Fenrir Brasileira

Autor(a): Marcus Antônio S. S. Gomes

Revisão: Heaven


Volume 3

Capítulo 25: O lobo negro Ferus

A uma semana atrás.

A guilda de aventureiros de Harp, a segunda maior guilda de Lemur, perdendo apenas para a guilda da capital.

O diretor dessa guilda é Jhedar Panther, um famoso bestial do clã pantera, na sua juventude ajudou o país em questões administrativas, ganhou fama e poder rapidamente e acendeu a nobreza.

Jhedar sempre acreditou no poder do esforço próprio e se considera a prova de que sua crença é verdadeira.

Na sua fase adulta ele recebeu um ambicioso discípulo, Jhedar não odiava a ambição desse menino, ele pertencia ao clã dos cães negros, um pródigo aventureiro vindo de fora apesar de ser um bestial, o nome desse menino era Aurus Canis.

Jhedar ensinou tudo a esse garoto que aprendeu com louvor.

Um dia quando o garoto já atingiu uma idade adulta ele revelou seu sonho a Jhedar:

— Senhor Jhedar! Eu estive pensando, no país de Gaea existe um sistema de guildas para aventureiros!

Jhedar responde:

— Ahaha! Sim eu sei, pelo que me disse a muito tempo, você foi um aventureiro de lá não foi?

— Ahahaha! Sim eu fui!

Aurus continua:

— Eu tenho um objetivo! Quero torná-lo realidade a qualquer custo!

— Hunf! se for sobre me suceder como administrador real eu farei o possível, não aceitarei ofensas em relação a você com argumentos tolos em relação a “pureza de sangue” e coisas idiotas como estas, eu o vi esforçando-se ao limite todos os dias e ninguém vai diminuir seu valor por uma mera questão de clãs.

Aurus sorriu feliz para as palavras gentis de seu mestre, afinal o clã dos cães nunca foi bem visto em Lemur por possuir o que eles chamam de “sangue inferior”.

— Agradeço a confiança do mestre, contudo tenho um objetivo maior!

Curioso, Jhedar pergunta:

— E qual seria seu objetivo Aurus?

— Vou fundar uma guilda de aventureiros independente em Lemur, com ela faremos fama e elevaremos o nome do país, deixaremos de ser apenas coadjuvantes para o crescimento de aventureiros estrangeiros, eu quero que Lemur tenha seus próprios heróis, cuja seus nomes serão temidos e lembrados mesmo em terras longínquas.

Jhedar achou o sonho do garoto extremamente ambicioso e difícil de se concretizar, porém ele nunca iria admitir que alguém não pode realizar seus sonhos por meio de seu sangue e suor.

Jhedar riu alto:

— AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Aurus não pareceu satisfeito com as gargalhadas de seu mestre e declarou:

— Hunf! pode rir agora, eu vou conseguir! meu esforço e suor vão me levar ao topo! Pode apostar pantera velha!

Jhedar limpou as lágrimas de suas gargalhadas e expressou:

— E quem te ensinou que o caminho para o sonho é o esforço?

Aurus ficou sério.

— Escute Aurus! Eu não ri de seu sonho, eu apenas não esperava que você mirasse tão longe, para dizer a verdade fiquei muito orgulhoso de ser o mestre de alguém que tem sonho maravilhoso assim…. Vamos fazer dessa maneira! Eu vou fazer o possível para ajudá-lo! É o mínimo que posso fazer para um discípulo tão tolo!

Sorrindo Aurus brincou:

— Eu vou mesmo cobrar o favor que me prometeu mestre!

— Estarei esperando!

Jhedar se aposentou dos deveres de administrador real e se juntou a Aurus na jornada de criar a guilda de Lemur, foram décadas, mas o sonho se concretizou.

Jhedar nos dias atuais tem os seus sessenta e oito anos de idade, ele agora está responsável pela guilda de aventureiros de Harp.

Dia após dia, de maneira perfeita ele coordena as guildas junto a Aurus estabelecendo uma administração sólida e transparente, o modelo da guilda de Harp tornou-se modelo para muitas guildas do exterior com um histórico mais antigo.

