Volume 1: Caçadores – Arco 1: Ressurgimento
Capitulo 5: Verdades ou Mentiras
Akiris
Os Primordiais sempre foram o maior grau de afinidade possível com o elemento. Não obtinha informações suficientes para dizer se os seus corpos eram presos a forma humanoide ou mesmo quais eram suas características únicas. Todavia, sabíamos que eles eram algo puro, suas essências não se misturavam.
Graças a aquele fator os Genasis começaram em algum momento a pregar pela “pureza”. Embora os Omnidianos fossem capazes de utilizar todos os quatro elementos, eles foram totalmente afastados pelos Genasis.
Não demorou muito tempo para que eles mesmos se nomeassem nobres. Naquele momento, provavelmente Dracaries era o único reino que não seguia mais aquela maldita hierarquia.
A diferença mais notória entre Genasis e Ominidianos eram seus olhos. Ominidianos possuíam olhos com a cor de um elemento, no caso o que nasceram com afinidade, porém, as pupilas eram mais escuras.
Com os Genasis foi um caso diferente, ao invés da pupila revelar sua afinidade, mas em um tom mais escuro, elas eram da mesma cor do seu elemento, passando uma sensação de não possuírem pupila alguma. Aquele “olhar completo” era uma característica única dos Genasis.
Com base naquelas informações e a conversa com Dominus, Wally, com seus olhos amarelados, possuía o Primordial de Energia chamado Aska confinado dentro de si.
Mas o mais curioso era que Wally não era um Genasis, nem muito menos um Omnidiano, Wally era um Híbrido, Genasis com Nullu. Afinal, seus olhos tinham pupila preta.
Talvez fosse justamente pela falta de ‘pureza' que o Primordial estivesse preso, mas aquilo não significava que ele estava parado lá dentro.
Em alguns momentos durante a viagem percebi seus olhos mudando de cor, puxando para um tom mais claro, do preto para o amarelo desde que se deparou com a criatura caótica.
Totalmente perdido em pensamentos, um outro guarda cutucou meu braço olhando apreensivo para Soltrone.
— Eles são caçadores de Dominus — apontei para Yuki e Soltrone. — Vigiem, mas cuidem do Wally, esse garoto é meu convidado.
Ainda refletindo, segui para dentro do castelo. Encontrava-me no grande corredor central, ele ligava quase todos os lugares do castelo, existindo dois deles, o superior e o inferior.
Utilizar aquelas escadas sempre foi uma tarefa irritante, localizadas no final do corredor, transformavam aquele processo em uma odiável caminhada.
Seguindo, encontrei e cumprimentei rapidamente a todos que passaram, pareciam brotarem do chão assim que entrei, um atrás do outro com aquele hábito irritante de reverência.
Subindo a escada, novamente necessitava caminhar até o final do imenso corredor... minha sala para a minha infelicidade, era a última.
Com a cabeça nas nuvens percorri pelo gigantesco corredor.
Em frente a porta branca com minhas mãos gélidas e muito ocioso, parei, respirei fundo por poucos segundos, e adentrei.
Uma sala de paredes cor prata, móveis de couro escuro e refinados, diversos livros e pergaminhos nos armários das duas paredes.
Dois bancos de três lugares em frente à mesa, uma janela gigante que iluminava o ambiente tornando a iluminaria quase inútil, e aquelas cortinas prateadas gigantes da sala. Tudo aquilo sempre me entregava um cheiro nostálgico.
Aproximei-me de minha cadeira e me sentei. Estava a observar alguns pergaminhos sobre a mesa, um deles em específico estava separado dos outros.
Ele estava próximo a um recipiente raso e circular que possuía tinta, junto a um pincel pena negra com detalhes roxos na ponta e um candelabro a esquerda.
Aquele pergaminho tinha algo diferente nele, um selo real. Embora ele fosse obviamente algo importante, meu foco inicial foi tomado pelo pequeno apoio de madeira sobre a mesa.
Nele existia um chapéu escuro com um pano roxo enrolado ao seu redor, virando-o, foi revelado a sigla “J” em dourado, acompanhado da palavra ‘chefe'.
Era como se eu fosse um disco arranhado, vagando e vivendo repetidamente as mesmas coisas, as mesmas situações, as mesmas esperanças... as mesmas decepções.
Todas as vezes em que me deparava a sós com aquele chapéu, lembranças antigas vinham à tona.
Eram diversas as opções onde eu deveria reiterar minha atenção, porém, eu somente peguei o chapéu, coloquei-o, virei-me para a janela e permaneci ali, parado observando a pequena imagem que eu obtinha da capital.
Aquele nascer do sol reluzia em meu rosto, eu já nem conseguia diferenciar mais as lágrimas com meus olhos lacrimejando pelo sol.
Ouvi muitos sábios dizerem que “Lamentar o que já estava feito era tolice”, mas mesmo após tanto tempo tentando, não sei se conseguirei de fato... tornar-me inumano.
