Fenrir Brasileira

Autor(a): Marcus Antônio S. S. Gomes

Revisão: Heaven


Volume 5

Capítulo 57: Jornada de Hiekf (2)

Fazem cinco dias que minha viagem junto aos três aventureiros da liga adamantium e Alba Lepus segue sem interrupções.

Felizmente os ânimos retomaram as conversas, encontramos uma forma de conter o tédio contando as estórias do passado, eu, no entanto, divertia essas pessoas falando das façanhas absurdas de Ferus.

— Ei! Ei! Isso é mesmo verdade? O moleque matou um javali deviante com um único chute? — Cyous intrigado com uma face duvidosa.

— Você pode até duvidar, mas é a pura verdade! Fiquei chocado quando vi uma criatura daquele tamanho cair com um “one hit kill” — Afirmei minha história sobre Ferus.

Todos ali parecem abismados com as façanhas do garoto, ainda que eu fale demais, isso não seria menos que o dossiê que Aurus preparou sobre Ferus, francamente o cão negro ¹ é uma pessoa oportunista e desagradável, posso entender o porquê Ferus e Alba o odeiam tanto.

A coelha branca fala com fascínio:

— Você deve ter tido muito trabalho cuidando dele! Já que seus feitos são absurdos.

— Sim! Até hoje tenho! Mas seu pai não fica atrás, não é? Ele me contou uma história de que você uma vez puxou uma briga com uma tribo inteira de bestiais rinocerontes e…..

— PARE! POR FAVOR PARE, NÃO QUERO QUE NINGUÉM AQUI ESCUTE MEU PASSADO NEGRO! — Alba pede em desespero.

Cyous pareceu interessado no assunto:

— Oho! Isso me deixou curioso Hiekf, o que aconteceu em seguida? Me conte essa história por favor!

— Também quero escutar! Se essa garota arrogante teve um passado negro, quero saber tudinho! — Donovan a provoca.

— NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!

A pobre garota grita com os olhos pedindo por misericórdia.

Acho que fui longe demais provocando uma adolescente, nesse momento cesso meus ataques a pobrezinha e tento mudar o assunto:

— Quanto tempo até chegarmos a Bérius?

— Hmm? Pelos meus cálculos…. Uns dois dias! — Sendor respondeu pensativo.

E assim continuamos as conversas cotidianas, no entanto mal sabia eu, que aquilo era apenas a calmaria antes da tempestade.

Enquanto riamos falando de coisas que nos traziam memórias, um grande estrondo aconteceu e agitou a carruagem.

O choque veio do lado de fora e foi poderosos o suficiente para nos fazer voar dentro dela e nos chocarmos entre o perímetro da carruagem e mesmo uns nos outros.

Nossos gritos de surpresa e susto fez barulhento o ambiente limitado que estávamos.

A carruagem balançou uma infinidade de vezes, as causas provavelmente são o choque entre o veículo e o chão, pensei na hora que capotamos de alguma forma, contudo parece que estava além de meu palpite.

 


 

Hiekf não fazia ideia de que estava sendo seguido desde que saiu da cidade de Harp, nem mesmo os experientes aventureiros que o acompanhavam sabiam disso.

Um bestial, que esperou dias por esse momento, observava de longe com uma espécie de binóculo mágico.

Oitenta por cento do território de Lemur é constituído de florestas densas, em respeito à deusa padroeira da nação, os bestiais não agridem muito a fauna, como recompensa a deusa da natureza Ithina, protege suas moradas e estradas de animais selvagens.

O bestial retira os binóculos da face e exprime um sorriso.

Esse bestial em questão é um ser de constituição delgada, mas isso não significa não possuía uma musculatura tonificada, no lugar de uma face humana o rosto de uma pantera estava lá, com uma pelagem tão negra quanto a noite, esse ser que vestia uma armadura completa de couro batido, tem como armamento diversas facas em volta de seu corpo.

Uma jovem bestial onças se aproximou dele e perguntou agachando-se em reverência:

— Mestre Aufis, assim como mencionou o alvo se aproxima dessa estrada!

— Sim! Eu sei disso!…. Me responda, a bomba foi armada com sucesso?

— Sim mestre! falta cerca de seis minutos para que a carruagem espalhafatosa entre na área de perigo!

— Ótimo! Reúna os outros dois e parta para encurrala-los!

