo sopro que desceu do céu... uma montanha com uma elevação de cerca de dois quilômetros foi atingida diretamente, e explodiu sem deixar nada para trás.

Era o sopro de um deus dragão que mudou a geografia.

A capitânia Durgrant foi atingida por isso; entretanto, ainda não estava afundando. Sua mobilidade não combinava com seu grande porte e a excelente reação do timoneiro os salvou, e eles escaparam com apenas a parte principal do canhão estruída.

Porém, a figura da aeronave inclinando-se diagonalmente enquanto pegava fogo e soltava fumaça estava causando um choque em todas as frotas como se estivesse afundando.

Os capitães da frota estavam olhando boquiabertos sem dar qualquer ordem com a cena que simbolizava o desespero onde a capitânia foi encurralada; era como se o tempo tivesse parado. O ataque da frota também parou e, de forma natural, os esquadrões de naves de batalha do céu também estavam olhando para a capitânia com os olhos arregalados.

Não havia como Tio desperdiçar essa oportunidade.

“Ó orgulhosos guerreiros. Batam vossas asas. Soltem vossos uivos. Marquem no coração desses invasores, que agiram como se fossem donos do céu, de quem és este território.”

Aqueles que responderam foram os dragões negros que estavam protegidos do ataque da frota de todas as direções. O uivo do dragão que sacudiu a alma ressoou pelo céu flamejante.

Era tarde demais quando o inimigo voltou aos seus sentidos em choque.

Os pilotos das naves de batalha do céu, que estavam olhando para a capitânia Durgrant enquanto circulavam, viram as grandes bocas abertas e as presas dos dragões através de suas cabines; no momento seguinte... eles foram engolidos por um sopro de calor escaldante e desapareceram.

Os outros esquadrões de naves de batalha do céu também tiveram suas costas capturadas e explodiram devido ao sopro dos dragões negros, outros foram atingidos pela investida dos dragões avançando e foram esmagados junto com suas cabines.

Os dirigíveis e naves-mãe retomaram o ataque.

No entanto, os dragões negros atuais não desperdiçaram a abertura da pausa.

A última visão que um capitão que estava sentado no assento de comando dentro da ponte viu foi a cena de um dragão negro descendo enquanto batia suas asas em grande forma enquanto sua grande boca se abria através do quebra-vento. Em seguida, sua consciência foi expulsa para a escuridão perpétua junto com o clarão negro que cobriu seu campo de visão.

Dragões negros estavam agarrados em uma nave-mãe. Eles estavam fora do alcance de disparo porque estavam muito próximos. As naves de batalha do céu, que originalmente deveriam estar desempenhando um papel ativo para que este tipo de situação não ocorresse, foram incapazes de proteger sua nave devido a outros dragões que os atacaram com uma cooperação inteligente e resolução suicida.

Assim, com um ataque mortal em direção à ponte, os dragões negros estavam afundando as frotas uma atrás da outra.

Mesmo naquele campo de batalha que apresentava uma situação caótica, também havia naves resistentes que estavam derrotando os dragões negros usando manobras habilidosas, mas os dragões que deveriam ser abatidos eram revividos como se nada tivesse acontecido no momento seguinte e atacavam mais uma vez.

Claro, havia dragões negros que foram atingidos pelo ataque dos canhões principais e foram exterminados sem poderem reviver. Havia também aqueles que estavam caindo em uma pirueta e sumiram no mar de nuvens sem que a ressurreição chegasse a tempo.

Porém, ainda assim…

— Esses caras... não têm medo algum?

Um capitão de uma certa nave-mãe sussurrou.

Logo depois disso, um dragão negro à beira da morte cujas asas foram transformadas em farrapos e suas escamas esmagadas, com seu espírito de luta não sendo entorpecido, estava uivando como se queimasse sua vida até virar cinzas e avançou em direção à ponte. E então, ele destruiu a ponte com o seu sopro!

