Volume 7

Capítulo 127: O trabalho de Bennet

No momento que tudo terminou, dois vilarejos foram apagados do mapa e uma cidade foi destruída pela metade.

Pensando na situação quando eles chegaram, os Dragoons que preveniram que a situação piorasse eram dignos de elogio, mas esse não era um conto das periferias, mas sim da capital central.

Do ponto de vista dos habitantes locais, um enorme número de monstros subitamente inundou a área quando eles estavam vivendo pacificamente suas vidas. O número facilmente ultrapassava mil. Os soldados protegendo a cidade pereceram e os vilarejos por onde os monstros passaram foram aniquilados.

Quando a noite passou e o meio-dia estava quase sobre eles, a eliminação dos monstros foi finalmente completada. Para ser mais preciso, as verificações finais começaram por volta do amanhecer, e eles finalmente completaram tudo ao meio-dia.

Os monstros foram exterminados antes do Sol nascer.

(Izumi): “É realmente incrível”

Izumi jogou um corpo de monstro dentro do buraco cheio com outros corpos, se afastando enquanto ela observava Heleene encher o fosso com um sopro ardente.

(Bennet): “Afinal, nós temos que limpar depressa. Quando se trata dessas coisas, ter um Dragão faz tudo ir muito mais rápido”

Mesmo que eles não tivessem pessoas o bastante, contanto que eles tivessem um Dragão, eles corresponderiam a mil, Izumi testemunhou a habilidade de um Dragoon. Não se abalando diante de mil monstros, eles terminaram o trabalho em um dia. Os monstros que fugiram com a chegada de um Dragoon foram eliminados por Keith. Não foi tão fácil como pareceu.

(Izumi): “Keith… Tenente Keith também é bem impressionante”

(Bennet): “Embora você possa odiar ele, aquele cara faz seu trabalho. Eu gostaria que ele fosse mais sério com mais frequência, mas contanto que você faça seu trabalho corretamente, nossa organização é muito mais relaxada do que a dos ⌈Altos Cavaleiros

Assim que Izumi parou com sentimentos conflituosos, dois dos ⌈Cavaleiros encapuzados e mascarados apareceram. Os cavalos que eles lideravam pareciam ser maiores do que os outros. Izumi ficou atenta, mas Bennet levantou uma mão e começou a falar.

(Bennet): “Há algo a mais?”

(Cavaleiro): “Não, como esperado dos Dragoons, é tudo o que queremos dizer. Nós temos muito o que pensar sobre este incidente também”

(Bennet): “Entendo, então você pode voltar para o seu trabalho. As brigadas de ⌈Cavaleiros devem chegar em poucos dias”

Keith já tinha feito um relatório; os ⌈Cavaleiros logo iriam aparecer. Mas era difícil dizer quantos suprimentos eles iriam trazer com eles.

Como esse era um território próximo da fronteira, havia algum dinheiro investido em suas forças armadas. Se era um território fora de perigo, então exércitos locais e milícias1 iriam servir bem o bastante, mas o Lorde Feudal2 que reinava sobre a cidade possuía sua própria brigada de ⌈Cavaleiros.

(Cavaleiro): “O mínimo que podemos fazer é oferecer nossos agradecimentos. Muito bem…”

Depois de abaixarem suas cabeças, os dois ⌈Cavaleiros montaram em seus cavalos. Assim que eles fizeram isso, as cabeças dos cavalos mudaram para a forma de águias e suas pernas da frente mudaram para a de pássaros também. Apenas suas metades traseiras permaneceram no estado de cavalo.

Quando eles tomaram o ar, Heleene os encarou.

(Bennet): “Você não pode comer eles Heleene”

O Dragão enviou um único rugido para o céu e os ⟨Hipogrifos apressadamente sumiram de vista.

(Izumi): “Quem são eles?”

(Bennet): “Yeah, bom... eles são pessoas sem um nome”

Izumi refletiu se deveria ou não perguntar mais, mas Bennet ficou com uma cara preocupada, então ela decidiu deixar isso como estava. Enquanto elas conversavam, Rudel se aproximou. Mas as expressões delas ficaram um pouco confusas.


Quando Bennet foi até a praça, ela encontrou Eunius lá, bem irritado. Sentado em uma caixa de madeira, um olhar de sono em seu rosto.

