Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: BcZeulli


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 131: Jornada Espiritual – Início do Segundo Arco

Abrindo os olhos como se fosse a primeira vez na vida. Esta é a sensação de Mythro ao recobrar sua consciência.

Ele sente os limites de seu corpo estarem em constante mudança. Como uma chama em meio ao vento, como um rio que não encontra mais o chão e cai em cascata.

Um estrondo soa de todos os lados, o pequeno NOVA tenta se colocar em pé, mas ele começa a girar em meio... espaço.

— Estou entre as estrelas? Gornn? Ammit?

Sem entender o porquê ele estava no meio do espaço sideral, ele chama aqueles que habitavam dentro de si. Infelizmente, não há respostas.

— Eu estava... Sim, o altar. O Rei Maligno tinha saído dele, quase me atacou quando dois caras vieram do nada.

Fechando os olhos para recordar o que tinha se passado, ele consegue ver Raico aniquilando o Rei Maligno e Suta vindo por ele, daí em diante tudo é obscurecido por uma energia Yin corrupta.

Sem mais reminiscências, Mythro decide cruzar suas pernas e observar os corpos celestes, tão longínquos. O estrondo que o fez levantar continua, fazendo sua atual forma cintilar de diversas formas.

Pela primeira vez ele se examina. Ele se enxerga como quando visitava seu dantian. Era a visão de sua alma, que compartilhava neons dourados e azuis.

— Esta é a forma da minha alma, então eu estou no meu consciente, em Shen? Mas esse barulho não tem nada a ver. Desde quando eu tenho a cabeça explodindo com esses estrondos?

Mythro passa a mão em sua testa e alisa seus cabelos para trás. Seus olhos, únicas coisas que eram preto e branco, cintilam com elucidação.

 — Minha marca na testa, eu estou dentro dela?

Depois de puxar uma linha, o novelo se desfaz. A marca aparece no corpo espectral do pequeno NOVA e ela começa a se mover. Ela cresce até tomar quase todo o seu corpo.

Por um instante, na distância, Mythro vê um cervo branco. Seus cascos e galhos são dourados, seus olhos são puro ouro. Eles dão a impressão de ser a primeira coisa dourada a existir.

O cervo pula. Ele trota sobre corpos celestes, os fazendo explodir e virarem ondas brilhantes.

Como se pedras fossem jogadas em um lago, para se ver as ondulações encontrando umas as outras.

Sim. O lago desse cervo era a expansão cósmica.

Sua forma maravilhosa pula uma última vez e desaparece. A forma espectral de Mythro é atingida, e jogada longe.

Quando ele finalmente para, ele se depara com uma outra região na expansão cósmica. Nesta, ele vê Numroharr, com suas asas batendo forte. Acima dele havia um blazar que emitia seu raio de luz, banhando o corpo do progenitor.

O cervo aparece novamente, ele pula no blazar e desaparece novamente.

— Aquilo... Ele saltou de onde estávamos e veio parar aqui? Não viajamos tipo, meio universo?

Mythro acha incompreensível. Com um salto reação, ele podia ir até 20 metros na frente. Mas quão espaçoso era a expansão cósmica? Gornn o explicou que no sexto reino é possível viajar entre planetas e pisar em algumas estrelas.

Viajar entre quadrantes seria possível no oitavo reino, mas ainda assim seria demorado. Para dar um passo e viajar entre quadrantes, é algo possível apenas a deuses. Embora ele nunca tivesse estado fora do quadrante das areias douradas, Mythro conhecia o arranjo das estrelas dentro do quadrante. Depois de muito estudo ele conseguiu aprender o arranjo de diversas estrelas como Gornn o tinha ensinado. Quadrantes próximos tem arranjos similares em alguns pontos, e os mais distantes tem arranjos cada vez mais diferentes.

Mesmo com toda sua observação, Mythro jamais conseguiria dizer o quanto eles viajaram. Todo arranjo estelar que ele agora observava estava fora até mesmo do que Gornn o tinha dito antes.

Talvez isso fosse algo antes do que qualquer documento que o leão rubro pudesse ter batido os olhos.

O progenitor dos Arfozianos olha na distância da qual a forma divina do cervo se perdeu. Ele fecha os olhos por um momento, e os abre novamente, exalando serenidade por um momento.

— Garoto.

Escutando pela primeira vez algo, Mythro sente em sua marca um pequeno ponto vibrar.

— Numroharr?

— Sim. Esta jornada espiritual é sobre sua ascendência e nascimento.

O Numroharr na frente do pequeno NOVA levanta sua perna e some, tal como o cervo. As estrelas mudam novamente, em grande velocidade. Tudo fica escuro por um momento e Mythro aparece no meio de um novo arranjo estelar, dessa vez, ele sente similaridades.

— Este lugar... Me traz paz.