De volta para minha mesa, com meu braço esquerdo limpei meus olhos e com o direito apaguei o candelabro ainda aceso.
Aproximei-me dos documentos em minha mesa e iniciei a leitura dos pergaminhos.
Sua grande maioria apenas desejavam saber sobre equipamentos e candidatos a guardas reais disponíveis, com exceção de um pergaminho, obviamente o de selo real. Mas era óbvio, um selo de Bahamut.
Javier já perguntava sobre a ajuda que eu havia prometido, que tempo recorde era aquele? Menos de dois dias e ele já havia enviado uma carta.
Não tinhamos mais motivos para conversar com Javier, portanto, Karla poderia suspender os atos de sua rebelião. Afinal, sem rebelião não há necessidade de cumprir o pacto. De qualquer forma, um único primeiro pagamento já faria uma enorme diferença tanto para Dracaries quanto para Bahamut.
‘Saudações, Javier Bahamut. Venho por esse pergaminho, informar sobre as tropas prometidas. A partir do acontecimento de minha partida as mesmas já foram requisitadas, no mais tardar, chegaram a Bahamut em duas semanas. Peço para que encontres a paciência necessária. Ass. Akiris Dracaries'.
Os pergaminhos menos importantes já estavam com o conselho aparentemente. Um bando de Genasis de familias Importantes liderados por Cris, um Híbrido, e Clewdal, um Nullu, chegava a soar engraçado.
Cris e Clewdal foram treinados desde pequenos para a única tarefa de gerir o reino em minhas ausências, com os dois irmãos a frente não existia motivos para preocupação.
Clewdal era o cérebro, um garoto esquentado e muito vibrante, um verdadeiro gênio inato. Cris era um jovem guerreiro muito habilidoso, entretanto, ele era um garoto muito peculiar, dentro de um combate Cris se tornava feroz, louco e insano, enquanto fora de combate se assemelhava a um garotinho. Eu poderia descrever Cris como os punhos refinados de Clewdal.
— Preciso encontrá-los — refleti tirando o chapéu e o colocando de volta no apoio.
Eu me levantei e caminhei em direção a saída, parado em frente a porta, virei-me para trás.
Por um momento, apenas por um breve momento, eu tive certeza... De te-los visto sentados sobre minhas cadeiras.
— O arrependimento é corroasivo.
Assim voltei para a maçaneta e passei pela porta. Eu me encontrava andando pelo corredor central superior mais uma vez até que me deparei com alguns do conselho se dirigindo para a sala de reunião localizada no meu lado esquerdo.
Nenhum deles aparentavam terem me percebido. Enquanto me aproximava, conseguia aos poucos escutar um fragmento ou outro de sua conversa.
Rain, um homem de pele clara, com cabelo volumoso liso escuro, único de olhos verdes e o mais baixo dos três, mas ironicamente, o mais perigoso, perguntou:
— O orçamento foi aprovado?
Tryfon, um homem de óculos, pele clara queimada, cabelo castanho curto, e de olhos amarelados, respondeu:
— Já está encaminhado.
Eres, homem de pele pálida, relativamente alto, possuindo cabelos escuros ondulados e amarrado igual a um rabo de cavalo, com olhos que possuíam um azul claro que demonstrava calma e serenidade, reclamou:
— Você está demorando Tryfon.
Todos Genasis usando roupas nobres de Dracaries, brancas com detalhes pretos em volta, diferente dos guardas onde era justamente o inverso. Aparentemente eles discutíam sobre a segurança de Dracaries.
Rain foi o primeiro a me perceber, virou seu olhar para mim e esboçou uma reação de surpresa enquanto cutucava os outros dois.
Eles se viraram e sorriram sem jeito, realizando a maldita reverência ao mesmo tempo.
— Parem com isso, apenas me digam onde estão Cris e Clewdal.
Os três levantaram e se olharam, havia ficado claro que nenhum deles sabiam o paradeiro dos dois.
— Entendi — terminei já caminhando.
Se os três não tinham visto os dois, então significava que eles só poderiam estar no laboratório.
Descendo as escadas, encontrei Karla perambulando pelo corredor central, com medo de lidar com, Cris, Clewdal e Karla ao mesmo tempo, antes mesmo que ela me percebesse caminhei rapidamente para minha direita em direção a biblioteca.
Aproximando-me da porta do local, comecei a escutar uma voz... alguém estava falando sozinho lá dentro.
Talvez fosse Yuki, todo momento que eu estava perto daquele caçador, sentia algo estranho ao seu redor.
Porém Yuki quase sempre se encontrava sozinho; embora eu pensasse inicialmente que fosse uma magia de Espírito, eu ainda não sentia nada vindo dele, nenhum arcanismo sequer.
Relutante, decidi abrir a porta. Do outro lado, eu me deparei com Wally, completamente pálido encarando o vazio enquanto segurava... um livro sobre Primordiais...
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