A jovem bestial mostra uma face perturbada, Aufis já tinha um palpite do motivo:

— Não tenha medo! Os aventureiros da liga adamantium não podem intervir conosco, isso seria como declarar guerra contra a nobreza, dito isso, a realeza está em cheque! Apenas façam sua parte!

Com um arco gracioso a bestial do clã das onças desapareceu dali com velocidade.

Aufis, mais uma vez colocou o binóculo no rosto e sorriu.

— Hunf! Então o tal gnoll que Jù Yuán mencionou está ali? — Murmura Aufis enquanto assistia a carruagem se aproximar pelo binóculo mágico.

— Já está na hora! — Aufis saltou para a direção da carruagem enquanto falava sozinho.

Dentro da carruagem:

— Ei! Vocês estão bem? — Perguntou Hiekf enquanto se levantava da com dificuldades.

— Urgh! Felizmente o espaço é grande aqui dentro, caso contrário nós chocaríamos ainda mais uns contra os outros — Comentou Cyous enquanto massageava a cabeça.

— Vou conjurar uma cura em todos — Avisou, Sendor Yami.

— Argh! Nesse caso conjure rápido! Acho que quebrei alguma coisa! — Reclamou Donovan.

— Is… isso não foi um acidente! — Apontou Alba.

Hiekf abriu a porta da carruagem para averiguar o lado de fora.

— ESPERE HIEKF! ISSO É… — Donovan tentou avisar.

Hiekf saiu antes do final da sentença e pisa em um ciclo de magia escrito no chão, um brilho ofusca a visão de Hiekf, o Gnoll lamenta a falta de cuidado:

— Dro… Droga!

Com um brilho fugaz, Hiekf desapareceu dali.

 


 

Em meio a uma das inúmeras partes da vasta floresta de Lemur, há uma caverna, ela está ali a milhares de anos, como a maior parte dessas cavernas foram moradas dos descendentes dos bestiais, elas são respeitadas como locais sagrados, contudo há bestiais que não se importam com detalhes do passado.

Nessa mesma caverna um ciclo mágico havia sido desenhado de antemão em seu teto, um brilho surgiu desse ciclo mágico e ali um gnoll apareceu instantaneamente.

O gnoll viu seu contato eminente com o solo soltou um grito com o susto:

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! Mas que diabos!…..

Hiekf deu de cara com uma poça d’agua no chão da caverna, graças ao solo fofo ele não sofreu ferimentos no corpo, mas ao se levantar todo molhado ele sentiu sua dignidade o deixar.

O gnoll se tornou extremamente irritado com a peça pregada nele. Respirando fundo Hiekf retoma a calma e analisa seus arredores, observando o mesmo símbolo que o trouxe aqui gravado no teto da caverna ele chega a uma conclusão:

— Tsk! Um ciclo de teleporte! A armadilha foi feita de antemão, provavelmente o alvo era eu mesmo!

— Você está absolutamente certo! Hiekf Gnoll — Falou uma voz feminina.

Hiekf se vira calmamente para confrontar a dona da voz, o gnoll viu então três bestiais juntos, a garota é uma bestial do clã das onças, os outros dois são do clã dos leões.

Hiekf fez pouco caso suspirando farto e ignora o chamado tentando se secar.

— Ei! Está fazendo pouco de nós? — Perguntou um dos bestiais leões.

Hiekf deu os braços e respondeu com descaso:

— Bem! Bem! Parece que é meu destino lhe dar com crianças problemáticas, então só estou demonstrando minha insatisfação com a situação irritante!

Os três jovens bestiais ficam absolutamente irritados por terem sido tratados como crianças problemáticas.

— Crianças problemáticas? É assim que nos vê, gnoll? — Perguntou cheio de raiva o bestial leão que está mais à frente apertando seu punho cheio de ira.

Hiekf faz pouco caso batendo sua mão sobre as roupas molhadas, tentando ao máximo retirar a sujeira deixada pela poça d’agua.

O jovem leão tem uma veia saltando em sua testa:

— Mal…. maldito!

— Não fique tão irritadinho rapaz! É muito jovem para se amargura em fúria — Avisou Hiekf.

A única fêmea entre eles tem uma atitude mais polida, ela não se deixou levar pela provocação de Hiekf, em vez disso ela sorriu e deu um passo à frente.

