Volume 9

Capítulo 312: Eu não montarei naquelas costas!

O caminho da montanha se tornou bastante traiçoeiro, então, ao longo do caminho, dei a Nanawat algumas aves selvagens de tamanho razoável que eu tinha armazenado e o devolvi ao Meu Mundo.

Eu automaticamente duvidei dos meus olhos.

Havia um rebanho de Sugyu no Lago Landau — o lago encontrado na base do Monte Landau.

Eu tinha certeza. Aquele era o rebanho de Sugyu que vi quando estava indo para Cabras Rochosas com Kikkori e os outros.

Por que eles acabaram aqui?

Mesmo que Kikkori alegasse que eles com certeza não iriam ao Lago Landau.

— Ver isso me faz pensar se o Dragão é na verdade uma mentira.

Carol comentou enquanto olhava para o rebanho de Sugyu.

— Com certeza é uma paisagem idílica.

Eles pareciam tomar banho no lago devido ao clima quente.

… ah, vendo-os banhar-se na água, pensei que nós poderíamos apreciar um mergulho no mar a qualquer momento no Meu Mundo. Hmm, talvez depois que essa tarefa termine, antes de recebermos informações de Grust-sama (?), Talvez possamos desfrutar de um pequeno mergulho no mar. Podia até ser uma boa ideia fazer uma cabana na praia.

— Haru, você detectou os cheiros de Jofre e Elise?

— Erm, o rastro continua até o penhasco logo ali.

O penhasco que Haru apontou estava...

— Não me diga que eles caíram do penhasco?

— Não, ele continua abaixo do penhasco e eu também detectei o cheiro deles em um local diferente, então eles ainda estão vivos.

— ... então eles decidiram viajar para fora do caminho destroçado, hum.

Eu poderia imaginar aqueles dois idiotas tomando ações inimagináveis. Eu sabia que era contraditório, mas tinha certeza de que estava certo.

Nesse ritmo, seria impossível encontrá-los perseguindo seus cheiros. Na realidade, talvez fosse melhor ignorar os dois e seguir para o cume.

Assim sendo, seguimos para a cúpula. Ao longo do caminho, não esqueci de usar os Olhos de Falcão para procurar Jofre e Elise do céu.

— Você está bem? Carol.

— Sim… estou bem.

Ela disse isso, mas estava ficando um pouco para trás.

Como esperado, o passo de uma criança era diferente do de um adulto.

— Carol, você não pode alterar o comprimento do seu passo mudando para a sua forma adulta?

— Ichino-sama, aquilo não passa de uma ilusão para fazer parecer daquela maneira.

— ... ah, é verdade.

Hmm... existia a chance de algo acontecer com Jofre e Elise se chegássemos tarde demais. Dito isto, o bom olho de Carol para observação e seu conhecimento seriam úteis para encontrar o dragão.

Nesse caso, havia apenas uma opção.

— Carol, eu vou te dar uma carona nas minhas costas.

— … entendido.

Ela provavelmente não desejava nos atrasar, mas também odiava ser tratada como criança. Carol parecia um pouco insatisfeita, mas achou que estava tudo bem e consentiu.

— Tudo bem, vamos indo.

Depois de ter certeza de que Carol estava segurando firme, Haru e eu aceleramos o ritmo.

— Ichinojo-sama.

— Carol, você vai morder a língua se falar.

— Eu esqueci de mencionar, mas a Transformação da Ilusão de Carol não se limita a todo o corpo, sou capaz de transformar certas partes também.

— Transformar certas partes?

— Por exemplo...

Por exemplo o quê?

Essa transformação aconteceu antes que eu pudesse perguntar.

Senti duas protuberâncias grandes nas minhas costas.

— Carol, minhas costas estão tocando algo.

— Suas costas não estão tocando algo, elas estão tocando suas próprias costas.

— ... você não pode me deixar focar por enquanto?

— Não se preocupe, Carol está mantendo a vigilância de forma adequada.

Mas eu não podia focar.

Quase nunca vi uma loli de peitos grandes na vida real. Essa poderia ser a melhor situação para pessoas que gostavam desse tipo de coisa. Embora eu não estivesse dizendo que odiasse isso.

— Ichino-sama! Pode haver uma caverna à esquerda.

— Caverna?

Olhei na direção que Carol comentou, mas não pude ver com clareza.

Mas não achei que ela estivesse errada.

— Quão grande ela seria?

— Eu não sei, mas algo parece ter entrado e saído de lá.

— Essa é toda a informação que precisamos.

Estávamos indo para o cume, mas isso não significava que o dragão estaria lá. Era apenas em jogos que o Lorde Demônio esperava nas profundezas de seu castelo.

Eu originalmente queria chegar ao cume porque podia ver a montanha inteira de lá. Se o dragão estivesse no cume, já o teria visto há muito tempo.

Estava confiante de que o dragão fez seu ninho em um lugar longe dos olhos humanos. Seria um lugar para guardar tesouros.