Jhedar senta-se em seu escritório calmamente após lembrar do passado.

— Hunf! tenho ficado emotivo esses dias! Os efeitos da idade são mesmo difíceis de lidar.

Olhando calmamente por sua janela, Jhedar espera o tempo passar.

Um grande cristal no centro de sua mesa começou a piscar oscilando entre as cores vermelhas e azuis.

Jhedar tocou esse grande cristal e derramou sua mana sobre ele.

Uma imagem é mostrada na parte plana do cristal, foi um rosto familiar a ele.

Do cristal uma voz desdenhou de Jhedar:

— Boa tarde, pantera velha! Espero não ter interrompido seu cochilo!

— Hunf! Aurus! Como sempre atrevido! O que faz me contatando tão cedo?

A imagem de Aurus é bem legível, mas as cores não são boas, basicamente apenas as cores azul e vermelho que aparecem formando sua imagem no cristal.

— Bom! Primeiro quero saber como vai a saúde!

— Argh! Já mandei que parasse com seu exagero em relação a minha saúde menino, quem você acha que sou?

— Ahahaha! Desculpe senhor Jhedar, eu perguntei isso porque a notícia que tenho pode afetar sua saúde.

— HÁ! Acha que eu me abalo com qualquer coisa? Depois de cuidar daquela “menina problemática” tudo em minha vida ficou entediante!

— Esse é o problema velhote!

Jhedar se levantou de sua poltrona e mostrou preocupação no rosto.

— Aconteceu algo com Alba?

— Não! Não é isso!

A velha pantera sentou-se na poltrona tranquilizado.

Aurus brinca:

— Ahahahahaha! Você vive falando que a coelha branca é problemática, mas no final acaba se preocupando muito com ela não é? Bom! Ela também sempre foi apegada a você depois de tudo.

— Tsk! Cale a boca moleque de merda! Já está começando a me irritar, eu a criei depois de tudo! Claro que me preocupo!

— Então… não reclame da minha preocupação excessiva em relação a você, já que praticamente me criou também!

Sem ter palavras para argumentar Jhedar clicou a língua mal humorado.

— Tsk! Diga logo o que é esse tal problema que falou moleque!

Aurus fez um rosto sério para Jhedar e o informou:

— Você escutou sobre a subjugação do monstro que destruiu as rotas comercias?

— Sim! Eu li o relatório que escreveu, o monstro foi o resultado de uma mutação do javali deviante, ele se tornou então um monstro chamado, Demônio dos espinhos, foi subjugado e seu corpo recolhido pela guilda de aventureiros da capital.

— Exatamente! Mas mestre, no relatório eu não descrevi sobre quem venceu a criatura.

— Eu também reparei isso, conclui que foi um esforço em conjunto do exército e da guilda de aventureiros, assisti por esse cristal o corpo do monstro apresentado a corte real, aquela criatura não poderia ser subjugada por uma única pessoa, com exceção de Alba, mas ela está fora do país.

Aurus tapou metade da face com a mão preocupado, Jhedar que conhece bem o homem com quem fala, e nota sua mudança de atitude.

— Aurus! Me diga o que realmente aconteceu! Não é do seu feitio agir assim!

Aurus sorriu amargo e revelou a Jhedar:

— O monstro foi subjugado por uma única pessoa!

Jhedar se levanta gritando:

— O QUE? ALBA NÃO FOI FAZER A MISSÃO DESIGNADA? AQUELA PIRRALHA EU VOU…

Aurus chama por seu mestre:

— SENHOR JHEDAR!

Jhedar furioso focou-se no chamado de Aurus:

— Não foi a coelha branca!

— Hã?

Jhedar inclinou a cabeça sem entender o que Aurus disse.

— Não me diga… que foi um maldito estrangeiro!

— Eu não acho que seja o caso, já que ele com certeza é um bestial, apesar de ser um mestiço.

— Espere! Espere! … Aurus eu o interrompi sem necessidades, conte-me do começo por favor!