Todos os ⌈Cavaleiros trabalharam a noite toda. A fadiga do trabalho não familiar estava aparecendo.

(Bennet): “Qual o problema?”

(Comerciante): “Para o inferno com ‘qual o problema’! Por que vocês não vieram mais cedo!? A cidade está uma bagunça, não está!? Eu quero que você saiba que eu tenho um rosto conhecido pela capital”

O homem com cara de comerciante talvez estivesse falando como um representante da cidade. Com suas conexões no centro, a atitude dele continuava grande diante de um ⌈Cavaleiro.

Bennet sabia que isto seria um saco, mas ela não mostrou isso em seu rosto. Sua cauda simplesmente se abaixou impotentemente em exaustão.

No canto de seus olhos, ela podia ver Aleist amarrado em um tatame de bambu com sua boca amordaçada com um pano. Enquanto ele desesperadamente tentava gritar algo, ela não podia entender o que ele queria dizer. Mas recebendo uma explicação de Rudel pelo caminho, ela tinha uma noção geral da situação.

(Comerciante): “Você deve pensar que vai receber algum tipo de medalha por nos salvar, mas eu definitivamente nunca irei permitir isso!”

(Bennet): “É mesmo? Nesse caso, faça o que você quiser. A brigada de ⌈Cavaleiros deve estar vindo no futuro próximo, então nós vamos ficar por aqui para te proteger até lá”

Bennet não parecia se incomodar, e depois de lidar com o representante, ela chamou todos para segui-la. Apenas Aleist foi levado no ombro de Eunius.

Todos os olhares que se concentraram no grupo vieram de olhos desfavoráveis. Era algo natural. Quando eles sofreram tantas casualidades e perdas, essas pessoas iriam relaxar na capital, recebendo medalhas e recompensas. Quando eles imaginaram isso, eles não podiam fazer nada além de ficarem irritados.

(Rudel): “Major, neste caso, eu não fui nada além de um estorvo. Então eu não mere...”

Sentindo os olhos dos habitantes da cidade, Rudel sugeriu que ele iria recusar as recompensas. Mas Bennet sacudiu sua cabeça. Depois que eles se separaram dos residentes, ela explicou.

(Bennet): “Eles não estão dando uma medalha só para você. Esta é uma medalha concedida para a fronteira. É melhor que vocês se lembrem disso também”

Mostrando uma cara cansada, Millia parecia perplexa. Talvez essa explicação não tenha a satisfeito pois ela abriu sua boca.

(Millia): “O que isso deveria significar? Se eles dão medalhas e recompensas, eles não deveriam usar esses fundos para a restauração?”

(Bennet): “Essa é a forma correta de se olhar para isso. Isso é tão correto que traz lágrimas aos meus olhos. Se isso fosse possível, nós não teríamos nenhum problema”

Bennet explicou como no território da fronteira havia a brigada de ⌈Cavaleiros do próprio Lorde Feudal ao lado de algumas forças despachadas. Eles eram um dos enviados. E quando se tratava do território, essa era a responsabilidade do Lorde Feudal. Para ser mais preciso, o destacamento de Bennet não recebeu um pedido formal, então eles não tinham nenhuma obrigação de salvá-los.

Contudo, ela não tinha a opção de não os salvar. Era precisamente porque ela possuía enormes poderes chamados ⌊Dragões que tal coisa nunca seria permitida para um Dragoon. Se ela ignorasse isso, então culpa poderia até ser associada.

Dragoons eram os heróis de |Courtois|. Mas Bennet não pensava em si mesma como uma heroína. Pelo bem do país, ela fez o papel da Dragoon ideal.

Com sua expressão se distorcendo, Millia desviou o olhar de Bennet, então Eunius explicou em seu lugar. Colocado em uma posição onde ele tinha que usar pessoas, Eunius entendia.

