Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: Bczeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 26: Garras e Dentes

Gornn tinha várias histórias que faziam Mythro divagar e viajar. Seus contos falavam de maravilhas entre as estelas, como uma criança não poderia adorá-las?

Ele falou que Xaemi para pegar a semente de terceiro véu, suportou o ataque de um Deus chamado Inhax, um dos deuses Kananmis, que futuramente Gornn veio a matar. Ele explicou que Inhax só recuou porque antes de atacá-la, ele em sua arrogância, disse que se ela pudesse aguentar um de seus golpes, ela poderia ficar com a semente.

Diga-se de passagem, sementes de terceiro véu são itens completamente incomuns, árvores que podem criá-las, são árvores que já encontraram um Dao, e o alcançaram. Então não somente os Daos que ela testemunhou em sua vida, mas o próprio Dao completo dela estaria no meio desse crescimento, e junto com a benção dos céus, isso só torna uma semente de terceiro véu ainda mais mística e poderosa.

— Eu poderia criar um belo jardim com essa semente.

“Belo? Seu jardim floresceria as mais místicas e poderosas plantas de todos os cosmos se tivesse uma semente de terceiro véu. E se puder plantar uma boa árvore junto dessa semente, seu jardim também teria o poder de cultivar.”

— Nossa! Essa é a diferença de ser uma semente de terceiro véu?

“Sim e não. Cada semente limita o reino em que seu jardim pode alcançar. Os véus são os terços. Existem doze reinos, eles são separados pelos estudiosos como terra, céu e divino. Então uma planta com uma semente de um véu pode ir até no máximo ao quarto reino, uma de segundo véu pode ir ao oitavo, e uma de terceiro pode ir até o 10º.

— Então uma semente de quarto véu que você falou, permite ir além do 10º?

“Isso mesmo. E antes que pergunte, lhe responderei. Existem sim árvores no final do caminho divino. Uma delas se chama Yggdrasil. Ela se tornou tão grande, que é maior que algumas galáxias, ela adorna como folhas, planetas. De seu tronco, as ervas e plantas mais miraculosas nascem e são vendidas e distribuídas pelos povos que nela habitam.”

— Chegamos! — O cocheiro se levanta e desce pela parte da frente da carruagem, apressado. Ele abre a porta e manda  as crianças saírem do longo veículo.

Elas saem rapidamente e caminham pela área de entrada que fica na frente da bancada central.

Nas cinco bancadas já se pode ver pessoas aguardando ansiosas para o que está por vir. Este dia, menos clãs estão reunidos, alguns perderam todos os bons jovens na luta nos dias anteriores. Cada criança vai até os representantes de seus clãs e vilas.

Mythro e Mits olham para cima e vêem Hu Ping subindo as escadas, acompanhado de Fumin, que não está com as roupas devidamente colocadas. Ela mostra muita pele. Os homens na bancada central a olham como se fossem lobos.

Ela se senta e levanta a mão.

Isso é um sinal para que Hu Ping possa soar o chifre e começar com as lutas.

— Pessoas gentis do abismo! Hoje é um dia glorioso! Determinaremos mais uma vez quem será os vitoriosos para poder receber na próxima luta as armas de quarta terra!

Hu Ping grita e depois executa um soar com o chifre.

— Armas de quarta terra! — Um homem da vila da caça respira forte.

— O que é isso? — Carmen que estava ao lado deste homem pergunta.

— São armas feitas pelos artesãos, elas são mais poderosas que armas comuns e possuem feitiços! Nosso ancião tem uma! Ele matou 10 lobos sozinho sem levar um arranhão depois que ele a usou. — O homem exala orgulho enquanto fala sobre seu ancião.

“Pelo menos a nomenclatura está certa.” — Gornn diz, ainda assim com desdém.

Hu Ping soa de novo o chifre e continua:

— Houveram mudanças, eu, Hu Ping, tenho orgulho em informar que a luta de hoje será de dois contra dois!

Todos os patriarcas dos clãs olham para a bancada, e depois olham para as crianças. Isso pode mudar tudo!

— Eu vou lutar com o Mythro — Mits grita.

— Isso é problema — Trinto diz ao lado de Mits.

— Por quê? — Mythro também não vê o porquê de ser problema.

