Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: Bczeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 5: Prazerosa Fumin

O restante daquele dia foi luto, apenas no outro amanhecer que tudo voltou ao normal.

Namhr está deitada ao lado de seu pai, alguns curandeiros fazem questão de ficar ao lado de Fashr, para que não haja perigo de nenhuma recaída.

Mythro fica sentado de pernas cruzadas na ponta da cama, ele observa à Fashr e a Namhr.

De vez em quando Fashr acorda e pede água. Os curandeiros sempre acionam uma das serventes para ir buscar, e também panos novos, para que Fashr não fique castigado pelo próprio suor.

Eventualmente Mythro sai da cama e do quarto de Fashr, ele vai à sala e se senta em uma das cadeiras, perto dele há uma mulher, uma nova servente, recentemente contratada por Fashr, devido aos insistentes pedidos de Josom.

— Olá. – A nova servente então se senta perto de Mythro e puxa conversa.

— Oi…

— Você está triste com a perda de Krima?

— Sim, muito e você?

— Bem, eu não a conhecia muito, pois não sou dessa vila, mas ela parecia muito amada por todos, e também criou a garota Namhr muito bem. É possível ver o reflexo dela em toda casa, uma mulher carinhosa e cuidadosa.

— Sim, Krima era sim muito carinhosa, mais que todos.

— Seu nome é Mythro, certo?

— Sim.

— O meu é Fumin.

Mythro olha fundo nos olhos de Fumin, dentro deles, não há a apatia que ela pronúncia. Há apenas maldade e repugnância. Como se pudesse ver seu sangue escorrendo no chão.

— Licença, Fumin, foi bom te conhecer.

— Claro, você é bem maduro para alguém da sua idade, o jeito que você olha as pessoas… É como se pudesse ver através delas.

— Obrigado.

Se levantando com calma para não levantar suspeitas, Mythro sai da casa de Fashr e começa a andar pelas ruas.

Ele vê algumas crianças brincando, mas simplesmente não tem interesse em entrar no meio da brincadeira. Tudo que aconteceu ontem ainda o incomoda.

Josom disse que ele matou Krima desde que ele pisou na vila, o que isso queria dizer?

Enquanto Mythro anda pensando em todas essas coisas, alguém chega correndo perto dele segurando lenha nos ombros.

Este é um dos homens que trabalham na carpintaria.

— Garoto, um de nossos trabalhadores não veio hoje, precisamos de alguém para ajudar na oficina, você viria comigo?

— Hã? Claro…

— Vem comigo.

Mythro então começa a seguir ele, ele fica surpreso, a idade para começar a ser aprendiz em qualquer lugar era 12 anos, é quando você podia começar a entender de tudo que a vila fazia para obter dinheiro e sustento. Ser chamado tão cedo era raro, somente aqueles com maior potencial podiam ter este tipo de honra.

Trabalhar para o benefício de todos na vila é honroso, pois aqueles que trabalham compartilham os fardos e responsabilidades de todos. Como Mythro veio de fora, embora ele tivesse sido trazido por Namhr e Fashr, muitos ainda não o aceitam. Ainda mais depois dos boatos dele ser um Markho.

Eles seguem pelos caminhos até a oficina de carpintaria, é um local pequeno, a maioria trabalha pelo lado de fora da construção, que é mais usada para guardar tudo que é feito.

— Senhor, o que eu vou fazer para ajudar?

— Você vai ali, onde eles estão pregando o berço.

Mythro então segue até o local que o homem indica.

— Olá, me disseram para vir ajudar aqui devido à falta de alguém.

— Ah, sim. Venha.

O homem que martelava o pequeno berço é reconhecido por Mythro, é um dos que vive andando com Josom.

O pequeno berço já estava quase pronto. Só era necessário pregar as partes de fixação da caixa em que o bebê ficaria deitado.

— Dê a volta, segure a tábua plana. Eu vou pregar ela a caixa.

Mythro então dá a volta e pega uma tábua plana que estava encostada perto de uma mesa, onde diversas ferramentas estavam sendo aguardadas para serem usadas.

