Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: Bczeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 55: Saindo da Jaula

Os coelhos não ficam simplesmente assistindo o pequeno NOVA arrancando o chifre do coelho azul, eles se movem e começam a se jogar contra ele, mas Mythro insiste e não larga.

Buracos sangrentos aparecem na sua perna, não faltaria muito para ele cair e morrer.

Mas de cima, duas pessoas pulam até o centro de onde toda a luta tinha sido travada. Uma mulher e um homem, usando uma lança e um sabre respectivamente.

Suas auras sobem, a pressão do segundo reino atinge os coelhos e os fazem debandar. Os únicos que ficam são os que deixaram suas vidas.

— Garoto, pode soltar. Eles já foram. — A mulher chega perto de Mythro e pega em seu ombro, mas não tem nenhuma resposta.

O coelho continua grunhindo. Seu som fica cada vez mais estridente, ele tenta pular, mas a pegada do pequeno NOVA é tão forte que ele mal mexe.

— Ele deve ter ficado paralisado. — O homem dá a volta, e ao ver a face do garoto na sua frente, ele fica impressionado.

Os olhos de Mythro estavam bem abertos, sua aura primal mortal não tinha mais energia cósmica para se manter. Mas a aura sanguinolenta que ele construiu nessa luta já tinha se tornado permanente.

Seus olhos dourados estavam mostrando uma fera na noite. Seus braços tremiam do esforço que estava sendo feito. Ele chuta o animal e o pisa, criando melhor suporte para puxar o chifre.

O chifre vai se desprendendo de pouco a pouco da cabeça do monstro, ele grita como um porco sendo espancado até a morte. A cor vermelha na base do chifre indica que logo a luta entre os dois acabará.

Com um último impulso, Mythro puxa o chifre inteiro da cabeça do animal, e não somente o chifre vem junto, mas toda a espinha do animal. Sangue esguicha no menino já completamente manchado de sangue.

Ele olha o chifre que tirou do animal. Sua mão vai ao seu dorso, o coelho de chifre verde ainda não o largou. Ele o segura no pescoço, e move o chifre azul até a mandíbula inferior do monstro, ela entra sem dificuldade.

Depois de matar os dois maiores ofensores de suas feridas, ele cambaleia de um lado para o outro até cair.

— De onde será que ele é?

— Ele deve ser de algum clã do meio-oeste, ou até mesmo do oeste profundo. Nem fodendo alguém do oeste de fora lutaria assim.

— Tuin, o oeste de fora também é forte, só não contam com tantos recursos como os nossos.

— Oprita, você que os coloca em postos muitos altos. Eles mal conseguem dominar artes em nível santo em menos de 3 anos.

O homem pega Mythro e o coloca em seu ombro. Uma lua aparece atrás dele, e como um fantasma ele desaparece. Na verdade, ele está usando uma arte que o faz ficar várias vezes mais rápido, assim parecendo que sua pessoa desapareceu.

Naquela noite, os dois foram até a vila mais próxima para poder cuidar do valente menino que eles encontraram à beira da morte.

**

— O que vamos fazer com essa criança afinal? — A mulher, Oprita, pergunta a seu companheiro de viagem.

Os dois estavam bebendo em uma pequena mesa, o pedido deles tinha sido mel de vespa-abelha de 10 olhos com extrato de cana de Timanon verde.

Um excelente pedido. Tinamon verde era um monstro de segundo reino que deixava a terra em que ele repousava mais fértil. Embora sua pelagem fosse verde, o motivo dele ser chamado de Tinamon verde era porque ele fazia com que canas de açúcar, que geralmente são mais amareladas no tronco, e somente verde nas folhas, ficassem ainda mais verdes. Um verde escuro exuberante, muito chamativo.

Isso era uma mudança na própria genética desse tipo de planta, elas cresciam muito mais doces e com maiores estaturas, chegavam aos 15 metros de altura, e 7 de comprimento! Sendo reconhecidas por renderem bastante álcool e açúcar.

Infelizmente, devido ao abuso da parte dos humanos no consumo de açúcar e álcool, sempre que lugares de residência de Tinamons eram encontrados, eles eram massacrados para não comer mais da planta, e então tudo era vendido e usado pelas vilas e cidades.

— Vamos perguntar se ele quer ir para nosso clã conosco. Com certeza o Senhor Chruar vai adorar tê-lo como um de nossos pequenos príncipes.

— Príncipe? Eu sei que ele lutou bem ali, mas… E se ele for um jovem do clã tempestade de relâmpagos?

