Demon And Human Brasileira

Autor(a): The_Mask

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Volume 1

Capítulo 17: Você precisa de uma arma

Os dois dias seguintes, comparados ao começo do “treino em conjunto”, foram calmos.

Lira ia checar suas armadilhas todo dia de manhã e à tarde. Quase sempre voltava com algo, mas quem era muito mais eficiente em trazer comida era o Philip.

Ele saía de manhã e voltava de tarde com o cadáver já sem pele de alguns roedores e animais um pouco maiores.

Na noite do segundo dia, eles estavam comendo lagarto e alguns esquilos. Pode até soar estranho, mas a carne ficou deliciosa ao receber o tempero de alguns cogumelos e ervas que Philip encontrou por aí.

“Podia ter feito isso ontem...” Lira comentou de boca cheia.

“Enfrentamos aquela coisa e eu fiquei exausto. Não estava com cabeça para procurar por ervas.” Philip, também de boca cheia, respondeu.

Saboreiam e muito aquela comida, tanto que ficaram em silêncio por um longo tempo. Quando terminaram, suas barrigas pareciam ter duplicado de tamanho.

“Estou satisfeita.” Lira colocou a mão na barriga e riu.

“Se não estivesse, acharia estranho.” Philip retrucou enquanto jogava os gravetos na fogueira. “Comeu mais do que um kaijin.”

“Não foi pra tanto!” Lira queria se defender, mas a barriga cheia e estufada dificultava qualquer argumento.

“Você comeu três coelhos e dois lagartos.” Philip apontou com um graveto antes de jogá-lo no fogo também.

“Nada que uma caminhada não resolva.” Lira deu dois tapinhas na barriga e deitou no chão. 

“Já que é assim, vou fazer você correr 4 vezes ao redor da fazenda.”

“Tudo menos isso!” Lira se levantou abruptamente, seus olhos cheios de medo.

Philip deu uma risada bem alta e descontraída. 

O silêncio voltou depois disso, mas não era ruim e sequer incomodava. Eles apenas deram uma pausa. Olhavam para o céu noturno, não tão cheio de estrelas quanto ontem, mas ainda era uma visão linda. 

“Philip...” Lira quebrou o silêncio. “Como eu lutei ontem?”

“Hm...” Ele colocou uma mão no queixo e parecia pensativo. “Eu não diria que lutou bem... várias partes de sua postura estavam erradas e a verdade seja dita: você acertou aquela estocada na sorte.”

“O quê!?” Lira não acreditou.

“No entanto, sorte em emergências é bom. Só acho que faltou algo...” Ele se recostou na grama e de olhos fechados começou a ponderar diversas coisas simultaneamente.

Ficou assim por algum tempo. Seus dedos de vez em quando pareciam imaginar escrever algo na grama e seus lábios se moviam silenciosamente.

“Uma arma...” Falou mais para o vento do que para qualquer outra coisa. “Você precisa de uma arma.”

“Sério?” Lira não entendeu direito o motivo de precisar de uma arma. Mas se o Philip diz, quem sou eu para discutir?, ela pensou.

“Depois que tudo isso passar, vamos encontrar um conhecido meu para buscar uma arma para você.” Ele comentou.

“Mas você não tinha mais armas aqui?”

“Estou falando sobre armas de verdade.” Philip respondeu e ficou em silêncio. Parecia estar dormindo.

Lira também não quis discutir mais. O sono veio e ela deitou na grama cheia de pensamentos curiosos sobre o que Philip havia dito. Logo ela dormiu e não teve sonhos ou pesadelos. Apenas apagou para acordar no dia seguinte e repetir a mesma rotina.

Na manhã do quarto dia, acordou dolorida. Dormiu todos esses dias no chão e sentia suas costas doerem com o mínimo de movimento. Philip não parecia reclamar sobre isso, o que era impressionante, considerando sua idade.

“Vamos logo, Lira!” Ele pressionou a garota, parecia ansioso e com muita pressa.

