Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: BcZeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 90: Alto lá!

— Gornn...

“Sim?”

— Como será que está Namhr?

“Sofrendo muito.”

Em meio a um rio, cheio de corpos de monstros mortos, Mythro se banha na água, nu, apenas com a máscara.

Suife e Grásio estão bebendo a água na margem e Núbia está deitada em um forte galho em uma das árvores.

— Norte... Preciso afogar o norte em seu sangue.

Enquanto o rio o refresca, também vai levando os monstros mortos.

***

— Irmã. Tem certeza que aqui tem monstros fortes para você me treinar?

— É claro, Mika.

— Por que não vimos nenhum até agora Flami?

— Alguém deve ter passado por aqui e matado eles, sinto cheiro de sangue.

Vozes de duas meninas se aproximam de onde Mythro está

“Vai se esconder?”

— Estamos perto de onde o clã espada sob o sol vive, ela é controlada pelos Mapok. Espero que sejam pessoas desse clã, quero ingressar nele como artesão convidado. — Mythro lança um pensamento.

Os passos ficam mais altos.

— Tem alguém aqui, mais forte que você.

— Mais forte que você?

— Quarto estágio, nível inicial do primeiro reino. Mas sua aura é tão forte, parece que ele pode lutar com gente acima do seu nível.

— Alguém do meio-oeste?

— Não sou do meio-oeste!

— Quem é!?

Uma das meninas pula e aparece no meio do rio, em cima de uma pedra.

— Me chamo Mythro Zumb'la, olá.

Se levantando do rio, o pequeno NOVA vai até a margem e encara a menina, que na verdade era uma jovem mulher, por volta dos 18 anos de idade.

— Flami! — Um grito inseguro soa da outra garota, ela vem correndo e se depara com o menino nu. Sua idade não era muito longe dos 14 anos.

Mythro tira a máscara e olha as duas.

A beleza do menino a frente delas as espantam. Principalmente na menina mais jovem, ela fica com o rosto completamente corado, o que combina com seu cabelo vermelho.

— Alto lá! Coloque roupas, e essa máscara.

 — A máscara é pros meus inimigos não me reconhecerem.

Flami, a mais velha das duas consegue entender o que o garoto disse. Mas a outra menina...

— Se um menino tão bonito estivesse lutando comigo, eu ia morrer de não poder tirar os olhos dele.

— Mika? — Flami fica lívida.

A menina percebe o que disse e se agacha, colocando as mãos na boca.

Mythro se veste enquanto elas terminam o showzinho.

— Você! Disse que se chama Mythro? O garoto que foi confinado a travas de cultivação?

— Sim, isso mesmo.

— Mythro? — Mika reconhece o nome, e é tomada por outra surpresa.

— Você não estava no segundo estágio, como sua aura aumentou tanto sendo que o período de 4 anos acabou recentemente?

— Hm. — Mythro coloca a mão na boca e cerra os olhos.

Flami quase cai da pedra, pois o olhar do menino parecia atravessá-la. 

— Eu só tive sorte e oportunidade. Vocês são do clã espada sob o sol, não? Quero ingressar como artesão convidado, me leve até seu patriarca.

— Quer conhecer o nosso pai?

— Mika, xiu!

— Não vou fazer nada com essa informação. Afinal, se você quiser me matar, eu morro, certo?

Flami encara Mythro de cima para baixo. Ele simplesmente não fala como uma criança.

— Nós precisamos sim de um artesão, mas como um clã honrado do oeste, você terá que nos mostrar suas competências.

Mythro veste a máscara novamente e estala os dedos. Suife aparece de seu lado, com sua sela que parece um trono.

— Que cavalo lindo! Sua cor é tão profunda e intensa. — Mika cruza o rio e tenta tocar em Suife.

Mas despercebido por ela, estava Grásio, que se enrola em sua mão rapidamente.

— Ah, não! — A menina recua, temerosa.

— Mika!

Flami libera sua aura do segundo reino, mas Grásio solta a menina e desliza até o pescoço de Mythro.

— Meus companheiros não farão nada.

— Que susto. 

— Quem raios tem uma serpente como animal?

— Ele não é só meu animal. É meu companheiro. Em uma luta, com certeza serve dez vezes mais que sua irmã.

— Ora, seu.

— Calma, Flami. Ele está certo, sou inexperiente em lutas, por isso viemos lutar aqui, não?

— O que garante que você é tão bom assim?

— Olhe o fim do rio.

A jovem mulher usa algo como um salto reação que deixa vestígios de fogo e vai até o fim do rio, lá ela encontra uma pilha de monstros mortos. O rio fica vermelho, há somente algumas linhas de água nova, mas que logo se fundem ao vermelho.

— Um menino fez isso? Não, nem fodendo vou levar ele pro clã.

Ela se vira com pressa, mas já vê sua irmã montada em Suife, acariciando Grásio.

