Volume 1
Capítulo 27: O Logan Que Todo Mundo Odeia, Acorda!
Tal como Ian Moore havia dito, o dia seguinte seria realmente ruim.
Aiyden, o único que ainda não havia voltado da guerra, de repente chegou, inconsciente. Dois ajudantes empurram sua maca para dentro da sala compartilhada e depois a levaram para cela dos meninos.
Não estava morto. Foi Logan quem anunciou, pois antes de sair da cela verificou.
— Por que não o levaram para a ala médica? — Logan perguntou.
— Vai saber! — disse Jase, não parecendo realmente se importar. — Talvez seja só uma desculpa para não o mandarem para guerra.
— A diretora não gosta dele. — Astrid interviu e Jase revirou os olhos.
— Como você sabe? — Chloe questionou e Jase dando de ombros decidiu responder:
— É o Crush dela.
— O que é um Crush? — A pergunta veio de Logan, entretanto ninguém lhe ofereceu uma resposta.
Os integrantes do grupo quinze se dispersaram e antes de se afastar de Jase, Astrid beliscou seu companheiro e fugiu.
Em sua fila, Astrid esperou e quando sua vez chegou deu dois passos em frente e os ajudantes prontamente começaram a falar e tal como da segunda vez em que foi à guerra, ela ouviu atentamente. Recebeu suas armas, guardou-as em seus devidos lugares e foi embora, indo se juntar à fila para o elevador que os levaria para o lado de fora.
Eh, eles iriam à guerra, mais uma vez. Como reforço, foi assim que Elis Swooney os chamou, quando começou seu discurso. Em um pequeno pódio a doutora falou sobre os soldados que foram quase dizimados pelos inimigos que chegaram inesperada e sorrateiramente, surpreendendo assim os soldados do Centro que estavam em campo. Metade fora dizimada. Vários feridos e poucos para lutar contra o inimigo. Por isso eles seriam o reforço, que deveria dar suporte aos seus companheiros e aniquilar os ciborgues que ainda estavam em pé.
Astrid não queria ir, mas seguiu atrás quando a fila começou a andar em direção a nave.
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Aiyslnn, não estava quando chegaram ao campo de batalha. Não havia Edward. Não havia ninguém para ficar a frente ou até ao lado de Astrid.
A soldada se teletransportou. Correu. Gritou algumas vezes, mas não pegou nenhuma arma para matar.
Por um longo tempo, Astrid apenas se esquivou dos inimigos e aliados até que parou quando seus olhos registraram, Logan esmagando o maxilar de um homem ciborgue, com seu martelo.
O que havia de tão fascinante naquela paisagem? O sorriso. Astrid com certeza não conseguia parar de olhar por conta daquele sorriso, que fazia Logan parecer com um personagem de um filme de terror que já a muito tempo quis esquecer.
Esticando a mão livre para trás o outro martelo alcançou a mão de Logan, o qual prontamente atacou o inimigo, esmurrando seu rosto com seu martelo. O homem foi ao chão e o menino avançou. Seu corpo sumiu e o caos à volta, aumentou.
Parada, Astrid assistiu os poucos ciborgues restantes caindo após serem esmurrados por algo que não era visível. Logan os estava matando, Astrid percebeu, e por alguma razão aquilo lhe deu calafrios. Era uma guerra afinal. Eles eram inimigos e Logan aliado. Então aquele cenário deveria ser o correto. Eles iriam ganhar.
Astrid abaixou o olhar para seu bracelete, que envolvia seu pulso esquerdo, quando uma voz desconhecida alertou:
— Fuja!
Mas Astrid não o fez. Levantou o olhar constatando assim que todos os inimigos estavam mortos. Só restavam os soldados do Centro de Ajuda. Eles haviam vencido... Ou não.
— Astrid! — Jase gritou, Astrid o encarou e só tarde demais percebeu que Logan vinha em sua direção, com a clara intenção de matá-la.
Entretanto ele não o fez. Sumiu e reapareceu ao lado de Jase, que ocupado demais em chegar até Astrid, não pode fazer muito além de usar seu braço direito como defesa quando sem qualquer hesitação Logan, direcionou seu martelo para si, esmagando seu braço.
O corpo de Jase foi jogado para o lado, rolou pela neve e quando parou seu companheiro partiu para o segundo ataque. Correu, sumiu no meio de caminho e reapareceu em cima de Jase, segurando seu martelo, o qual se enterrou na neve, pois Jase havia desviado antes que o martelo chegasse ao seu rosto e com esforço se levantou e se afastou de Logan que mesmo após seu ataque fracassado, riu escandalosamente e partiu para outro ataque. Apertou o martelo com força e seu tamanho aumentou, correu em direção a Jase e caiu no meio do caminho, com vários fios de cabelo envolta de seus tornozelos..
— Juntem-se todos!! Aeryn cria uma barreira. Protejam a Alanis. E.. — Seus olhos vaguearam por entre seus companheiros, os quais eram um conjunto de muitos mortos, muitos feridos e muitos poucos em pé.
— Felicia!!