Lira apertou o passo enquanto guardava suas coisas. Quando ajeitou tudo e colocou a mochila nas costas, Philip já estava esperando por ela há algum tempo.

“Vamos.” Ele começou a caminhar e Lira ficou no seu encalço. Ela agora já conseguia olhar nos ombros dele sem lembrar do “olhar demoníaco”.

Era impressionante o quanto aqueles três dias foram bons para Lira “superar” isso. Só não sabia se fez isso sozinha ou se foi por causa da porta.

Os dois caminharam por um longo tempo até voltarem para a fazenda do Philip. Quanto mais próximos chegavam da casa, mais ele apertava o passo.

Por que ele tá indo tão rápido? Lira tentava acompanhar a incomum pressa de Philip.

Quando chegaram na porta de casa, ele rapidamente pegou as chaves no bolso. Depois de errar a fechadura algumas vezes, finalmente conseguiu destrancá-la.

Correu para as escadas e Lira foi logo em seguida depois de deixar sua bolsa no batente da entrada.

Não subiu as escadas com a mesma pressa de Philip, mas estava bem curiosa para saber o que estava acontecendo ali.

Chegando no segundo andar, viu a porta do quarto do Philip escancarada e ouviu ele falar algo.

“Merlin, acorda.” 

Lentamente, Lira se aproximou do batente. Viu seu mestre balançando os ombros de Merlin de um lado para o outro.

“Por favor, só me dê um sinal que você acordou!” Ele gritou desesperado. Finalmente parou de balançá-la e esperou. 

E esperou.

E esperou. 

Merlin não queria acordar. Lira queria acreditar que ela tinha um sono muito pesado, mas Merlin ainda vestia as mesmas roupas de quando eles saíram e também parecia que não havia comido nada.

“Droga!” Relutante, ele soltou as mãos dos ombros da Merlin e deitou ela de volta na cama. “Isso... de novo não.” Parecia preocupado e triste.

“O que aconteceu?” Lira entrou no quarto apressada, mas não teve resposta do Philip. Ele começou a chorar e se virou lentamente para sua discípula.

Olhou para Lira, sem expressão. Era muito estranho para ela ver um olhar impassível em um rosto cheio de lágrimas ainda quentes. 

“Philip...” Lira estava pasma e não sabia o que dizer.

Philip se levantou da cama e caminhou até a sua discípula. Com ternura, tocou o ombro da garota, as lágrimas ainda lhe escorriam do rosto.

“Vá comer alguma coisa.” Até mesmo sua voz parecia não carregar qualquer sentimento. “Vamos dar uma saída depois.”

Lentamente, Philip tirou Lira do quarto e começou a fechar a porta. Ela olhou uma última vez para Merlin, de uma forma mais melancólica do que antes. Por um instante, o tempo pareceu parar. Lira não sabia se abria a porta para ficar com Merlin ou se descia.

Cheia de amargura e culpa, ela se virou.

Seus passos na escada soavam mais pesados que o normal. Ela parecia andar no fundo do mar, junto dos profundos e das sereias.

Que merda...

Quando chegou no primeiro andar, tudo parecia um pouco sem cor e fúnebre. A sala de estar não tinha mais o brilho agradável e o cheiro aconchegante de gordura na cozinha havia desaparecido.

Se eu não tivesse exagerado...

Sentou-se à mesa da cozinha, olhando para o próprio colo. 

Não estava com fome. Não se sentia cansada e a vontade de chorar não vinha. 

Se eu não tivesse insistido...

Não estava triste. Ela se sentia arrependida e culpada.

É tudo minha culpa...

Passos vieram atrás dela e Lira se virou rapidamente. Sentiu uma leve esperança, mas foi em vão.

“Comeu algo?” Philip perguntou da porta da cozinha. Ele estava com os olhos marejados, mas a expressão e a voz estavam firmes como rocha.

“Tô sem fome.” Lira tentou disfarçar o desânimo na voz, mas não era tão boa quanto Philip.

“Então vamos.” Ele saiu da cozinha e Lira foi logo atrás.