— Vamos Flami, o que você achou?

— Ele... Ele é forte, tem alguns monstros mortos aqui. — Ela diz hesitante.

— Incrível Mythro!

— É bem simples, na verdade. Aperte eles até que morram, ou esmague eles até a morte, sabe?

— Como assim? — Mika ri, Flami fica apreensiva.

— Consegue nos acompanhar, certo?

— Sim, seu cavalo só está no quarto estágio, assim como sua serpente.

— Minha gata também.

— Que gata?

Flami olha as redondezas, mas, não sente a aura de mais ninguém.

— Sou eu? — Mika cora e coloca as mãos no rosto.

Mythro vira sua cabeça e faz sua cara de “você comeu terra?”

Núbia aparece de dentro do lago, com um peixe em sua boca.

— Tigre sem pelo? — Flami não reconhece bem o que vê.

— O cavalo é Suife, a serpente Grásio e a gata Núbia, Núbia Zumb'la

— Núbia... que nome exótico para um animal de guerra.

— Ela é minha irmã, não meu animal de guerra.

— Um tigre é sua irmã? — Flami torce o nariz.

— Sim. Se você está surpresa com isso, imagino se visse a outra, que é parte crocodilo, leão e hipopótamo.

Mythro faz referência a quando ele encontrou Ammit.

“Hunf” — Ela reclama da área Jing dele.

— Mas que p...? — Flami tenta imaginar o ser que o pequeno NOVA descreveu, mas nada a vem na cabeça.

Suife acelera e eles vão cortando pelas árvores. Flami corre usando seus saltos reações de fogo.

— Vai com calma, se um monstro aparecer muito de repente você v—

Antes que ela pudesse terminar, algo como uma serpente de duas cabeças pula e cai em cima da cabeça de Suife.

— Cuidado! — Mika grita, sua surpresa exagerada mostra inexperiência.

Mythro nem se mexe. Grásio, do pescoço do pequeno NOVA, encara a serpente e a hipnotiza. Ele volta seus olhos para seu mestre e, como se no meio daquele silêncio algo fosse ordenado, a Serpente Jade Negra começa a comer a outra.

O mais intenso é que o monstro não luta. Ele é devorado ali, sem fazer um pio. Minutos depois a cobra de duas cabeças é completamente engolida, e Mythro levanta a mão para jorrar fogo negro dentro da boca de Grásio.

O espaço que a serpente estava tomando dentro da barriga da Serpente Jade Negra começa a diminuir, como se um ácido poderoso estivesse consumindo tudo. Os olhos de Grásio ficam com um intenso vermelho, é a Aura Primal Mortal que ele também treina.

Mika olha por um momento nos olhos carmesim. Sua mente treme, ela se sente sufocada, a breve imagem dela sendo afogada em sangue a toma em ilusões. Ela sente o gosto na boca, é como se estivessem a forçando a beber litros de sangue à força.

Mythro passa a mão nos olhos dela e a tira desse estupor.

— Cuidado. Você não matou o suficiente para receber esse nível de intenção assassina.

— Isso foi intenção assassina? Mas... tão forte assim? Vindo de alguém no quarto estágio? — Mika segura firme no peito do pequeno NOVA, seus braços tremem.

— Acredite, Grásio é o que menos tem intenção assassina de nós quatro.

Mika não podia ver além da máscara de diamante de Mythro, mas quando ele disse isso, ela sentiu um sorriso maligno além da caveira de carneiro.

Flami observa tudo atônita, enquanto eles correm. Sua mente grita algo que ela nunca sentiu antes, principalmente, vindo de Suife e a sela.

— Gostou da sela?

— Ela é estranha! O que tem escondido nela? Armas? — Flami acelera e para na frente de Suife.

Mythro puxa as rédeas e para seu cavalo. Ele toca na sela e correntes começam a sair de certos pontos dela. Essas correntes emanam energia banhada de Qi de água e relâmpago. Elas começam a dançar e, em suas pontas, ganchos como anzóis trucidam a terra ao redor.

— É um armamento rúnico feito por mim, incrível, não?

— Só um homem com vontade demais de matar coisas ao seu redor faria algo assim!

— Sim, verdade. E me diga, você não tem nada que quer matar?

— Eu sou uma guerreira do oeste, eu mato os inimigos que vem do norte e sul!

— Então, quer uma sela? — Mythro levanta a máscara e olha com seus olhos dourados no fundo dos olhos de Flami.

— Não. Se eu for matar alguém, será usando minha espada e meu fogo!

— Isso é ótimo. Farei espadas apropriadas para vocês.

— Você é um artesão forjador? — Mika pergunta.

— Isso mesmo, Mika. Terei certeza de fazer sempre o melhor para vocês, claro, se me aceitarem.

Batendo as rédeas, Suife contorna Flami e continua o caminho que Mika aponta. Flami olha para eles indo e bate seus dentes em raiva.



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