Eles não tinham nada como medo. Se eles tivessem medo, então seria medo da morte sem nem mesmo lutar, viver com suas almas apodrecendo.

— Merda! Por que, eles não estão parando?!

O capitão de um certo dirigível gritou.

Um dragão negro recebeu todos os ataques com seu corpo enquanto protegia um camarada atrás dele, mesmo assim, avançou sem parar. Mesmo quando metade de seu corpo foi explodido pelo ataque direto de um míssil, a força que habitava dentro daqueles olhos não vacilou nem um pouco.

Ele entregou seu camarada em direção à localização do inimigo! É claro que o sopro do dragão negro protegido varreu a ponte.

Eles não iriam ficar parados pela segunda vez porque este era o céu. Este era o território deles.

Portanto, eles estavam superando sua oposição.

Eles estavam superando seu maior inimigo. E acima de tudo... seu eu do passado!

Aa... sério, que visão é esta...

A voz que estava turva com o sentimento transbordante veio da descendente do país que amava dragões e jurou viver junto com eles: Roze Phiris Avenst.

Seus maiores amigos que foram oprimidos, sua dignidade pisoteada, até o seu direito de viver foi roubado, agora renasceram. Ela estava sem palavras. Roze não entendia como expressar essa emoção dentro dela.

No entanto, a única coisa que ela entendeu foi...

Piih, piiiiiih!

E o último dragão monarca, Kuwaibel, também se sentia assim. A heroica e grandiosa batalha de seus irmãos, com sua existência em jogo, fez com que um rugido lhe escapasse. Ele sonhou com isso, ele ansiava por isso. Eles se humilharam, para tornar isso realidade. E assim, a visão do futuro que eles deveriam sofrer para alcançar estava bem aqui.

Ele não conheceu seu pai ou sua mãe. Ele também não tinha irmãos. Quando ele nasceu, havia apenas a garota humana que era sua parceira diante de seus olhos. Ele não pensava que era solitário. No entanto, ele desejava de seu coração que seus irmãos lutassem junto com ele.

Foi por isso que suas figuras despertadas fizeram a jovem alma de Kuwaibel tremer. Ele se perguntou o que deveria fazer para expressar esse sentimento transbordante...

Mas, havia apenas uma coisa que ele entendeu...

“Você quer lutar?”

— !?

Pih?!

Uma pergunta ressoou de repente.

Roze e Kuwaibel viraram os rostos juntos para o dono daquela voz.

A silhueta em cima do Deus Dragão Negro enrolado. Não havia necessidade de perguntar; era Hajime. Havia muita distância entre eles, mas eles entenderam que Hajime estava voltando o rosto para Roze e Kuwaibel.

A resposta dos dois foi concisa:

“Sim.”

Pii.

Sim, eles queriam lutar.

Com dignidade, apostando seu direito de viver. Para provar que a bandeira que hasteavam estava certa.

Eles queriam ficar lado a lado com seus irmãos que estavam demonstrando uma batalha feroz. Para que eles pudessem se chamar de “amigos”, de “rei”, com a cabeça erguida.

Roze e Kuwaibel olharam para trás. Lá, eles viram a figura do povo de Avenst cerrando os punhos, olhando fixamente para o campo de batalha. Todos viram a figura de seus amigos, sua vontade de lutar fervendo em seu interior: “Não podemos permanecer apenas como espectadores!”

Hajime, que mostrou um pequeno sorriso para eles, continuou:

“Rainha. Vou perguntar uma coisa, para frotas tão grandes virem até aqui, isso não quer dizer que a força de batalha em seu país agora é relativamente pequena?”

Eh? Isso é, com certeza... muito provavelmente, há apenas uma frota de defesa que se destacou na batalha defensiva permanecendo lá, eu acho.”

Mesmo que a pergunta repentina tenha feito Roze ficar perplexa, ela respondeu assim depois de refletir um pouco. A expressão de Hajime se distorceu sem medo.

