Volume 8

Capítulo 156: O que foi feito

Nas costas de um dragão cinza, um cavaleiro solitário dirigia-se à capital.

— Depressa… vá mais rápido!

Um dragão cinza poderia se mover centenas de quilômetros no ar, mas para Fritz, isso parecia muito lento.

Mesmo agora, a vida de Aileen poderia estar em perigo. Quando o pensamento o atingiu, ele desejou salvá-la, de forma pura e honesta.

No começo, ele achou que tinha sorte. Ser querido pela princesa e receber tratamento preferencial, de capitão da guarda real a comandante supremo...

Mas agora, Fritz iria jogar tudo fora para ir salvar Aileen.

— Estou vendo!

A visão da capital do céu.

A fumaça subia do palácio no centro da cidade grande. Mesmo visto de longe, era claro que algo estava errado.

— Tenho que me apressar e...

O dragão voou para o palácio por causa de Fritz. Em uma das varandas do palácio, havia uma Aileen encurralada.

No local estavam aqueles que cuidavam dela todos os dias, e cavaleiros que só eram bons em suas aparências. Eles não teriam nenhuma utilidade.

As chamas irromperam em várias partes do edifício, parecia que as batalhas ainda continuavam.

— Aileen!

Fritz se aproximou do palácio.

Olhando para ele, Aileen sorriu.

— Fritz-sama!

Por mais cruel que pudesse ser, foi então que os inimigos fluíram para a sala onde ela se escondeu. Os defensores e o exército pessoal de uma casa de arquiduque superaram a guarda real e os cavaleiros da facção de Aileen e invadiram.

Os cavaleiros e servos a seu lado foram apreendidos no mesmo instante.

— Kuh! Faça!

Para salvar Aileen, Fritz ordenou que seu dragão cuspisse fogo. Mas o dragão cinza balançou a cabeça para o lado. Não era como se ele tivesse ignorado as ordens de Fritz.

Se o dragão disparasse o sopro, Aileen seria atingida pelo ataque.

Diante dos olhos de Fritz, Aileen foi capturada.

O inimigo a usava como escudo, eles pareciam estar bem cientes de que ele não seria capaz de atacar.

— Covardes!

Assim que Fritz desembainhou sua espada e estava prestes a pular, o exército rebelde liderado por Fina apareceu. Protegida pelos altos cavaleiros ao seu redor, Fina olhou sem expressão para o céu.

Aileen se virou para Fina e gritou:

— Por que você fez isso, Fina!? Eu... eu só estava tentando fazer de Courtois um país melhor.

Fina não se viraria para encará-la. Os altos cavaleiros ao seu redor prepararam seus escudos para solidificar as defesas de Fina.

— Fina-sama, por favor, se afaste!

— O inimigo é um dragão!

— Mantenham a Princesa Aileen por perto!

Fina ignorou os conselhos de ir para a varanda. Ela olhou para Fritz.

— Por que você começou a insurreição em um momento tão importante!?

Recebendo sua raiva, Fina abriu a boca:

— É precisamente porque esta é a hora. Assim como você quer salvar minha irmã, quero salvar meu mestre, Rudel-dono. Mas se deixasse vocês por conta própria, mesmo se Rudel-dono voltasse, vocês inventariam algum motivo para executá-lo, não é?

Como ela declarou claramente: — Foi por isso que comecei uma rebelião.—, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, Fritz ficou sem palavras.

— … você é louca. Você se rebelou por esse motivo!?

Fina abriu os braços e, sem expressão, aconselhou Fritz a se render:

— Não acho que você pode me criticar. Bem, que assim seja. Agora entregue-se. Faça isso agora, e você ainda poderá ser decapitado como um nobre cavaleiro.

Talvez fosse compaixão para Fina, mas para Fritz não havia como ele aceitar isso.

— Não zombe de mim!

Fina abaixou a mão.

— Entendo. Que pena.

Segurando sua mão direita, Fina estalou os dedos.

Aileen olhou para além de Fritz, para o céu ainda mais alto e gritou.

— Fritz-sama, fuja!

Quando Fritz olhou para cima, havia seis dragoons se aproximando dele. Seu dragão cinza retirou-se arbitrariamente do local.

— Es-espere! Eu ainda tenho que salvar...

Quando Fritz foi puxado para longe da varanda, Aileen olhou para ele com uma expressão de desespero. Fritz estendeu a mão direita.

— Aileen…

Ele murmurou de forma impotente.


Enquanto Fritz se afastava, três dragoons o perseguiram.

Fina os viu partindo antes de retornar da varanda para o quarto.

Sophina ao lado dela enxugou o suor.

— Isso foi muito imprudente, não importa como você olhe para isso.

Sophina criticou de forma sincera a conduta impensada da princesa. Ao ouvir isso, Fina respondeu de forma inexpressiva e indiferente.

— Você tem razão. Sinto muito, Sophina.

— Vejo que você não está se arrependendo nem um pouco.

Ela não a conhecia há muito tempo à toa, Sophina leu as emoções de Fina.

