Hitman Brasileira

Autor(a): Ryan VC


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 2: Razões para Lutar

O odor de fumaça percorreu pelas narinas dos cidadãos, a mansão de Kumori ardia nas mais brilhantes chamas, e a mente de Kurumi estava tão perturbada quanto. Sua feição era calma perante a afirmação de Shizan quando de uma forma repentina.

— Dez bilhões de ienes?! — indagou o jovem com os olhos quase saindo do rosto.

A postura de Shizan seguiu calma perante a dele que estava no chão se remoendo.

— Impossível! — afirmou e se contorceu com a boca tremendo e suor escorrendo. — E-eu sou ruim de contas, mas até eu sei que um Udon não iria me custar 10 bilhões!

— Acho que esqueceu de considerar algumas coisas na sua conta — respondeu calmamente. — Apoio emocional, encobrir crimes graves, empréstimo de arma, libertação da sua vida e o preço pela simpatia vinda de deixar você matar meu alvo — dizia num tom despreocupado. — A soma disso dá exatamente 10 bilhões de ienes.

As palavras do homem deixaram Kurumi com o coração batendo a mil por hora e sem forças nem para se levantar, apenas respirava de forma ofegante.

— Bruxo!! Diabo!! Puuuuuto!! — ele gritou — E aquele papo de “não faço pelo dinheiro”?!!

— Isso é para trabalho, dividas são outra história.

— E-eu... — balbuciou pensando. — Não tenho esse dinheiro todo!

— Arrume — respondia seco. — Eu irei partir da cidade amanhã, arrume meu dinheiro.

Após suas palavras ele se retirou do local e Kurumi deitou no gramado aberto, um silêncio profundo, o sol brilhante refletia em seus olhos. Esse azul do céu junto as nuvens, aquela visão o deixou em paz.

“Mas que merda, eu acabei de ser liberto e já tô preso de novo? Eu só queria poder ter uma vida boa, uma casinha qualquer... Uma garota bem gata pra poder transar...”

O olhar seguiu puro, a mesma pureza de um bebê, enquanto sua mente se perdia em diversos pensamentos pervertidos.

“Eu queria uma garota, uma bem gostosa, talvez com peitões ou uma bela bunda, mas não posso, né? Kumori-san nunca...”

Esse pensamento mudou sua feição e ele ficou paralisado, seus olhos se arregalavam e pupilas dilatavam.

“O Kumori morreu. Eu... Eu não sou mais bichinho de ninguém... Achei que era impossível pra mim, só um sonho bobo, mas... Eu posso sim transar com uma garota...”

Seus lábios esboçavam o mais largo dos sorrisos e os olhos brilhavam como estrelas e ele se lançou como um foguete para a cidade.

Tal face não durou muito, poucos minutos após isso ele estava em um humilde restaurante, pequeno como uma caixa de sapato e vazio, o silêncio era tanto que dava para ouvir os próprios pensamentos.

Sua cabeça estava na mesa um olhar sombrio e desprovido de luz sua aura exalava melancolia.

— Eu fui rejeitado... Por todas... Todas da cidade... — ditou segurando o choro — Todas, todas, tooodas... Eu vou morrer sozinho!

— Você está bem? — Uma voz feminina diria ao fundo tirando ele dos pensamentos.

“Voz de mulher!”. Pensou o jovem e rapidamente olhou frenético em direção a voz e ficou totalmente vermelho, sua visão ficou fixa em uma linda jovem de cabelos brancos curtos e de reluzentes olhos azuis.

— Será que eu posso te ajudar? — perguntou a garota o olhando de cima pra baixo.

— Aaaahhhh! — Ele gritou em êxtase, vermelho e sem palavras e repentinamente deu uma multidão de tapas em seu rosto. — Muito prazer! Meu nome é Kurumi Kuni, 18 anos, solteiro, meus hobbies são... Eu não possuo nenhum! — Ele ditou sorridente, totalmente diferente de seu estado de segundos antes.

— Ahh? Fufu até que você é engraçadinho. — disse a garota num sorriso calmo. — Muito prazer, Kurumi Kuni, meu nome é Chifuyu Ase, 19 anos, solteira, meus hobbies são: Jardinagem culinária e ler.

— ... — Ele seguia a olhando perdido em sua beleza e quando voltou a realidade ele questionou. — Calma, Chifuyu? Tipo do restaurante?

— Isso mesmo! — Ela respondeu sorridente. — O restaurante Chifuyu é da minha família, meu pai tá doente, então eu tô tendo que tomar conta e tô fazendo um... Péssimo trabalho.

Ela falou com uma feição mudada no final e ficava com olhos vazios e com uma mão no rosto.

O silencio preenchia o estabelecimento, ninguém ali presente fora os dois.

— Ahh? Não tem ninguém que te ajude? — indagou vendo a situação. — Um irmão amigo ou namorado?

— Nop. — Ela respondia agora ajeitando seu cabelo sem mais a feição de antes. — Sou filha única, meus amigos não sabem cozinhar e... Ahhh... Se eu encontrasse um cara que me ajudasse com esse restaurante eu casaria com ele.