“Este campo de batalha pertence aos dragões deste mundo. Talvez também esteja tudo bem para você se juntar à batalha como uma amiga, e como uma rainha, mas... neste campo de batalha, há Tio, o Deus Dragão Negro. E então, existem os dragões ‘despertados’ que obtiveram a proteção divina do deus dragão. Portanto, a derrota é impossível, mesmo em um milhão de tentativas.”

“Mas, embora isso possa ser verdade, permanecer como uma espectadora nesta batalha pela nossa existência...”

“É por isso que estou dizendo para usar essa oportunidade para derrubar a Nação Divina.”

“Não entendo o que você está dizendo.”

Roze deu uma resposta que soou como uma piada para aquelas palavras que soaram como uma brincadeira. Kuwaibel e as outras pessoas também estavam com uma expressão confusa pensando: “O que essa pessoa está dizendo?” em relação ao conteúdo da Telepatia que ouviram.

A expressão de Hajime de repente ficou séria para todos eles.

“Roze Phiris Avenst. Agora mesmo, este é o momento decisivo. Mesmo depois de terem perdido o seu rei e sua força de batalha despencar para o fundo do poço, se a Nação Divina endurecer sua defesa quando descobrirem essa informação, será que você conseguirá derrotá-los? O que aqueles dois dirigíveis e poucos pilotos podem fazer?”

“Mas isso…”

“Em um campo de batalha, estar separado daqueles que são importantes para você, deixá-los enfrentar um inimigo formidável... essas coisas serão acompanhadas por uma dor terrível. Mas, uma relação tão frágil como essa poderia existir entre humanos e dragões no Reino dos Dragões do passado?”

Mesmo que seus corpos estivessem separados, seus corações estavam sempre ao lado um do outro. Às vezes, eles eram separados pelo céu e pela terra e avançavam por causa de seu propósito. Esse era o vínculo entre humano e dragão no Reino dos Dragões do passado.

“Neste momento, eles têm a proteção divina de Tio, eles são capazes de exibir a maior força como um dragão negro. Mas, depois de partirmos, a regeneração infinita e também o enorme poder mágico sumirão. Mesmo que os dragões negros cooperem com todos vocês para retomar o reino, o obstáculo que vocês terão que superar será grande.”

— …

Hajime perguntou a Roze:

“Vocês todos, não têm o seu próprio campo de batalha?”

Uma vez, na batalha nos Recintos Sagrados, Hajime deixou para trás seus camaradas no campo de batalha e avançou. Isso foi feito sob um vínculo definitivo. Foi por isso que suas palavras foram transmitidas a Roze com um peso evidente.

“... mas, a distância daqui até Qwailent...”

“Se você desejar, então eu abrirei a porta. É um pequeno presente do instigador. Agora, o que você vai fazer, rainha de uma nação arruinada?”

Em certo sentido, este campo de batalha era ideal. Havia os dragões despertados, havia o governante supremo do céu, e havia a proteção divina de tal ser. Se lutassem juntos, Roze e os outros seriam capazes de dissipar o ressentimento reprimido de muitos anos quase ilesos.

Mas, era como Hajime disse, mesmo com apenas os dragões negros, não haveria nenhum problema aqui. E mais: não havia nenhuma razão para Roze e os outros se juntarem à luta. Isso não era nada além do problema da emoção.

Eles não entendiam como Hajime os enviaria até a Nação Divina, mas se ele disse que poderia, então sem dúvidas o rapaz era capaz de fazer isso. Roze estava convencida disso.

E então, um ataque surpresa a Nação Divina com certeza era sua maior chance de retomar o reino.

No entanto, não havia dúvidas de que o perigo estaria muito acima deste campo de batalha. Muito provavelmente, muitos dos soldados reunidos neste lugar agora perderiam as vidas.

Roze fechou os olhos.

