Volume 1: Caçadores – Arco 1: Ressurgimento

Capitulo 1: O Grande Começo

Todos aqueles malditos livros sempre contavam os mesmos fatos históricos, sem exceções.

No início nada era vivo ou morto, simplesmente existia. Em meio aquele vasto vazio seres de pura energia se encontraram no cosmos. 

Embora semelhantes, suas desavenças foram tão notórias que um embate se tornou inevitável, e naquele confronto longo e assustador, o inesperado aconteceu. Os seres antes cinco, haviam se tornado quatro. 

Em cada canto do planeta foi tanto dito quanto escrito que a sua essência criou o universo, seu sangue deu vida a todos os seres, sua consciência se tornou a sabedoria da natureza e sua carne fez a forma de todos os animais. Magnun Satus, foi assim que chamaram o grande nascimento da vida. 

Criados pelos seres de energia, surgiram seres elementais autodenominados de Primordiais, nascidos com uma única missão dada pelos seus criadores, povoar a terra com seus descendentes mortais. 

Ainda que frutos da mesma essência, houveram também grandes desavenças entre seus iguais. Assim a história se repetiu e uma longa batalha entre os elementais surgiu, a clamada Proelion Primordial. 

Mas a terra já não era vazia, já vivias ali os primatas evoluídos pela natureza, os humanos. Seres engenhosos que usavam sua habilidade intelectual para superar sua falta de eficácia física, todavia, para os descendentes dos primórdios não importava se em alguma parte no planeta já existia vida dominante ou não.  

Mais uma vez o conflito pairou na terra, o terceiro e último atrito conhecido, Segregation. Humanos contra Genasis, uma guerra há mais de um milênio atrás. 

Mesmo após ascender a nobreza não conseguia nenhuma informação realmente relevante, os anos passavam e eu apenas parecia estar andando em círculos. Minhas perguntas aumentavam e as respostas diminuíam.  

Os nobres de todos os cantos pareciam completamente apavorados, de todos os oito Primordiais existentes, nenhum se sabia exatamente o paradeiro. Mesmo em Valíria, completamente abandonada pelos Primordiais, a falta de notícia sobre eles havia impregnado o caos no coração de cada reino.  

Em meio a toda aquela desordem no mundo, eu estava a caminho de encontrar talvez a pessoa mais insana e perigosa naquele lado do mar, justamente no reino de Bahamut. 

Meu território sendo um grande poderio militar possuía pouca capacidade agrícola ou pecuária, qualquer indivíduo percebia que em poucos meses estaríamos sem comida; a situação era precária. 

Bahamut tinha campos vastos com uma quantidade absurda de gado, um território verdadeiramente rico naquela questão. Diplomaticamente era uma ótima escolha para Dracaries... sem dúvidas a melhor desculpa para aquela viagem.  

Todas as estradas de cada maldito reino de Valíria eram como copias. Perante as ruas existia uma linha divisória imaginária em meio as pessoas, de um lado existiam casas, comércios, comida e Ominidianos sorrindo. Do outro existia sujeira, pequenas tendas, pobreza e Nullus acorrentados. O sistema ao todo não mudava, nada era diferente desde da vitória dos Genasis. 

Os humanos se tornaram menos que gente, escravos e brinquedos substituíveis a qualquer momento. A diferença de força entre nós, os Genasis e seus descendentes, os Ominidianos, chegava a ser sufocante. Agora eles se nomearam de “Humanidade” enquanto fomos conhecidos como Nullus, iguais a vira latas aos olhos deles... repugnante. 

O castelo de Bahamut não mudou, continuava o mesmo. Sua talvez única diferença fosse o aumento de quadros da família real moldurados dentro das próprias paredes por cada corredor no térreo daquele castelo, mesmo dentro do banheiro a cima do espelho gigante, estava evidente, explícito e exageradamente o nome: Javier Zaration Bahamut III. O atual Monarca de Bahamut. 

— Chorume! Javier ordena que venha até ele.  

Meu longo passeio pelo castelo e minha breve ida ao banheiro foram abruptamente interrompidos pelo guarda ao lado de fora.

Após minha saída o guarda estava a me guiar na direção do centro do castelo, mantendo sempre mais de cinco passos de distância. Novamente eu estava passando por todos aqueles quadros da família real Bahamut, olhar apenas duas vezes foi suficiente para me deixar enojado.  

Perante a portas marrons enormes, eu finalmente adentrei no salão principal. Uma luz ofuscante apossou de minha visão, toda a estrutura interna do salão era coberta por ouro e prata, totalmente diferente dos outros corredores marrom-escuro sem vida do castelo. 

Seu centro sendo a única exceção, onde no final do gigante tapete vermelho e a cima de uma pequena escadaria, lá estava, Javier. Sentado em um trono firme modelado de ouro e detalhado com joias feitas de rubys vermelhos. 

A sua volta, alinhados perfeitamente estavam seus guardas reais com suas faces nada amigáveis, próximos aos guardas existiam três pessoas anotando tudo desde o momento que eu havia entrado.

— O que queres ralé? — Javier perguntou rindo. 

— Venho lhe trazer uma barganha Javier, senhor e protetor de Bahamut. 

As risadas a minha volta foram nítidas, acompanhadas de pequenos comentários entre os guardas “Pele escura com cabelos prateados” aparentemente me apelidaram como ‘Chorume' em Bahamut.  

