Volume 8

Capítulo 154: O chefão final

Em outro campo de batalha.

Lá, um destacamento separado do Império Gaia, seu suposto corpo principal, estava travado em uma competição de encarada com a Brigada dos Dragoons.

Os primeiros a chegarem ao campo de batalha, os dragoon de Oldart, voavam para intimidar o inimigo imóvel perto da fronteira.

Se isso os fizesse recuar, seria o fim, mas o inimigo estava evidentemente agindo de forma estranha.

Escaramuças surgiram entre os dois poderes muitas vezes, e eles com certeza sabiam o quão poderosos eram seus dragões. No entanto, o exército não parecia nem um pouco desconcertado.

Além disso...

— Eles estão esperando por algo.

Enquanto Oldart olhava para o acampamento inimigo e murmurava, um de seus subordinados se aproximou.

— Capitão, eles não mostram sinais de movimento. Eles estão consideravelmente calmos.

O Império Gaia havia invadido em duas frentes.

Não havia dúvida de que sua força principal era o exército liderado pelo príncipe herdeiro diante de seus olhos, mas Oldart não pôde deixar de ficar curioso sobre os movimentos do exército do outro príncipe.

— Incluindo Rudel, eles têm três cavaleiros. Acho que eles podem resistir…

Mesmo um exército de dez mil, contra um dragão, não era uma grande ameaça.

Uma guerra poderia terminar apenas com ataques de respiração vindos do céu. Às vezes, matadores de dragões e pessoas fora da norma poderiam aparecer para derrubá-los. Mas com vários cavaleiros, a possibilidade de serem eliminados caiu drasticamente.

— Eu tenho um mau pressentimento sobre isso. Talvez estivesse certo em enviar reforços.

Oldart tocou sua orgulhosa barba bem cuidada enquanto murmurava; a expressão de seu subordinado tornou-se sombria.

— Capitão, não seria melhor cruzarmos a fronteira primeiro para encontrá-los? Não há necessidade de mantermos tal número estacionado aqui...

Seu subordinado o incitou a enviar metade, até mesmo um terço de suas forças, mas Oldart levantou a mão para impedi-lo de dizer mais alguma coisa.

O motivo foi o dragão descendo do céu.

Um dragão cinza, não sob a jurisdição dos dragoons, o dragão da guarda real.

— Isso não é nada bom. Sua outra força é pequena em número. O corpo principal do inimigo está aqui. Não seria bom para você tomar uma ação arbitrária.

O dragão cinza pousou diante do subordinado de Oldart. Fritz desmontou de sua montaria e ficou na frente de Oldart.

— Ora, se não é o comandante supremo. Bem, tente entender os pensamentos de alguém que se importa com seus aliados. Enfim, por que você cavalgou para o campo de batalha sozinho?

— E quanto ao exército? — Quando Oldart perguntou, Fritz encolheu os ombros.

— No topo de um dragão, minha velocidade supera em muito a marcha deles. Eu queria ter uma visão prévia do campo de batalha.

Oldart sentia-se atormentado pelo cansaço. Não, ao invés de cansado, uma parte dele entendia como o rapaz se sentia.

"Quando você está montando um dragão, uma marcha normal parece o passo de um caracol... mas o comandante supremo deixando seu exército é uma grande preocupação."

Talvez seu subordinado sentisse o mesmo, ele fez uma expressão conflituosa ao olhar para Fritz.

"Não faz diferença se ele está lá ou não? Bem, ele é o favorito da princesa."

Ele com certeza não tinha um lugar nem mesmo entre suas próprias tropas.

Enquanto Oldart pensava, ele olhou para os imperiais imóveis do outro lado da fronteira.


Enquanto isso...

O exército liderado por Askewell sofreu grandes perdas de apenas um homem.

Mesmo se isso tivesse sido levado em consideração, os números eram muito grandes para vir de uma unidade.