A força de batalha do inimigo. Este movimento para se recuperar de sua situação desesperadora. O grau do dano. A chance de vitória. O mérito e o demérito depois que dessem um passo adiante. Caso não partissem para a batalha aqui, o estado das coisas em um mundo com céu limpo. A ação prevista da Nação Divina que perdeu suas principais frotas...

— Sua Majestade.

— Roze-sama.

Roze voltou a si de repente, e olhou para trás. Lá ela viu as figuras de Bovid e Sabas a olhando com um olhar forte. Não, não eram apenas os dois. Os irmãos Crow, os outros oficiais, e então, todas as pessoas, independentemente do sexo e idade, todos estavam olhando para Roze com um olhar que continha uma chama que era ainda mais quente do que o mar de chamas se espalhando no céu.

Aa, é verdade. Se for determinação, então já temos.”

Eles já não decidiram lutar? Eles não desejavam, que eles pudessem lutar?

A vontade do Reino dos Dragões Avenst já não foi exibida?

Roze mostrou um sorriso amargo para si mesma, que estava recuando agora quando chegou a hora de agir. E então, logo após isso ela declarou em voz alta com dignidade definitiva e determinação como a rainha de uma nação.

— Povo da Nação dos Dragões Avenst. Meu amado povo. Parece que a hora chegou.

O som explosivo do campo de batalha atingiu os tímpanos. Contudo, não importava quanto barulho ressoasse, seus ouvidos não falharam em ouvir as palavras de sua rainha.

— Se deixarmos toda a luta para nossos amigos despertos e fugirmos porque prezamos nossa própria vida... nossos corações morrerão. Mesmo se mergulharmos neste campo de batalha seguindo nossa emoção... não haverá nenhum significado. Considerar a fuga como uma batalha, essa fuga é lutar como fizemos até agora no mundo limpo... isso é algo que nosso orgulho não permite mais. Vou dizer mais uma vez. Chegou a hora.

Respirações foram presas. Todos corrigiram suas posturas, e eles encararam Roze.

— Se decidam. A partir daqui, desafiaremos uma batalha quase impossível.

Resgatar os amigos do Reino dos Dragões que nasceram apenas para serem explorados e mortos. Libertar o povo do Reino dos Dragões que foi capturado e tratado como escravo. E então…

— Vamos consertar o mundo. Como o primeiro passo disso... vamos recuperar nosso reino!

A resposta foi naturalmente um grito de guerra que não foi superado pelos uivos dos dragões.

Ao mesmo tempo, com aquele grito de guerra que soou como se fosse apagar os raios e as explosões, os oficiais superiores estavam dando instruções um após o outro. Todos estavam começando a se mover depressa. No meio disso, Roze virou seu olhar em direção a Hajime.

“Hajime-sama. Por favor, nos guie. Para a terra de nosso desejo mais antigo.”

“Bem-vinda ao campo de batalha. Rainha-sama.”

Hajime, que deu um sorriso largo e vilanesco, fez a ponta do dedo brilhar e pegou um artefato. Era uma chave cintilante colorida com um azul místico. Uma chave que abria até mesmo uma porta que cruzava mundos: a Chave de Cristal.

Hajime a jogou com apenas um movimento da ponta de seus dedos. A Chave de Cristal voou enquanto deixava para trás um rastro de luz azul-celeste e ela furou o espaço entre Hajime e a nave-mãe Avenst.

A Chave de Cristal que havia sido aprimorada com a pedra da gravidade inserida girou ao mesmo tempo que o Sinergista torceu o pulso, como se estivesse destrancando algo.

Gakon!

O som de uma fechadura abrindo ressoou no mundo.

É claro que era um efeito opcional. O som não tinha sentido, mas Hajime ficou impressionado com a ideia, então não havia como evitar. Essa também era uma Qualidade de Hajime!

A propósito, anteriormente, o portal aberto parecia uma membrana brilhante, mas agora parecia uma impressionante porta francesa1 que apareceu do ar e estava se abrindo enquanto fazia um som solene e pesado.