“Entendo! Ela lidera os outros dois” — Pensou Hiekf

Embora parecesse que Hiekf estava apenas irritando os três, não foi bem isso, Hiekf queria analisar a reação dos três para que pudesse elaborar contramedidas, o leão mais à frente é facilmente ofendido, o outros não parece diferente, a bestial onça, se manteve calma e polida, com essas informações adquiridas, Hiekf começa a montar seu plano.

— Então você é o Gnoll que acompanha o lobo negro Ferus! — Pergunta a bestial onça.

Hiekf coçou a cabeça.

— “Lobo negro?” Oh! É mesmo! É assim que estão chamando Ferus agora?….. Francamente! O menino ganha fama a cada dia — Hiekf conversa como se falasse com ele mesmo.

— Tsk! Chega de papo! Esse gnoll inferior me irrita! Vamos acabar com ele como o mestre Aufis pediu! — Reclamou um dos leões.

— Ohohohoho! Então é mesmo Aufis Panther, o autor dessa bufonaria! — Desdenhou Hiekf.

A bestial onça lançou um olhar cheio de raiva para o jovem leão que falou demais, o jovem deu um passo para trás ao notar a fúria da garota a sua frente.

A garota suspira e declara com um tom autoritário:

— Entregue-se! Vamos evitar derramamento de sangue desnecessário!

— Hmm! Uma oferta tentadora, infelizmente vou ter que recusar embora seja grato pela cordialidade — Hiekf fala com um tom irônico.

Os dois que acompanhavam a jovem bestial ficaram absurdamente irritados com as provocações de Hiekf, veias azuis foram vistas em seus rostos.

— Gnoll maldito! Um inferior como você…. tirando sarro de nós que estamos um patamar a frente? — Esbraveja um dos leões.

Hiekf mais uma vez suspirou farto de tudo, dando os ombros ele fez um comentário:

— Inferior isso! Inferior aquilo! Francamente, vocês da Predatory não têm um vocabulário muito vasto, não é?…. Nesse caso vou responder dessa forma: Se são tão superiores, então porque estão levando uma surra de um mestiço de quatorze anos?

Mesmo a jovem onça se irrita com a provocação de Hiekf.

“Jovens são muito impacientes, cair em uma provocação tão barata da minha parte, affs! Eles têm muito o que aprender!”
 — Pondera Hiekf.

— Chega de conversa Tânia, vamos esfolar esse gnoll vivo! — Falou um dos leões.

Hiekf faz uma nota mental:

“Ho! Então o nome da fêmea é Tânia, hein?”

— Tsk! Vou concordar com você agora! Vamos acabar com esse velho falador! — Respondeu Tânia.

Hiekf termina de avaliar seus arredores e chega a uma conclusão:

“Lutar dentro dessa caverna será desvantajoso para mim, primeiro vou levar essa luta para fora daqui, segundo vou derrotá-los um a um”

Os três bestiais tomam poses de luta, embora nenhum carregasse uma arma consigo Hiekf teve um mal pressentimento.

— Antes de começarmos, posso perguntar uma coisa? — Hiekf fala.

— Hunf! Vou lhe permitir isso, já que será sua última vontade — Respondeu a garota bestial.

— Vocês três são habitantes de Ryo Shun?

— Ahahaha! Você é afiado gnoll! Apesar de estarmos vestidos como bandidos bárbaros você percebeu isso?

— Suas posições de combate desarmado entregaram o jogo!…. Aaaah! O rei macaco levou para o lado pessoal?

— Hunf! Não nos confunda gnoll repulsivo! Nada temos a ver com Jù yuán, nosso mestre, o fato de termos a educação nos estilos de combate de Ryo shun é uma mera coincidência! — Respondei Tânia com um olhar Feroz.

Hiekf, mostrou um sorriso desdenhoso e falou:

— Coincidência? Acho que os três não tiveram uma vida fácil né? Levando em consideração que todos vocês são mestiços!

Tânia arregalou os olhos com surpresa diante das palavras afiadas de Hiekf.

O Gnoll continua:

— Embora não sejam tão notáveis, consigo ver as diferenças em vocês, suas pelagens tem uma coloração bem atípica para o clã dos leões, acho que tem genes do clã tigar em vocês três!

Tânia ficou irada com a provocação de Hiekf.

— MALDITO COMO OUSA?

— O’Que? Quer que eu anote? — Hiekf desdenha mais que o normal.