— Faça os monstros recuarem. Cerquem-no com elites.

Por ordem de Askewell, cavaleiros usando armaduras de corpo inteiro uniformes vieram à frente.

Seus passos eram ágeis, apesar da sólida armadura sobre seus corpos, eles eram, sem dúvida, elites.

Askewell os levou a cercar Rudel a fim de preparar um palco para o combate um contra um.

— Dragoon Branco, era isso. Você é forte. Forte demais. É por isso que... devo enfrentá-lo pessoalmente.

Depois de pegar sua lança e desmontar do cavalo, ele foi até Rudel.

Enquanto Rudel estava coberto de lama, quase morto de exaustão, mesmo assim, seu espírito de luta não definhou diante de Askewell.

Uma espada em sua mão direita.

Um escudo na esquerda.

O cavaleiro de armadura branca lutou contra o exército de Askewell sozinho.

Não era sua intenção mostrar respeito.

"Vou te espancar. Pelo moral de todo o exército."

Depois de cansá-lo assim, Askewell derrotaria seu oponente esfarrapado em um combate um contra um. Ele sabia que não podia ser chamado de virtuoso no campo de batalha, mas tais noções eram irrelevantes para ele.

Se ele não ganhasse esta batalha, o império não teria futuro.

Além do mais, ele não podia deixar Rudel continuar a causar baixas. Se descobrissem que um único homem derrubou vários milhares, isso influenciaria o moral. Esmagá-lo com números ajudaria a remediar um pouco a situação, mas se Askewell aparecesse e derrotasse esse dragoon, ele seria capaz de reverter completamente a situação.

"Normalmente seria uma jogada ruim, mas..."

Rudel havia provado ter muito mais força do que o previsto, forçando Askewell a mudar seus objetivos várias vezes.

Quando Askewell preparou sua lança, a boca de Rudel se curvou em um sorriso.

"Então ele ri nessa situação."

Às vezes, havia quem buscasse beleza no campo de batalha. Combate individual e sacrifício pessoal; Askewell não conseguia entender esses conceitos.

No fundo, ele era alguém que se propunha a ser um pesquisador, não tendo uma natureza de admirar heróis de guerra.

"Ele é do tipo que busca seu lugar no campo de batalha?"

Vendo a postura de Askewell, Rudel abriu a boca:

— Você… é forte. Contudo...

Rudel cruzou a distância em um instante com um corte; Askewell desviou o golpe com a lança.

Recebendo, defletindo, ele repeliu os ataques de Rudel.

Ele devia estar exausto, vendo a crueza aparecendo nos ataques de Rudel, Askewell estava convencido.

"Ele está perto de seu limite."

Com um grande passo, Askewell atacou com a lança e Rudel parou o ataque com o escudo da mão esquerda. Ele tentou desviar o rosto, mas parecia que não conseguia.

— Eu vou mostrar a você meu respeito por permanecer lutando por conta própria. Eu vou desfilar com seu cadáver, mas vou erguer um monumento.

Rudel não parecia particularmente interessado.

— Não vá erigir monumentos no país de outra pessoa. Você acha que ganhou?

A partida já estava praticamente decidida.

Quando ele estava prestes a dizer isso, Rudel bateu com força a lança de Askewell no chão.

O impacto levantou sujeira, e enquanto ela voava pelo ar, Rudel se distanciou...

— Você não vai fugir!

Quando Askewell tentou persegui-lo, Rudel disparou magia da água em direção ao solo. Com a terra umedecida facilitando o deslizamento, Askewell parou de se mover apenas por um breve momento.

Confirmando isso, Rudel desapareceu diante de seus olhos.

Não, foi como se um vendaval tivesse explodido com Rudel no centro, ele começou a se mover a uma velocidade tremenda.

— O qu-que você está...

Olhando em volta, Askewell arregalou os olhos.

Uma cena das elites em torno deles sendo dilaceradas em um momento de distração se desenrolou diante de seus olhos.

