Volume 2
Capítulo 13: Leonard, É Tema De Conversa
— O que foi aquilo? — Jase perguntou, o braço direito se apoiando na parede. — Como podem ter o mesmo rosto? — Olhou para o companheiro que parecia distante. — Ahhh! Ela te assustou completamente. — Olhou para frente e o outro pareceu voltar à vida.
— Ela não…— Calou, e tentou pensar em algo melhor para dizer que não o fizesse soar patético afinal ela havia mesmo o assustado. Não parecia ter poderes e ainda assim tinha uma força brutal nas pernas e a capacidade não o permitir controlá-la.
Isso era assustador.
Aiyden não diria que a habilidade de controlar os outros lhe trazia plena alegria, mas o dava um pouco de segurança. Ele não morria desde que pudesse controlá-los, no entanto, não funcionou. Sua habilidade que já fez tantos odiá-lo e amaldiçoá-lo, não funcionou contra a Astrid, ou melhor a Astrid má, eh! essa era a melhor forma de chamá-la.
— Por que seu poder não funcionou nela? — Jase perguntou e Aiyden o olhou rapidamente o olhar quase assustado. — Será pelos óculos? — Sugeriu e depois olhou para ele. — O que foi? Por que está me olhando com essa cara de peixe morto?
— Seu poder também não funcionou — atirou, quase ácido. — Quer dizer, você poderia…
— Atacá-la?
Aiyden não disse nada e Jase estalou o pescoço.
— Eu não usei porque optei em não fazê-lo, não porque não podia. Eu… — pareceu pensar. — Não podia arriscar machucá-la.
— Por que ela tinha o rosto da Astrid?
— Eh, isso também.
Aiyden elevou as sobrancelhas, porém, não abriu a boca.
— Acho que ela também se chama Astrid.
— Eh!! E acho que o fato de sermos do Centro nos salvou, por alguma razão.
Jase parou, encostou as costas na parede e caiu sentado.
— Estou exausto. Vamos parar um pouco.
— Achei que queria muito encontrar o Logan e a Astrid. — falou e sentou-se, encostado à parede oposta.
— Vamos apenas dar uma pausa e já continuamos, então para de tentar usar minhas próprias palavras contra mim — falou, com a respiração pesada. — Caramba, o que há nas pernas daquela garota — levou a mão ao peito pressionando-o levemente. — Era como ser…
— Chutado com ferro — Aiyden completou e o outro apenas respirou muito fundo. — Dois Levi. Duas Chloe. E…Zayn. E agora duas Astrid. O que é isso tudo? Por que Astrid…não a outra…
— Eu entendi — Jase interviu. — Apenas as chame de Astrid boa e Astrid má, fica mais fácil e também menos estranho do que dizer minha ou nossa Astrid.
— A Astrid…boa de alguma forma, está ligada a todas essas pessoas. Ela tem uma amiga que se parece com a Chloe e se chama Chloe. Ela gosta de um menino que se chama Levi e passou vergonha em frente a outro que também se chama Levi e…
— Eu não diria que ela passou…— Jase pareceu refletir e depois fez sinal para que Aiyden continuasse.
— Então…— deu uma pequena pausa como se esperasse que Jase fosse interrompê-lo novamente e sem ouvir nada vindo do outro prosseguiu. — Eu…e o tal de Zayn. Ela me confundiu com ele na primeira vez que nos vimos e depois me chamou de Zayn quando cheguei no grupo quinze…
— Espera! Como assim primeiro te confundiu e…Vocês não se viram pela primeira vez no grupo quinze?
— Nos conhecemos na zona de guerra. Ela apareceu do nada, vestida como uma civil? De qualquer forma ela simplesmente surgiu do nada e começou a falar um monte de coisas sem sentindo, mas não é esse o ponto…A questão é, foi ela quem falou de pessoas que se parecem muito conosco e agora nós encontramos alguém com o mesmo rosto que o dela, mas que não ela…Então quem é? É irmã gêmea? Sósia? — Aiyden calou e pareceu pensar. — Sósia? — repetiu.