— Bem, pelo menos o dragão teve algum bom senso, e eu sabia que eles não atacariam se usássemos minha irmã como escudo. Afinal, o dragão que Fritz cavalga é gentil.

Havia diferenças individuais entre os dragões.

Aquele que Fritz montou era comparativamente gentil e um bom dragão que ouvia as ordens de seu parceiro cavaleiro.

Fritz ganhou um dragão fácil de manusear, então nem era preciso dizer mais.

— O sopro de um dragão poderia erradicar com facilidade duas princesas.

Então, Fina desinteressadamente afastou o cabelo para o lado.

— Mesmo assim, eu queria tentar. Caso contrário, Fritz seria...

Aileen, contida pelos cavaleiros, gritou com Fina:

— Fina! Você entende o que você fez!? E o que você acha que está fazendo com Fritz-sama?

Fina se voltou para Aileen.

— … se ele fosse levado, teria sua cabeça cortada. Eu quis dizer exatamente o que disse. Ou você preferia que ele fosse torturado e executado como um criminoso hediondo?

Aileen caiu de joelhos.

— Tor-tortura…

Enquanto Fina olhava para Aileen, os arquiduques Halbades e Diade entraram na sala.

— Se não é Fina-sama, parece que você conseguiu atingir seu objetivo.

Para os dois que se aproximavam sem o menor pudor, Fina deu um suspiro interno.

"O tempo deles é impecável... bem, tanto faz."

Eles sem dúvidas vieram para confirmar a segurança de Aileen. Talvez os dois precisassem de uma verificação adequada se queriam que ela assumisse a responsabilidade na forca.

Enquanto Fina se afastava, os arquiduques caminhavam lado a lado com ela.

— Muito bem, como você pretende lidar com Aileen-sama?

À pergunta do Arquiduque Diade, depois de pensar um pouco...

— … oficialmente, ela será executada. Depois disso, confinamento. Como não sabemos ainda se posso ter filhos, vamos precisar de algum seguro, não é?

O Arquiduque Halbades assentiu. Ele parecia um pouco encantado.

O homem parecia feliz por Fina poder fazer um julgamento adequado como parte da realeza. Não, talvez porque houvesse uma princesa sobressalente, ele estava feliz em saber que Fina poderia ser substituída.

“Se for estúpida demais, esses malditos vão passar a perna em mim, e se for esperta demais, eles me matarão. Minha nossa, era por isso que queria diminuir o poder deles.”

Se Aileen fosse morta, Fina seria a única descendente direta de Courtois. Nesse caso, enquanto a própria segurança de Fina estava garantida, caso ela não tivesse filhos, um arquiduque seria o próximo na linha a ser entronado.

No caso da sobrevivência prolongada de Aileen, se Fina usasse o poder do estado contra os arquiduques, havia a possibilidade de que eles apoiassem Aileen e fizessem uma rebelião própria.

Quanto ao que ela queria dizer... não importava para onde a bola rolasse, Fina estava em uma situação difícil.

"De qualquer forma, terei que ser cautelosa. Aaah, é por isso que queria terminar antes que esses caras pudessem chegar."

Assim, ao confirmar sua vitória no palácio, Fina logo se preparou para enviar reforços.

— ... muito bem, eu assegurei um lugar para você voltar, mestre.

Um pequeno murmúrio e Fina imediatamente começou a trabalhar.


No céu, Fritz atingiu as costas do dragão várias vezes.

— Por que você fugiu!? Volte lá agora mesmo! Volte!

Fritz gritou e bateu com o punho, mas estava claro que, mesmo se ele ficasse, não seria capaz de salvar Aileen.

Mesmo assim, o rapaz queria tanto alguém para culpar que não conseguia se conter.

Não era culpa dele. Ele precisava saber que não era sua culpa.

— … eu...

Antes que percebesse, ele havia desertado sob o fogo inimigo, enquanto seu último raio de esperança, Aileen, já havia sido capturada e perdido sua autoridade.

Como alguém que tinha um dragão, os dragoons estariam em um frenesi de loucura para encontrá-lo. E o que o esperava quando fosse capturado...

— Haha, ahahahah… droga! Que vida insignificante! Chegando tão longe... depois de chegar tão longe.

Tudo o que esperava era desespero. Por mais que corresse, não havia para onde ir. Enquanto ele considerava desertar para o império, uma névoa negra começou a se formar ao seu redor.

— O que-que é aquilo?

Quando Fritz olhou em volta, o dragão cinza rugiu.

Diante dele, um gigante alado, um Gora, estava sendo formado.

Um gigante de quatro braços careca apenas na cabeça, um que era muito maior que um dragão cinza. O punho do gora acertou o dragão, jogando ele e Fritz no chão.

"O que é isso agora…"

A consciência de Fritz ficou distante.


"Huh-huh… estou vivo?"

Quando Fritz abriu os olhos, diante dele estava a forma de um dragão cinza, suas asas arrancadas, seu corpo todo sangrando.

Vendo as costas do dragão cinza terrivelmente ferido, Fritz ergueu o corpo.