Aurus suspirou alto e sugeriu a Jhedar:

— Sente-se primeiro mestre! Por que a morte do monstro é apenas a menor parte da história.

A frase final de Aurus aplacou ainda mais a curiosidade de Jhedar, no entanto ele decide escutar sem interromper a explicação de seu discípulo.

— Senhor Jhedar! A guilda de aventureiros e o exército real planejavam um ataque em conjunto contra o monstro que quase entrou no terreno de Harp, para falar a verdade, se falhássemos não teríamos essa conversa hoje, pois Harp seria varrida.

— Sim! Eu imaginei essa possibilidade quando botei os olhos no corpo do monstro.

— Hun! No entanto quando chegamos no local designado, dois bestiais caçavam javalis deviantes…

— Hã? Eles não receberam o alerta geral?

— Não! Pois acampavam a dias!

Jhedar murmura:

— Tsk! Sempre existem brechas!

— Mas voltando ao assunto, o demônio dos espinhos se revelou para os dois, um deles é um gnoll, o outro é um lobo de pelagem negra e olhos amarelos dourados…

Jhedar coçou seu queixo e comentou:

— Han! Um astuto gnoll e um lobo de pelagem negra! De fato esse lobo só poderia ser um mestiço, afinal não existe nenhum relato de um clã de lobos negros.

— Como eu ia dizendo! Os dois confrontaram a criatura, para ser sincero eu os usei de isca…

— Tsk! Mas que droga Aurus! Sua atitude de descartar as pessoas só por que não são relevantes para você é um defeito que nunca suportei em sua personalidade! Por esse motivo Alba te odeia tanto!

Aurus sentiu o sermão de seu mestre corroer sua alma, contudo o que foi feito foi feito.

— Para resumir, o lobo mestiço venceu a criatura sozinho, foi uma luta extraordinária e horripilante, todavia eu não vi a possibilidade do monstro derrotar o mestiço.

— Ei Aurus! Essa história está fazendo os pelos dessa velha pantera arrepiarem, me diga qual foi a sensação que sentiu quando botou os olhos nesse mestiço?

Aurus pensou por um minuto, seus lábios pareciam não querer responder a pergunta de Jhedar, entretanto exprimiu sua opinião:

— Senti a mesma sensação de quando achei Alba na montanha da Tundra Infernal.

— Aurus esse tal lobo negro é um adulto?

— Não! Ele é apenas uma criança de quatorze anos.

Jhedar bateu a mão em sua face murmurando:

— Meu deus! Eu nunca pensei que viveria para ver dois tipos raros nascerem em Lemur na mesma geração.

Aurus riu secamente.

— Ahahahaha! Então já concluiu que o mestiço é um tipo raro?

— Hunf! para de sarcasmo menino! Você concluiu a mesma coisa quando o viu em ação não foi?

Aurus deu os ombros cinicamente.

— E então como você lidou com a situação?

— Sinceramente, eu pedi que me desse a criatura abatida!

Jhedar lança seu olhar para Aurus como se estivesse olhando para um palhaço de circo.

Coçando a cabeça Jhedar argumenta:

— Pare com sua mania de testar as pessoas, isso pode te matar!

— Ahahahaha! E quase matou sabe! O garoto é um perito em sentir presenças, então ele soube desde o início que estava ali o usando de isca, para falar a verdade eu quase me borrei!

— MUAHAHAHAHA! Bem feito! Uma experiência assim é indispensável para consertar seu caráter podre!

— Urgh! Me…. Mestre… você está pegando pesado sabe?

— Hunf! é claro que estou! Por ter pegado leve com você a vida toda, seu caráter permaneceu assim, meu erro me irrita!

— Guh! Co… continuando! Ele e Urs tiveram um desentendimento….

— Argh! Aquele urso inútil falou algo sobre “pureza” ou coisa do gênero, aposto eu.

— Ahahaha! Foi por ai! …. Como ia dizendo, o desentendimento fez o rapaz perder a cabeça, ele chamou todo mundo para briga e não mostrou sinal de preocupação em perder.

