Emissários da Magia Brasileira

Autor(a): Gabriel Gonçalves


Volume 1

Capítulo 11: Reunião

Reunidos no bar, estavam os emissários juntos de Nádia e Bogna para escutar Castiel. Ele explicou sobre o ocorrido deixando de lado alguns detalhes como a sua transformação e as suas lembranças, colocando como justificativa para sua ida a floresta que ainda estava agitado por tudo que aconteceu na noite anterior.

Todos escutaram a explicação atentamente e assim que ele terminou Nádia foi a primeira a falar: 

— Então eles devem atacar durante a noite, não vamos ter nem ao menos tempo algum para nos recuperar de ontem.

— Não tem como ter certeza disso, Nádia, por favor tente não ficar agitada — disse Bogna tentando seu melhor para confortar a amiga que sentou em uma das cadeiras, nervosa por ser um alvo dos caçadores.

— Nádia, nós estamos aqui, vamos tentar o nosso melhor para impedir o pior! — disse Jinn colocando a mão sobre o ombro de Nádia e ela em resposta segurou sua mão.

“Um ataque durante o início da noite não deve acontecer, por conta de Castiel ter voltado para avisar, mas mesmo assim não podemos descartar essa opção. Mas segundo a informação que a senhora Kami deu, eles costumam agir durante a madrugada quando a maioria das pessoas está dormindo”, pensou Lia enquanto refletia sobre as informações dadas por Castiel. 

A grande dificuldade da elfa para desvendar o próximo passo do seu inimigo era por conta da pouca informação que possuía sobre o seu modo de agir. Todos no ambiente não tinham conhecimento aprofundado sobre o antigo templário e agora Caçador de elite Dimitri Poltergeist.

— Não há motivos para ficarmos nervosos, sabemos que eles vão atacar em breve e que já estão vigiando a cidade, mas agora que a polícia também está na fronteira iremos saber quando eles chegarem. A probabilidade de um ataque surpresa é baixa, as informações que os dois lados possuem estão equilibradas — disse Jasmim.

— E é bom lembrar que o governador está sendo interrogado, mesmo que eu tenha minhas desconfianças, podemos obter alguma informação útil — disse Luther.

— O governador vai ser interrogado? Por quem? — disse Jinn.

— Verdade, esquecemos de explicar o que foi conversado com a senhorita Kami — falou Lia.

Luther explicou para os demais tudo que foi conversado durante a reunião com Himiko. Durante a explicação de Luther, Nádia não deixou de reparar a desconfiança dele em relação a Blecor e a própria Himiko.

— … agora acredito que o melhor a se fazer é acelerar a interrogação do governador para conseguirmos alguma informação útil que nos leve a descobrir a localização dos caçadores — disse Luther completando sua explicação.

— Senhor Levisay, sei que tem seus motivos para desconfiar da Himiko… digo da senhorita Kami, porém eu peço que reconsidere! Ela tem os melhores interesses para esta cidade e acredito que ela vai cumprir com a palavra e compartilhar as informações que ela descobriu ao finalizar o interrogatório. Blecor trabalhou tempo o suficiente com a família Damariss e se tem alguém que pode tirar alguma informação deles é ele — disse Nádia.

Embora tivesse dito de forma firme, Nádia tomou cuidado para que Luther ficasse ofendido por ela estar defendendo Himiko. 

O emissário, ficou espantado já que não imaginava ver qualquer resquício de força nela logo após a morte de sua mãe, pelo menos não com Lauren tendo morrido na frente de Nádia. Além de que também acreditava que isso enfraqueceria sua lealdade a Himiko, mas esta se encontrava visivelmente intacta.

— Não se preocupe, eu considerarei o que você disse — falou Luther fazendo seu melhor para respeitar os sentimentos de Nádia, mesmo as suas dúvidas sobre Himiko permanecendo.

A elfa sorriu satisfeita com a resposta de Luther. Neste meio tempo, outra coisa chamava a atenção de Kira que se atentou ao fato de Castiel estar evitando contato visual desde que voltou da floresta, “Tem alguma coisa acontecendo, ele desde cedo estava estranho, mas como passou o início da manhã carregando corpos supus ser natural. Ele não sabe, mas eu e Jinn o encontramos pela forte energia mágica que ele estava emanando. Eu estou certa que ele está escondendo algo de nós, vou tentar ser paciente e esperar que ele fale. Só espero que não seja nada ruim”.

Jinn observava Castiel também se perguntando do que ele podia estar escondendo, já que ele emanou uma forte energia mágica e não mencionou nada sobre usar magia quando relatou o ocorrido na floresta.

Os demais emissários também estavam sob a impressão de que havia mais coisas acontecendo do que Castiel disse, Luther consciente deste fato foi até Castiel e disse:

— Obrigado por nos contar o que houve, Castiel. Na próxima vez que nos reunirmos para beber, as cervejas ficarão por minha conta! — falou Luther se divertindo com a reação animada de Castiel, mas Luther logo voltou ao semblante sério e foi em direção a porta do bar — Vamos nos separar, eu vou informar a senhorita Kami do que Castiel descobriu e vocês ajudam a vigiar as fronteiras da cidade. Só espero que a Sira não caia em uma emboscada, assim como nós caímos quando chegamos.

— Não se preocupe, já informei da situação mais cedo para ela, então ela vai se manter alerta — falou Jasmim.

— Pelos deuses eu espero que sim. De qualquer maneira, será uma longa noite para todos nós, vou avisar logo a senhorita Kami.

— Por favor, seja educado.

— Eu sempre sou.