— Ou…— Jase começou, incerto. — Você tem um irmão gêmeo que se chama Zayn. — Aiyden o encarou muito seriamente. — O que foi? É menos assustador do que serem sócias.
Aiyden o encarou mais intensamente, como se procurasse por algo.
— Isso é tudo que você pensa? — Jase pareceu confuso, e antes que pudesse dizer algo o outro continuou: — Assustador! Assustador! — falou muito rápido e imitando a voz de Jase. — Sério por que você é tão medroso?
Os olhos de Jase piscaram e piscaram e piscaram até que soltou um:
— Você enlouqueceu?
Aiyden não disse nada e Jase passou a mão pelos cabelos.
— O que aconteceu com… — começou a gesticular com Aiyden o acompanhado. — Sabe… aquela pose de garoto frio e tudo mais. Você têm dupla personalidade ou algo assim? Ou…estavas apenas fingindo para parecer legal? — Cruzou os braços parecendo realmente confuso. — Agora que penso nisso, você tem ficado realmente ousado. Quando você chegou quase nem abria boca e agora você começou a falar mais do que eu, você…
Aiyden riu, não parecendo realmente achar graça.
— Olhaa!! Agora você pode até sorrir. — Jase sorriu também. — Mas falando realmente sério, qual é a tua? Por que…— Pareceu procurar pelas palavras certas. — Em um minuto você parece alguém frio. E Outras vezes parece à beira de explodir. E então parece uma pessoa bastante faladora e outras parece não se importar muito e então parece se importar. Por que você parece tão bagunçado?
— Do que você está falando?
— Agora…— Aiyden esperou — Você parece um pouco…amigável? Não. Talvez amigável não seja a palavra certa…Talvez hum… — Parou novamente e pareceu tentar formular uma nova linha de raciocínio. — Não sei realmente como explicar, então vamos apenas dizer que você está mais estranho do que o normal.
— Acho que você é que está estranho.
— Huh!!? Estranho? Como?
— Você está conversando comigo. Tipo realmente conversando — reiterou e o outro apenas ficou em silêncio. — Você não conversa comigo. Nós trocamos algumas poucas palavras, onde na maioria das vezes você mal me encara ou parece estar se dirigindo a mim, mas agora você está realmente conversando comigo. É porque só há nós os dois aqui ou a algo a mais?
Jase riu fracamente e passou a mão pelo pescoço.
— Trocar palavras não é o mesmo que conversar?
— Tem algo haver com o que o Arlo te falou hoje? No corredor, eu vi vocês conversando, antes de irmos à sala dos equipamentos.
— Nunca te disseram que é feio ouvir a conversa dos outros?
— Eu não ouvi muito realmente. Você está se esquivando, então eu devo estar certo mesmo. O que ele disse para você?
A mão de Jase foi para a cabeça, depois desceu para o pescoço, esfregou os olhos e por fim descansou a mão no chão quando já não soube o que fazer com ela. Seu peito subiu e desceu enquanto seus olhos procuravam onde olhar. Fixou os olhos no teto e ficou assim até que por fim resolveu encarar Aiyden que não parou de segui-lo com o olhar por nenhum instante.
— Você é chato. Você não pode mudar de personalidade novamente? Sabe…para o frio incompreendido?
— O que ele falou?
Aiyden não deveria insistir. Ele deveria parar por aí e apenas se concentrar em manter os olhos abertos antes que desligasse completamente, mas tratava-se de Arlo, o que significava que também poderia se tratar de Leonard.
— Era sobre mim?
— Você acha que é o centro do mundo ou algo assim? — cruzou os braços acima do peito e depois de muito encarar Aiyden olhou para o lado. — Leonard…— disse de repente. — Pediu para cuidar de você…ou algo assim. — Seus olhos estavam no chão, que não tinha nada de interessante para ver, entretanto também não parecia querer olhar para os olhos de Aiyden.