— Guh! Que moleque pretensioso! Quatro aventureiros do ranking titânio, mais o exército real? Que raios esse pirralho tem na cabeça?

— Ahahaha! Para falar a verdade mestre, se o enfrentássemos poderíamos ter muitas baixas, Barbatus apenas arranhou o monstro que ele derrotou no mano a mano.

Jhedar arregala seus olhos e pergunta espantado:

— Mano a mano? Ei! Ei! Não brinque moleque, quando você disse que o mestiço o derrotou eu pensei que a proeza foi feita por intermédio de magias ou coisa do tipo.

— Jhedar! Por isso que eu lhe disse, que tenho um problema para você, o rapaz supera Alba em certos aspectos!

Jhedar afiou o olhar para Aurus:

— Pirralho! Não brinque com isso!

— Não estou brincando! Para começar em força bruta o lobo negro já é superior a Alba, a habilidade energética dele conseguiu a proeza de ser mais intensa do que a dela, contudo não é isso que mais preocupa.

— Ainda tem mais? Me fale logo de uma vez menino! Meu coração não aguenta tanta ansiedade.

— Esse moleque evolui muito rápido!

— Hunf! é isso? Não seja tolo Aurus, Alba Lepus tem a habilidade única a atingir níveis altos mais rápido que qualquer um.

— Não falo de níveis mestre, eu falo coordenação, compreensão e evolução motora.

— Garoto! Não entendo esses termos, seja claro de uma vez!

— Quero dizer que o garoto adquire a compreensão técnica do adversário e instintivamente cria uma contra medida adaptando-se a situação e evoluindo, é como se ele fosse uma oficina que fabrica instantaneamente as ferramentas que precisa quando a situação pede.

— Ei! Ei! Eu não sou nenhum guerreiro como você, mas entendo bem que esse garoto tem algo de perigoso com ele, nunca escutei alguém em Lemur fazer uma comparação usando Alba como exemplo, ainda mais você que sempre se referiu a menina como uma aberração.

— Hunf! eu não acabei meu mestre! O garoto é ninguém menos que o assassino de Laruk Tigar!

Jhedar impactou-se ainda mais, palavras não saiam de sua boca, nem mesmo teve forças de formular uma sentença, todo o país encontra-se a um passo da guerra civil entre nobreza e realeza, mas algo causou um impasse nessa situação, isso foi justamente a morte de Laruk Tigar, figura importante e carismática para a facção anti realeza, ou seja a nobreza de Lemur, como sua morte não foi responsabilidade da família real, a nobreza propôs uma trégua.

O centro do turbilhão que pode desencadear a queda de um país inteiro gira em torno desse misterioso rapaz que apareceu do nada, um bestial lobo sem clã, com pelagem negra e olhos amarelos dourados.

Ainda atônito, Jhedar tentou recobrar a postura, a única pergunta que podia fazer foi:

— Qual é o nome desse rapaz?

Aurus respondeu:

— O lobo negro chama-se Ferus.

No final Jhedar aconselhou Aurus a relatar todas as filiais sobre a situação desse misterioso mestiço, Aurus foi contra propondo segredo, Jhedar contudo convenceu o cão negro argumentando sobre Predatory provavelmente já conhecer a identidade Ferus, a prioridade agora é a proteção da guilda de aventureiros e do próprio reino de Lemur.

Lidar com Ferus de forma errônea pode levar a ruína o país de Lemur.

 


 

Presente:

Jhedar acabou de conhecer o “famoso” bestial que matou Laruk, Ferus e Hiekf acabam de sair do escritório após receberem os certificados de aventureiros, a impressão de Jhedar sobre o rapaz não foi tão áspera quanto a de Aurus.

Contudo o garoto é ingênuo e muito confiante, seus hábitos mostram um garoto de pouca paciência e muito empolgado, o gnoll que o acompanha não o controla como Jhedar imaginava, na verdade ele viu ali uma relação íntima e familiar.