“Se eu te conhecesse desde ontem, poderia até cair nessa”, pensou Jasmim.

Os demais, seguindo a sugestão de Luther se separaram para ajudar os policiais a proteger as fronteiras da cidade, Jinn foi o último a sair, pois novamente quis assegurar Nádia de que ele faria o melhor para proteger a cidade. 

Bogna olhando para a sua amiga que aparentava estar triste com a ida de Jinn, falou:

— Você gosta dele?

— Dele quem?! Do que você está falando Bogna?! Eu não gosto de ninguém!

Bogna riu com a reação de Nádia e pegou um pano para tirar a poeira das mesas.

— Não se faça de boba, ele não saiu do seu lado desde que vocês voltaram da floresta. 

— Ele só estava sendo gentil comigo, isso não significa que eu tenho que gostar dele — disse Nádia com expressão de indiferença

— Mas você gosta, não é?

Assim que as duas fizeram contato visual, Nádia ficou vermelha como um tomate, divertindo Bogna. Mas o sorriso de Bogna não durou muito tempo, havia uma pergunta mais importante que ela gostaria de fazer a sua amiga.

— Nádia, você acha que eles vão conseguir proteger a cidade? — falou Bogna.

— Sinceramente eu não tinha certeza mais cedo, mas eu acredito que eles vão! Afinal, nem a Himiko e nem as pessoas dessa cidade vão desistir sem lutar — falou Nádia.

— Minha mãe foi mais cedo com os demais representantes da cidade falar sobre a possibilidade de tentarmos fugir com algumas pessoas que não podem lutar, eu acho que não seria uma opção ruim se fugirmos daqui.

Nádia, percebendo que Bogna estava cabisbaixa e não estava mais movendo o braço para limpar a mesa, foi até ela e a abraçou.

— Não se preocupe, Bogna, você não tem magia, não precisa se preocupar com eles vindo atrás de você.

Bogna permaneceu em silêncio, apenas abraçando Nádia de volta.

— Não se preocupe, Bogna, somos melhores amigas, sempre vou estar aqui ao seu lado — falou Nádia.

— Isso não está certo, eu que deveria estar te consolando. 

— Nesse caso, posso te tranquilizar que esse abraço também está me ajudando. Nós vamos ficar bem amiga.

— Nádia?

— Oi?

— Você também é minha melhor amiga. Isso nunca vai mudar.

Nádia sorriu agradecida com as palavras de Bogna, porém teve um pressentimento ruim que ignorou logo em seguida e Bogna se manteve olhando para o nada enquanto abraçava sua amiga tentando afastar todos os pensamentos negativos que a cercavam. 

Todavia, o medo de Bogna continuava forte e não demonstrava nenhuma disposição para se retirar.

 

 

— Isso foi péssimo! Extremamente improdutivo! — falou Himiko assim que a sala principal da mansão ficou com apenas Margery.

— Não foi tão ruim assim… — falou Margery sem nem mesmo acreditar em suas próprias palavras.

Junto de sua assistente, Himiko passou a última hora conversando com alguns dos representantes da cidade, sendo estes nobres menores e os moradores que tinham voz ativa no que acontecia na cidade. A conversa fora exaustiva e a elfa precisou usar grande parte de sua energia para aguentar o debate até o seu encerramento, que foi de longe a parte favorita de Himiko.

— Outros nobres desta cidade não chegam perto da minha posição, seja em dinheiro ou influência e querem ser tratados como elite. Ainda bem que consegui convencê-los que era arriscado demais tentar retirar pessoas da cidade, não sei porque a Freirr apoiou os nobres nessa ideia absurda, aquela mulher é cheia de surpresas. Um plano estúpido desses teria sido desastroso — falou Himiko

— A alternativa que a senhora deu para eles era boa e sensata demais para recusarem. Muitas propriedades têm porão para que os que não podem lutar se esconderem em segurança. Covardes sempre vão escolher a opção mais fácil e se esconder enquanto outros lutam, é um cenário melhor do que ser morto enquanto tenta fugir pela floresta no meio da madruga — falou Margery.

— Espero que eles consigam organizar as pessoas para os locais que marquei para poderem se esconder sem nenhum tipo de eventualidade.

Mesmo com seu corpo pesado por conta da exaustiva reunião, Himiko se levantou para ir até o seu escritório para descansar. Embora o ideal fosse que ela se direcionasse ao quarto, nos momentos de crise ela se sentia confortável no escritório e costumava passar a maioria do tempo nele. Margery sabendo disso, não protestava mais contra e repetiu o mesmo procedimento padrão para aquela situação.

— Senhorita Kami, gostaria que eu lhe preparasse um chá? — falou Margery acompanhando Himiko.

— Não há necessidade, mas eu sei que você vai fazer de qualquer jeito, então obrigado!

— Fico feliz que pudemos chegar em um acordo tão rápido. 

Margery deu meia volta para ir até à cozinha preparar o chá e Himiko entrou no escritório. Entretanto, a elfa foi recebida por Luther que estava sentado na janela. 

— O que você está fazendo aqui? Poderia ter vindo pela porta da frente — disse Himiko tentando esconder o susto que levou.

— Desculpe, eu vim tratar de um assunto importante com você.

— Você? Luther, eu acredito que este não seja o melhor momento para isso. Eu tive um longo dia e quero descansar um pouco, poderia ser daqui à meia hora?

— Não, isso é importante. É sobre os caçadores!

Himiko que estava indo para a sua cadeira, parou no mesmo momento e sentiu a adrenalina expulsar o seu cansaço.

— Tudo bem, você tem a minha total atenção, Luther.



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