(Eunius): “… isto pode soar cruel, mas se eles não entregarem medalhas ou elogiarem alguém, ninguém iria se mover. O que significa que se trata de lucro. O país é quem lucra com isso. Gestão do território é responsabilidade do Lorde Feudal. Originalmente, a lei afirma que a brigada de ⌈Cavaleiros e soldados supostamente deveriam lidar com isso. Mas a zona de fronteira também tem ⌈Cavaleiros destacados pelo país para a defesa nacional. Bem, tenho certeza que a situação era especial desta vez, já que aqueles caras estavam aqui também”

Bennet assumiu a explicação de Eunius. "Aqueles caras" era uma referência aos ⌈Cavaleiros mascarados. Aqueles que eram especializados em operações secretas. Não querendo falar muito sobre eles, Bennet retornou a conversa de forma um pouco forçada.

(Bennet): “Se eles nos elogiarem, então, dos territórios ao redor, alguns podem começar a enviar ajuda. De bom grado. Acima de vender um favor a este território, este conto ira se tornar a conversa da região. As pessoas que querem se vangloriar vão aparecer”

Assim que Bennet chegou na tenda que eles armaram para acampar, todos tomaram um assento. Izumi já estava em seu limite, sua compleição estava ficando ruim. A forma como Rudel estava preocupado com ela parecia consideravelmente fofa. Mas Bennet falou para seu subordinado e seus companheiros.

(Bennet): “Só porque vocês salvaram eles, não há garantias de que todos serão gratos. É mais comum que ⌊Demi-Humanos se encontrem sendo discriminados”

Assim que ela deu uma olhada em Millia, a ⌊Elfa desviou o rosto. No caminho, ela escutou que o representante insultou Millia, irritando Aleist.

(Aleist): “Mas se não viéssemos, eles teriam sido aniquilados, não é? Eles entraram no caminho quando estávamos lutando, e mesmo depois de salvá-los, eles despejam reclamações”

Finalmente solto, Aleist fez uma refutação irritada para Bennet. Ele não entendia o porquê eles terem os insultados quando eles os salvaram. Bennet se lembrou de suas experiências de quando ela era uma nova recruta, por algum motivo, se lembrando dessa época afetuosamente.

(Bennet): “É assim que funciona. Ou poderia ser que vocês realmente pensaram que seriam elogiados e louvados como heróis? Alinhar nada além de palavras bonitas não os ajudaria a viverem suas vidas. Mostrem um pouco de compreensão”

A raiva que eles não tinham onde depositar, eles a jogaram contra quem estava disponível. Isto era o resultado de passar por tantos problemas e arriscar suas vidas para protegê-los.

(Millia): “Então qual o sentido em salv…”

Enquanto Millia levava suas palavras até tão longe, ela não poderia dizer o resto. Ela não podia ver o valor em ir tão longe para ser insultada por salvá-los. E ela não tinha tal obrigação.

Com um rosto abatido, Izumi perguntou a Bennet.

(Izumi): “Major Bennet, o que você acha disso?”

Bennet deu uma resposta imediata. Dentro dela, esse era um fato inabalável.

(Bennet): “Eu? No meu caso, é simples. Eu faço porque é meu trabalho”

Baseado em como elas fossem tomadas, essas eram palavras frias.


Enquanto eles esperavam pela chegada dos ⌈Cavaleiros do Lorde, Millia ajudava Rudel e os outros no trabalho de restauração. Eles moveram os prédios desmoronados e escombros bloqueando o caminho.

Esse trabalho poderia normalmente ser deixado para ⌊Dragões, então Millia ajudava os homens a patrulhar.

(Millia): “E quanto a Izumi?”

(Rudel): “Ela foi enviada para o fornecimento de comida. Seria difícil apenas para a Major”

Ela falou com Rudel. Normalmente, Millia estaria ajudando com a comida também, mas cozinhar era o seu ponto fraco. Aliás, ela estava bem consciente de que iria diminuir a eficiência do trabalho. Por isso, Millia estava patrulhando com Rudel.

Aleist e Eunius estavam atualmente de folga e dormindo. Essa era uma cidade que tinha acabado de sofrer uma tragédia, mas se eles deixassem suas guardas baixas por um momento, bandidos poderiam aparecer.

Também havia aqueles que poderiam tentar algo estranho. Com o objetivo de verificar esse tipo de coisas, era o papel deles como ⌈Cavaleiros ficar de vigia, ou assim Bennet os ensinou.

(Rudel): “Mesmo assim, pouco a pouco, pessoas estão começando a ajudar”

Cada vez que eles olhavam para a cidade, o número de residentes que começavam a limpar o entulho aumentava um pouco.