Ele a leva para onde foi indicado ficar e mantém pressionada a tábua a caixa. O homem do outro lado pega um martelo e um prego grande.

Encarando o tamanho do prego, Mythro acha irreal aquele prego ser para o berço, mas não dá voz a sua dúvida, já que ele não sabe nada de carpintaria, talvez fosse apenas sua imaginação.

Então o homem coloca o prego rapidamente na parte em que a tábua plana e a caixa do berço se encontram e com uma forte martelada o prego afunda, e acerta na mão de Mythro.

Sem nem ao menos ter aviso, o prego cruza a mão de Mythro e sangue começa a escorrer. Mythro grita de dor

— Opa, deslizou.

Mythro luta para tirar sua mão da tábua, ele coloca a outra mão em cima da que foi pregada e puxa três vezes até que ela saia. O desespero assola ele completamente, ele nunca sentiu nada tão intenso em sua vida.

Quando a mão dele sai do prego, ainda mais sangue se faz. A mão pequena de Mythro tem um buraco enorme.

— Oi, que barulheira é essa? Tem um bicho morrendo aqui? Talvez um meio-humano?

Mais homens começam a aparecer, eles trazem algumas lenhas e martelos, eles se aproximam e cada um deles dá um golpe! Cada golpe faz um estalo, o estalo de ossos quebrando! Mythro vai ao chão como um graveto quebrado, rasgos são vistos por todo seu corpo, seu peito está cavado e suas mãos com metade dos dedos distorcidos.

— As ferramentas estão escorregadias hoje.

”Eles vão me matar!”

— Mythro!

No fundo, uma voz conhecida grita, é Namhr!

— Namhr… — A voz de Mythro é fraca, diversos ossos de seu corpo quebraram, a hemorragia interna é intensa, sangue sai como água de sua boca.

Namhr corre para tentar ajudar Mythro, devido à distância, ela só consegue o ver caído, e os tons cinzas do céu do abismo escondem a verdadeira cor vermelha que o mancha, mas antes dela chegar perto o suficiente, duas mãos a alcançam por trás e puxam ela para cima.

— Ora, Srta Namhr, onde você estava indo? Os homens estão trabalhando.

— Fumin, me solta, Mythro está caído, ele deve ter se machucado!

Era Fumin, a nova servente na casa de Fashr!

— Carpintaria é algo perigoso, mas tenho certeza que ele está bem, vamos voltar, okay?

Sem ligar para os gritos e pedido de Namhr, Fumin a leva de volta para a casa de Fashr. Mythro encara à irmã se contorcendo no colo de Fumin e simplesmente perde toda a esperança.

”Eu vou morrer aqui? Assim? Por martelos e lenha?”

Enquanto toda a consciência de Mythro vai se apagando, um barulho ecoa em sua mente e logo após uma imagem, a imagem de um rio.

”Esse som… um rio? Está… me chamando…” — A imagem em sua mente faz com que ele não perca totalmente sua consciência.

Mythro então começa a se arrastar, ele vai se afastando, tão lento quanto uma tartaruga para a direção do som.

— Se mexendo com esses machucados… Tch! Ele deve ser mesmo um meio-humano.

— Ele não está indo em direção à casa de Fashr, não tem porquê impedi-lo, deixe ele morrer fora da vila! Talvez assim vire comida de lobo e ninguém dê falta.

Mythro continua se arrastando, sangue faz uma linha atrás dele. Uma perna puxando a outra, toda vez que ele toca no chão com a perna com fratura exposta, sangue é cuspido pelos músculos.

Os homens ignoram o pequeno menino que segue, sangrando, com ossos expostos, como se fosse algo que pode ser visto e ignorado normalmente. Eles voltam à seus afazeres como se nada tivesse acontecido. Da construção dos carpinteiros uma pessoa sai andando, com um rosto sério, mas com o olhar satisfeito. É Josom.

Horas se passam, até que o dia se torna noite, e nesta noite, o frio do abismo ataca seus moradores com grande violência. Em uma das casas alguns homens conversam e bebem perto de uma lareira.

— Josom! Meu caro, fizemos! Tiramos o meio-humano de nossa vila!