— É estranho, por que acelerar as lutas assim? E se duas crianças do mesmo clã vencerem, na próxima luta se os vencedores forem do mesmo clã? Teremos que sacrificar quem perder? E além disso, a próxima luta será armada, quem matar pode pegar o que for do morto, segundo as regras do abismo. Se uma dupla de crianças matar duas crianças do mesmo clã, além de deixar o clã que perdeu sem jovens fortes com bom potencial, isso também dá ao clã inimigo duas armas poderosas de graça!

Isso soa como trovão para os membros da vila da caça. Eles sabem como uma arma dessas é poderosa porque somente eles e a própria cidade do abismo tinham armas assim. Isso dava a eles poderes militares sem igual! Uma única arma! Se qualquer vila tivesse duas, mesmo uma vila pacífica não ia ficar sem usá-las!

Um dos líderes levanta a mão e então pergunta.

— Senhor Hu Ping, por que a repentina mudança?

— Eu e a senhora Fumin tivemos o deleite de encontrar dois artesãos em meio de vocês!

Uma comoção começa, os líderes, anciãos e pessoas de cada bancada começam a olhar para cada um ao seu lado, e se perguntam quem poderia ser.

Mits segura na calça de seu pai e treme.

— Mits…? — Mitri começa a ficar nervoso.

Fumin se levanta, aponta para a área ocupada pela vila da caça, e diz usando energia cósmica, que deixa sua voz ecoar como um grito, porém mantendo sua voz e tom baixos.

— Mits e Mythro da vila da caça! Ambos serão artesãos do norte no futuro!

Os guerreiros e guerreiras da vila da caça se levantam e batem suas espadas em seus escudos. Eles uivam para o alto, levantando alto suas espadas, caçadores e caçadoras em seus trajes de couro olham para seus filhos e filhas e os abraçam, as serventes abraçam Mits e a jogam para cima, os caçadores vêem sua senhorita sendo jogada para cima e então pegam Mythro e fazem o mesmo, eles gritam seus nomes!

— Mythro!

— Mits!

— Grande honra aguarda a vila da caça! — Fumin exclama.

Enquanto a vila da caça comemora, Mitri e Trinto se entreolham. Eles entendem que existem dois lados em uma situação desta, afinal, o que é bom para eles, é bom para os outros?

Os outros homens da vila se ajoelham e começam a falar com os pequenos que irão lutar, hoje é certeza… que será uma luta sangrenta!

— Sem delongas! — Hu Ping pega duas placas de madeira e lê os nomes escritos, então as vira e proclama os nomes — Vila da caça, contra a Vila da agricultura, apresentem seus campeões!

— Então será vila contra vila? — Trinto murmura.

— Mythro e Mits! — Mitri proclama e os dois sobem na arena.

— Irgo Maschô e Narit Maschô! — Os dois sobem na arena e Irgo encara Mythro.

Hu Ping levanta a mão e fala.

— Sobrenome de ambos. — Ele aponta para Mythro e Mits.

— Paschi! Mits Paschi.

— Mythro… Zumb’la.

Fumin na bancada fala para um dos filhos de Hu Ping, Hu Xu, algo em seus ouvidos, e o menino desce as escadas e é acompanhado por 5 guardas vestidos com armaduras da cidade do abismo.

— Mythro que sobrenome é este? — A voz de Namhr soa, ela também está na bancada.

— Gornn me disse que esse é meu sobrenome!

— Seja o que for, Fumin disse para o menino Hu Xu ir procurar sobre o seu sobrenome. — Namhr diz isso e as mensagens cósmicas param.

“Não deixo de admirar isto, ela ontem estava no primeiro nível do segundo estágio, agora ela está no terceiro nível, quase indo para o terceiro estágio. Não há mais nuvens de castigo celestial, os céus deste planeta não ousam ir contra ela, nem em ameaças”

— Ótimo, que comece a luta!

Mythro olha para Irgo, que está tremendo.

— Mythro… Essa vai ser nossa última conversa, não é mesmo. Bem, a primeira também não foi muito longa…

— Irgo… — Mythro fica triste de como as coisas estão indo.

— Eu vou lutar! Eu vou lutar pela minha vida, então você também. Com garras e dentes, até o fim!

Irgo e Narit correm juntos e vão direto na direção dos dois, Mits também não fica parada e se direciona a eles.

— Gornn… eu não quero! — Mythro fala com Gornn, paralisado.

 



Comentários