Enquanto havia pessoas cujas ocupações não eram absolutamente necessárias, assim que eles começaram a limpar, eles abriram lojas. Eles passaram por uma padaria que estava distribuindo pão para as pessoas gratuitamente.

(Dona da Padaria): “Oh, se não são os ⌈Cavaleiros. Levem isto com vocês”

A proprietária da padaria, que tinha um belo corpo, entregou um saco marrom de pão para Millia e Rudel. Havia pedaços de pão recém-assados alinhados na frente da loja, e enquanto o interior ainda parecia estar uma bagunça, havia uma fumaça branca subindo pela chaminé.

(Millia): “Eh? Mas…”

Enquanto Millia ficava com uma cara apreensiva, Rudel não se incomodou e aceitou a oferta.

(Rudel): “Obrigado”

(Dona da Padaria): “Hahaha, só um pequeno agradecimento por nos salvar. Por que vocês não vem algum dia para fazerem uma compra?”

(Rudel): “Eu definitivamente virei”

Segurando o saco de pão recém-assado, Rudel deu uma resposta que faria alguém pensar que ele realmente iria voltar. Millia esteve com ele por uma considerável quantidade de tempo, e ela viu que essa parte dele não mudou.

Enquanto eles caminhavam, Rudel retomou a conversa anterior.

(Rudel): “Isto é o que a Major disse, mas um estômago vazio enfraquece o coração. É por isso que refeições são importantes. Assim que eles tiverem um pouco de tempo livre, seus corpos irão se mover”

(Millia): “Ainda assim, você se move mesmo sem o tempo livre. Você não está se esforçando demais?”

Millia se preocupava com Rudel, que continuava a se mover pelos últimos dias sem descansar. Mas o homem em questão era muito resistente para isso, e deu um sorriso.

(Rudel): “Eu posso continuar!”

(Millia): “Hah, tanto faz”

Assim que ela suspirou, os dois se sentaram nos destroços de um prédio desmoronado. O Sol tinha chegado em uma posição alta no céu. Era provavelmente meio-dia. Enquanto eles estavam sentados lado a lado, comendo o pão que receberam, as mulheres da cidade passavam e estalavam suas línguas.

Olhando para baixo, Millia se lembrou dos insultos que ela recebeu alguns dias atrás. O representante a disse que uma ⌊Demi-Humana não deveria se intrometer na conversa, eles só precisavam trabalhar até morrer. O fato de que ainda havia pessoas como ele por aí a entristecia.

Era como se ela tivesse visto uma clara delimitação.

(Rudel): “Não ligue para isso. A Major disse que não adiantaria nada ficar remoendo isso”

(Millia): “Eu sei disso. Mas há algumas coisas que atingem o coração”

Enchendo sua boca com pão, Rudel consolou Millia. Encarando o lugar onde ela e Rudel se sentavam, ela sentiu que havia uma clara delimitação ali também. Enquanto ele bebia água do frasco preso em sua cintura, Rudel já tinha terminado sua refeição.

Quando Millia tentou comer o pão em suas mãos, um jovem garoto entrou em seus olhos. Da sombra de uma árvore na linha de visão deles, ele parecia estar os espiando. Talvez Rudel estivesse esperando que Millia terminasse de comer, pois ele estava olhando para o céu sem notar o garoto. Não, embora ele tenha o notado, era possível que ele só estivesse o ignorando.

Não importava como você olhasse para ele, o garoto ainda era jovem. Desconfiada que até mesmo uma criança pudesse dizer algo contra ela, seus olhos se encontraram com os do garoto, que ocasionalmente esticava sua cabeça. Então, o garoto freneticamente se escondia.

Terminando seu pão, Millia tentou partir depressa. Ela não tinha obrigação de escutar as reclamações dele, mas assim que ela se levantou, o garoto apressadamente saltou da sombra da árvore.

(Millia): “Estamos indo”

(Rudel): “Não, parece que ele tem negócios com você Millia”

Rudel notou o garoto olhando para ela com olhos honestos e segurou a mão de Millia assim que ela tentou se afastar. Assim, o garoto encarou Rudel.