É claro que esse também era um extra opcional! Não fazia sentido, mas Hajime se deixou levar com a empolgação, então não havia o que fazer! Essa também era uma Qualidade de Hajime!

Aliás, a porta era meramente uma projeção tridimensional, portanto, o tamanho e também o design poderiam ser alterados com base no humor atual do Sinergista! Esse era o seu item orgulhoso que ele fez em um mês de trabalho duro combinando a tecnologia cinematográfica da Terra e a magia de Tortus!

“… Hajime-sama. Por acaso, você é alguém afiliado de deus?”

Não, ele era apenas um inventor obsessivo. Ao nível que ele até esqueceria de comer e dormir uma vez que ficou absorvido em algo, e ele não parava até que fosse arrastado pela esposa legal, ou recebesse um suplex da esposa com orelhas de coelho.

“Vão. Que a sorte da guerra esteja com vocês.”

“! Muitíssimo obrigada. Rezarei para que, algum dia, possamos nos encontrar mais uma vez em um mundo onde o coração do povo, e também a alma dos dragões, estejam todos esclarecidos.”

Roze se curvou, e então ela virou-se em direção ao dirigível Rozeria, a fim de assumir o comando sobre toda a força.

“Esta se sente um pouco desconfortável apenas com essas crianças. Oho? Fumu, é mesmo? Muito bem, deixe teus irmãos para esta.”

Tio, que estava parada acima do céu para observar a batalha dos dragões negros, enviou um olhar para Roze e os outros. E então, vários dragões voltaram do campo de batalha e dispararam em direção ao dirigível Rozeria enquanto lançavam seus olhares para Tio.

Parecia que eles estavam transmitindo para ela que iriam segui-los, então eles pediram a mulher-dragão para cuidar de seus irmãos.

“Que deus dragão superprotetor.”

“O que estás dizendo? O Mestre diz isso, mas até estava emprestando tua mão abrindo o portal.”

“Algo assim não conta como dar uma mão. Só estava mandando aqueles caras para o inferno.”

“O ato de agora és necessário para que eles possam viver orgulhosamente com a cabeça erguida no futuro à frente. O ato de instigar também conta como dar uma mão. Fufu.”

Enquanto eles estavam conversando telepaticamente apenas entre os dois, os dirigíveis Rozeria e Averia desapareceram dentro do portal seguidos pela Nação do Navio Avenst.

... eles passaram pela impressionante porta brilhante que foi criada pela birra de Hajime: — Só mais um pouco mais! Só um pouco mais até que termine! Eu vou comer quando estiver terminado, tá legal?!— enquanto suas bochechas eram esticadas por Yue e seu corpo era imobilizado por um Cobra Twist de Shia.

— Malditos, para onde estão indo? Mas que diabos são vocês dois?!

Um grito raivoso surgiu no campo de batalha que tinha atingido a intensificação unilateral. A voz de Gregor, que estava cheia de desconforto e confusão, não tinha mais nem um pingo de sua antiga dignidade.

— Esse tipo de poder incompreensível, de repente aparecendo do nada! Não me venham com essa! Como algo assim pode ser permitido?! Droga, maldiçãããão! Eu sou, o rei da Nação Divina, entenderam?!

O grito de Gregor era uma queixa para Hajime e Tio... ou melhor, estava mais para um solilóquio. O número de naves já havia diminuído até a metade. Eles eram incapazes de sequer reabastecer sua energia com o núcleo de dragão. A produção de energia das frotas que estava em declínio nem tinha mais potência sobrando para disparar seu canhão principal.

Já não havia vestígios deixados de sua majestade quando eles apareceram pela primeira vez com o alvorecer.

Isso devia estar encurralando ainda mais a mente de Gregor. Ele gritava sem parar coisas como: — Esse-esse tipo de realidade, esse tipo de absurdo, como isso pode ser permitido?!