— Leonard — repetiu, em um tom muito suave. — O que…o que ele falou exatamente?
— Sei lá, eu esqueci. — Se encostou mais a parede. — Eu não ouvi muita coisa sabe…E sou de pensar nisso já fico com calafrios, aquelas mãos — falou enquanto movia os ombros como se quisesse espantar algo.
— Mãos? Que mãos?
Jase passou as mãos pelos cabelos, parecendo pensar.
— Bem…não haviam realmente mãos, eu só…Eu apenas tive uma sensação como se mãos ou alguma coisa me forçasse para baixo para…
— Para fazer você ajoelhar. Por que você ajoelhou tão repentinamente?
— Não faço a menor ideia, apenas senti como se alguém atrás de mim me empurrasse para baixo. Eu não ajoelhei propositalmente, eu só…
— Você foi forçado. — Os olhos de Aiyden começaram a ir de um lado para o outro e Jase que decidiu encará-lo, não gostou da expressão que começou a se formar no rosto do companheiro. — Ninguém…não havia ninguém a tua trás, ou seja ninguém te empurrou, então…tendo em conta que você estava falando com o Arlo….então e se os…
— Pare aí. Esqueça. Finja que nada aconteceu. — falou enquanto abanava uma das mãos em claro sinal de deixá para lá. — Vamos apenas dizer que eu perdi o equilíbrio. Sim eu me desequilibrei e…
— Será que ele pode mais do que falar com os mortos? — Perguntou e o outro fechou os olhos com força. — E se…você disse que eram mãos…então se você sentiu, isso quer dizer que os mortos te tocaram — concluiu e Jase arqueou o tronco como se sentisse calafrios.
— Eu disse para esquecer. Qual é o teu problema? Por que tinha de tornar isso mais assustador. E não diga que eu acho tudo assustador por que isso…
— Você tem razão — A cabeça de Jase tombou um pouco para o lado em confusão. — Isso é assustador. Esse…esse pirralho é ainda mais assustador do que eu pensava.
— Ei! Não precisa ir tão longe. Quer dizer, o poder dele é assustador…mas ele é só uma criança. Mesmo que ele às vezes pareça maduro, ainda é só um garotinho.
Aiyden o encarou, realmente sério.
— Você confia nele?
Jase passou a encará-lo na mesma intensidade.
— Você tem algum problema com ele? E…Leo…você realmente o conheceu? Vocês eram amigos?
A expressão de Aiyden suavizou. O soldado tentou se acomodar melhor e olhou para o teto.
— Leonard…foi meu primeiro amigo. — Encostou-se mais a parede.
— Amigos — Aiyden assentiu. — O que aconteceu com ele? Como…ele morreu?
— Não sei. — Os olhos de Aiyden ainda estavam no teto. — Eu havia irritado Russell então ela me mandou para cela da Grania por uma semana e quando regressei…Ian disse que Leonard havia morrido e Yoslin, se foi — Sorriu minimamente. — O que até hoje não sei exatamente se quer dizer que ela morreu ou sei lá.
— Quem é Yoslin? — Jase perguntou e Aiyden o encarou com um sorriso no rosto.
— A segunda amiga que eu fiz, depois de Leonard se tornar meu amigo.
— Co-como vocês se tornaram amigos?
— Honestamente não tenho muita certeza, apenas lembro que um dia, após ficar dois dias na ala médica, ele disse-me que me tinha como um amigo, e Yoslin também disse o mesmo.
— Isso é estranho — Jase olhava para sola de seu sapato. — Leo, odiava o monstro do grupo zero — seus olhos se encontraram, os de Aiyden eram calmos e brilhantes.