Quando Millia fez uma cara de desgosto, Rudel parecia um pouco entretido. Ele não parecia ser um garoto ruim, então ele certamente tinha algum tipo de razão. Pensando nisso, Millia girou seu corpo em direção dele.

(Millia): “Algo errado?”

(Garoto): “U-um…”

O garoto olhando para baixo estava com ambas as mãos atrás de suas costas. O jeito como ela estava o olhando de cima não poderia ser evitado devido à altura dele.

Aí, o garoto moveu as mãos que ele mantinha atrás de suas costas para frente. Millia se preparou para ver uma faca, mas o que ela encontrou foi um buquê de flores, envolto no papel marrom em que o pão era distribuído.

Eram flores que cresciam ao redor da área, de forma alguma difíceis de se encontrar, mas o rosto do garoto que as coletou com seriedade ficou vermelho. Assim que ele chegou tão longe, Millia também entendeu. Se curvando para ficar na altura dos olhos do garoto, ela aceitou o buquê.

(Millia): “… você tem certeza que quer dar elas para mim?”

(Garoto): “Y-yeah”

O jovem garoto não poderia olhá-la no rosto, desviando para um lado.

(Millia): “Obrigada”

(Garoto): “Você me salvou, então... eu tenho que lhe agradecer”

Enquanto ele observava esses dois, Rudel era só sorrisos. Com um espírito em conflito, Millia encarou Rudel. Então, o garoto saiu correndo, seu rosto de um vermelho brilhante.

Pelo caminho, ele se virou e gritou para Millia.

(Garoto): “Eu-eu te amo!”

(Millia): “Como é!?”

Nunca esperando que isso fosse chegar tão longe e se tornar uma confissão, Millia estava surpresa. Enquanto Rudel observava a expressão dela mudar com um sorriso, o garoto tinha algo para dizer a Rudel também.

(Garoto): “E eu te odeeeeiiiioooo!”

Observando o garoto correndo e gritando que ele o odiava, Rudel também ficou surpreso. Millia olhou para Rudel assim e começou a rir.

Ela riu e riu, e quem sabe ela tenha rido demais, pois lágrimas começaram a escorrer, e ela as limpou com a ponta de seus dedos. Enquanto Rudel também estava rindo no fim, Millia ficou curiosa, então ela acabou perguntando.

(Millia): “Poderia ser que você sabia que ele ia se confessar?”

(Rudel): “Sim, quando ele estava com olhos tão sérios, querendo ou não, eu notei isso. E espere, você não tinha percebido? Millia, você pode ser um pouco densa”

(Millia): “Eu não quero ouvir isso de você!”

Sendo chamada de densa pelo mais denso de todos, Millia gritou com uma voz que ressoou pela cidade.


Quando eles voltaram para a tenda onde eles acampavam, eles encontraram Aleist e Eunius limpando os restos de comida. Eles estavam limpando os utensílios de cozinha próximos da tenda. Eles pareciam bastante sonolentos.

Eles provavelmente começaram a ajudar assim que eles acordaram.

(Eunius): “Vocês dois estão atrasados. Aconteceu alguma coisa?”

Quando Eunius disse isso a Rudel com um enorme sorriso, Aleist ficou abalado. Ele olhou para Rudel e Millia com olhos preocupados, mas Rudel…

(Rudel): “Yeah, Millia recebeu uma confissão. A pessoa que se confessou pensou que eu era o namorado dela porque eu estava por perto”

Assim que Rudel disse isso com uma risada, Aleist segurou sua cabeça. Rudel não podia entender o que ele fez de errado, então ele olhou para Eunius. Assim, Eunius sacudiu sua cabeça.

(Eunius): “Você não tem que se preocupar com isso. Pelo contrário, é melhor que você não faça nada”

Ele sabia que Aleist amava Millia desde seus dias de estudante. Embora ele quisesse fazer algo para ajudar, essa era uma de suas fraquezas, então ele decidiu não se envolver com isso.

(Rudel): “En-entendo”

Millia também estava com uma cara confusa, mas seria ruim confundir Rudel com qualquer ajuda desnecessária, ou assim ela protestou com ela mesma. Escutando essas vozes, Bennet apareceu de dentro da tenda.