Enquanto caminhava em direção a Jase, Astrid parou, desviou o olhar e viu Chloe voar para cima da amiga de Edward. As duas foram ao chão, e um martelo passou por cima de suas cabeças e viajou em direção à Logan, o qual o segurou e em um único solavanco se levantou. Com fios ainda envolta de seus tornozelos, ele começou a caminhar, indo em direção a Jase.
— Não o deixem ir!
Felicia gritou. E prontamente todos os que se encontravam em pé começaram a se mover. Quatro soldados seguraram nos longos fios de Felícia e o puxaram. Astrid correu em direção a Jase e o corpo de Logan foi para trás.
— Jase! Jase!
Astrid parou ao seu lado. Tentou tocar em seu braço, mas Jase foi ao chão antes que pudesse segurá-lo. Astrid caiu de joelhos e com as mãos trêmulas, o ajudou a ficar sentado e seu companheiro fechou os olhos.
— Jase!!
— Ainda estou respirando. E ele só quebrou meu braço — falou, quase sem fôlego. — Estou um pouco tonto...Mas...acho que é por causa disso... — Abriu os olhos e apontou para a própria barriga, Astrid acompanhou com o olhar e percebeu que havia sangue no fato azul de Jase.
Astrid abriu a boca para dizer algo, entretanto parou quando Chloe gritou:
— Saiam daí!!
Ao mesmo tempo, os dois desviaram o olhar e viram mechas de cabelo espalhados pela neve, soldados caídos no chão, mas não viram Logan. Ele havia sumido, mais uma vez.
Astrid sentiu um arrepio por todo seu corpo e quando olhou para trás, Logan estava lá. Sorrindo como um palhaço do mal, com as mãos apertando firmemente sua arma que já não era um martelo e sim um machado, grande o suficiente para decapitar sua cabeça e a de Jase de uma só vez.
Astrid se teletransportou com Jase. Mas não foram muito longe. Logan rapidamente se recuperou da primeira tentativa falha de os decapitar e avançou rapidamente em direção a eles.
Um portal amarelo se abriu no céu. Aiyslnn o atravessou e aterrou na neve. De frente a Logan e de costas para Astrid e Jase. Aiyslnn respirou fundo. Se endireitou, abriu a boca e um grito supersônico deixou sua garganta, levando Logan para longe.
A soldada do grupo quinze, arrastou um dos pés para trás, apertou os punhos e correu.
Logan se levantou. Os olhos castanhos abrindo e fechando, enquanto parecia tentar recuperar os sentidos que quando pareceram voltar, Aiyslnn já estava bem a sua frente. Logan trincou os dentes, cogitou em levantar a mão direita, porém Aiyslnn foi mais rápida, puxou seu braço direito e deu uma joelhada em seu abdômen e com a mão livre avançou em direção ao seu rosto, cobriu seus olhos com a palma de sua mão e pronunciou um baixo: — Durma!
As costas de Logan se arquearam, como se tivesse recebido um choque elétrico e abruptamente Aiyslnn colocou todo seu peso sobre ele. Os dois foram ao chão, com a mão esquerda Aiyslnn cobrindo os olhos de Logan, e a mão direita segurando seu pulso. Alguns segundos depois o corpo de Logan parou de se debater.
Astrid respirou muito fundo. Jase deixou as costas irem contra o chão e fechou os olhos. Alguns segundos se passaram e ele não voltou a abri-los e somente sussurrou um: Estou bem! Quando Astrid começou a cutucá-lo.
Lentamente os soldados começaram a se reunir e Astrid agradeceu por ser para perto deles, pois não tinha a certeza se tinha forças para mover Jase, principalmente quando ele claramente parecia que não se moveria tão cedo daí.
Soldados que estavam nas proximidades foram arrastados para mais perto e uma checagem de quem ainda respirava começou.
Segurando Logan pela gola do casaco, Aiyslnn o arrastou e delicadamente o deitou a uma distância que poderia se considerar segura de Jase.
— Alanis? — Aiyslnn chamou e a menina com olhos de dragão levantou a mão.
— Viva! Ele estava entretido demais tentando matar o Jase, então nem me notou.
Jase riu, sem abrir os olhos.
— Não matou ninguém. Quer dizer, ao menos nenhum dos nossos.
Chloe caiu sentada perto de Jase, apenas seu olho esquerdo estava aberto, e com uma clara dificuldade ela o manteve assim, enquanto tentava sem sucesso limpar o sangue que escorria por sua têmpora, molhando o lado direito de seu rosto, com sangue.
Logan também a havia machucado. Astrid percebeu, ao lembrar de Chloe gritar. Ao recordar de sua companheira proteger Felicia do martelo de Logan.
Aiyslnn olhou para Chloe, olhou para Jase, entretanto não perguntou a nenhum deles se estavam bem e somente avançou em direção a Felícia, tal que já havia recuperado as mechas que foram cortadas.
— Brid vai precisar de um tempo até abrir um novo portal. Mas antes de sair do acampamento, já haviam enviados carros para o resgate, então não tarda estarão aqui.
