Volume 8

Capítulo 159: Um agitador que é ainda mais desagradável do que Deus

A sensação de parecer flutuar no fundo da água escura foi aos poucos aumentando. Uma luz fraca começou a se tornar visível por trás das pálpebras fechadas, os ouvidos embebidos em silêncio começaram a captar ruídos.

― ... pa-... não morr-... -pai.

― Haji-...

― Abra seus... Hajime...

Várias vozes que pareciam desesperadas abalaram a consciência do garoto. Um terrível sentimento de cansaço fez Hajime querer dar uma resposta exagerada e clichê como: ― Mais cinco anos. ―, mas ele engoliu de volta esse impulso e acordou.

Ao mesmo tempo, o calor que envolvia seu corpo permeou suavemente até seu âmago, varrendo seu cansaço enquanto produzia vitalidade como um combustível derramado em um motor.

Devido a isso, enquanto sentia sua consciência emergindo com rapidez, o rapaz abriu os olhos em silêncio.

À sua vista, havia vários rostos refletidos em um círculo como um tabuleiro de roleta. Se um homem comum passasse pela mesma experiência, ele com certeza não poderia deixar de sussurrar: ― Aa, eu estou morto. Este lugar é o paraíso... ― por causa das mulheres lindas, a bela bonita e a garotinha que se alinharam lá.

― Papai!

— Hajime-san!

― Hajime-kun!

― Mestre!

― Nagumo-kun!

Myuu, Shia, Kaori, Tio, Shizuku, cada uma delas chamou o nome de Hajime com sua respectiva maneira de chamar junto com um suspiro de alívio. Sem exceção, no canto dos olhos das meninas, algo brilhava. Com certeza, elas estavam muito preocupadas.

― … aa. Eu deixei todas vocês preocupadas. Meus ferimentos… Kaori, hum. Obrigado.

— Está tudo bem. Algo como isso não importa. Estou muito feliz. Seu coração parou por um momento lá... ... soluços, é sério, estou muito feliz...

― En-então meu coração parou. Isso me deixa ainda mais agradecido.

― Santo Deus, desu. Se não fosse Kaori-san, o que teria aconteceria lá... de verdade, Hajime-san foi imprudente demais, desu.

Pelas palavras da Curandeira que foi tomada pela emoção e começou a chorar, o Sinergista imaginou que ele estava em apuros, com as bochechas apertadas, ele expressou sua gratidão. Para tal Hajime, Shia abraçou com força o braço restante enquanto bufava de raiva.

― … de verdade, me desculpem. Não vou ficar descontrolado de novo.

― Papai, você já está bem?

— Sim. Myuu também, eu sinto muito. Eu te mostrei algo desagradável. Aliás, obrigado. Por parar o papai. Myuu, você já é muito mais forte do que o papai, hã.

— Ehehe. Myuu é a filha do papai, nanooo. Portanto, isso era óbvio, nano.

Myuu mostrou um grande sorriso enquanto pressionava o rosto no peito de Hajime e aninhava-se ali. Parecia que, além de se sentir orgulhosa, ela também estava se sentindo envergonhada por ser elogiada. Hajime usou a mão direita que foi libertada por Shia e acariciou a cabeça de Myuu com gentileza.

— Bom, de qualquer forma. O mais importante é que o Mestre está seguro. É irritante que esta não tenha conseguido fazer o "boca a boca"...

— Você, o que você estava tentando fazer enquanto eu estava vagando entre a fronteira da vida e da morte...

— ...

— Ei, Yaegashi. Por que você está olhando para o outro lado com uma cara estranha?

— Não, não é nada, não é como se eu quisesse te beijar ou al-al-go do tipo, entendeu?

Shizuku parecia bastante agitada. No momento em que ela falou sobre o beijo, já era impossível tentar usar a respiração artificial como desculpa, mas parecia que a pessoa em questão não havia notado isso. Hajime queria inserir uma refutação: — Para onde foi a Yamato Nadeshiko? —, algo desse tipo.

Olhando com atenção, Shia e Kaori também estavam desviando os olhares, seus rostos preocupados agora tinham desaparecido.

Parecia que tudo terminou apenas com uma tentativa, mas todas aparentavam ter a sensação de querer atacar Hajime enquanto ele dormia. Considerando como ele acordou logo após a cura, e os demônios ainda estavam ajoelhados com expressões perplexas, felizmente, parecia que não havia passado muito tempo desde que o rapaz perdeu a consciência.

Apesar de tudo, o Sinergista notou como essa atmosfera jocosa foi criada de propósito. Com certeza, deveria haver mais uma pessoa aqui, uma companheira importante que emitia um senso de presença que ninguém poderia ignorar deveria estar presente.

Ela não estava aqui... não foi apenas Hajime quem foi ferido por esse fato. Mesmo assim, Shia e as outras agiram da melhor forma que podiam para serem atenciosas com o garoto, para que seu coração não ficasse sozinho e se partisse, elas o apoiaram com uma atmosfera de palhaçadas como essa.

"Puxa, isso é patético apenas para mim. Esse ‘eu’ que estava tão apegado a Yue, que fui apoiado por essas garotas, para desistir de tudo por conta própria..."

Não apenas Hajime, até Yue, antes, na Caverna de Gelo e Neve, teve o juízo restaurado à força por Shia. Com certeza, não apenas a garota-coelho, mas Kaori e as outras também os apoiaram e os salvaram.

Essa jornada começou apenas com os dois no fundo do abismo, com a decisão de transformarem o mundo em um inimigo. Mas antes que percebessem, aqueles que tentariam proteger pessoas monstruosas como eles haviam se reunido ao redor do casal.

Chegando tão longe, Hajime sentiu o óbvio mais uma vez. A lembrança da derrota amarga foi repintada pelo sorriso de suas confiáveis companheiras. Ele fez um juramento interior. Ele olhou para o céu e pensou em sua amada que estava esperando por ele lá.

Olhando para o garoto que estava com uma expressão difícil de descrever em que dor e determinação se entrelaçavam, Shia e as outras abriram a boca para chamá-lo...

Contudo, como esperado, a garotinha com crescimento notável venceu com facilidade o grupo feminino alinhado.

— Papai, está tudo bem, nano?

— Hmm? Myuu?

As palavras repentinas fizeram Hajime inclinar a cabeça, em contraste, Myuu mostrou um sorriso que parecia um pouco com o de uma "Onee-san". Esse sorriso, por algum motivo, o fez se sentir um déjà vu, sim...

"Por acaso, ela está imitando Yue?"

Antes disso, quando ela avançou em um terreno perigoso para impedi-lo, Myuu imitou Hajime e copiou sua coragem. Dentro do curto, mas denso período que passaram juntos, a garotinha obteve um tipo de força. Mas o que Myuu obteve não venho apenas do Sinergista

Enquanto as próprias pessoas não estavam cientes, parecia que Myuu estava absorvendo várias coisas de Yue, que estava sempre aconchegando-se ao lado do Sinergista com o coração conectado a ele. Parecia que a garotinha pensou que isso servia para incentivar Hajime, então ela só precisava ser como "Yue-oneechan"!

Dessa forma, em direção ao encorajamento de sua galante filha, a expressão do Sinergista também relaxou aos poucos.

Mas Hajime ainda estava subestimando Myuu. O vocabulário da garotinha, que chegara tão longe observando Hajime e as outras, não parecia ter a palavra "ceder" ou "meio-termo". Se você for fazer algo, faça-o por completo! Como se quisesse dizer isso, a garotinha lançou um olhar direto e, com sua mão pequena que parecia uma folha de bordo, ela apoiou as bochechas de Hajime.

E assim…

— No lugar de Yue-oneechan, Myuu fará o papai ficar energético, nano!

— Não, Myuu, o que você estáááá...!?

