Volume 1 – Arco 1
Capítulo 28: Anomalia Loira
— Já se arrumou?
— Sim.
Mwa!
Brrr! Brrr!
Na manhã seguinte, Louis, com seus 39 anos, e Katherine, com seus 23, acabavam de se arrumar para ir à ADEDA, quando o celular de Louis vibrou, interrompendo o beijo.
— Hum? DDD 31. Só u...
— Claro, vou pegar meu sobretudo.
— Ok. — Katherine saiu e Louis atendeu. — Alô, em que posso ajudar?
— Bom dia, sou o prefeito de uma cidade de Minas Gerais, chamada Jequitibá... — O homem, com o celular no ouvido, olhava receoso para frente, enquanto qualquer ventinho que colidia com sua perna o fazia olhar assustado, por estar no meio do mato.
"Nossa, verdade, aquelas crianças!"
— E hoje mais cedo, recebi muitas ligações a respeito de uma anomalia que surgiu aqui na cidade.
— Morta?
— Não, está viva. Por isso, peço que mande alguém o mais rápido possível.
— Entendi. Me envie uma foto próxima do local e a localização, por gentileza.
— É no Parque Lagoinha.
— Entendo, senhor, mas, se possível, preciso de uma foto para me teletransportar.
— Aaah, magia, né?! — Seu questionamento demonstrava curiosidade em relação àquilo.
— Iiisssso, isso mesmo — respondeu, já com um leve tédio na voz.
— Mando como?
"Como esse cara é um prefeito?" — Mande para o meu número, ao invés de ligar. Abra uma conversa e envie a foto.
— Tá, beleza.
— Tchaaau — disse com a voz arrastada, querendo encerrar a chamada logo.
— Obrigado, exterminador!
Louis desligou secamente e Katherine se aproximou.
— Anomalia?
O exterminador olhava para o celular, mas ao escutar a pergunta, voltou-se para Katherine.
— Sim, na mesma região das duas crianças.
— Não são mais crianças, já se passou um bom tempo.
— Sim... Bom... Está pronta? Vou levá-la para a escola e depois vou lá acabar com a anomalia.
— Aah, não está morta? — perguntou, com um olho mais fechado que o outro, franzindo a testa em curiosidade.
— Não, a avó e as crianças moram fora da cidade. A anomalia está dentro.
— Entendi. Já estou pronta.
— Ok.
Clap!
Louis teletransportou Katherine.
Vrr, vrr...
Quando recebeu a foto, pegou o celular e olhou, tendo uma visão absurda: o prefeito tinha tirado uma foto tão estranha que Louis ficou sem palavras inicialmente.
— Meu Deus...
Uma foto enviada sem querer, o homem havia tirado uma foto frontal, com uma expressão completamente perdida, sem saber como havia feito aquilo.
Um close feio de sua cabeça.
Mas, no fundo da imagem, aparecia terra, o que era o suficiente para Louis se teletransportar.
Guardou o celular, imaginou o ponto que viu e, Clap! apareceu atrás do prefeito.
— Bom d...
— AAH!! — o prefeito gritou, assustado ao vê-lo tão repentinamente.
— Desculpe, não tive intenções de assustá-lo... — Abaixou a cabeça levemente, antes de erguer e continuar seu trabalho. — Bom... Cadê a anomalia?
— ...A-atrás de você.
Louis se virou lentamente, e o que encontrou era... surreal.
Um jacaré enorme e gordo, com um corpo grotesco, deitado na grama... mas... tinha uma peculiaridade que roubava a atenção, além da sua obesidade.
"Isso... Isso tem cabelo?"
O jacaré, que tinha 1,60 metros de altura e, da boca até a cauda, 17 metros de comprimento, estava imóvel, com a barriga visivelmente LOTADA. Aquele ser possuía um lindo e cuidadosamente hidratado cabelo loiro que ia de sua cabeça até sua cauda, mas isso não conseguia esconder sua feiura.
Aquela Cuca, obesa, continuou inerte. Não mostrava interesse algum em atacar. De barriga cheia, não queria guerra com ninguém.
— Ah...
— Essa anomalia não faz nada, mas está criando pânico nos moradores por causa do seu tamanho.