— Todos um brinde à Josom!

Todos levantam seus copos e brindam, Josom está sentado com uma mulher ao seu lado, eles são os mais próximos da lareira, isso indica que ambos tem o maior status neste encontro.

Josom se levanta, e toma a mulher ao lado dele pela mão, se Mythro estivesse aqui ele poderia reconhecê-la sem dúvidas… era Fumin!

— Lembrem-se meus caros, tudo que aconteceu ontem, e a algumas horas foi graças a senhora Fumin, que veio de fora da vila para nos alertar sobre o perigo dos Markho!

— Um brinde à senhora Fumin!

— Hooooe!

Todos os homens novamente brindam seus copos e então ficam quietos, esperando palavras da última.

— Eu espero ser bem aceita por todos, como uma cidadã de fora do abismo, eu conheço o real perigo dos Markho, é possível ver que ele não tem nada a ver com os humanos do norte porque ele não tem as marcas de nosso método de cultivo. E também porque não há nenhum clã humano com olhos dourados em todo o continente, sendo ele  do norte ou qualquer outro ponto cardeal.

— Nos livramos de um grande perigo senhora Fumin, obrigado!

— Sim, eu odiaria que mais alguém morresse por culpa de um meio-humano espião.

Os homens comentam o que ouviram sobre os Markho, as atrocidades e boatos. Dizem que muitos deles massacram vilas, estupram mulheres e crianças sem distinção e penduram a cabeça dos homens, jovens adultos e idosos em lanças no pátio central de toda vila ou aldeia massacrada. Muitos até não são achados e ninguém sabe se foram simplesmente devorados completamente, ou então sequestrados para satisfazer a outros por longo prazo.

— O importante é lembrar que Fashr não deve saber disso. A garota Namhr esteve procurando o menino durante o dia inteiro, devemos impedir ela de sair por alguns dias, até que tenhamos certeza de que ela não encontrará seu corpo comido pela metade na floresta.

Todos os homens acenam.

— Agora… — Fumin então começa a tirar os laços de seu robe e logo fica nua na frente de todos. – Vamos ao que mais nos interessa, meus fiéis lutadores!

Todos os homens derrubam seus copos no chão, e começam a tirar suas roupas. Josom, o mais próximo, é o primeiro a ficar nu, ele vai por trás de Fumin e começa a beijá-la, ele inclina o esmero corpo de Fumin, sem marcas, nem cicatrizes, uma bela tonalidade de pele branca, cabelos loiros longos e lábios rosados, seios fartos e belos. Josom respira forte, seus olhos irradiam muitos sentimentos. Tesão, ansiedade, desespero, medo e egoísmo.

Josom era só um homem que cortava lenha, as mulheres na vila são pouco nutridas, mal conseguem crescer seios. E por ter uma vida de trabalho árdua, as mulheres sempre se machucavam, tornando a pele rachada e ressecada pelo frio intenso, ainda mais indesejável.

Então para ele, neste momento, estar com uma mulher tão bela que vai fazer seus sonhos virarem realidade, é simplesmente algo que ele mataria, e matou, sem nem medir peso ou consequências de seus atos.

— Depois da senhora Krima, jamais pensei que poderíamos foder uma mulher tão bonita. – Um dos homens comenta.

Os outros homens se aproximam, Josom coloca Fumin no chão, ela aceita os outros homens da forma que seu corpo pode, eles se saciam nela… Na mesma intensidade que Josom.

— Lembrem-se, não comentem que fui eu que mandei vocês matarem Krima. Mesmo entre vocês este assunto deve ser vetado,  devem entender que paredes têm ouvidos… E afinal, vocês também tiveram bom proveito dela, certo? Então lembrem-se, tudo isso foi para podermos tornar a toda a vila melhor. Para que pudéssemos nos livrar do meio-humano e para que eu possa ser a próxima senhora da vila. – Fumin fala enquanto lambe a glânde de um dos homens.

— Sim, não contaremos nada.

— Nada, nadinha! Agora, vem cá, por cima…

Aquela casa foi o ninho de prazer de muitos, e de morte, traição e vileza para outros.

 



Comentários