Hajime ainda estava deitado, então ele não podia recuar, sua mão estava apoiada nas costas de Myuu, assim, ele também não poderia segurá-la, o Sinergista, que não poderia impedi-la, teve seus lábios ― o canto deles (ele mal desviou o rosto) entrou em contato com os lábios de Myuu. Foi um beijo infantil, com os lábios da garota salientados como um polvo, mas um beijo era um beijo.

— Aaaaaaaaaaa!!

— Aaaaaaaaaaa!!

— Aaaaaaaaaaa!!

— Hmm, longe de ser apenas nós, para pegar o Mestre de surpresa... Myuu, que criança terrível!

O grito de espanto de Shia, Kaori e Shizuku e a admiração sem sentido de Tio ressoaram. Hajime não viu porque estava cercado pelas garotas, mas Aiko e os outros pareciam também estar logo atrás de Shia e companhia formando uma multidão, pois seus gritos também surgiram. Não era preciso dizer quem estava gritando.

Devido à evasão imediata que ele de alguma forma realizou, o Sinergista pelo menos evitou a situação anormal de se tornar parceiro de uma jovem criança. Além disso, foi o primeiro beijo de sua filha, embora para as pessoas ao redor parecesse que isso não importava muito.

Se visto de lado, era uma cena de Hajime sendo empurrado por uma garotinha e depois sendo beijado por ela. Foi compreensível. O que foi assustador foi a reprodução da imitação de Myuu baseada em Yue. Ou então o erotismo da princesa vampira que frequentemente derrubava Hajime que Myuu poderia vir a copiar...

Mas, naquele momento, no corredor que exibia a situação infernal, uma voz indiferente ressoou como se não ligasse para a situação atual.

— Ora, ora, hum, hum. Até para minha filha, isso é mesmo ousado. Mas entenda Myuu. Você é a filha, é por isso que você não deve mirar nos lábios. Os lábios do marido pertencem à mamãe, entendeu?

— Quem é o "marido" e o que há com essa história de "pertencem à mamãe", desu!? Por favor, não entre em suas desilusões e aja como se fossem casados!

Sem perceberem, Remia torceu seu corpo ao lado de Shia e brincou com isso. A garota-coelho fez uma contestação vigorosa.

Myuu, que foi arrancada por Kaori em pânico, fez um beicinho com os lábios, insatisfeita. — Nãããão! Myuu está fazendo "chuu" com o papai, nano! Tem que ser na boca, nano! — Ela começou a fazer birra em cima de Hajime.

Dos colegas de classe que se reuniram em locais um pouco afastados, algo como: — Suas presas venenosas chegaram até em uma criança pequena... rei demônio maníaco sexual! — ou — ... lolicon... — ou — Esse tipo de coisa, com pai e filha... isso é muito anormal... — ou — Nagumo-san, está mesmo ferrado... su... — eram audíveis, mas Hajime não ouviu nada. Ele estava com uma expressão que fazia até os demônios estremecerem, mas ele disse que não estava incomodado e, portanto, não estava incomodado.

O Sinergista se recompôs e fez uma expressão séria enquanto levantava a parte superior do corpo. E então, com seu olhar, ele transmitiu com seus olhos um pedido para Remia cuidar de Myuu.

Eventualmente, a garotinha precisaria de alguma educação. Nesse ritmo, ela se tornaria uma garota de alta classe em vários sentidos, imitando todas elas, sorrindo de forma audaz enquanto lutava, agindo de forma inocente, sem esquecer de ser gentil e atenciosa com os outros, mas espalhando seu charme por toda parte por mero capricho. Hajime queria que Myuu não aprendesse com a pessoa restante que era uma pervertida sem igual.

Hajime balançou a cabeça como se quisesse afastar um pensamento desagradável e, de repente, ele executou uma transmutação e criou uma espada que parecia uma katana do chão de pedra.

Era esguia e feita de pedra, mas usando transmutação de compressão, possuía alta densidade e peso surpreendente. Além disso, garra do vento estava encantada na arma, de modo que o redor da lâmina parecia balançar levemente, mesmo sendo uma katana de pedra que foi feita de improviso, ela possuía um ar intimidador anormal.

Os olhos de Shia e das outras se voltaram com o súbito ato do Sinergista, e então o olhar dele voltou-se para os demônios, o que os fez enrijecerem com o nervosismo.

— Ha-Hajime-kun…

Para Kaori, que o chamou com uma voz preocupada, Hajime se levantou enquanto a olhava. Depois disso, ele olhou para Myuu, que o encarava de dentro dos braços de Remia. Ele encolheu os ombros enquanto ria um pouco, transmitindo de forma implícita: — Está tudo bem.

Não havia vazio nos olhos do rapaz, reconhecendo que ele estava saindo de seu habitual ar de indiferença, Kaori e as outras suspiraram aliviadas. Myuu também sorriu.

Hajime confirmou isso e deu meia-volta, enquanto todos o observavam com atenção, ele se levantou de forma imponente diante dos demônios.

— Muito bem, eu realmente não tenho nenhuma expectativa, mas há algo que devo perguntar a vocês. Se vocês não sabem, não me importo, mas não tolerarei falsidade ou silêncio. É claro que vocês têm a liberdade serem teimosos... mas saibam que a compensação será alta. Se a pessoa ao seu lado é importante, sejam honestos.

O rapaz bateu a katana de pedra em seu ombro enquanto os ameaçava como se fosse algo natural. Atrás dele, ele poderia ouvir alguém entre os colegas sussurrando: — Ele parece um delinquente... —, mas ele ignorou isso.

— Se-se respondermos, você nos deixará viver?

— Aa? Você acha que está em uma posição em que pode negociar? Algo como isso obviamente dependerá do meu humor. É melhor você esforçar-se ao máximo com um sorriso enquanto fala. Nós fomos vítimas da intenção assassina de toda a raça dos demônios, com aquele Freed no topo da lista. Agora mesmo, você deveria estar derramando lágrimas e agradecendo, apenas por eu deixar todos vocês viverem.

De trás, um sussurro de: — Isso não é muito diferente de antes, não é? — podia ser ouvido, mas Hajime também ignorou isso.

Ele abriu a boca enquanto olhava para os demônios sobreviventes que ficaram quietos.

— Falem o que vocês sabem sobre os Recintos Sagrados. Além disso, eu lembro de vocês dizendo algo como querer Kaori... a apóstola para abrir o Portão Divino, mas uma apóstola pode abri-lo sozinha?

Essa pergunta foi respondida com hesitação por um demônio que parecia ser o pai que cobriu seu filho mais cedo.

— No que diz respeito aos Recintos Sagrados, ouvimos apenas que era um paraíso para nós, a raça dos demônios. Se pudermos ser recebidos lá, ouvimos dizer que podemos nos tornar uma raça ainda melhor. Também há algo como prosperar ainda mais na nova terra... eu não entendo muito sobre o Portão Divino. Foi só que, pensamos que, se fosse a apóstola-sama, ela poderia fazer algo, de alguma maneira...

— Aa? Isso é tudo que você sabe? Você não está tentando me enganar, está? Sua fé e seu filho, o que você pode proteger é apenas uma entre essas duas opções, só para você saber.

Hajime deu um tapa leve com a katana de pedra na bochecha do homem. O garoto abraçado pelo homem gritou — Hii! — enquanto enviava a Hajime um olhar de terror.

De trás, um sussurro de: — Não importa como você olhe para isso, isso é coisa da yakuza... — era audível, mas o Sinergista ignorou mais uma vez. Além disso, o sussurro de: — Papai, isso é tão legal! — de Myuu e uma voz chocada de: — Eh!? Está mesmo tudo bem!? — surgiu, mas tudo isso também foi magicamente ignorado.

— É-é verdade! Nã-não é como se essa pergunta testasse minha fé ou algo assim, então eu não menti! Além disso, isto diz respeito à vida do meu filho! É verdade, não sei de mais nada!

— Chih, inútil. E quanto aos outros?