Louis, com um olhar intrigado, virou-se para o prefeito.
— Não faz nada? — perguntou, franzindo as sobrancelhas. — Bom, pode ligar para a limpeza. Eu vou matá-la, e eles vêm buscar — disse o exterminador, dando passos confiantes, se achando o maioral, em seu momento de brilhar com estilo.
— Qual o número?
"Puta merda." Louis parou de repente, broxando instantaneamente. — 001.
— Ok, vou fazer isso agora. Obrigado! — respondeu o prefeito, e o exterminador observou enquanto ele ia embora, de volta para a prefeitura.
Louis, agora sozinho no parque, voltou sua atenção à anomalia.
— Você não faz nada, é? — murmurou, mais intrigado do que nunca, enquanto olhava o enorme jacaré com uma expressão de desdém. — Como ficou tão gor...
Antes que pudesse terminar o questionamento, algo estranho aconteceu. Ao pisar na grama que se estendia até a anomalia, Fluosh! a terra se transformou em lama.
De repente, formas escuras começaram a emergir do solo, se contorcendo. Eram anomalias menores, criaturas feitas de lama gosmenta, semelhantes a macacos, que começaram a se arranhar pelas pernas de Louis, agarrando-o com força.
O exterminador se assustou. Tentou se soltar, mas a lama o agarrava cada vez mais forte, prendendo-o com uma força descomunal. Um arrepio percorreu sob sua pele quando um sussurro, quase inaudível, surgiu em seus ouvidos.
O mundo ao seu redor parou.
Uma pausa no tempo.
Sentiu uma visão do futuro se abrir diante de seus olhos, uma imagem vívida, sendo forçado a ver o que estava por vir: o jacaré avançando em sua direção e o mordendo com força, dilacerando-o inteiramente apenas com uma mordida.
O frio percorreu seus ossos.
Podia sentir o peso da morte, a ameaça que se aproximava. Seu destino foi selado... mas seu poder lhe dava uma chance de escapar.
A sensação era inescapável. Precisava reagir...
— Ahrf!
Quase engasgou, retornando a si no exato momento em que a boca do jacaré se aproximava, aquele corpo imenso voando em sua direção com precisão, seus dentes afiados prontos para realizar o que havia visto em sua visão do futuro.
Clap!
No instante seguinte, assim que a enorme boca começava a se fechar, Louis desapareceu, surgindo acima da anomalia com um movimento rápido, fixando seus olhos no monstro. Seu corpo foi ágil, seus músculos trabalhando com perfeição. Em um único movimento, Tcin! desembainhou a espada.
Shkrunch!
A lâmina cortou a anomalia ao meio, sem resistência, sem magia.
Apenas a pura técnica e precisão de Louis, fruto de anos de treinamento, devido à sua falta de magia elemental. O sangue jorrou, misturando-se à lama no solo, enquanto o corpo da criatura se separava em duas metades, mostrando o que escondia dentro de seu estômago: outras Cucas, muito menores, todas mortas.
Plussssh...
Louis aterrissou de maneira limpa, deslizando um pouco pela lama antes de perceber que os macacos de lama começaram a se entocar, tentando fugir para o subsolo. Mas uma coisa era inevitável, Louis viu todas, e todas estavam dentro da distância necessária para usar seu teletransporte.
O exterminador sorriu com arrogância, uma expressão de superioridade aparecendo em seu rosto.
— Hoje não. — Com um gesto de soberba, ergueu as mãos, soltando sua espada momentaneamente ao ar.
Clap!
No momento seguinte, as pequenas anomalias desapareceram do solo, sumiram dos caminhos pela lama, teletransportadas para um ponto distante... Louis olhou com calma para o céu, os olhos cheios de frieza, vendo todas as anomalias descendo como uma chuva viva.
A espada chegou primeiro em sua palma e, sem mais delongas...
C-r-r-r-r-r-runch!
Uma a uma, as criaturas caíam do céu, e exterminador as cortava com precisão, exterminando todas as ameaças antes que tocassem o chão.