Por exemplo, uma caverna.

— Ichino-sama, ali.

— Haru, por aqui!

Sob a orientação de Carol, Haru e eu fomos para a caverna.

Assim como ela disse, havia uma grande caverna lá.

— Este é um ponto cego do caminho de escalada, então como você pôde perceber?

— Pelas pegadas.

— Pegadas?

Olhando com mais atenção, elas estavam desbotadas, mas havia pegadas de algum tipo de animal no chão.

Elas eram...

— Pegadas de Kobold.

Kobold — um monstro tipo cachorro que andava com dois pés. O primeiro monstro que derrotei depois de vir para este mundo.

— Kobold? Mas pensei que outros monstros não chegariam perto porque um dragão mora aqui?

— Sim, monstros comuns não se aproximam. É por isso que monstros fracos que são alvos de outros monstros farão seu ninho perto do ninho do dragão.

— Simbiose¹, hum?

— É diferente de simbiose. Já que o dragão vai comer os kobolds também. É melhor chamar isso de último recurso.

Isso é verdade, essa não era uma relação simbiótica.

— Mestre. Sinto cheiro de sangue.

— Sangue!? É sangue humano?

— Não, cheira a bestas... provavelmente pertence aos kobolds.

Os kobolds estão feridos?

Mas pode ser que eles tenham sofrido algum acidente e tenham se ferido, ou estejam sendo devorados pelo dragão, ou talvez haja a possibilidade de Jofre e Elise os derrotando.

— Você detecta Jofre e Elise?

— Sinto muito, a caverna está cheia de cheiro de sangue, por isso é difícil detectar outros odores. No entanto, não detecto o cheiro de Jofre-san e Elise-san na entrada.

Ainda havia a possibilidade de eles terem entrado por um ponto diferente. Afinal, eles eram pessoas que entraram na sala da Estátua da Deusa sem passar pela sala do Chefão.

De qualquer forma, achei que devíamos entrar.

O passeio em minhas costas teria que terminar aqui.

Entramos com a formação com Haru na frente, seguida por Carol e depois por mim.

A caverna era bastante espaçosa, mas parecia estreita demais para um dragão entrar.

Gostaria de saber se o dragão-ancião estava mesmo no final da caverna?

Fiquei um pouco incerto.

— Mestre, por favor, tenha cuidado. O cheiro de sangue está próximo.

— Tudo bem... também estamos nos aproximando da presença.

Ficou escuro, então usei o feitiço Luz Pequena para garantir uma fonte de luz.

O oponente notaria isso, mas seria muito mais fácil para reagir do que lutar no escuro.

— … está morto.

Parecia que algo grande o atingiu e o fez bater contra a parede. A parte de trás da cabeça do kobold pintou a parede de vermelho.

— Isso é estranho.

— Haru também pensa assim?

Haru e Carol pareciam ter notado algo.

O que era estranho?

— Mestre, pensamos que seria o dragão ou Jofre-san que derrotou o kobold.

— Isso mesmo.

— Mas este kobold não foi derrotado por uma espada ou chicote. E esse caminho é muito estreito para o dragão derrotá-lo dessa maneira e, o mais importante, o corpo do kobold ainda está intacto.

— É verdade. Espere, isso significa...

Haru assentiu depois que cheguei à conclusão.

— Existe a possibilidade de que exista um monstro diferente do dragão aqui.

Um monstro diferente que não seja o dragão, hum?

Meu arremesso de moedas de cobre tinha força suficiente para derrubar um javali de rebanho. Pensando nisso, mesmo que o Kobold tenha sido derrotado por um golpe no corpo, uma vez que ele mantivesse sua forma original, poderia se presumir que a força desse golpe no corpo foi menor do que o meu movimento com a moeda.

Ainda havia a possibilidade de o monstro não usar toda sua força para executar o golpe do corpo, então não podia dizer com certeza, mas não havia necessidade de temê-lo.

Quando nos aprofundamos na caverna, um kobold atacou.

— Corte!

Haru, que estava na frente, derrotou o kobold com um único Corte.

Ichinojo subiu de Level.

Habilidade de Alquimista Avançado: "Alquimia II" evoluiu para "Alquimia III".

Fórmulas adquiridas.

Alquimista Avançado tornou-se nível 2, Alquimia tornou-se rank III e eu também adquiri fórmulas.

Deixarei a confirmação do que recebi para mais tarde.

— Está tudo bem deixar o cadáver assim?

— Sim, a pele de Kobold não é vendida por muito, portanto não há necessidade de desmantelá-lo.

Carol disse.

Fiz a pergunta do ponto de vista moral ou ambiental, mas tudo bem, deixarei ele como está.

— … Mestre...

— É, algo está ali

Senti uma presença.

— Kobold?

— Não… eu acho que não. Sinto cheiro de kobold.