Askewell agarrou com força a lança, voltou-se para Rudel e gritou:

— Seu oponente está bem aqui!

Rudel olhou para ele e falou:

— Errado. Cada um de vocês é meu oponente.


Rudel ergueu a espada enquanto olhava para Askewell.

"Mas esse cara é forte. Cada golpe individual é estranhamente pesado."

O homem que se aproximava dele, em comparação, não ficava aquém de Rudel em poder ou velocidade. Uma constituição abençoada.

O talento e a capacidade de mana de Askewell podiam até exceder as suas.

Contudo...

— Você luta de maneira muito limpa.

Levantando terra com o pé, ele a chutou direto no rosto de Askewell. Embora ele imediatamente reagisse e desviasse, seus movimentos eram desacostumados.

Ele raramente lutou contra um igual. Ou talvez muitas de suas lutas tenham sido contra monstros, e em batalhas contra humanos, seu abençoado talento terminaria a partida muito cedo.

Até certo ponto, ele parecia inexperiente quando se tratava de lutar contra inimigos de força semelhante.

"Mas talvez isso apenas seja uma indicação de quão talentoso ele é."

Askewell moveu sua lança para o lado.

Esse ataque contou com a lama no chão para atacar Rudel. O que era apenas um ataque físico se tornou uma onda de choque contra ele.

Saltando por cima para evitar o golpe, Rudel o cortou de cima. Askewell segurou sua lança na horizontal para receber o golpe.

Aquele golpe poderoso afundou as botas do terceiro príncipe no chão.

"Não posso simplesmente avançar como estou agora."

Ao pensar nisso, o corpo de Rudel emitiu uma luz fraca. Símbolos surgiram em sua forma, cobrindo todo o seu corpo para protegê-lo.

Liberando o poder do cavaleiro branco, Rudel deu uma olhada ao redor.

"Parece que eliminar as elites colocou os outros em ação."

Em pânico com a mudança de Rudel, os arredores se moveram para proteger Askewell. Os arredores foram lançados para trás por um raio de luz de Rudel.

— Desgraçado!

Enquanto Askewell olhava furioso para Rudel, do ponto de vista do dragoon, ele não se lembrava de ter aceitado um duelo um contra um. Mais ainda, enquanto cercado por inimigos, não havia desonra em lançar um ataque.

Para piorar, Rudel notou o motivo oculto de Askewell.

"Entendo, então seu objetivo é me derrotar e elevar o moral. Isso é surpreendentemente sincero. Eles estão tão encurralados assim?"

Se eles continuassem o pressionado com números, Rudel pensava que poderia abatê-los e infligir dano suficiente para que o inimigo recuasse quando os reforços chegassem.

— Qual o problema? Se você não me impedir, seus homens morrerão.

Quando ele o provocou com um sorriso, Askewell girou com força sua lança para derrubar Rudel. Recuando de propósito, o dragoon aumentou a distância e atacou os arredores mais uma vez.

O exército imperial lançou magia e flechas contra ele; mas como Askewell estava bem ao seu lado, esses ataques foram poucos e espaçados.

"Devo usá-lo como um escudo para diminuir o número de soldados?"

Enquanto o dragoon pensava nisso, Askewell disparou seu golpe mais forte contra ele. Aquele golpe como uma flecha disparada de longe parecia ser difícil de repelir.

Devido à sua força bruta, os pés de Askewell chutaram terra vários metros no ar.

Estendendo a mão esquerda, Rudel posicionou várias dezenas de escudos de luz no caminho de seu avanço. Com força suficiente para perfurar todos eles, a investida de Askewell diminuiu apenas um pouco.

Mas esse pouco foi o suficiente. Pois, no final de seu ataque, através de dezenas de escudos... Rudel já havia partido há muito.

Quando Askewell parou apressadamente em seu caminho, Rudel deu a volta pela esquerda... e acertou o homem com seu escudo.