— Nã-não, qualquer coisa, além do que foi dito...

— Eu-eu também...

— Por-por favor, pelo menos a vida do meu filho...

Hajime bateu mais uma vez sua katana de pedra em seu ombro, enquanto seus olhos se estreitaram em desgosto, isso fez os demônios tremerem de medo e implorarem por suas vidas. Atrás deles, um sussurro de: — Não importa como você olhe para isso, o vilão é Nagumo... — pôde ser ouvido, mas foi ignorado com classe.

— Haa, não há o que fazer, hum. Seria diferente se fosse um assistente de Freed ou talvez um soldado, mas apenas civis... é.

Mesmo enquanto suspirava profundamente, Hajime não parecia tão desanimado. Ele então balançou a cabeça uma vez e estreitou os olhos sem dizer nada. “Sem chances, vamos ser atacados mesmo assim!?” Os demônios pensaram isso e seus corpos se contraíram com calafrios.

Faíscas vermelhas corriam ao redor deles. Mas, logo depois que eles imaginaram o pior, o chão de pedra ao seu redor se transformou e se tornou uma gaiola em poucos segundos.

— Por enquanto, fiquem quietos aí. Se vocês pensarem em algo que não é bom e criarem problemas... vocês já sabem, não sabem?

— Si-sim…

A magia espacial estava encantada na gaiola, fixando-a no próprio espaço, era impossível escapar dali com força mediana. Fazer essa gaiola para aprisionar os demônios, em outras palavras, também significava que eles não teriam suas vidas tiradas. Entendendo isso, os demônios suspiraram de alívio, embora seu nervosismo ainda estivesse presente.

Os colegas de classe também, embora fosse a raça dos demônios, todos ficaram satisfeitos por isso ter terminado sem que precisassem ver a cena de crianças assustadas sendo massacradas diante de seus olhos.

Quanto a Hajime, apesar de ter recuperado sua sanidade mental, ele teve a ideia de matar esses demônios que tentaram matar suas companheiras para que eles pudessem ir para os Recintos Sagrados, porém…

Como era de se esperar, embora oitenta por cento disso fosse devido ao Sinergista recuperar sua sanidade mental, Myuu também colocou seu corpo em risco para protegê-los. Matá-los parecia errado. Para não falar de como, no meio da atmosfera instável, — Não deveria haver mais matança de pessoas que não estão resistindo... isso não acontecerá, certo? —, se o rapaz dissesse algo como: — Hã? Eu vou mesmo massacrá-los, há algum problema com isso? — e executasse o ato... sem dúvida, o clima ficaria pesado. Com certeza, se tornaria uma atmosfera insuportável.

E assim, com a intenção de cortar seus pescoços se eles fizessem qualquer movimento estúpido, por enquanto, Hajime colocou a questão sobre o tratamento dos demônios em espera.

Ele virou as costas para os demônios presos e voltou para Shia e as outras. E então, ele realizou uma transmutação que era a mais notável de tudo até agora e, em um piscar de olhos, ele criou uma mesa e cadeiras de acordo com o número de pessoas.

— Por ora, todos vocês, sentem-se. Vamos falar sobre o que fazer daqui em diante.

Shia e as outras acenaram com essas palavras enquanto os colegas de classe recuperavam o fôlego com perplexidade.

A propósito, havia dois conjuntos de mesas. O lado onde Hajime, Shia, Kaori, Tio, Shizuku, Suzu, Ryutaro e então Aiko, Liliana, Remia e Myuu se reuniram. Os colegas de classe estavam no outro conjunto. Embora Myuu estivesse fazendo birra dizendo que era melhor estar no colo de Hajime, Remia, que leu a atmosfera, segurava a garotinha em seus braços.

Deixando de lado a descontente Myuu, o Sinergista olhou para todos os presentes com um olhar sério e abriu a boca.

— Primeiro, vamos organizar as informações. O deus que se apresentou como Ehito e assumiu o corpo de Yue, se as palavras dele forem verdadeiras, então, para tomar total controle do corpo, ele levará pelo menos três dias.

Depois que Hajime proferiu suas palavras, todos fizeram uma expressão agoniada. Todos entenderam bem o quanto o rapaz valorizava Yue com seu descontrole anterior, então eles não podiam deixar de simpatizar com ele.

Embora Shia, Kaori, Tio e Shizuku retornassem olhares fortes que não vacilavam nem um pouco.

Dentro da mente das garotas, a recuperação de Yue já era um fato determinado. Elas acreditavam que a recuperariam sem falhar. Por isso, não havia motivo para ficarem tristes ou se comportarem com seriedade. A conversa jocosa e frívola de antes também mostrava essa atitude.

Shia continuou após as palavras de Hajime.

— Para recuperar Yue-san, temos que ir a esses Recintos Sagrados que eles mencionaram, não é? Mas, aquele portão dourado não deixou Hajime-san passar. Se as pessoas que conseguem passar são limitadas por Ehito, então é necessário um plano diferente, desu.

— Você tem razão. Precisamos obter um método diferente para ir aos Recintos Sagrados, ou, possivelmente, um método que possa romper o Portão Divino que se manifestará na grande invasão daqui a três dias.

— Hmm, quanto ao método de ir de forma direta... Mestre. Como imaginado, a chave de cristal...

Tio perguntou a Hajime. Para isso, o rapaz suspirou enquanto balançava a cabeça.

— Nada bom. Ela estava junto com os outros itens na caixa do tesouro. De fato, se tivéssemos isso, com certeza seria possível entrar nos Recintos Sagrados de forma direta, mas... sem Yue, na melhor das hipóteses, talvez eu possa fazer uma versão inferior dela.

Aiko e os outros, que não sabiam sobre a chave de cristal, inclinaram a cabeça, assim, Shizuku, que estava ao lado da professora, explicou com um olhar agoniado. Na verdade, Hajime já havia obtido o método para retornar à Terra. Aiko e os alunos que foram informados disso ficaram em silêncio, um momento depois, a sala de audiências estava cheia de vozes chocadas.

— Vocês são barulhentos. De qualquer maneira, ela já foi destruída, então não há o que fazer. Não façam barulho.

— Mas, mas, embora talvez possamos enfim ir para casa...

— Isso mesmo! Você não pode fazer isso mais uma vez!?

— Eu te imploro Nagumo! Mostre-nos sua coragem!

Sonobe, Nimura e Tamai enviaram a Hajime palavras suplicantes. Os outros colegas também fizeram um tumulto alto enquanto enviavam ao Sinergista olhares suplicantes.

O olhar do rapaz, que fez uma careta de irritação, foi em direção à mesa dos colegas de classe em tensão. Aiko, que teve uma péssima premonição, deu uma bronca em pânico.

— Todos, fiquem quietos! Por favor, não façam barulho! Se acalmem!

— Ma-mas Aiko-chan-sensei...

Em resposta a Aiko, que pulava para cima e para baixo enquanto os reprovava, os estudantes se acalmaram por um momento. Mesmo assim, os estudantes, que estavam no mesmo estado mental de um cavalo com uma cenoura pendurada na frente dos olhos, resmungavam querendo dizer alguma coisa.

Aiko falou com eles de uma maneira muito gentil e detalhada.

— Ouçam bem, pessoal. A Sensei realmente entende como todos estão se sentindo, mas, por favor, ouçam as palavras de Nagumo-kun com calma. O artefato para ir para casa já está perdido, para criá-lo mais uma vez, o poder de Yue-san é necessário. Mesmo se todos vocês causarem alarde agora, essa verdade não mudará.

— No entanto, a possibilidade de Nagumo estar mentindo porque ele prioriza recuperar a garota é...

— Nagumo-kun não mentiria assim! … ele não faria isso… não faria, entenderam? … ele… não… você não faria isso, faria?