Tânia retoma a calma e diz aos seus companheiros:

— Norne e Utus, vamos atacá-lo juntos, segundo informantes, esse gnoll venceu Dá Ching, subestimar não é opção, pois devemos ao nosso mestre resultado!

— Sim! — os dois jovens leões respondem simultaneamente as palavras de Tânia.

Hiekf retira de suas costas a lança que sempre carrega consigo, foi a lança que Ferus modificou com sua magia de moldagem, para dizer a verdade ele nunca encontrou uma melhor que essa.

Os três já em posição de ataque se dispersão em direções diferentes, a fim de atacar as aberturas de Hiekf.

— Dividir e conquistar, hein? — Murmura Hiekf com um sorriso.

Tânia pulou e pegou impulso com os pés no teto, assim desferiu um salto na direção de Hiekf, Norne ataca pela direita e Utus pela esquerda, mas Hiekf não é ingênuo.

Tânia foi a mais rápida então Hiekf deu um passo para trás para sair da zona de perigo, a garota bestial erra seu golpe, mas continua a investida contra o gnoll.

Hiekf com um sorriso zombeteiro apontava seu indicador para baixo, como se quisesse que Tânia olha-se para lá.

Tânia olha para baixo e viu um ciclo de magia desenhado no chão.

— NORNE! UTUS! NÃO VENHAM — Gritou a jovem, mas era tarde.

Norne e Utus chegaram na área onde o ciclo está e um brilho se manifestou, uma explosão de pequena escala aconteceu ali e os três se feriram levemente, isso foi o suficiente para o astuto gnoll se mandar dali.

Tânia segura seu braço ferido com dor e resmunga cheia de pesar:

— Ele… Ele ganhou tempo com sua conversa mole e desenhou esse ciclo com os pés, esse cara não é normal!

— Tânia! O que faremos? — Pergunta Utus.

— Vamos pegá-lo, já disse que falhar não é opção!

— Sim! — simultâneo.

Os três vão em direção a saída da caverna que é a única entrada que existia nela, Hiekf só poderia sair por lá.

Com uma mobilidade fora do normal os três saltam sobre as árvores, logo à frente avistam Hiekf fazendo o mesmo.

Hiekf que notou que está sendo perseguido clicou a língua:

— Tsk! Não sou bom em fugas de velocidade, esses três são treinados nas artes marciais ocultas de Ryo Shun, fui ingênuo achando que podia fugir assim.

Hiekf entendeu que fugir era perda de tempo, então tentou ir para um lugar onde a vantagem de terreno lhe favorecesse, foi quando avistou um solo plano com poucas árvores, assim ele desceu até lá.

Os três que estão em seu encalço também chegam a essa parte rapidamente.

Com a lança em seus ombros Hiekf ameaça:

— É meu último aviso! Desistam! Não sinto prazer em maltratar crianças!

Os três mais uma vez se irritam com as palavras de Hiekf, Tânia propõe:

— Vamos atacá-lo juntos! Dessa vez não houve tempo para ele fazer seus truques!

Os três concentram as energias em suas mãos, tornando-as imbuídas de poder, essa é uma forma inferior ao Fluxo², mas tem a mesma finalidade.

Tigers

Sentindo o perigo eminente Hiekf começa um cântico enquanto coloca as mãos no chão:

“Ô detentora da fauna vasta, ô detentora da flora intensa, humildemente peço seu auxílio, seu nome é Terra!”

— ATAQUEM ANTES QUE ELE CONJURE A MAGIA! — Gritou Tânia.

Utus e Norne Foram em encontro ao gnoll, mas já era tarde:

— {Parede de pedra}

Uma coluna retangular se ergueu do chão cobrindo a visão que os três tinham de Hiekf.

Utus e Norne não cessaram sua investida, cada um tomou uma rota diferente entre a direita e a esquerda visando flanquear Hiekf depois da parede.

— Esperem! — Tânia que se ligou em algo tenta avisar, contudo os dois já tinham se ido.

Ao chegar ao outro lado da parede, Utus e Norne dão de cara um com o outro, mas Hiekf não estava lá, em vez disso um ciclo maior que o anterior está gravado no chão.

Os dois pisam simultaneamente no ciclo, o brilho da outra vez se repetiu mais forte.

— Dro… Droga — Norne.

— Urgh — Urtus.