Duas pessoas adentram o escritório de Jhedar interrompendo seus pensamentos, um deles foi um anão, amigo de longa data de Jhedar, esse homem é o melhor ferreiro de Lemur, o outro é um bestial que pertence ao clã lobo branco, assim como os bestiais caninos em geral, ele não tem traços fortes da sua parte animal, apenas as orelhas de lobo e uma longa cauda o diferenciam de um humano comum.

O anão deu um passo à frente e conversou:

— Então velho amigo! Recebo um recado de que precisava de mim, aqui estou eu! O que quer desse anão velho?

O bestial lobo branco também deu sua deixa:

— Seja breve Jhedar! Tenho muito em minhas mãos com as confusões acontecendo a esmos em Bérius.

Jhedar Levanta-se de sua poltrona.

— Muito obrigado por atenderem meu chamado amigos, agora eu enfrento uma situação delicada, gostaria da opinião de vocês sobre um determinado assunto.

O anão se surpreende com o pedido de Jhedar.

— Situação delicada! Qualquer problema pode contar comigo velho amigo!

O lobo branco completa a fala do anão:

— Embora a milícia esteja em uma situação complicada na capital, não posso deixar de estender a mão à você Jhedar, o único que ajudou a meu clã.

— Agradeço sua boa vontade e desculpem-me mesmo! Porém o que vou revelar é muito impactante, sugiro que sentem-se…

Jhedar explica rapidamente a situação aos dois, sem acreditar que a poucos instantes deram de cara com o bestial mestiço que matou Laruk, os dois ficam desnorteados.

O lobo branco pergunta nervoso a Jhedar:

— Não me diga que aquele mestiço de pelagem negra e o gnoll que saíram daqui a poucos minutos! são esses a quem se refere?

Jhedar balançou a cabeça positivamente.

— Droga!

O lobo branco se levantou e correu ao encalço dos dois.

Jhedar grita:

— ESPERE RORMAND! NÃO FAÇA NADA PRECIPITADO! …. DROGA!

Jhedar pede ao anão:

— Bartor! Me ajude a detê-lo!

— Vamos!

Os dois correm atrás de Rormand, mas o avistam logo a frente parado como se assistisse a alguma coisa.

Ao alcançá-lo Jhedar abriu a boca para pragueja-lo, mas voltou sua atenção a um evento ocorrendo na recepção da guilda.

Doze bestiais cercavam Ferus e o Gnoll chamado Hiekf, todos eles têm estampados em seus corpos a marca da Predatory.

Jhedar murmura em fúria:

— Tsk! Os deuses usam o dia de hoje para descontar suas insatisfações em mim? Mas que droga!

Jhedar caminha até a recepção, mas Bartor o impede com uma das mãos em seu ombro.

— Ei Bartor! Que ideia é essa?

— Escute Jhedar! Eu sei bem porque Rormand foi atrás do lobinho ali! Ele quer calcular a capacidade de alguém forte o suficiente para vencer Laruk, para falar a verdade esse acontecimento pode vir a calhar!

— O que quer dizer Bartor?

— Estou dizendo meu amigo que deixe rolar! … Comigo e Rormand aqui, poderemos lhe passar um parâmetro sobre a força do garoto vendo-o em ação, já que daqui notei uma forte habilidade de ocultação de status nele.

Insatisfeito, Jhedar cedeu as opiniões de Bartor, já que diferente dele, o anão é um famoso guerreiro.

— Tsk!

Rormand não descolou os olhos de Ferus por nenhum momento.

O impasse na briga entre Ferus e os doze membros da predatory acabou e quatro capangas avançam sobre Ferus ao mesmo tempo.

Bartor comenta:

— Vamos averiguar como ele se sai com múltiplos adversários.

Ferus revelou suas correntes ocultados em suas vestes, um brilho intenso e metálico revelou a Gleipnir, Bartor ficou sem palavras quando colocou os olhos nas correntes.

— Não… Não pode ser! Essas correntes? Como diabos esse moleque conseguiu uma arma dessas?

Jhedar e Rormand voltaram suas atenções a Bartor que completou:

— Um legado?