Por alguma razão, depois que Aiko se opôs com firmeza, ela estava aos poucos perdendo força e dirigiu um olhar perturbado para Hajime. Como era de se esperar de alguém que foi forçada a experimentar várias coisas usando o nome de "Deusa da Boa Colheita", Aiko percebeu que não podia declarar que o garoto não mentiria no meio de sua afirmação e sua confiança se esvaneceu.

Em seu coração, o Sinergista incentivou: "Continue se esforçando nesse discurso!" para Aiko, mas esse foi o resultado de ele colhendo o que plantou, então Hajime fez apenas uma careta. O rapaz proferiu palavras impiedosas para os colegas de classe que não estavam em um estado calmo devido às boas notícias repentinas e à decepção que se seguiu.

— Não estou mentindo, eu acho. De qualquer forma, não tenho nenhuma intenção de perder meu tempo só para que vocês possam ir para casa. Além disso, vou concentrar todas as minhas forças em recuperar Yue. Ir para casa é irrelevante.

— De jeito nenhum! — Os colegas de classe começaram a clamar mais uma vez, mas a Coerção liberada por Hajime os calou à força enquanto ele pronunciava as palavras que os fizeram reconfirmar a situação atual.

— Além do mais, se vocês puderem voltar para casa agora mesmo, o que farão depois, hein? Se o deus de merda não for assassinado, seu próximo alvo é a Terra, não é? Isso não faz sentido.

— Uu, agora que você disse isso...

— Com certeza, ele disse algo do tipo...

— Droga... apenas nos deixe em paz.

As palavras de Hajime fizeram com que os colegas cobrissem os rostos, se prostrassem sobre a mesa ou se entristecessem. Olhando para eles agindo assim, o Sinergista colocou a conversa de volta aos trilhos.

— E assim. Retomando a conversa, se for com uma versão degradada da chave de cristal, talvez seja possível romper esse Portão Divino. É irritante, mas... não há nada a fazer senão esperar até a grande invasão daqui a três dias, quando as apóstolas reaparecerem.

— Seria mais fácil se Ehito ficasse preocupado quando Aruvheit não voltou e saísse de lá por conta própria, no entanto...

Kaori murmurou isso, mas a possibilidade parecia baixa. Ehito provavelmente não sairia até que ele se tornasse capaz de controlar por completo o corpo, e o momento em que ele seria capaz de fazer isso era o momento da grande invasão. Nesse caso, isso não mudava o fato que seria o outro lado que teria que ir até eles.

— ... antes de falarmos sobre isso, podemos ganhar, é o que eu me pergunto.

Quem murmurou isso foi Suzu. Ela estava olhando para baixo e uma sombra pesada cobria seu rosto. Com certeza, ela estava se lembrando de quando eles ficaram incapazes de fazer qualquer coisa ao encarar Ehito.

Todos mostraram expressões complicadas. No meio disso, foi Hajime quem respondeu com facilidade.

— Vamos vencer.

Suzu se opôs a esse tom leve com uma expressão levemente sombria.

— ... mesmo que você não tenha conseguido fazer nada contra ele?

— Sim. Mesmo assim, vencerei na próxima vez.

— Como, você pode dizer isso...!? Ele pode fazer qualquer coisa conosco apenas com uma palavra, sua magia é poderosa e sem comparação. Para piorar a situação, as apóstolas, Freed, monstros... e Eri... até Kouki-kun está do outro lado... esse cara é genuinamente um monstro, sabia?

Parecia que o coração de Suzu estava quase se partindo. Eri, com quem ela queria se reunir, não a ouviu. Longe disso, ela foi confundida com facilidade e ficou incapaz de fazer qualquer coisa. Na verdade, os monstros que ela convocou usando o portal simples no meio da batalha também foram mortos em um instante pelas apóstolas.

Embora não se pudesse negar que ela ainda não estava acostumada à magia da metamorfose, até a magias da era dos deuses que ela por fim obteve com grande dor acabou sendo inútil. Suzu estava rangendo os dentes com sua impotência.

E, acima de tudo, a ilusão em que Ehito a colocou — naquele momento, Suzu e os outros experimentaram a sensação de serem despedaçados em um instante, o que pareceu tão real que fez todos confundirem isso com a realidade. Suas mãos e pernas foram cortadas com sangue espirrando por toda parte, e enquanto caíam e caíam, a parte superior do corpo e a parte inferior se separavam, os ombros caíam e por último o pescoço voava.

A sensação de uma espada invisível tocando-os de fora para dentro, até agora Suzu conseguia se lembrar disso. Ela se lembrava de forma clara. Ryutaro e Shizuku também estavam na mesma. Eles acariciaram seus pescoços e seus membros com expressões de desconforto. Eles também ficaram sem nenhuma sensação em seus próprios membros por um tempo. Em meio a essa situação, a força mental de Shizuku, que chegou ao ponto de desfazer sua maldição e recuperar seu movimento para lutar, merecia elogios.

Mas, para Suzu, lembrar o medo que ela sentiu de estar morta enquanto estava viva era algo difícil de suportar. Só de pensar que ela poderia sentir isso mais uma vez fez seu corpo se encolher por reflexo.

Hajime disse sem sequer se importar com tal Suzu.

— E daí?

— Eh?

Suzu olhou para cima por reflexo. Hajime continuou.

— O oponente é um monstro? Estamos em menor número? Algo como isso se tornará algum tipo de obstáculo?

— Vo-você pergunta se isso se tornará um obstáculo... é claro que...

— Você se esqueceu? Quando fui chamado de incompetente por vocês, caí no abismo e me arrastei até aqui, não foi?

— Aa…

Suzu ficou confusa. Os colegas de classe que olhavam para baixo com uma expressão de desespero, pensando que não havia como ganhar contra um deus, também ergueram o rosto.

— Não havia ninguém para ajudar, também não havia comida. O ambiente estava cheio de monstros. Além do mais, eu também não tenho talento com magia, até minha mão esquerda se foi... mas eu sobrevivi.

A sala de audiências foi tomada por um silêncio sepulcral. Todos estavam ouvindo as palavras de Hajime com atenção.

— Isso é a mesma coisa. Se o oponente é um deus ou seu exército, não importa... no momento, estou vivo. Aquele cara perdeu a chance de me matar. Além disso, ele mesmo nos deu as informações.

Os olhos de Hajime estavam brilhando ferozmente, ardendo com intenção assassina. O canto da boca estava levantado, seus caninos estavam à mostra como se ele se fosse rasgar o inimigo com seus dentes. Aquela aparência selvagem faria alguém o confundir com um lobo selvagem espreitando sua presa. Um som de alguém engolindo em seco ressoou.

— Eu vou roubar Yue de volta e matar aquele cara. É hora de mudar os lados dos atacantes e os defensores. Eu sou o caçador, aquele cara é a presa. Vou persegui-lo até o fim do mundo e fazê-lo soltar um grito de morte e agonia. Vou ensinar aquele autoproclamado deus que acredita sem duvidar que ele é especial, quem é o monstro aqui.

Hajime enviou seu olhar que ainda parecia feroz para Suzu. Então, o rapaz perguntou a garota que, por algum motivo, corou mesmo enquanto tremia.

— Taniguchi. Se você disse que já é impossível para você, feche os olhos e tampe os ouvidos. Farei tudo isso terminar, tudo.

Essas palavras não eram consideração de Hajime por Suzu. Era o contrário. Essas palavras estavam testando a garota. Essas palavras perguntaram se estava tudo bem se as coisas terminassem assim. Onde ela ainda não poderia dizer o que queria dizer de forma satisfatória. Onde a outra parte nem ao menos olhou para ela. Se Suzu dissesse que estava bem com isso, então enquanto fechava os olhos e tapava os ouvidos, tudo — incluindo lidar com Eri, seria realizado por Hajime.

Dizendo o contrário, enquanto Suzu ainda estivesse de pé, Hajime a deixaria fazer o que quisesse com o problema de Eri.