— Isso… — Tuin fica quieto, seus olhos parecem ficar distantes por um momento.

Todos no óctagono, continente Caelum Dominum acreditavam que não havia clãs de relâmpago, e devido a isso o uso das artes elétricas não eram tão famosas. Mas na verdade, no oeste havia um clã de relâmpago. Mas eles não se mostravam a anos, e muitos rumores nasceram de como eles devem ter sido exterminados, entre outras possibilidades.

Mas os clãs do oeste profundo sabiam o que se passava com a ausência dos cultivadores dos relâmpagos.

— Será que Xangô e Iansã já estão longe de perigo? — Oprita pergunta.

— O poder do oeste cresce novamente, não vamos mais temer o norte logo mais! — Tuin fica empolgado.

— Mas…

— O quê?

— Tuin, qual arte do clã do Senhor Ymir gera relâmpagos negros?

— Que eu me lembre… nenhuma?

— Então esse garoto pode ser o menino Xangô?

Tuin junta as mãos, as colocando na altura de sua boca. Um estado contemplativo fica em seu rosto.

**

Em um dos quartos da pousada, um menino de longos cabelos negros se contorce em dor. Até que finalmente desperta de seu sono.

Mythro se espanta com o lugar desconhecido. Ele afasta o cobertor de cima dele, para ver que suas pernas estão manchadas de panos brancos, manchados com azul e dourado de seu sangue.

‘’Você está produzindo pouco sangue vermelho.’’ — Ammit nota que entre o sangue azul e dourado existe pequenas manchas vermelhas.

— É isso que você percebeu? Minhas pernas… Eu não as sinto! — Mythro tenta levantar suas pernas ao máximo, mas tudo que elas fazem é ficar paradas. Ele até mesmo chega a socar suas pernas, esperando resposta de dor, mas nada percorre seus nervos.

‘’É um contra tempo, vai levar alguns meses para curar.’’ — Gornn tenta tranquilizar o pequeno, que está quase indo a loucura.

— Meses? Como vou treinar? Eu preciso matar o norte!

Raios negros começam a saltar de Mythro, um fogo começa na cama. Serpentes deslizam de seu corpo e começam a morder ele mesmo.

‘’Garoto!’’

As correntes de ouro dentro da jaula de ouro se soltam de Gornn, logo após a jaula abre. Sem que se passe um segundo, o leão rubro salta da jaula e voa além da área Shen de Mythro, ele aparece no quarto, e com um sopro, faz todo fogo apagar, e expurga as serpentes do corpo do menino.

Gornn suspira. Ele se aproxima de Mythro e afaga ele com sua juba.

— Se você morrer, quem vai proteger Mits e Namhr?

— Quem eu vou proteger aleijado?

— Você não está aleijado. Ficar meses sem poder andar não vai fazer com que você não possa cultivar. Mythro, a situação em que você se pôs foi mais nociva à você do que qualquer outra antes. Você se lembra do que Shangdi disse sobre a única permissão que eu tinha para poder usar meus poderes?

—  Só quando eu estivesse prestes a morrer.

O garoto sente o cheiro de cinzas, seu corpo sangra onde os coelhos acertaram, todas a feridas se abriram nesse pequeno lapso.

— Você não vai salvar ninguém no primeiro reino, e o norte não vai sucumbir nas mãos de um garoto. Você tem sonhos de ser um rei, mas tem que aprender, que primeiro vai ter que virar um homem.

Mythro começa a chorar. Ele se deita e já não vê mais Gornn na sua frente. Ele voltou a jaula de ouro, e as correntes fazem de novo sua formação.

‘’Estarei aqui para você, o futuro é uma tela que precisa ser pintada pela memória daqueles que estiverem no espaço, e tempo de uma época, caso os três não se juntem haverá apenas vazio.’’

— Este é seu Dao do vazio, não? O que serve ele, para mim?

Seus olhos fecham e o cansaço mental o toma. Ele volta a dormir.

‘’Ele acertou?’’

‘’Sim. Este é um dos reconhecimentos do Dao do vazio da qual pude iluminar a minha alma. Não creio que ele tenha entendido todos os pontos que se ligam esta frase, ele não tem monarquia espiritual ainda. Mas seu talento e potencial são inegáveis, talvez seja por isso que suas pernas tenham sido quebradas.’’

‘’E por que elas quebraram?’’

‘’Para que se criem asas.’’

‘’Ou uma cauda, acho que ele vai fazer uma cauda para andar.’’



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