“Para onde?”

Philip foi até a entrada e pegou uma bolsa pendurada próxima do batente. Antes de sair ele se virou para Lira com um sorriso animado no rosto.

“Comprar uma arma, oras. Eu te falei que arranjaria uma para você, não?” Ele abriu a porta e começou a se afastar da casa. “Fique aí, vou pegar a carroça.”

Lira voltou para dentro de casa e arrumou sua mochila. Tirou algumas coisas e deixou outras. Pouco tempo depois, Philip já estava com a carroça pronta.

“Suba.” Ele disse.

A carroça era como qualquer uma. Estava carregada com vários caixotes e de longe a coisa que mais se destacava era o animal que a puxava.

Era um laralto. Suas rédeas pareciam ser mais firmes e largas que as de um cavalo. Ele parecia irritado, também.

Hesitante, Lira subiu na carroça e ficou mais calma depois de não mais conseguir ver o rosto da criatura.

“Esses carinhas são traiçoeiros.” Ele bateu as rédeas e o laralto partiu. Andava em um trote leve e calmo.

Pouco tempo depois, eles estavam fora da fazenda e andavam pela trilha mais larga da floresta. Era um caminho improvisado para carroças que levavam para fora da propriedade.

Aos poucos, a paisagem foi mudando.

As árvores foram diminuindo e a luz do sol, que também batia nos rostos de Lira e Philip, aumentava gradativamente. Foi então que o cenário se abriu em um campo cheio de morros e pequenas planícies.

Aquela vista era relaxante e Lira não sabia o motivo.

A viagem seguiu silenciosa por um bom tempo. A ausência das nuvens mostrava um céu azul puro como o mar. O sol também reinava em seu ápice e era bem complicado aguentar o calor.

O suor escorria pelos rostos de ambos, mas isso não os impedia de aproveitar a sensação calmante daquele lugar.

“Aqui é realmente diferente da fronteira.” Philip disse ao vento. Parecia estar em paz. A tristeza anterior em seu olhar desapareceu e agora aparenta nunca ter existido.

Eles subiram um dos diversos morros daquele lugar e, ao longe, Lira conseguiu ver uma estrutura cinza e alta.

“Estamos chegando.” Philip comentou. Ele bateu as rédeas com força e o laralto rumou rapidamente para aquela torre alta.

Aos poucos, mais construções foram surgindo. Casas simples com telhados de madeira tornaram o horizonte marrom e cinza. Também era possível ver outras carroças indo para a cidade.

Os barulhos começaram a aumentar. Comerciantes gritando suas ofertas e dezenas de pessoas conversando ao mesmo. O lugar parecia estar bem animado.

“Por que está tão barulhento?” Lira perguntou.

“Comércio de escravos.” Philip comentou de forma seca. Parecia não se importar, mas no fundo de seus olhos jazia raiva e amargura.

Quando finalmente entraram na cidade, Lira começou a olhar para todos os lados.

Era uma cidade como qualquer outra. As estradas estavam lotadas de carroças e vendedores ambulantes com seus produtos. As pessoas iam de um lado para outro observar as lojas com seus itens de preços variados e qualidades duvidosas.

Continuaram em frente, passando pelo centro da cidade. Ainda mais barulhento e animado que anteriormente, ali era onde a concentração de pessoas e produtos tornava aquele lugar digno de ser chamado de “cidade”.

“Venham todos ver! Tecidos do sul ao preço de pólvora!” 

“Faço suas facas verem de novo! Venham ver o amolador!” 

Os vendedores tornavam a travessia lenta. Os mais gananciosos e desesperados vinham até Philip vender seus produtos, mesmo que ele ainda estivesse na carroça. 

Ele os afugentava de duas maneiras. Ou dizendo que não queria nenhum produto, ou tirando parte da sua espada da bainha. 

Foram poucas as vezes que teve que fazer a segunda opção, mas quando a fazia, os vendedores fugiam mais rápido do que quando vieram.