O olhar de Hajime também foi direcionado a Ryutaro e Shizuku.

Ambos notaram as palavras implícitas preenchidas naquele olhar. Sendo mais específico, se eles deixariam a questão de Kouki para Hajime, ou se eles mesmos fariam algo. Essas escolhas foram confiadas a eles. De modo natural, no caso de deixarem isso para Hajime, havia apenas a opção da obliteração. Isso também foi transmitido aos dois com clareza.

Houve silêncio por um tempo. As palavras severas e a atmosfera do Sinergista fizeram os colegas ficarem sem palavras. Se havia pessoas que recuavam com medo disso, também havia pessoas que dirigiam olhares cintilantes ou pessoas que olhavam com as bochechas coradas, ou pessoas cuja expressão se transformava em um rosto que escondia algum tipo de determinação.

Entre eles, a primeira que abriu a boca foi Suzu. Com a atmosfera sombria e fraca de um momento atrás sendo destruída, ela olhou de volta para Hajime com um olhar determinado.

— Isso será desnecessário, Nagumo-kun. Deixe a questão de Eri, e também a de Kouki, para Suzu. Porque irei até onde eles estão, sejam os Recintos Sagrados ou onde quer que seja!

Enquanto emitia o ar de seu humor habitual, Suzu sorriu de forma destemida.

Como se fosse incentivado por essa garota, o calado Ryutaro soltou um rugido.

— DAAAAAAAAA! Isso, já estou cansado de agir como um frouxo! Eu não vou deixar que apenas Nagumo e Suzu continuem sendo os legais! Vou espancar aquele idiota do Kouki e fazê-lo voltar aos seus sentidos, sim!

Ryutaro deu um soco na palma de sua mão na frente do peito e mostrou um sorriso destemido semelhante ao de sua colega. Parecia que esse cérebro de músculos também estava desanimado. Seu melhor amigo foi recrutado para o lado inimigo, e até quando Suzu mostrou uma ligeira resistência, ele próprio foi incapaz de resistir à maldição e à ilusão. Ele perdeu a confiança, sentindo que não tinha valor, mas agora parecia que já tinha se recuperado.

Olhando para isso, Shizuku riu.

— Acho que sim. Aquele idiota do Kouki precisa ser punido com força, não apenas com muita força, mas com muitaaaa força, aliás, meu sentimento não será aliviado sem acabar com aquele sorriso irritante da Eri... a-além disso, se é o lugar para onde Nagumo-kun está indo, eu pretendo o seguir, não importa onde seja... não apenas agora, mas daqui em diante também, tá bem...

Vendo Shizuku, que estava dizendo esse tipo de coisa enquanto olhava para Hajime com as bochechas coradas, os colegas de classe enviaram-lhe um olhar desconfiado. Eles não sabiam sobre os sentimentos da Espadachim, então nunca imaginaram que até ela, que era uma das duas maiores beldades da classe, seria conquistada.

Não, parecia que, com o grupo de Nagayama e o grupo de proteção Ai-chan de Sonobe como os primeiros, vários estudantes, em especial as alunas, haviam adivinhado isso. E então, depois de olharem alternadamente para Shizuku e Hajime com uma pequena surpresa, eles assentiram como se entendessem alguma coisa.

Uma parte das garotas disse: ― É o Don Juan¹. Ele é o Don Juan dos tempos modernos. Nagumo-kun é terrível demais! ―, com bochechas coradas enquanto lançavam olhares para Hajime, mas agora era um momento sério, então o rapaz as ignorou.

— Entendo. Então aqueles que entrarão nos Recintos Sagrados serão nós e Taniguchi, então Sakagami... bem. Acho que são apenas os membros habituais recentes. Se Amanogawa sair do outro lado, vocês farão o que quiserem. No entanto... não vou permitir nenhuma atitude de indiferença.

― Sim, obrigada Nagumo-kun.

― Obrigado Nagumo.

Suzu e Ryutaro agradeceram com alegria. Hajime acenou com a mão de forma preguiçosa para dizer a eles para não se importarem enquanto passava para o próximo assunto. Mas então, Liliana o interrompeu.

— Ei-eiiii, Nagumo-san, posso falar um pouco?

— Hmm? O que foi princesa.

— Sabe. No momento da grande invasão, Hajime-san e os outros, a força de batalha mais forte, entrarão nos Recintos Sagrados, enquanto todos vocês estiverem lá, o que acontecerá com a capital que receberá o ataque... se as palavras de Ehito-sama estiverem corretas, então eles virão da Montanha de Deus como ponto de partida, não é? Pensando na força das apóstolas, é impensável que até a grande barreira seja capaz de resistir por muito tempo... existe algo, uma maneira de selar o Portão Divino por um tempo?

Era uma preocupação natural para uma princesa do Reino Haihiri. Se a capacidade de desintegração das apóstolas fosse usada com força total, até mesmo a grande barreira não se sustentaria por muito tempo. Para não falar em lutar diretamente com uma apóstola, os únicos que poderiam fazer isso era alguém como Hajime. Não se sabia quanto tempo levaria até o Sinergista e os outros derrotarem Ehito, mas durante esse tempo, ficou claro como dia que pelo menos um grande número de pessoas seria massacrado.

Hajime, que foi encarado com um olhar suplicante, assentiu uma vez.

— Eu estava pensando em falar sobre isso agora.

— E o que você tem a dizer?

— Eu não posso suportar esse Ehito. É por isso que, daqui para frente, não vou deixar que nada, nem uma única coisa, siga com o plano daquele cara. Não me importo com o que acontecerá com as pessoas deste mundo... no entanto, será muito desagradável se eu deixar aquele cara rir em seus momentos finais, pensando em todas as pessoas que ele matou. É por isso que, sejam suas apóstolas ou subordinados, Freed ou todos aqueles monstros, um massacre total está no cardápio para todos eles. Tudo o que aquele cara tem, até mesmo a expectativa, destruirei tudo por completo, sem deixar pedra sobre pedra.

Olhando para Hajime, que estava rindo com o rosto distorcido, os colegas recuarem. Até Liliana, que perguntou, estava com uma careta. Embora, como esperado, houvesse algumas das meninas que estavam encarando Hajime com bochechas vermelhas e expressões exaltadas.

— E-er, em outras palavras, você está dizendo que poderá fazer algo sobre o grande exército invasor de apóstolas?

— Vejamos. Vamos deixar de lado os detalhes do método concreto para mais tarde. Por enquanto, o que estou pensando em fazer é compartilhar meus artefatos. Eu vou fortalecer os soldados comuns, aventureiros e mercenários. Vou equipar todos com uma arma, também planejei implementar armas antiaéreas. Temos apenas três dias, então será severo, mas quanto a isso, vocês também vão cooperar, certo?

Quando Hajime olhou ao redor, acenos poderosos concordaram, dizendo que eles cooperariam. Inesperadamente, até vários dos estudantes cujos corações se partiram e se retiraram da batalha também lhe enviaram olhares poderosos. Talvez eles tenham sido provocados pelo forte espírito de luta do Sinergista.

Liliana fechou os olhos enquanto refletia. Depois de um momento, ela abriu a boca.

— Acho que haverá pandemônio com o ataque das apóstolas, mas, felizmente, quando fomos sequestrados, eles estavam apenas se concentrando em nós, então não houve tanto dano aos soldados e cavaleiros. No entanto, mesmo assim, acho que há um limite da força de batalha que podemos mobilizar em três dias. Se eles serão suficientes contra as poderosas apóstolas como oponente ou não... além disso, mesmo que consigamos reunir os números, Nagumo-san pode preparar artefatos poderosos que podem até se opor as apóstolas em tantos números?

— Sim, eu posso. Sobre o número de pessoas, usaremos o portal e os reuniremos de vários lugares. Por isso, enquanto preparo os artefatos, vocês têm que voar ao redor do mundo para todos os lugares.