Rormand interrompe:

— Não brinque Bartor! Está dizendo que aquela corrente é uma obra de Astúrio Gregor?

— Eu não tenho dúvidas! Todos os anões compreendem as obras do pai de nossa nação! Contudo é uma obra não catalogada!

Rormand sorrir:

— Huhuhuhu! Entendo! Então o “famoso” mestiço não passa de uma farsa com uma ótima arma!

Ele voltou sua atenção para Ferus.

O lobo negro manifestou uma estranha energia em suas correntes, a forma do armamento mudou.

Rormand gritou para Bartor:

—BARTOR! Sabe bem que nenhuma arma de Astúrio Gregor pode ser modificada! Que tipo de anão é você?

Rormand notou o rosto pálido de Bartor, o anão pareceu ver uma assombração ou algo incredível, o suor frio pingou da face de Bartor.

Rormand não perguntou mais e prestou atenção na luta do famoso mestiço.

Em menos de um segundo os quatro bestiais que o atacaram foram arremessados para todas as direções, o teto foi alvejado pelo corpo de um.

Foi tão rápido que Rormand ficou boquiaberto, a maioria dos capangas fugiu de medo do lobo negro, apenas dois bestiais rinocerontes permaneceram ali.

Com uma briga interna sobra apenas um dos rinocerontes, que atacou habilmente o mestiço chamado Ferus.

O jovem lobo mais uma vez surpreendeu com sua velocidade sem lógica, o bestial rinoceronte teve sua arma cortada ao meio e sua armadura também e caiu inconsciente no chão.

Foi tão surreal que Rormand pensou estar em um sonho, a descrição de Jhedar não se compara com a realidade que os olhos mostram, foi como um tapa de luva no rosto de Rormand, que pensou estar em maus lençóis caso ele fosse aquele a provocar Ferus.

Jhedar no entanto pareceu familiarizado com a situação sem lógica ali, ele murmura para si mesmo:

— Ah! Isso me lembra Alba mais jovem!

Bartor tremendo Expressa irritado:

— Não leve uma cena tão horripilante de forma leviana pantera velha!

Jhedar deu os braços e respondeu:

— Bom! Eu estou acostumado a isso afinal! Não foi fácil educar aquela menina, sabia?

Bartor deu sua opinião:

— Ele matou o rinoceronte sem hesitar!

Jhedar discorda:

— Ah! Não… eu acho que não! Se fosse Alba teria espirrado sangue para todo lado, contudo não vi isso ali!

Rormand expressa com olhos arregalados:

— Ei! Ei! Você abre a boca e dizendo não ser nenhum guerreiro, mas que porra de nervos você tem pantera velha?

Jhedar suspirou cansado e deu a ordem depois de Ferus e Hiekf deixarem a Guilda:

— EI BANDO DE EMPREGADOS INÚTEIS! LIMPEM ESSA BAGUNÇA, TRATEM DOS FERIDOS E ME TRAGAM O RINOCERONTE, QUERO INTERROGA-LO!

— SIM! (Coletivo)

Todos os empregados da guilda se movem para realizar as tarefas ordenadas por seu chefe.

Minutos depois Bartor analisou a marreta e armadura do rinoceronte cortadas por Ferus.

Depois de um minucioso estudo ele declara:

— Mas que merda é esse pirralho!

Bartor esfrega a cabeça com as duas mãos como se fosse a loucura.

Jhedar briga:

— Acalme-se homem! Que diabos aconteceu?

— Tsk! Esse pirralho maldito, olhe isso!

Bartor pegou as partes cortadas da marreta e as uniu perfeitamente.

Jhedar pergunta:

— E o que tem de mais? É como um Quebra cabeças não?

— Affs! Escute Jhedar, para um amador pode parecer que o rapaz cortou a marreta do rinoceronte, mas não foi um corte comum… eu nem sei se posso chamar isso de “corte” …

— Bartor, eu sou um amador como disse, então explique de forma que eu entenda!

— Aaaaaaaaaah! Escute! Eu uni as partes da marreta perfeitamente não foi?