— Huh!! Ele realmente me odiava quando nos conhecemos. Ele olhava para o meu rosto e dizia: “Completamente nojento”. — falou e sorriu e involuntariamente Jase sorriu também. — Ele quase me matou. Em uma de nossas lutas, eu fiquei bastante ferido e tive de ir para a ala médica e depois disso…ele nunca mais falou coisas deste tipo, não virou meu amigo, mas também não parecia mais me odiar profundamente.
— Por que magoou você?
Aiyden negou.
— Humano. Ele disse que passou realmente a me enxergar como um ser humano e principalmente como uma criança. Leo disse que quando eu caí no chão após ele queimar minhas mãos, eu chorei como criança. Gritando desesperadamente por causa de minhas mãos que ardiam profundamente por conta do veneno dele. Naquele momento, Leo disse que pensou: “Ahh, ele é realmente humano. Ele está chorando como uma criança”.
Os olhos de Jase estavam nas mãos de Aiyden.
— É por isso que você usa luvas? — Aiyden negou.
— Bem, as feridas já cicatrizaram a muito tempo, mas…— Baixou os olhos para as mãos. — Ele…— Olhou ao seu redor. — Ele ainda pode estar por aqui — falou baixo, como se quisesse não ser ouvido.
— Ele…Leonard?
— Ele se sentiu mal pelo que havia feito com as minhas mãos durante a luta, após nos tornarmos amigos, após ele…me perguntar se eu havia matado todos aqueles que saíram do grupo zero…
— E você os matou?
— Não. Você acredita em mim?
Jase negou.
— Mas estou tentando. — Seus olhos se encontraram. — Acreditar em você. Acreditar em Chloe, no Arlo e em Leonard. Eu realmente odiaria resolver acreditar e estar enganado. Não quero me envolver com quem pode ter matado meus companheiros. Você tem alguma prova? — Jase perguntou.
Aiyden coçou o olho esquerdo tentando expulsar o sono que vinha insistentemente, tanto quanto a morte.
— Do que?
— De que você não os matou? De que você está realmente do nosso lado? Tem alguma coisa para além da recomendação de um morto?
— Bem…para além da minha palavra eu já não tenho mais nada. Para além do meu amigo morto, eu já não tenho ninguém que poderia dizer que eu não os matei. Mas também… — Olhou seriamente para Jase. — Não há realmente provas de que eu tenha matado alguém.
— Eh. Não há.
Silêncio. Os olhos de Aiyden fecharam e abriram. Um bocejo saiu de sua boca e outro saiu da de Jase.
— Como…você conheceu o Leonard? — Aiyden perguntou e Jase soltou um longo suspiro.
— Ele me salvou. — Jase sorriu. — Ele bateu em alguns valentões por mim.
Os olhos de Aiyden ficaram mais atentos.
— Ele era…— Pareceu pensar — Muito legal. Na escola chamavam ele de Anjo. Ele era incrível. Defendia os mais fracos e saia da porrada com todos os valentões.
Aiyden suspirou muito lentamente.
— Mas…Ele era também um completo idiota. — O sorriso de Aiyden morreu e confusão dançou em seus olhos. — Ele foi realmente legal quando apareceu após eu e meu amigo sermos espacados e então…quando ele abriu a boca eu descobri que ele era um grande idiota que só sabia chamar tudo de nojento e me olhava com uma expressão azeda, como se eu tivesse sujo ou cheirando mal.
— Então depois…vocês se tornaram amigos. — sugeriu.
— Huh! Mas ele continuou sendo um grande idiota, insuportável.
— Mas vocês não são amigos?
— Huh!! Mas isso não quer dizer que ele deixou de ser um idiota. Era meu amigo insuportável.
Silêncio e então:
— Acho melhor irmos – Aiyden se levantou e Jase fez o mesmo — Se continuar sentado acho que posso acabar dormindo.
— Você não dormiu ontem ou algo assim?
Caminhavam lado a lado.
— Usei poder demais. — Soltou outro bocejo — Se dormir eu já era.
— Você vai morrer?
— Não, mas posso não acordar por dias.
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