— Portal, é isso? Mestre. Todos os artefatos já não foram destruídos?

Tio inclinou a cabeça enquanto perguntava. Com certeza, o artefato do em forma de fechadura, a Abertura do Portal, foi instalado em todo o mundo, portanto eles estavam seguros, mas o artefato do tipo chave, a Chave do Portal, foi armazenado dentro da Caixa do Tesouro, então ele devia ter sido destruído.

De fato, se eles pudessem usar um portal, seria fácil reunir forças de batalha de todo o mundo dentro de três dias, porém…

— Na verdade, coisas como itens que não poderiam ser substituídos ou várias coisas importantes, antes de passarmos pelo portal na fronteira do campo de neve Shunee, eu as transferi para trás, dentro do chão.

— Quê! Então, a chave do portal também?

— Sim. No caso de algo acontecer, para que Myuu e as outras pudessem escapar, eu trouxe a chave de cristal que poderia ser usada aqui, mas esse tiro acabou saindo pela culatra, mesmo assim... itens como a bússola, a prova da conquista dos calabouços e a água sagrada restante... é claro, a chave do portal também deve estar enterrada lá. Ah, aliás, o antigo corpo de Kaori também. Está no subterrâneo, então deve estar relativamente frio, acho que vai ficar tudo bem, mas... se não desenterrarmos logo, o gelo derreterá e se transformará em uma cova.

— Re-recuperar! Se não nos apressarmos em recuperá-lo! Meu corpo será…

Quando Hajime falou sobre o antigo corpo de Kaori, a expressão de todos passou para a realização. Se Hajime não se preparasse para a situação inesperada, naquele momento, o corpo de Kaori seria poeira. Foi uma ótima jogada do Sinergista.

No entanto, Kaori não pôde deixar de ficar irritada quando uma sepultura foi mencionada. Hajime acariciou a Curandeira perturbada para acalmá-la.

— Entendo, eu entendo bem. Contudo, há mais um problema. Como esperado, se falamos que o mundo pode acabar em três dias, quantas pessoas vão acreditar nisso e se reunirão... para não falar de como lutaremos contra as apóstolas. No pior dos cenários, existe a possibilidade de que seremos os vilões...

Liliana estava fazendo uma expressão complicada enquanto apontava ainda mais problemas. Mas, ao que parecia, Hajime também tinha uma resposta para isso.

— Com relação a isso, acho que podemos dar um jeito. Vamos fazer Kaori ou Tio usarem a magia da regeneração.

— Magia… da regeneração?

Liliana inclinou a cabeça. Por outro lado, a Curandeira adivinhou o que o Sinergista queria dizer e bateu as mãos.

— Você quer dizer "regenerar" a cena do passado, não é? Assim como o que vimos no grande calabouço Merujiine.

— Isso mesmo. Regenere o que aconteceu aqui e preserve-o em um artefato para gravação de imagem. Em seguida, mostre isso aos superiores de todos os lugares. As pessoas que conhecemos e conversamos até agora... Catherine de Brook, Ilwa de Fhuren, Loa de Horuado, Randzi de Ankaji, Alfrerick de Faea Belgaen, Gaharudo do Império, se forem esses caras, eles não duvidarão de nós. Será fácil reunir a força de batalha.

De modo natural, a princesa Liliana do Reino e o mestre da guilda dos aventureiros também foram incluídos. Mesmo neste mundo, todas eram pessoas importantes e com poder.

Apesar de dizer que não tinha interesse nas pessoas deste mundo, ele tinha uma linha extravagante de conexões. Enquanto se sentia tonta com os nomes mencionados que ela sabia serem as figuras importantes, Liliana pensou que, de fato, se fossem essas pessoas, elas com certeza iriam tratar isso com seriedade.

— Em seguida… é verdade. É melhor se também usarmos a sensei para dar um incentivo a mais.

— Ee!? E-eu!? Não, espere, incentivo!?

Aiko, que de repente teve a conversa voltada para ela, tremeu. Em direção a tal Aiko, Hajime levantou a voz alto.

— Agora, levante-se todos! Vamos esmagar a ambição do falso Ehito maléfico que ousou se fantasiar como o virtuoso Ehito-sama e manipular apóstolas falsas e que agora está prestes a destruir este mundo! Lutem juntos com esta mensageira de deus, a "Deusa da Boa Colheita"! Algo parecido com isso. Dê o seu melhor.

— "Dê o seu melhor", isso não é o bastante! Mas qual o problema com esse discurso!? Como você pode dizer esse tipo de palavras com tanta tranquilidade... Nagumo-kun é o grande agitador aqui.

— Não se importe com os pequenos detalhes sensei. A semente que plantamos está quase florescendo. Então não é bom se a regarmos e a deixarmos crescer e depois colhermos todas as deliciosas frutas? Como esperado de uma fazendeira.

— Mas quem foi quem fez tudo isso...

Aiko olhou fixamente para Hajime com um rosto exasperado. Também foi assim na cidade de Ur, a professora estava convencida de que o Sinergista possuía um talento natural de agitador.

Parecia que os colegas tinham a mesma opinião. De alguma forma, eles tiveram a visão de Hajime na frente de estrelas penduradas, manipulando cordas enquanto ria com uma pose chamativa, “Eh? Isso não é o mesmo que Ehito fez?”, eles estavam inclinando a cabeça pensando. Embora várias garotas estivessem sussurrando: — Nagumo... não, Hajime-sama... — com bochechas vermelhas, mas aqui elas deviam recuperar suas sanidades sem demora.

O rapaz sorriu de forma irônica para Aiko que, embora tenha percebido que o método era eficaz e entendido que isso tinha que ser feito, não estava conseguindo aceitar.

— Esta é uma batalha que se tornará uma guerra total da humanidade. Mesmo que a força de batalha esteja reunida, uma mera multidão desordenada será inútil. Um líder poderoso é necessário. E alguém como um rei de uma nação será insuficiente para isso. A única que pode fazer isso é Aiko-sensei. Por favor.

— ...

As palavras de Hajime fizeram Aiko se contrair por um momento. Já há algum tempo, ela continuava a tremer. Era como se ela fosse um animal pequeno. E assim, essa Aiko que era como um pequeno animal, por algum motivo, começou a enviar olhares de relance para Hajime enquanto se remexia. E então, ela perguntou com timidez ao aluno.

— Na-Nagumo-kun. Agora mesmo, no final, o que você disse?

— Hmm? Por favor…

— Nã-não, isso não... sobre mim, você me chamou, de A-Aiko-sensei, não foi?

— … há algum problema?

— Nã-não. Nagumo-kun, geralmente, você só me chama de "sensei", então...

— É mesmo?

Hajime inclinou sua cabeça. Aiko estava inquieta, ou melhor, ela estava tímida enquanto abria a boca com os olhos mirando para cima.

— Você falou sim. Isso... você pode dizer isso, mais uma vez?

— ... sobre a última parte?

— Sim. No entanto, desta vez, diga sem o "sensei"...

As bochechas de Hajime estavam contraídas. Ao mesmo tempo, o pequeno animal, que ficava olhando para ele com um olhar para cima enquanto corava no assento oposto, o fez querer fazer uma contestação sobre ela entender seu próprio ponto de vista e a situação atual.

A "persuasão" de Aiko fez com que os colegas de classe fizessem barulho. — Eh, o que é isso? — ou — O que, essa atmosfera... — ou — É-é mentira, não é… — ou — Hajime-sama... como esperado. — Murmúrios como esses podiam ser ouvidos. Aliás, o som de um ranger de dentes ecoava do grupo de proteção de Ai-chan.

Talvez, por causa do nervosismo, as vozes dos arredores não alcançaram Aiko. Se ela estava falando assim apesar de ter entendido tudo... então, isso era mesmo aterrorizante. Afinal, Ai-chan havia agido de forma imprudente para chegar até esse pedido. Fazer algo como abandonar sua posição de professora incorria o risco de sua identidade se desintegrar. Hajime só podia rezar para que ela não estivesse agindo assim enquanto sabia que não deveria.