— O monstro, hum…

Eu saquei a Presa do Lobo Branco enquanto Haru sacava sua Presa do Dragão do Fogo e a Espada Guardiã.

— Vou entrar depois do 3. Carol, se ele fugir do meu ataque, tente ativar seu charme.

— Entendido.

— Haru, proteja Carol.

— Entendido.

Então, eu contei.

— 1, 2, 3… merda!

Saí correndo e preparei a moeda de cobre para um arremesso — e vi quando estava prestes a lançá-la.

"Você está… de sacanagem!?"

Não consegui parar minha mão.

Mas — mudei sua trajetória.

A moeda de cobre que joguei desviou muito para a esquerda e perfurou a parede de pedra antes de se quebrar.

Graças a Deus isso não causou um desmoronamento.

Eu dei um suspiro de alívio e guardei minha katana.

— Mestre, aquele é...

— Haru, não pense. Isso só fará sua cabeça doer.

Eu podia entender

Mas era inútil pensar sobre isso.

Eu classifiquei Jofre e Elise como idiotas porque eles eram realmente extraordinários.

— Ichino-sama, parece que ele veio procurar o suprimento de alimentos que os kobolds acumularam durante o verão.

— Esse parece ser o caso…

Nós olhamos para o burro lento, Centauro, remexendo nas sementes que os kobolds acumularam e suspiramos.

— Haru, Carol, afastem-se um pouco.

Eu pedi que as duas ficassem para trás antes de colocar um tomate no chão.

Centauro cruzou a distância em um instante e mordeu o tomate.

— Tudo bem Centauro. Eu ainda tenho cinco tomates. Então, por favor, ouça o que digo. Acene com a cabeça duas vezes se você entender.

Centauro olhou nos meus olhos sem se mexer depois que eu falei isso.

— Erm, Ichino-sama.

— Dez.

Eu sabia o que Carol queria dizer, mas a ignorei e aumentei os números para convencer Centauro.

Quando eu disse isso, o burro acenou com a cabeça duas vezes.

— Escute aqui, não morda minha mão. Se você morder minha mão, nunca mais lhe darei tomates. Coma-os sem pressa.

Eu disse antes de colocar dez tomates maduros vermelhos brilhantes.

Centauro começou a comer os tomates em silêncio.

— Mestre, você também adquiriu uma habilidade de falar com animais?

— Não. Agora sou capaz de entender a fala dos pássaros, mas não entendo os sons de outros animais. Centauro me entende sem nenhuma dificuldade.

Era mais como uma obsessão por comida.

Ele era uma fera incrível.

— Monstros que entendem a fala humana aparecem com frequência no folclore, mas temo que, se desvendarmos a longa história registrada, um burro lento que possa entender tão bem a fala humana incluirá apenas Centauro.

Carol disse enquanto olhava para Centauro acabando de comer os tomates.

Mesmo se desvendássemos a longa história deste mundo, este provavelmente era o único burro lento com tanta gula.

— Haru, você notou o cheiro das nozes que Centauro estava comendo agora?

— Não, essas não eram nozes que tinham muito cheiro. Mesmo com habilidades de aprimoramento olfativo e com a falta do cheiro de sangue de kobold, seria difícil perceber isso do lado de fora.

— Acho que isso é normal. Mas Centauro notou. Seu sentido olfativo é incrível.

Perguntei a Centauro:

— Centauro, tenho uma coisa que quero lhe perguntar. Existe um espaço nesta caverna onde um ser grande pode ficar? Se você me levar a esse lugar, eu lhe darei 20 tomates. Acene duas vezes se você entender.

Centauro assentiu duas vezes depois que eu disse isso.

Então, ele abaixou seu corpo na minha frente, convidando-me a montar em suas costas.

— Eu com certeza não vou montar em você.

Recusei de forma determinada.


Nota

[1] A simbiose pode ser definida como uma associação a longo prazo entre dois organismos de espécies diferentes seja essa relação benéfica para ambos os indivíduos envolvidos ou não. No meio científico ainda não há um consenso sobre a definição correta do termo simbiose. Há várias definições vigentes e há um amplo debate sobre as vantagens e limites de cada definição. Segundo Pradeu (2011) o termo simbiose pode ser definido como qualquer interação a longo prazo entre indivíduos de diferentes espécies, sendo essa associação evolutivamente benéfica para o hospedeiro e neutra ou benéfica para o simbionte. Para outros autores, a simbiose pode ser definida de maneira mais ampla, sendo então uma associação a longo prazo entre dois organismos de diferentes espécies, sendo essa a acepção mais aceita atualmente. Essa última definição difere da primeira de maneira crucial ao desconsiderar os efeitos sobre a aptidão dos envolvidos nessa associação, o que pode ser uma vantagem dada a dificuldade em determinar se certas interações mais voláteis, isto é, que transitam de um estado para outro, podendo estas serem benéficas, neutras ou prejudiciais para um dos envolvidos.



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