Vendo a lambança do sangue e da lama misturados, Fu! passou a espada com destreza no ar, um movimento em arco, limpando a lâmina. Com a espada agora limpa, a guardou na bainha e observou a cena de destruição ao seu redor, seu olhar voltando à tranquilidade.
— Essas aberrações estão se ajudando? Desde quando essa merda ficou mais inteligente? — murmurou para si mesmo, a desconfiança sobre uma possível nova Classificação de Anomalias crescendo em sua mente.
Após exterminar as ameaças, se afastou do parque, voltando-se para a cidade com passos calmos, bem tranquilo, como se nada de importante tivesse ocorrido... Como se sua vida não tivesse sido colocada em jogo em mais um dia.
Aproveitando aquela manhã "tranquila", quis passear um pouco.
— Nunca cheguei a olhar as coisas por aqui... — disse consigo mesmo enquanto deixava o parque para trás.
Não demorou muito até chegar ao lago, onde a beleza natural do lugar o fez parar por um momento. O reflexo do sol sobre a água esverdeada, a calmaria do ambiente, a brisa suave que trazia apenas um frescor em contraste com o ar poluído de sua cidade natal, o puro gás carbônico que se acostumou desde a infância em São Paulo.
Olhava em volta, encantado.
— Uau... — disse, admirando a paisagem.
Pegou seu celular, tirando algumas fotos para registrar o momento.
— Hum?
Vendo uma pequena casinha no meio do lago, decidiu se aproximar mais para dar uma olhada de perto.
— É público isso? — se questionou, enquanto dava alguns passos em direção à ponte, curioso.
Enquanto isso, os gêmeos acordaram cedo, como de costume, despertando juntos, devido a ainda estarem misturados.
Nina se levantou primeiro, saindo de dentro de seu irmão, que igualmente se ergueu.
— Aaaiiiiiihhh! — Nino esticou o corpo, abrindo os olhos, tendo uma visão boa da R. Padre José Gonçalves. Ao longe, viu Louis, com seu sobretudo dourado brilhando sob a luz do sol.
Marta sempre os proibira de assistir a qualquer tipo de notícia. Assim que começava o jornal, desligavam a televisão ou a própria vovó os mandava irem para o quarto, então não sabiam quem era Louis nem o que ele representava. Sabiam apenas que os exterminadores haviam sido responsáveis pela morte de Blacko; além disso, nada.
Nino, admirado pelo traje elegante de Louis, olhou para Nina e disse com um sorriso confiante:
— Aquele cara parece ter bastante dinheiro. Vou tentar roubar a carteira dele.
Nina olhou na direção de Louis, um olhar calculista, e respondeu com sua usual calmaria:
— Boa sorte.
O Primordial não precisou de mais palavras.
Já havia se decidido.
Com um passo firme, Fu... saltou do telhado, visualizando o alvo.
"Bolso à minha esquerda."
Assim que tocou o chão, Fuu! disparou rapidamente em direção a Louis com a rapidez de um felino.
O mundo de Louis, então, parou.
Um estalo de percepção invadiu sua mente, e uma nova visão do futuro se abriu diante de seus olhos.
Viu um garoto vestindo roupas pretas, bem gastas, passando por ele, roubando sua carteira com a velocidade de um trem-bala. Uma sensação fria percorreu novamente seu corpo. Mesmo que, em sua visão, apenas mostrasse um jovem tentando assaltá-lo.
A previsão só acontecia em caso de vida ou morte. Entretanto, Louis não sabia, conhecia, e muito menos imaginava que o que fez a previsão disparar foi a ameaça que Nino trazia apenas ao se aproximar dele.
Sem hesitar, assim que seu mundo voltou a girar, Louis estendeu a mão direita para seu lado direito.
Thumpf!
Em um movimento instantâneo, agarrou algo que não viu, mas sentiu com precisão.
Nino, em sua tentativa de roubo, foi pego no ar, seu braço agarrado pela mão de Louis, como se tivesse sido congelado no tempo.
Ao sentir o toque, arregalou os olhos, lançando um olhar surpreso para Louis, no momento em que a carteira era segurada firmemente por sua mão aprisionada.
"Como me viu?!" Nino pensou, assustado com a reação de Louis.
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