Philip levou a carroça para longe dos vendedores. A rua não diminuiu o movimento e o barulho tampouco cessou.

“Venham! Venham! O primeiro lote do dia está prestes a começar! Tenho aqui um espécime de homalupo sem grandes problemas e um pelo novo em folha!”

Diversas pessoas se amontoavam e olhavam para um palco de madeira. Um sujeito de baixa estatura e vestido de maneira extravagante caminhava lentamente enquanto apresentava seus “produtos”.

“Este aqui até eu gostaria de comprar!” O sotaque carregado de arrogância e luxúria tornavam sua voz bem irritante nos ouvidos de Lira. “Um fauno adulto e parrudo, perfeito para o trabalho pesado. Seus chifres foram cerrados, então não tem com o que se preocupar!”

Enquanto caminhava pelo palco, os compradores seguiam-no com os olhos. Uns opinavam e apontavam defeitos nos “produtos”, outros comentavam se comprariam ou não.

“Vou comprar esse lote com toda a certeza. Tenho precisado de faunos na minha fazenda.”

“Sabe que não vale a pena se comprar só pelo fauno, né?” 

“Então está interessado no quê?”

“Na terceira!” 

O sujeito no palco caminhou com convicção para perto do terceiro produto do lote e olhou para ele de cima abaixo antes de falar com sua plateia novamente.

“Uma peça rara, que vocês todos devem estar muito interessados. Ao meu lado está uma papilio jovem e linda.” 

A garota estava acorrentada da cabeça aos pés e escondia o rosto atrás do seu cabelo sujo, longo e bagunçado. Suas roupas, que mais pareciam farrapos de tecido, mal escondiam suas partes íntimas, quem dirá o sangue seco e as cicatrizes.

Suas asas estavam pouco expostas, mas aquela breve visão já causou curiosidade nos espectadores. O apresentador começou a andar ao redor da papilio com um sorriso malicioso no rosto. Ela ficou parada sem mostrar qualquer reação. 

“Capaz de usar magias e de agradar suas noites frias.” Olhou para a plateia com um sorriso. “Antes que perguntem do sangue, ela não está mais ferida. Tentou fugir alguns dias atrás e pagou por isso.”

“Tem certeza que não está sangrando?” Um dos espectadores apontou com a cabeça.

Quando o apresentador se virou, tinha uma expressão de horror no rosto. Muito sangue escorria do lado da boca da papilio. 

“Oras... Sua!” Agarrou o rosto dela e a obrigou abrir a boca. “Mordeu a própria língua. Esperta, mas não vou deixar você morrer.”

Ele começou a sussurrar algumas palavras que ninguém além dele conseguia ouvir. De repente, a mão que estava no rosto da menina começou a brilhar em um tom verde bem forte. 

O sangue, lentamente, foi voltando para dentro da língua. Sua expressão de repente se tornou mais viva e um olhar de ódio intenso surgiu.

Ela tentou morder o dedo do apresentador, mas ele tirou a mão e riu da tentativa.

“Já está animada, então? Ótimo!” Ele voltou novamente para os espectadores. “Quem está disposto ao primeiro lance?!”

“Monstro!” A papilio falou, não havia hesitação em sua voz e estava carregada de um ódio digno de contos. 

O apresentador travou. Não se importou com os lances da plateia. Ele se virou lentamente na direção da papilio e tinha um olhar cheio de escárnio.

“Do que me chamou?!” Sua voz estava carregada de puro ódio.

“TE CHAMEI DE MONSTRO!” Ela berrou para todos os presentes, os espectadores se assustaram por um breve momento, mas logo voltaram a fazer lances.

O apresentador abriu um sorriso forçado e aos poucos uma risada leve saiu agarrada da sua garganta. A coisa toda foi piorando até que seus risos pareciam gritos cheios de desespero e insanidade. Toda a plateia parou de dar lances e eles ficaram com medo daquele sujeito.

“Você me chama de monstro?” Perguntou ironicamente. Tentou disfarçar a risada, mas falhou miseravelmente. “É você que tem asas de borboleta nas costas.”