(Bennet): “Vocês dois estão atrasados. A sopa esfriou, então eu vou colocá-la no fogo de novo”

(Rudel): “Não, nós estamos bem com ela assim”

Rudel recusou, não querendo causar nenhum problema para Bennet. Mas Bennet rejeitou essa recusa.

(Bennet): “Eu estou fazendo isso para ter certeza que você faça seu trabalho corretamente. Então retribua o favor trabalhando com vontade”

(Rudel): “… obrigado. Major, se eu puder?”

(Bennet): “O que foi?”

Enquanto ela caminhava para esquentar a sopa, Bennet se virou para olhar para Rudel.

(Rudel): “Para você, o que é o seu trabalho?”

Pensando sobre seu trabalho já há algum tempo, Rudel queria perguntar sobre o senso de valores dela quando se tratava de trabalhar. De outra forma, ele iria ver Bennet como o tipo de pessoa que apenas ajudava pessoas porque era parte de seu trabalho.

Ele não poderia encontrar uma resposta sozinho, então ele a perguntou diretamente.

(Bennet): “Não é nada para se pensar com tanto afinco. Mas, se eu tivesse que explicar... é como eu vivo a minha vida”

Rudel pensou um pouco antes de concordar satisfeito. Era uma resposta com que ele ficaria satisfeito. Ele sabia que Bennet não tinha dito que isso era um trabalho com pensamentos insensíveis.

(Rudel): “Obrigado”

(Bennet): “Hmm, para se alegrar escutando esse tipo de coisa, você é mesmo um idiota”

Quando Bennet se virou para partir, sua cauda estava encantadoramente balançando de um lado para o outro. Deixando Aleist (ainda segurando sua cabeça) de lado, Eunius caminhou até Rudel e observou as costas de Bennet enquanto ele começava uma conversa.

(Eunius): “Mesmo quando nós fomos apenas um estorvo, quem sabe a Srta. Major tenha nos trazido para o nosso... não, para o seu bem e o de Aleist”

Embora Eunius chamasse Bennet de Srta. Major, não parecia que ele estava sendo sarcástico. Ele tinha reconhecido ela de sua própria maneira.

(Rudel): “… você pode estar certo”

Rudel olhou para as costas de Bennet enquanto concordava. Diferente deles, Bennet se graduou na academia no curso de dois anos. Em uma situação onde ela nem mesmo tinha as qualificações de uma ⌈Cavaleira, ela conseguiu fazer um Dragão a reconhecer e subiu na hierarquia.

Se Rudel e os outros eram elites, então Bennet realmente era um soldado autodidata.

(Eunius): “Embora ela tenha seus problemas, ela é boa em cuidar de pessoas”

Rudel e Eunius entendiam o motivo para Bennet sair de seu planejamento para trazê-los. Ela queria mostrar a eles onde tudo acontecia. Não apenas por boa vontade, com suas posições instáveis, não havia como dizer quando Rudel e Aleist iriam subir nas fileiras militares.

Seria preocupante se eles fossem promovidos sem saberem de nada, ou talvez ela tenha pensado assim. Mas isso não era tudo, os dois pensaram.

(Rudel): “Estou orgulhoso por ter ela como minha Oficial Superior”

Com Rudel se gabando, Eunius riu e brincou.

(Eunius): “Eu queria uma para mim também. Entregue ela”

(Rudel): “De jeito nenhum”

Enquanto os dois trocavam piadas, Aleist segurava sua cabeça em pensamentos profundos. Millia parecia perplexa com esses três homens.

Alguns dias mais tarde, trocando de lugar com o primeiro destacamento de ⌈Cavaleiros, Rudel voltou para a |Cidade Portuária de Beretta|.

Ao mesmo tempo, Aleist terminou em uma pequena discussão com o garoto apaixonado por Millia.


Notas

1 – Milícia é a designação genérica das organizações militares ou paramilitares compostas por cidadãos comuns, armados ou com poder de polícia que teoricamente não integram as forças armadas de um país.

2 – O feudalismo foi um modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais (servis). Tem suas origens na decadência do Império Romano. Predominou na Europa durante a Idade Média. Os senhores feudais conseguiam as terras porque o rei lhes dava. Os camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos e, em troca, recebiam o direito a uma gleba de terra para morar, além da proteção contra ataques bárbaros.



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