— Aqui foi onde seu nascimento deu início. É um quadrante entre Caenn e Lornum. Devido a ser uma galáxia que faz conexões com diversas outras e ter energia cósmica fluente e pulsante, as estrelas daqui sempre estão mudando em diversos arranjos, supernovas e quasares acontecem frequentemente, assim como diversas outras maravilhas estelares, feitas por mim e meus irmãos. Este é um dos poucos quadrantes na expansão cósmica que são chamados de Quadrantes Eternos.

— Quadrante Eterno... É por ele compartilhar dualidade?

— Ele compartilha mais do que só dualidade. Não só foi aqui que você nasceu, como também aqui, foi onde eu e Xinma nascemos.

Duas grandes massas começam a vir na direção de Mythro. Ele é o epicentro dessa colisão. Na sua frente aparece um altar dourado.

— O Altar Yang, eu estou... morto nele?

— Altares Espirituais não ressuscitam os mortos. Mas podem te ajudar a permanecer vivo. Este é o caso. A membrana que Éter lhe fez era poderosa, contra coisas fracas da Condensação de Anima(2º reino), para um Anima Mea Maximum(4º reino).

— Mm... Havia um miasma sendo irradiado do corpo do Rei Maligno, e o que era aquele ser que a imagem espectral dele devorou?

— Existem muitos meios de cultivação. Aquilo era a alma e cultivação de um ser que ele dividiu. O talismã na cabeça usada por aquele garoto, você se recorda?

— Sim.

— Foi usando princípios similares. O Rei Maligno dividiu o dantian Jing de um outro Rei e capturou sua alma e cultivação unidas para poder usar técnicas proibidas sem ter que sacrificar seu próprio anima. A menina Isabol explicou isso para você no passado.

Mythro se lembra da técnica “Desabrochar de Sangue”. Quando ele treinou com Isabol, Matcha e Ferrilha, ele conheceu duas técnicas que eram proibidas, pois custavam o próprio semblante da alma, a anima já adulta depois da Condesanção de Anima.

— No “Desabrochar de Sangue”, o custo é toda a alma e cultivação. Mas havia uma técnica antes, a “Ilusão Floral” que custava apenas um membro. Então Ozma o usou para poder usar essas técnicas que custam membros, ou até mesmo toda a alma, sem ter que sacrificar a si mesmo. Bem, isso é esperto.

Numroharr ri um pouco.

— Claro que jamais terá o mesmo poder. Mas técnicas assim são mais fortes do que técnicas que vem somente da energia cósmica e cosmicidade do ser. Claro, técnicas normais que não foram elevadas a seu ápice.

— Gornn sempre me disse que era melhor ter uma arte em seu ápice, do que várias técnicas sem nenhuma maestria... Por que eu não posso me comunicar com ele, ou Ammit?

— Isso aqui é uma área muito íntima dentro de você, é sua alma. Ela está separada do corpo e cultivação. Ammit, que está em seu corpo e Gornn, em seu dantian Shen, jamais poderiam acompanhar-te a esta jornada. Mas seu sangue é Arfoziano, e assim também é sua alma. Seres que partilham a sua ascendência podem facilmente invadir este espaço, contanto que eles entendam o conceito de espaço.

— O Altar Yang está desaparecendo...

— Por que a sua viagem está chegando ao fim. Muitos demoram anos para voltar, mas você conseguiu chegar até aqui em duas semanas.

— Já se passaram duas semanas!?

— E vai passar ainda mais tempo. O seu poder de augúrio é muito grande, efeito colateral da sua grande dualidade e devido a isso sua passagem neste espaço foi curta.

Mythro vê seu corpo ficando mais saudável a medida que o Altar vai desaparecendo. Sua marca na testa vai se movendo e começa a entrar dentro de seu corpo.

— Minha marca...

— Todos os filhos de Xinma são assim. Sua marca na testa era prova que você ainda não tinha absorvido todo o NOVA que és. O altar o fez completar esse último passo... Veja, filho distante:

As massas se encontram com Mythro no centro, uma grande explosão ocorre. Essa explosão cria um núcleo, e deste núcleo uma esfera perfeita cresce até se tornar uma grande estrela, maior do que muitos sóis.

Esse núcleo perdura por muito tempo, até finalmente atingir o limite do que pode e explodir. Sua explosão cria uma onda de energia que voa em todas as direções, criando diversos itens que voam para planetas distantes.

Um desses itens é um ouro puro, sua estrutura muda como se tivesse vida própria. É tão brilhante e belo que faria Mutima ter inveja. Ele viaja no espaço sem parar em nenhum planeta, em uma direção da qual nada fica em sua frente.

No centro da explosão onde Mythro estava, uma singularidade é criada e um buraco negro aparece, a energia cósmica se reúne ao redor do buraco negro e junto com o que mais foi criado da supernova. 

Uma nuvem se amontoa, tampando o brilho remanescente e o preservando. Partes desse brilho escapam por cima e por baixo, como um exato blazar.

Depois de muitos anos esse blazar diminui até dar forma a um ser... Que recebe suas bênçãos divinas.



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