Felicia assentiu.
— Vamos tentar manter todos vivos até lá. Aeryn! Acha que pode criar uma barreira?
— Talvez. — Jogou a trança cor de rosa para trás. — Mas não creio que durará muito. Sinceramente nem sei se ficarei em pé até a ajuda chegar.
— Precisamos de energia! Eu transferia, mas estou completamente seco.
— Pegue a minha então — falou Aiyslnn e o menino de longos cabelos loiro quase perdeu o equilíbrio, enquanto movia um de seus companheiros para o lado dos mortos. — Não darei muito, mas creio que será o suficiente para você alimentar todos os outros. — Seus olhos estavam em sua mão direita. — Transfira para Felícia e ela irá transferir para quem for preciso. — Olhou para Felícia. — Edward me falou sobre a tua nova habilidade.
O tempo pareceu congelar, enquanto Felícia e Aiyslnn se encaravam. O silêncio se prolongou entre elas até que os braceletes voltaram a dar sinal de vida.
— Campeão! — Astrid leu. Olhou para Chloe que apenas olhava para frente, para alguma coisa ao longe. Se escondendo na neblina que pareceu ficar mais densa.
Vultos surgiram aqui e ali. Tornando difícil para os olhos de Astrid acompanharem, enquanto sua mente tentava trabalhar em uma explicação para aquilo.
— Monstros estão vindo em sua direção. Campeão prepare-se.
Astrid ouviu, entretanto de modo algum conseguiu se mover enquanto o voz que vinha do bracelete, repetia e repetia a mesma informação.
Monstros.
Apenas isso residia em sua mente.
Monstros Ciborgues?!
— O que...o que quer dizer com monstros? — Astrid soltou, sem realmente se direcionar a ninguém.
— O que...você entende por monstros? — Jase perguntou e seus olhos ainda estavam fechados.
— Quantos são? — perguntou um soldado.
— Muitos.
Alguém riu e Astrid viu o menino que perguntou abaixar a cabeça e o que ria ao seu lado, parar e se deixar cair para trás como se lhe faltassem as forças para se manter sentado.
— Muitos! — Uma menina quase gritou. — Que raio de resposta é essa? — Se dirigiu para o bracelete, no entanto não lhe foi oferecido nenhuma palavra em troca. — Muitos quantos? Não podemos nem ficar... — Parou e somente bateu o punho no chão, enterrando assim sua mão na neve.
— Não tarda eles estarão aqui — Felícia se levantou. — Vamos nos focar em tentar segurá-los até o reforço chega...— Seus olhos foram de um lado para o outro, analisando seus companheiros. — Eles não devem...
— Vamos ser dizimados em segundos. — Os olhos de Felícia e de Aeryn se encontraram.
— Se não fizermos nada, seremos dizimados na mesma. — Felicia retrucou e seus olhos foram em direção onde os monstros vinham. — Melhor lutar do que...
— Kris! — Aiyslnn, chamou. O menino se assustou e todos os olhares se voltaram para ela. — Pegue! — Estendeu a mão. E o menino escondeu as suas por trás das costas. — Não poderei ser útil, se vocês não estiverem protegidos. Apenas um dedo, toque em apenas um dos meus dedos!
— Mas... — Seu maxilar tremeu. — Eles são muitos. Você não...
— Eu posso — disse convicta. — Dê-me apenas minutos, e eu os matarei a todos. Agora pegue, ou então eu morrerei inútil.
— Você não é inútil — falou Chloe, antes de Kris tocar em um dos dedos de Aiyslnn.
O toque não durou muito. Kris, recolheu a mão às pressas e a fechou em um punho.
Aiyslnn, girou nos calcanhares, deu alguns passos e parou de frente a Felicia.
— Sobre o seu poder. Espero que não era para ser um segredo — disse para ela, que não falou nada e apenas a assistiu partir.
Aiyslnn caminhou por entre seus companheiros, os quais a olhavam como se quisessem segurá-la, mas não pudessem e então somente abaixavam, a fim de não contemplarem aquela que decidiu partir sozinha, para o caos.
Caminhando quase sem pressa, passou entre Chloe e Jase, o qual agarrou seu tornozelo. Ele ainda estava consciente, Astrid observou.
Sua companheira respirou fundo e avançou, a mão de Jase facilmente soltou seu tornozelo, caindo no chão, como se tivesse perdido as forças.
— Kris! — Felicia o chamou. E sem esperar mais qualquer palavra sua, o menino caminhou até ela, estendeu sua mão direita e Felícia a segurou.
Os fios pretos, mudaram para cor vermelha. Se arrastaram pelo chão e se entrelaçaram no tornozelo de três soldados.
Algo pareceu mudar.
Aeryn, levantou do chão em um solavanco, elevou as mãos para cima e uma barreira grande o suficiente para o espaço que ocupavam apareceu, cobrindo-os. Protegendo-os.
Alguns segundos mais tarde, Aeryn caiu com um joelho no chão. Afundou as mãos na neve e gritou:
— AVANCE!
E Aiyslnn assim o fez.