Mas Javier foi diferente, ele não riu, nem ao menos moveu um músculo, como eu já esperava. Seu reino enfrentava fortes rebeliões lideradas por uma Súdita do Caos, aparentemente, todas as pessoas com afinidade aquele elemento eram completamente insanas. 

— Javier Bahamut, minha barganha é muito simples, Dracaries lhe auxilia com suas revoltas constantes e você somente precisará abrir mão de dois fatores  

— Quais Fatores?  

A pergunta de Javier transformou completamente o ambiente do salão, todos os risos dos guardas e os comentários dos súditos simplesmente cessaram. 

— Metade de todo rendimento alimentar anual para Dracari... 

— METADE?! FICOU LOUCO?! — Javier berrou e se levantou brutamente — Você! Um inseto! Vem no meu reino! Entra na minha casa e quer tirar metade da minha comida?! Quem você pensa que é?!  

Ele já estava totalmente descontrolado, se o seu reino possuísse força equivalente a Dracaries talvez estivéssemos entrado em guerra naquele momento, entretanto, uma coisa era certa para mim, um homem em fúria nunca iria cambalear suas pernas. 

— Se eu me virar e simplesmente esperar Bahamut cair, quem você acha que os rebeldes e seu povo irão preferir? A mim, que ofereceu ajuda, ou a você? Quem recusou.  

Javier parou e fechou os punhos aveados, encarando-me sem piscar enquanto respirava profundamente, sentou-se e disse: 

— Quarenta porcento. 

— Cinquenta. 

— Quarenta...  

— Cinquenta. 

— Quarenta... e três? 

— Certo. 

A negociação mais fácil da minha vida acabava de ser encerrada, talvez eu poderia ter obtido até mais, de qualquer forma, não esperava conseguir vinte e três porcento a mais do que havia planejado. 

Javier que se encontrava com uma expressão de peixe morto levantou seu braço e apontou o dedo para um garoto com um penteado cogumelo.  

— Faça o acordo. 

O garoto de roupas marrom clara rapidamente se aproximou com um grande pincel pena e um aparente caderno com capa de madeira, olhou-me de canto com um aparente desdém e começou a escrever o que Javier ordenou. 

— Deixe bem claro que Dracaries auxiliará com somente, essas respectivas revoltas.

O rapaz olhou para seu rei esperando seu aval, Javier com a cabeça apoiada pelas suas mãos em frente ao seu rosto permaneceu apenas em silêncio, o garoto cogumelo olhou para mim e prosseguiu com o que pedi. 

— Está feito, meu Rei. 

Javier se levantou e começou a se dirigir até nós, o clássico manto vermelho dos reis, por cima de vestimentas marrom claro se arrastava por quase todo o tapete. Javier com um semblante fechado, ergueu sua mão perante a agulha. 

Espetou seu dedo sujando o pergaminho com seu sangue asqueroso para ser usado no carimbo, sem pestanejar realizei o mesmo processo. 

No cair das gotas os respingos dos dois sangues se encontraram, assim a condição havia sido alcançada. Olhei para Javier totalmente frustrado e sussurrei, “Pactum”. 

No piscar de nossos olhos, nos encontrávamos em um lugar completamente preto, um breu completo. Em baixo de nossos pés um líquido preto e pegajoso que não nos molhava e nem nos permitia afundar.  

Javier instintivamente olhou para baixo de seus pés onde observou o abismo e o abismo o observou de volta.

Pegava-me sorrindo inconscientemente aproveitando sua reação apavorada, ele se virou para mim caindo perante o breu e começou a rastejar para longe enquanto me perguntava aos prantos. 

— SANTA ESSÊNCIA!! Você não é a merda de um Nullu?! 

Naquela vasta imensidão não importava onde se olhasse, somente existia vazio. Sem riqueza, sem dinheiro, sem poder. Javier se encontrava completamente indefeso, e sua reação não poderia me entregar um sentimento mais agradável.

— Javier, tenha em mente que iremos realizar um segundo acordo.  

Andando em sua direção eu não conseguia tirar meu sorriso do rosto, quanto mais Javier se afastava mais eu sorria.

Infelizmente para ele, naquele breu não existia superfície ou subsolo; na verdade, não existia nada. Não sabia dizer nem como respirávamos na escuridão imersa. 

— Você é um covarde de primeira categoria, não possui nada de relevante em combate, portant... — seu choro excessivo interrompeu minha exigência.

Suas lágrimas percorreram dos seus olhos verdes claros até caírem de seu queixo, passando por nossos pés em uma contínua queda livre, até sumirem totalmente de nossas visões. 

— Chorar não vai te tirar daqui, metade de sua riqueza é o que desejo. Mande para Dracaries e se vire para explicar o motivo, ou... arranco sua cabeça fora! 

— Eu ace, acei, aceit... eu aceito, por favor só me tira daqui! 

Com um aperto de mãos o pacto estava selado. Tudo ao nosso redor brilhava em um tom branco tão forte que meus olhos ardíam. Abrindo-os de novo, estávamos de volta. No mesmo instante Javier se jogou ao chão gritando. 

— Por Hayzard!! Aquilo foi real?!  

Não o respondi ou muito menos olhei para ele, apenas me virei em direção a saída do salão com uma cópia do pergaminho em minhas mãos e um único pensamento em minha mente — Fácil demais. Meses estocando comida desviada valeram a pena — Abrindo as portas o guarda que me acompanhou ao ver Javier de relance imediatamente questionou-me: 

— Que merda que você fez Akiris?!

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