— BROOOOOOOOOOOOOOOOOM!

Uma explosão forte fez os dois voarem longe, Utus se choca contra uma árvore e perde a consciência, Norne saiu quicando sobre o chão e parou muito ferido próximo a Tânia.

A parede de pedra foi explodida junto com o ciclo.

Hiekf saiu escondido detrás de uma árvore e exprimiu enquanto esfregava a cabeça com tédio:

— {Armadilha explosiva}! Um pequeno truque que meu amigo, Sendor yami me ensinou, um ciclo explosivo que se ativa quando uma mana diferente da sua entra em seu perímetro! Mas mudando de assunto, vocês são mesmo crianças por caírem duas vezes no mesmo truque!

Norne, tenta levantar seu corpo ferido e retruca cheio de dor:

— Mal…. maldito!

— Chega Norne! Descanse, eu vou cuidar disso!

— Ir… irmã Tânia! Eu…. Sinto muito!

— Eu já disse! Poupe fôlego!

— Urgh! — Sem ter opção, Norne se deita no chão.

Hiekf tem um olhar afiado sobre a garota bestial, ele notou um sentimento de irmandade entre os três, embora não teve escolha, o gnoll não se sentiu bem em machucar os dois.

— Menina! Pegue os dois e vá embora! Não tenho prazer em lutar contra crianças como disse antes.

Tânia sorriu amargamente e expressou:

— A essa altura, falhar é o mesmo que a morte, por isso vou vencê-lo de qualquer maneira.

Com essas palavras Hiekf entendeu a situação da garota, provavelmente ela está em uma situação onde a vida dos três está em perigo caso falhe na missão.

A imagem de Ranpa, atormentou Hiekf, Ranpa é um ser hediondo e capaz de tudo para obter poder político e financeiro, uma figura atípica em Lemur.

Hiekf tenta saber o motivo no qual esses bestiais estão sendo chantageados.

— Ele sequestrou algum familiar seu? — Perguntou Hiekf.

Tânia se assustou um pouco com a pergunta de Hiekf, mas respondeu com um tom sarcástico.

— Hanf! Embora aquele asqueroso seja capaz disso, não é o caso!

— Então me diga! Eu posso ajudá-la.

Norne, que está escutando no chão diz:

— Irmã….

— Eu sei Norne! Não vou acreditar em alguém que acabei de conhecer!

Hiekf sente um aperto em seu coração ao notar que o diálogo se tornou inútil.

Suspirando alto, o gnoll declara enquanto ergueu sua lança em pose de combate:

— Se é inútil, então vamos acabar logo com isso!

— Essa é minha fala gnoll!

Tânia avança contra Hiekf com sua energia imbuída em seus braços, ela golpeia Hiekf, mas o gnoll desvia facilmente de seus socos.

A jovem repete o processo de energização nas pernas e adiciona chutes em seus ataques consecutivos, mesmo assim Hiekf defendia com a haste de sua lança e desviava mostrando que é superior e mais experiente.

— Tsk! — Tânia clicou a língua.

Ela vai mais selvagem em seus ataques contra Hiekf, porém ele defendeu com se seu esforço fosse inútil.

— ATAQUE! POR QUE NÃO CONTRA-ATACA DE UMA VEZ? — A jovem gritou cheia de fúria.

— Eu já disse que não gosto de machucar crianças! — Hiekf, responde categoricamente.

Vendo a desolação da garota Hiekf tenta mais uma vez argumentar:

— Garota! Vou repetir o que disse antes, eu posso ajudar!

A garota olha para baixo com um rosto complicado, sem escolha ela baixou seus braços desistindo da luta.

— QUEM DISSE QUE PODIA DESISTIR! — Uma voz misteriosa ecoa pela floresta.

— GYAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! — A garota bestial grita ao ter seu corpo perfurado por uma quantidade absurda de facas e cai no chão!

— IRMÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃ! — Gritou Norne em desespero.

Um bestial do clã pantera, emerge da floresta e aparece ao lado de Norne e o perfura com uma espada curta em seu ombro, o jovem leão urrou de dor.

— GAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Hiekf que assistiu tudo gritou com ódio:

— POR QUE FEZ ISSO? ELE ESTÁ FERIDO!