— O qu-que acabou de…

Além do dragão, um gora com um buraco no peito caiu de joelhos.

— Você fez isto?

Fritz não podia acreditar que seu próprio parceiro lutou contra aquele monstro brutal e saiu vitorioso. Os dragões cinzas, em comparação com um dragão selvagem, eram claramente inferiores.

Comparando-o com o dragão de Rudel, ele até o via como inferior. E ainda assim, aquele dragão tinha lutado, sua vida em risco para proteger seu parceiro Fritz.

— Você… por quê!?

Ele lutou para proteger um Fritz inconsciente e, agora afligido por um golpe fatal, não parecia mais poder se levantar ou voar.

Sangue escorreu de sua boca.

"… eu sou um dragão nascido do Reino de Courtois. Um dos primeiros da minha espécie."

O dragão que nunca tinha conversado com ele antes de repente estava fazendo um discurso.

"Fui criado com amor. Mas meus irmãos já se foram. Enquanto alguns morreram de doença, muitos morreram em batalha."

Fritz acariciou o dragão cinza. Ele sempre o achou antipático, ele nunca tentou falar com o rapaz. Por esse motivo, o jovem não sabia nada sobre seu próprio parceiro dragão.

— Então por que você salvou alguém como eu? Se você me entregasse a eles...

"Eu tenho meu próprio orgulho. Como um dragão... o orgulho de proteger meu parceiro. Já perdi meus companheiros cavaleiros muitas vezes. Toda vez, eu sentiria arrependimento. Entre eles, havia cavaleiros terríveis. Mas a maioria deles me tratou como um parceiro. Eles me trataram com carinho. É por isso que jurei protegê-los, não importa que tipo de parceiro eles possam ser."

Quando Fritz estava prestes a dizer algo, o dragão deu suas últimas palavras:

"... deixe-me dizer uma última coisa. Você deve olhar em volta um pouco mais. Pode ser tarde demais, porém... você tem o talento."

Após uma última respiração profunda, o dragão desabou e morreu.

Quando as lágrimas de Fritz começaram a fluir, desta vez, a boca do gora se mexeu:

"Como ousa um mero dragão cinza... mas você não é mais necessário. Está tudo indo como planejado..."

A boca do gora morto se mexeu, fazendo com que Fritz desembainhasse a espada. Ao ver sua lâmina, os olhos do gora se estreitaram.

"Essa não é a sua arma. E já terminei com você. É hora de o substituto deixar o palco. Seu lugar já foi preparado..."

O gora se dissipou em uma névoa negra e engoliu Fritz.

— Pa-pare! Eu ainda...

A névoa negra engoliu Fritz, deixando algumas palavras de despedida e desapareceu.

— Está tudo de acordo com o plano. Para entregar a espada a Aleist algum dia...


Quando ele acordou, o Fritz engolido pela névoa negra estava sentado no meio de um deserto.

— ... eh?

Seu gora inimigo se foi, o cadáver de seu parceiro não podia mais ser visto. O lugar parecia um pouco diferente de onde ele havia estado antes.

Em sua confusão, Fritz se levantou e avistou um grupo em movimento. Uma reunião de mercadores e viajantes, mas parecia que estavam sendo atacados por monstros.

— O que há com esse grupo?

Mas vendo os membros, Fritz sentiu algo estranho. Eles usavam equipamentos de estilo bastante antigo e a forma como lutavam era peculiar.

Ele não conseguia ficar parado olhando.

Com isso em mente, Fritz desembainhou a espada e ajudou a caravana.

Depois disso...

O grupo de carroças puxadas por cavalos ofereceu-lhe uma carona, e foi então que ele soube que suas palavras não seriam transmitidas. As cidades e vilas para as quais o conduziram pareciam um pouco diferentes do que ele conhecia.

Ele quase sentiu como se tivesse acabado em outro mundo.

Deixado com nada além de uma espada emprestada e as roupas do corpo, Fritz passaria o resto de sua vida encontrando um lugar para si neste estranho mundo novo.


Anos mais tarde.

No campo de batalha de Rudel, uma cena peculiar se desenrolou.

— Mas que saco.

Diante dos olhos de Rudel, enquanto ele soltava uma risada perturbada, Askewell foi envolvido por uma névoa negra e assimilado por um Gora para ficar diante dele.

Mas não era isso que o incomodava.

Talvez pudesse ser chamado de irônico... logo acima do gora, consistindo de linhas pretas e vermelhas, um dragão sinistro bateu suas grandes asas abertas.

A razão de Rudel estar tão perturbado residia no fato de que a névoa negra havia se formado e se transformado em um dragão.

O dragão olhou para ele do alto.

"É aqui que você desaparece."

Chegando tão longe, Rudel nunca pensou que enfrentaria um dragão. Ele sorriu um pouco.

— Santo Deus, alguém lá em cima deve gostar de mexer comigo...

O inimigo predestinado daquele que pretendia ser um dragoon, no final, Rudel o enfrentaria na forma de um dragão.



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