Um brilho negro surgiu de uma das suas mãos e começou a se transformar em um chicote 

Era longo, negro e todos que olhavam para ele sentiam um frio no fundo da alma. Com um sorriso maníaco no rosto, o apresentador se preparou para balançá-lo.

“É você quem tinha antenas de inseto na cabeça!” 

O estalo do chicote retumbou por toda a praça e todos os presentes pareciam sentir aquele golpe na pele. A papilio gritou de dor, ela havia sido acertada no rosto e começou a sangrar no mesmo instante.

“É você que tinha cabelo verde!” 

Outro estalo. Outro grito de dor

“Sabe o quão difícil foi deixar seus cabelos castanhos?!”

Outro estalo, ainda mais forte que antes. O grito pareceu mais abafado dessa vez.

“Ninguém iria gostar de um produto verde!” Ele riu da própria piada com a mesma risada maníaca de antes e deu outro golpe. Dessa vez não houve grito e ele estranhou.

“Ei, tá quietinha por quê?” Quando parou para prestar atenção, viu que ela pendia mole nas correntes. Parecia estar desacordada. “Não me diga que não aguentou isso?” Ele deu outra risada. 

A mão desocupada começou a brilhar em um tom verde e ele jogou a luz na papilio. Ela acordou num sobressalto com uma expressão de horror e dor no rosto.

“Não desmaie dessa vez.” 

Ele continuou batendo, várias vezes. 

Diversas pessoas na plateia viraram o rosto, desconfortáveis com aquilo, mas alguns começaram a torcer. Gritavam com toda a força para que ele continuasse.

“Faça os demônios pagarem!”

“Essas criaturas deviam voltar para o inferno!" 

“Faça ela pagar!”

A coisa foi saindo do controle, ao ponto de começarem a jogar tudo ao alcance das mãos na direção dos outros escravos que estavam no palco. Eles sofreram junto de sua colega papilio, calados.

Depois de um tempo o apresentador começou a arfar. Já era a terceira vez que ele curava a garota e ela estava estática de horror e pânico. 

“Acho que já está bom por hoje!” Secou o suor com a manga e se voltou novamente para a plateia. “Alguém disposto a lances?”

Voltaram a gritar os valores e o apresentador começou a trabalhar. 

Philip finalmente voltou a mover a carroça e tentou se afastar o mais rápido que pode, mas Lira olhava horrorizada para o palco no centro da praça.

“Devíamos dar um lance.” Disse apressada.

“Por quê?” Philip perguntou, indiferente.

“Como assim? Não viu o que aconteceu com ela?”

“Eu vi, mas não é da nossa conta.” 

“Como assim não é da nossa conta? Devíamos ajudá-la!”

“Lira...” Ele soava irritado. “Entenda, não gosto de ter escravos na minha fazenda e não estaríamos comprando um escravo, e sim três.”

“Vamos estar ajudando três pessoas.”

“Não temos dinheiro para entrar num leilão dessa escala.”

De repente, o som alto de algo batendo em madeira veio da direção do palco e quando Lira parou para ver, o apresentador tinha um sorriso enorme no rosto.

“Vendido para o sujeito de blusa verde, por 7 pesos do rei.” Ele acenou e algumas pessoas vieram buscar os escravos.

“Tenho comigo exatamente 1 peso do rei na minha bolsa.” Philip falou. A insatisfação era clara na sua voz. “Mesmo se eu tentasse bancar o bom samaritano, não teria dinheiro para isso.”

Lira finalmente entendeu, eles apenas não conseguiam disputar com os outros presentes na praça.

“Acredite quando eu digo, adoraria ajudá-los.” Sua voz estava carregada de arrependimento e ele olhava os escravos se afastarem do palco. “Mas isso nos traria mais problemas do que soluções.”

Lira não gostava daquilo, mas entendia que não havia nada que pudesse ser feito. Ela abaixou a cabeça e olhou para as próprias mãos enquanto a carroça se afastava do leilão.

 



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