No entanto, também era um problema se ela perdesse força pouco antes da batalha final, assim sendo, não parecia que nenhum tipo de truque funcionaria na atual Aiko que estava agindo sem controle. Mesmo quando ele olhou para Shia, Kaori e Shizuku, todas estavam apenas sorrindo de forma irônica e não lhe enviaram nenhuma ajuda. O garoto desejou que elas não simpatizassem com o coração complicado de uma donzela apaixonada justo neste momento.

O Sinergista estava suspirando profundamente, no meio da atenção penetrante que se reuniu nele, o rapaz se resolveu e abriu a boca.

— … Aiko, por favor.

— !!! Sim! Conte comigo! Vou incitá-los até que todos fiquem loucos! Este é o momento em que uma professora de estudos sociais mostra sua verdadeira capacidade!

O incitamento era a real capacidade de uma professora de estudos sociais... ele queria que ela pedisse desculpas a todos os professores de estudos sociais do país. Hajime mais uma vez suspirou enquanto tirava o olhar da professora, que estava absurdamente animada.

Em direção aos seus ouvidos, — Pro-professora e aluno... isto é um eroge? — ou — A-Aiko-chan foi vítima da presa venenosa do rei demônio... — ou — Casanova²... esse cara é um Casanova! Você não deve o olhar nos olhos dele! Você vai ficar grávida! — esses murmúrios podiam ser ouvidos. O tremor das bochechas de Hajime não pôde ser detido.

To-tosse! Na-Nagumo-san... eu também vou trabalhar duro!

Por alguma razão, Liliana ergueu sua voz. Suas bochechas estavam tingidas de vermelho, seus olhos amendoados brilhavam com algum tipo de expectativa.

— ... tá, dê o seu melhor princesa.

— … vou trabalhar duro!

— Sim.

— Vou trabalhar duro!

— ...

— Vou trabalhar duro!

— ...

— Eu-eu vou trabalhar duro, soluça...

— … … … … … … por favor, Liliana.

— … Lili.

— Guu… por favor, Lili.

— Sim! Você pode contar comigo! Por favor, tome nota da influência e a popularidade de uma princesa! As massas serão derrotadas com facilidade!

Ele teve a sensação de que algo que uma princesa nunca deveria dizer havia sido dito, mas, com toda certeza, isso foi apenas sua imaginação. A princesa-sama que sempre foi amada pelas massas não deveria pensar em algo como "é fácil demais manipular as massas, não é?".

O clamor dos colegas não tinha fim. Os olhos que encaravam Hajime já estavam ficando cheios de reverência ou um calor estranho. Talvez, poderia se dizer que esses olhares eram ainda mais emotivos do que os dirigidos a Ehito ou Aruvheit.

— … haa. Vamos concluir isto.

Hajime suspiro e depois olhou para todos ao seu redor, mudando a atmosfera de forma rígida em um instante. O Sinergista continuou após as palavras de Aiko e Liliana e tolerou o humor de seus colegas de classe, também com a intenção de amenizar um pouco a atmosfera.

Com o perigo para o mundo se aproximando, para não falar do perigo que estava ameaçando até o local de nascimento deles, a Terra, não havia ninguém presente que não estivesse sentindo o fardo mental. Assim, para que nenhum dos colegas de classe fosse vítima do pessimismo, Hajime regulou a atmosfera para que ela não ficasse muito tensa.

A expressão séria do Sinergista transformou a atmosfera suave em uma com nervosismo de uma só vez. Aiko e Liliana também estavam mudando suas atmosferas de maneira adequada, a ponto de alguém se perguntar onde diabos o ar embaraçoso ou doce que elas estavam expondo até agora tinha ido. Nesse aspecto, essa atitude foi como era esperado de uma professora e uma princesa.

Certamente, a "persuasão" delas era algo do coração, mas se a atmosfera estivesse tensa assim desde o início, sem dúvida elas não diriam tais coisas. Parecia que as duas estavam lendo o clima de forma sensível. Embora não fosse possível dizer se elas estavam fazendo isso de forma intencional ou não.

Os colegas de classe também foram atraídos por isso, mesmo com seus corpos bastante relaxados, eles também pareciam sentir a tensão.

Hajime confirmou isso e abriu a boca.

— O objetivo que mais priorizo é recuperar Yue. Para fazer isso na grande invasão daqui a três dias, passarei pelo Portão Divino que achamos que estará aberto naquele momento e entrarei nos Recintos Sagrados. Em relação a Nakamura e Amanogawa, vou deixá-los para Taniguchi e os outros. O que resta é a interceptação das apóstolas invasoras.

Hajime parou de falar pela primeira vez e confirmou se eles tinham entendido. Todos concordaram com vigor, assim, julgando que não havia problema, o Sinergista continuou suas palavras.

— Vou dizer os planos a partir de agora pelos próximos três dias. Primeiro, pretendo ir para a parte mais profunda de Orcus. Para produzir artefatos em massa, o ambiente de Orcus é o mais ideal. Para isso, quero que Kaori, Myuu e Remia venham como ajudantes.

— Sim, entendido Hajime-kun.

— Sim, nano! Myuu vai ajudar, nano!

— Por favor, peça qualquer coisa que eu irei ajudar.

Kaori, Myuu e Remia deram respostas positivas. Hajime colocou Myuu e Remia ao seu lado em preparação para o improvável evento em que elas se tornariam reféns de novo, mas ele também tinha a intenção de fazê-las cuidar de suas necessidades enquanto ele estava concentrado em minerar e transmutar, dessa forma, sua razão também não era apenas algo superficial.

Hajime acenou de volta para Kaori e o resto do grupo, assim, ele olhou para Shia.

— Shia, você vai para o grande calabouço Raisen.

— ... entendo. Vou pedir a cooperação de Miledi, não é?

— Correto. Se ela tem informações sobre Ehito ou os Recintos Sagrados, mesmo que seja algo pequeno, já será um bom negócio. Naquela época, fomos expulsos à força, então não sabemos se existe um atalho ou não. Pelo menos, temos a prova da conquista, mas se ela não reagir na nascente nos arredores de Brook, você terá que passar pelo labirinto mais uma vez.

— Acho que talvez ela me deixe passar, mas... mesmo que isso não aconteça, desta vez, eu juro que vou completar o labirinto em metade de um dia. Se for o meu eu atual, esse grande calabouço não será diferente de um playground.

— Também penso assim. Vou deixar isso para você.

— Sim, desu!

Hajime sorriu para Shia, que assentiu energicamente. Em seguida, Hajime chamou Tio.

— Tio.

— Sim. Esta entende. O Mestre está pedindo a esta para voltar para casa, correto?

— Como esperado. Se existe um perigo para o mundo, então a lei da raça dos dragões não importa. Mesmo que eles não sejam tão fortes quanto Tio, se a força dos dragões for adicionada aos meus artefatos, eles devem ser capazes de lutar até contra as apóstolas.

— Esta acha que sim. Como esperado, não há escolha para a raça dos dragões a não ser agir nessa situação. Deixe esta garantir a força deles também. Contudo, a vila oculta está... muito longe. Chegar tão longe dentro de três dias não é possível...

— Quanto a isso, vamos dar um jeito usando um artefato.

Hajime estava reorganizando a ordem de prioridade em sua cabeça enquanto movia seu olhar.

— Yaegashi, você vai para o Império. Assim como no Reino Hairihi, é possível ir até lá usando o portal, vou duplicar a chave do portal para ir ao reino antes de partir depois de você convencer Gaharudo a enviar a força de batalha para o Reino.

— Tudo bem... mas, por que sou eu que devo ir?