Para o homem nesse estado, Hajime disse:

“Você é fraco. Isso é tudo o que há para dizer, não é?”

O clamor de Gregor, que era como uma criança fazendo birra, parou.

Gregor Cluzet Qwailent era mais fraco.

Sem dúvidas, isso era tudo o que havia para se dizer da situação.

A fundação do rei da pilhagem foi uma convicção em direção à força.

Se era violência ou ingenuidade, qualquer coisa estava bem. Qualquer um que pudesse superar seu oponente seria capaz de fazer o outro se submeter, pisoteando ou os destruindo. Uma pessoa que pudesse fazer isso estava certa, as palavras dos fracos não eram nada além de bobagem.

O forte estava certo, o fraco errado.

Esse era o tipo de coisa em que Gregor acreditava.

— ... é mesmo? Então eu sou o fraco, mesmo depois de me tornar o governante supremo, hein? Hahah, essa é mesmo uma piada ruim, é sim.

Gregor soltou uma risada seca que soou um pouco compreensiva.

Não havia mais naves defensivas nas proximidades; Durgrant também estava soltando fumaça branca em todos os lugares enquanto se inclinava. Não havia reabastecimento de energia, e a aeronave estava em um estado onde manter seu poder flutuante era o melhor que podia fazer.

O grande número de armas que a nave estava equipada estava lançando uma barragem usando um ataque físico como balas e mísseis, por causa disso ela não afundou ainda, mas...

Ei, me diga. Mas que diabos vocês dois são?

Essa foi provavelmente a última pergunta de Gregor em sua vida.

Hajime mostrou um gesto pensativo por um tempo antes de responder com um sorriso malicioso:

“Apenas um monstro de passagem.”

Um dragão negro enfim escapou pela barragem mesmo com feridas por todo o corpo e chegou em frente ao quebra-vento da ponte. Ele arregalou sua mandíbula. A luz da morte convergiu lá dentro. Os tripulantes gritaram e fugiram.

Em meio a isso, Gregor jogou seu corpo no assento do comandante e sentou-se pesadamente. Em seguida, descansando o queixo em uma mão, com uma voz baixa, ele disse:

— Então eu atingi o total fracasso bem no final, hein? Minha nossa, que piada.

Ele sussurrou tal coisa.

A ponte da capitânia Durgrant foi destruída. A visão da nave caindo impotente foi suficiente para abater as aeronaves sobreviventes.

Os dragões negros soltaram seus uivos em direção àqueles que não podiam sequer realizar manobras de batalha satisfatórias e se reduziram a uma multidão desordenada.

E então, os dragões jogaram seus corpos na última batalha decisiva.

Não demorou muito tempo até que toda a maior força de batalha deste mundo se tornasse um amontoado de destroços chovendo sobre o chão.


Nota do Autor (Ryo Shirakome)

Muitíssimo obrigado por ler esta história todas as vezes.

Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.

Estava tarde, mas de alguma forma postei o capítulo.

No próximo mês, eu devo ter mais tempo livre e poderei postar mais...

Muito bem, essa dúvida surgiu na coluna de impressão, então vou explicar.

Quando está em seu modo deus dragão, Tio parece um dragão oriental, uma serpente com garras. Sinto muito que isso tenha confundido vocês.

A propósito, Tio assume a forma de uma serpente no modo deus dragão por causa... da preferência. Preferência de Hajime.


Nota

1 – Porta francesa é um modelo de porta onde a sua estrutura pode ser feita em madeira, ferro ou alumínio e possui painéis de vidro que podem ser usados na porta inteira ou em alguns pedaços de vidro e outros totalmente feitos com o mesmo material da estrutura da porta. Além disso, o modelo tradicional da porta francesa é conhecido por ter duas folhas que se abrem no centro, porém, hoje em dia também já se encontra modelos de porta francesa que são de correr, muito usadas por quem quer otimizar espaço nos ambientes.



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