— Merda! Se eu pudesse circular pela direita...

Isso teria encerrado a partida, mas os soldados inimigos haviam se reunido lá, e havia uma chance de que sua sincronia estivesse errada.

Ele se arrependeu de não balançar sua espada de um ângulo impossível.

"Preciso de mais treinamento. Foi péssimo que eu não o derrubei com aquele ataque."

Ele tentou perseguir Askewell, jogado para trás, rolando pelo chão, mas os inimigos se juntaram ao seu redor.

Eles com certeza estavam tentando protegê-lo.

Embora ele tenha pensado na devoção deles...

— Esta é a guerra que vocês começaram...

Rudel abateria qualquer soldado que ficasse entre ele e Askewell.


A cabeça de Askewell estava nebulosa.

"O que foi que…"

Quando ele levantou a cabeça, as costas de seus homens estavam dirigidas a ele, e, além deles, uma fonte de sangue. Sua cabeça estava pesada.

Rudel tinha batido na cabeça dele, e os sons do campo de batalha soavam um pouco distantes.

— O qu-que vocês estão fazendo? Parem. Vocês têm que recuar!

Seus subordinados morreram diante de seus olhos. Isso era algo que Askewell não podia suportar.

Embora ele não tivesse piedade com seus inimigos, ele era muito mole com seus aliados.

Enquanto tentava ficar de pé, ele pensou ter ouvido uma voz clara.

"... quando eu coloquei tanto a seu favor, você não pode mesmo cumprir corretamente o seu papel?"

Ouvindo aquela voz desapontada, Askewell olhou em volta. O tempo parecia fluir de forma muito lenta.

"O que está acontecendo..."

"Isso é o bastante."

Com essa voz irritada, ele viu o chão a seus pés de repente transbordando com uma lama preta.

"Quê? Isto é…"

Ele tentou fugir, mas seu corpo não se movia.

No entanto, quando a lama negra o engoliu, uma sensação de prazer... ele podia dizer que sua força estava voltando para ele.

Envolto em um alívio que o fez querer confiar seu corpo a isso, ele podia sentir a cautela que tinha por Rudel um momento antes estar se desfazendo.

"Aah, isto é…"

Askewell foi engolido pela lama, e quando se desprendeu, lá estava ele, seu corpo inteiro coberto por uma armadura escura e sinistra presa ao seu ser.

Não, ao invés de armadura, talvez estivesse mais perto de uma pele.

Quando sua forma se tornou a do próprio diabo, Askewell olhou para Rudel. Dentro desse tempo se movendo em câmera lenta, os olhos de Rudel foram arrastados para ele.

"… então ele notou. Mas é tarde demais."

O tempo ao redor voltou ao normal, e quando os sons voltaram de modo vívido, Askewell logo se aproximou de Rudel e chutou-o.

Lançado para longe, Rudel colidiu onde seu exército de aliados esteve estacionado, arrastando-se nos arredores enquanto levantava uma nuvem de poeira.

Seus subordinados observaram a forma de Askewell em perplexidade.

— Askewell-sama…

— Essa forma é…

— O que poderia ter...

Vendo seus subordinados perplexos, Askewell não pensou em nada em particular. Andando em linha reta e ereto, ele ergueu a mão direita um pouco.

Algo negro escapou de sua mão, algo que parecia uma lança.

Puxando aquela estranha lança preta de seu corpo, Askewell caminhou em direção a Rudel, lentamente começando uma corrida.

Era como se ele estivesse verificando os movimentos de seu corpo, e sem ver seus homens diante dele como um obstáculo, ele apenas os jogou para longe de seu caminho.

Da pessoa que ele tinha sido há pouco, algo fundamental tinha mudado.

— Agora, aqui começa a verdadeira batalha.

Askewell chegou até Rudel em um instante. Um sorriso feio em seu rosto.



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