— Sim! Foi isso!

— O impressionante e que depois de avaliar diversas vezes o “corte” eu não encontrei nenhum!

— Hãããããã?

— O pirralho “cortou”, ou melhor dizendo, separou a parte de cima com a de baixo, por mais que as duas se encaixem, não existe prova física que as duas partes foram uma, foi como se a parte de cima e a de baixo dessa marreta nunca tivessem unidas antes, eu diria que ele de alguma forma desvinculou as partes dessa marreta…

Bartor esmurrou a mesa e murmurou:

— Droga! Que habilidade terrível! Estou com inveja! AAAAAAAAH QUE INVEJA!

— ACALME-SE BARTOR! POR QUE RAIOS DESEJA TANTO UMA HABILIDADE ASSIM?

Bartor esfregando sua cabeça relata com desgosto:

— Arf! Não é só eu velho amigo! Qualquer ferreiro quer essa habilidade! Um corte perfeito sem falhas que não danifica as estruturas…. É assustador, mas acho que não existe metal ou coisa nenhuma que esse pirralho dos infernos não possa cortar! Rormand pensou que eu me enganei quanto as correntes dele, todavia isso é impossível.

Rindo ironicamente Bartor Revelou:

— Droga! Não é que as armas de Astúrio não podem ser modificadas ou quebradas, foi simples, até o momento não existia ninguém com essa capacidade! Ahahahahaha! Quem diria o tabu foi quebrado não por um anão, mas por uma raça que não tem tradição na forja! É irônico e injusto!

Rormand chegou a sala relatando:

— O bestial rinoceronte está vivo! Mesmo que o corte da armadura tenha passado de um lado para outro, seu corpo não foi afetado, nem interna e nem externamente, apenas levou uma espécie de choque energético e desmaiou!

Jhedar sorriu com a notícia, sua intuição dizia que o jovem não era alguém malicioso, agora a confirmação surgiu.

Rormand com uma expressão cheia de ódio abriu seus lábios e antes de dizer qualquer coisa Jhedar o interrompeu:

— Não farei isso!

Jhedar encarou Rormand com desprezo, apenas o olhar dele foi o suficiente para Jhedar lê-lo.

A pantera idosa volta sua atenção para Rormand e declara:

— Não vou escutar nenhuma opinião nojenta que envolva o assassinato de uma criança! Não fiz isso mesmo perdendo minha posição na nobreza! Então se for abrir a boca e falar sobre matar o garoto com a desculpa dele ser uma “ameaça futura”, saia da minha frente!

Rormand cheio de ódio virou as costas para Jhedar e saiu dali!

Bartor comentou:

— Não devia pegar tão pesado velho amigo! Rormand é jovem!

— Mesmo assim não aceito um pensamento tão repulsivo assim, faz minhas entranhas revirarem! Tsk!

Jhedar tem um leve vislumbre do passado, onde ele caminhava sem rumo com uma pequena menina, os pântanos mais lamacentos, as periferias mais sujas, em meio a toda dificuldade ele nunca deixou a pequena sozinha.

Muitos ordenavam:

— Mate a menina!

— Mate esse monstro!

— Essa aberração deve morrer!

Mas Jhedar não escutaria nenhum murmúrio podre como esse, a pequena menina de pele clara e pelagem branca como a neve naquela época fatídica, sempre encarou Jhedar com seus olhos vermelhos, mesmo que ela sempre fosse fria e inexpressiva, Jhedar sorriria para pequena coelha.

Muitos anos se passaram até ele finalmente arrancar um sorriso dela, uma jornada tortuosa e cheia de espinhos, que Jhedar não trocaria por nada, pois no final encontrou aquilo que infelizmente o destino não lhe deu, uma amada filha.

Jhedar viu seu passado em Ferus e Hiekf, a mesma cena dele e Alba andando juntos sem rumo, foi sobreposta com Ferus e Hiekf indo em frente.

Um sorriso quase imperceptível se formou na face da pantera que decidiu confiar no destino, mesmo que a aposta seja delicada.



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