— É porque Yaegashi é a favorita de Gaharudo. Só para ter certeza, estou levando algumas coisas em consideração para que a conversa seja tranquila. Afinal, deve haver algumas pessoas que guardam rancor do caso com o colar de restrição. Pensando na capacidade de negociação e na força de batalha, não há mais ninguém com quem eu possa deixar isso.

— Mu. Entendi, mais ou menos, porém... você sabe de meus sentimentos, mas me envia para o lugar em que um homem me corteja, isso é um pouco chocante. Bem, eu entendo que não é hora de dizer esse tipo de coisa, então está tudo bem, mesmo assim...

— … me desculpe. Se Gaharudo estragar tudo, apenas diga meu nome. Diga que se ele tentar cortejar Shizuku, Hajime Nagumo não ficará quieto.

— ... um-um ataque surpresa é covardia.

Shizuku corou um pouco enquanto transmitia seu consentimento.

— Os alunos e Liliana irão para a capital. Reúna a força de batalha e eleve sua moral com seu discurso. Incite-os habilmente para que possam lutar sem piedade, mesmo que seja contra as apóstolas. E então, o campo de batalha será a planície em frente à capital. Não há como lutarmos dentro da capital, mesmo sabendo que eles atacarão a partir da Montanha de Deus na parte de trás da capital.

— Nesse caso, precisamos evacuar o povo da capital. Embora o portal possa ser usado, evacuar todas as pessoas em três dias é... parece que precisaremos nos apressar.

— Está tudo bem se enviarmos os civis para a capital do império, no lugar de sua força de batalha que traremos para o nosso lado, não está?

— Mas, Nagumo-kun. Lutar contra as apóstolas que podem voar no céu em uma planície é desvantajoso...

— Planejo criar armas antiaéreas e armas pesadas, entre outras coisas. Aliás, Nomura!

Kentaro Nomura, do grupo de Nagayama, cujo nome foi chamado de repente, disse: — oO!? — com uma voz estranha. Nem mesmo em seu sonho mais louco, ele imaginou que seu nome seria chamado nesse momento.

— Você é um mago da terra, certo?

— Eh? Ah, sim. Isso mesmo, mas…

—Já que é assim, reúna os trabalhadores na capital e as pessoas com aptidão para a magia do elemento da terra, está tudo bem mesmo que seja algo bem simples, mas crie uma fortaleza na planície.

— Uma for-fortaleza?

— É melhor ter um abrigo, não concorda? Peça os detalhes ao especialista na capital. Mais tarde, enviarei um artefato exclusivo para você, então crie um lugar fácil para lutarmos na planície.

— En-entendido. Vou tentar.

Depois de Nomura, Hajime também deu instruções a outros colegas de classe. Eles assentiram por serem engolidos pelo momento. O Sinergista os deu um papel concreto com a intenção de que eles pudessem terminar isso sem que fossem esmagados pela tensão que estava aumentando a cada momento.

Além disso, assim que a produção das armas pesadas terminasse, Hajime planejava enviá-las para a capital, mas para a palestra sobre como usar as armas, era mais eficaz contar com os colegas de classe. Mesmo que eles não soubessem os detalhes do mecanismo, eles deveriam poder manejar as armas em comparação com os residentes deste mundo que, em primeiro lugar, não conheciam o conceito de armas de fogo.

— Taniguchi, Sakagami, vocês dois vão para o mar de árvores. Falem com os Haulia e Faea Belgaen e enviem todos os que podem lutar para a capital. Se vocês terminarem isso, entrem em contato comigo. Vou recebê-los em Orcus. Até o prazo final, vocês dois se concentrarão em subjugar os monstros do abismo e se fortalecerem. Afinal, vocês dois enfim conseguiram obter a magia da metamorfose.

— Entendido!

— Sim!

Depois disso, eles conversaram um pouco mais sobre os detalhes e, enquanto mostrava um sorriso destemido antes dos três dias que com certeza seriam o momento mais complicado de sua vida, Hajime voltou a olhar para todos.

E então, um instante depois, sua boca se abriu lentamente.

— O inimigo se apresentou como um deus. Além disso, ele se gabou de um poder que corresponde a isso. Cada membro de suas forças consiste de um exército de um homem só. Existem até monstros fora do senso comum e soldados-marionetes fortalecidos que não temem a morte.

Uma voz calma. No entanto, ela ressoou com extrema clareza.

— Mas isso é tudo. Esses caras não são invencíveis nem nada do tipo. Assim como o que fiz, o deus e suas apóstolas podem ser mortos. Os seres humanos podem derrubar a existência paranormal.

A figura de Hajime discursando era a de uma pessoa armada com um olho só e cabelos brancos que pareciam ter sua vida sugada por ele. Essas coisas mostraram o caminho que esse homem chamado de incompetente havia percorrido até esse ponto. Essas eram a prova de como ele massacrou um grande número de monstros, transformou-os em alimento e subiu até aqui. E então, ele realmente mostrou a prova na frente de todos que estavam neste lugar. Esse humano poderia vencer até contra um deus.

Era por isso que eles podiam entender de forma natural. Mesmo que ele tivesse perdido uma vez, mesmo depois que sua pessoa importante foi roubada, ele transformaria até essas situações em seu alimento. O jovem ensanguentado e ferido diante de seus olhos transformaria qualquer tipo de impossível em possível.

As palavras de abalar o coração, quer alguém quisesse ou não, continuaram.

— Não há necessidade de pensar que essa luta é pelo bem de alguém cujo rosto vocês não conhecem, muito menos do mundo. Não há necessidade de suportar esse tipo de coisa. Como eu estou lutando para recuperar a minha amada, está tudo bem para todos aqui lutarem por suas próprias razões. Não há nada como um motivo grande ou pequeno. Não há peso ou qualquer coisa parecida. Porque vocês querem ir para casa. Porque vocês querem rever suas famílias, pelo bem de seus amigos, por seus amados, apenas para sobreviver, simplesmente porque vocês não podem suportar isso... independente do que seja, está tudo bem.

Por um momento, as palavras de Hajime silenciaram. Mas todos no lugar tornaram-se conscientes de seus próprios desejos. Impulsos brotaram dentro de seus peitos.

Como se estivesse esperando por isso, o Sinergista soltou suas palavras. Queimando como chamas, mas permeando como água, poderoso como a terra, mas envolvente como se fosse o vento, suas palavras causavam essa sensação...

— Se há um momento em que vocês devem reunir todas as suas forças uma vez na vida, então agora é esse exato momento. Agora, neste momento, queimem suas almas! Deem um passo adiante em nome de seu desejo! E então, todos vocês sobreviverão! Se vocês conseguirem fazer isso, apresentarei a recompensa de poder voltar para casa!

O som de um alguém engolindo em seco reverberou. Um som latejante como uma campainha de alarme pôde ser ouvido. Os punhos cerrados, os pés firmemente posicionados, os dentes trincando e rangendo. Era como se a vontade deles se elevasse como um rugido.

Entre as pessoas que deliravam com febre, Hajime os encantou com o brilho e as presas de um lobo selvagem.

E então, uma palavra.

— Vençam.

O que veio como resposta foram incontáveis rugidos.


Notas

[1] Don Juan é um personagem arquetípico da literatura espanhola e que detém uma ampla descendência literária no continente europeu. Ele foi criado por Tirso de Molina. As visões acerca dessa lenda variam de acordo com as opiniões sobre o caráter de Don Juan, apresentado dentro de duas perspectivas básicas. De acordo com uns, era um mulherengo barato, cruel e sedutor que buscava apenas a conquista e o sexo. Outros afirmam, porém, que ele efetivamente amava as mulheres que conquistava, e que era verdadeiramente capaz de encontrar a beleza interior da mulher. As versões primitivas da lenda sempre o retratam como no primeiro caso.

[2] Casanova é um indivíduo que se dedica com grande empenho a conquistas amorosas; mulherengo.



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