— Esse foi o motivo! Um brinquedo quebrado dá muito trabalho, então eu o descarto e compro um novo, já que eles são minha propriedade — O bestial pantera, respondeu com um tom arrogante:

Hiekf arregalou os olhos e murmurou com nojo:

— Escravos!

— Isso mesmo! Ainda que sejam do clã dos leões, “bastardos” não tem lugar na sociedade real, então os comprei por uma bagatela, mas não pense que eu sou o vilão aqui, já que aquele que os vendeu para mim foi ninguém menos que o próprio pai!

Tânia que está gravemente ferida mostrou um rosto amargo, Norne que cuspia sangue, escondia seu rosto cheio de rancor.

Hiekf apertou seu punho visando controlar a raiva que crescia dentro dele, o gnoll sentiu pela primeira vez em sua vida a vontade de ceifar uma vida.

Com um sorriso forçado, o gnoll falou:

— Não é o vilão aqui? Me responda? Por que eles sabem as técnicas de Ryo Shun?

— Ah! Quanta a isso, como posso dizer!…. foi um investimento, eu mandei eles para Ryo Shun quando jovens para treinar e se tornarem vassalos dignos, só que nem sempre o investimento dá certo!

O bestial pantera olha para o Norne e o chuta em seu ferimento sem piedade, o pobre leão cospe sangue:

— Uargh!

— Pa… Pare! — Tânia implora enquanto estende a mão para seu irmão que está sendo machucado.

— Parar? Não me faça rir, por que eu deveria parar depois do prejuízo que esses inúteis me deram?

O homem chuta mais uma vez a ferida do jovem leão que grunhia de dor e sofrimento.

— Pare…. deixe meu irmão — Pediu Tânia com lágrimas nos olhos.

A mente de Hiekf voou dali com a cena que aconteceu com ele no passado, ele têm lembranças dolorosas dele mesmo.

Sua mulher ensanguentada protegia seu filho no chão contra um homem terrível, ele estava de costas para Hiekf, que tinha sido mortalmente ferido e não conseguia se erguer do chão, a coisa mais marcante que o velho gnoll conseguiu captar daquele homem cruel, foi a grande marca em suas vestes, um par de chifres azuis desenhados ali.

A local ao seu redor estava em chamas, tudo virou cinzas. Hiekf, ferido a ponto de morrer no chão, enquanto assistiu sua família sendo morta.

— Diga de uma vez gnoll sujo! Onde está a biblioteca de marfim? — Pergunta o misterioso homem!

— Pare! Eu… Arf! Arf!…. Eu digo!

— Não fale para ele querido! Você é inteligente, sabe que ele não vai nos poupar se disser, então ao menos não dê esse gosto a ele — Uma fêmea gnoll pede a Hiekf, com um sorriso cheio de ternura.

O homem mistérios enterra sua espada no coração da Fêmea gnoll que parou de se mexer.

— Tsk! Esse ser nojento não parava de falar!

— NAÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO! — Hiekf gritou enquanto apertava a terra do chão com sua mão.

O homem vai em direção a Hiekf e fala novamente:

— Onde está a biblioteca de marfim?

— Ahahahahahahahaha!

— Qual é a graça?

— Eu vou te dizer qual é a graça! Eu sei onde a biblioteca está, mais você jamais a terá, eu juro que enquanto viver você nunca colocará suas mãos nela, então desista, você perdeu!

Cheio de Fúria o homem ergue sua espada e exprime com uma voz rancorosa:

— Então morra!

— Slash!

Hiekf voltou a si e viu uma cena parecida com a de seu passado.

O bestial pantera, continuava a chutar o rapaz no chão sem piedade, como um raio, um poderoso soco cravou-se na cara desse bestial.

— URGH!

A cena mostrou seu rosto sendo esmagado pelo punho de Hiekf que usou toda a força naquele soco, alguns dentes saíram voando do bestial pantera que voou até acertar uma árvore com seu corpo.
Hiekf olha para Norne e pergunta:

— Você está bem menino?

— Urgh! O… Obrigado!

O bestial pantera, cospe alguns dentes e se levanta com o rosto machucado e um olhar mortal.

— Gnoll bastardo! Você está morto!

— O único que vai morrer aqui é você pantera inútil, ou melhor, Aufis Phanter!

 

1 – “Cão negro” é um apelido conferido a Aurus Cannis, líder geral da guilda de aventureiros de Bérius (Capital de Lemur) e também líder do clã canino.



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