Tais palavras invadiram Kurumi, ele se levantou e colocou uma faixa em sua testa num único e forte nó numa feição onde os olhos pegavam fogo de tamanha convicção e determinação.

— Vamos cozinhar!

Ambos começaram uma faxina, limparam e arrumaram o local inteiro, finalizando com ele totalmente impecável.

O silêncio era cortado com o abrir da porta, um casal adentrou o recinto e trazia sorrisos e brilho no olhar da dupla.

— Olá! — disse ela se apresentando. — Eu sou a Ase e serei sua garçonete hoje, no que posso os servir?

— Hmmm, acho que vou querer o Guioza. — respondeu a mulher gentilmente.

— Eu vou querer Teppan de salmão. — disse o homem em seguida.

— É pra já! — Ela ditou com um largo sorriso. — Ajudante, sirva as bebidas enquanto eu faço a comida, por favor!

Com isso ela deu animados passos em direção a cozinha enquanto Kurumi respondia seu pedido e servia vinho para o casal.

— Servidos, bom proveito! — dizia e colocava os pratos na mesa.

O casal se deliciou com os olhos vendo aquela refeição que teria uma cara tão saborosa, o doce cheiro adentrou suas narinas fazendo-os sorrirem. Sem perder tempo ambos garfaram seus respectivos pratos e provaram a comida.

Seus corpos pararam por alguns segundos, sentiam um arrepio percorrer dos pés até a cabeça.

— Horrível! — gritaram ambos ao mesmo tempo, estavam com olhos arregalados e a boca aberta, totalmente paralisados.

Os jovens estavam sentados no chão da cozinha, Chifuyu estava com olhos recaídos enquanto ambos ficavam num silêncio.

— Eu sou uma cozinheira horrível... — lamentou — Por isso o lugar tá morto.

— Cozinhar não é tão difícil. — Ele disse pondo a mão no ombro dela.

— Pera você sabe cozinhar Kurumi-kun? — indagou — Será que você pode tentar? Assim eu posso ver e aprender.

O corpo dele arrepiou, as mãos tremiam e em sua cabeça ecoou o som de risadas.

— Não! Cozinhar é coisa de bixinha! — Ele disse arfando e com as bochechas vermelhas, sentindo seu coração acelerado.

— Ah? Que estranho.

— Posso te dar umas dicas — O garoto falou agora respirando profundamente.

Após isso ele estava sentado enquanto ela estava no fogão e fritava um bife.

— Agora pega aquela frigideira ali. — Ele apontou olhando para Chifuyu. — Joga o alho e frita com um pouco de Shoyo.

— Não é mais fácil só fritar na mesma frigideira? — Ela indagou.

— Preze qualidade, não praticidade! — respondia num tom levemente grosso.

— Tá bom, tá bom, você tá falando igual o meu pa... — Ela reclamou quando se cortou e deixou o bife cair no chão.

Ambos viam aquilo quietos e um completo silêncio cobriu a sala, até que foi cortado por Chifuyu.

— Eu... Sou horrível — Ela disse cortando o silêncio com lamentos. —  Por favor Kurumi-kun, tenta! —  implorou. — Só pra mim, eu não conto pra ninguém e nem te julgo!

— Hmmm... — Ele resmungou fazendo beicinho.

— É só pra me mostrar.

— Hmmmmm... — Seu beicinho não mudou com o resmungo sendo mais longo.

— E vai ficar em segredo.

— Hmmmmmmmmm...

— Iria ser tão fofo se você me ensinasse. — Ela disse de forma meiga. — Eu adoro homens inteligentes.

— Sente-se e aprenda, garota! — disse com um grande e confiante sorriso.

Ele pegou outro bife junto com uma faca e num deslize cortou a carne com uma grande precisão, em seguida a colocou na frigideira enquanto na outra ele fritou a cebola e alho no Shoyo, de repente trocou ambos de frigideira e por fim colocou um prato com arroz e o bife.

A aparência da comida era impecável o aroma lotou a sala e Chifuyu deliciava-se com os olhos fechados e um belo sorriso nesse cheiro que calmamente adentrou suas narinas como um perfume chique.

— Uaaaa! Que Udon lindo!

Ela pegou um pedaço de carne e o mastigou de forma calma, de repente o corpo dela se arrepiou da cabeça aos pés seus olhos arregalaram e brilharam tal qual estrelas. A garota começou a comer muito rápido várias garfadas e em minutos seu prato brilhava de limpo.

— Você é muito bom! Kurumi-kun! Você é mesmo incrível na cozinha! — Ela falou com um sorriso puro e animado em seu rosto. — Tô tão impressionada, você dá de zero a dez em mim!

— Não foi nada.

— Claro que foi! — Ela respondeu. — Eu não entendo por que você diz que não gosta de cozinhar se é tão bom assim, você é facilmente do nível de um profissional.

— É só que... Durante a minha infância me ensinaram que homens não devem cozinhar que só mulheres deveriam fazer isso. — Ele desabafou e os risos ecoavam sem parar em sua mente.

— Que coisa idiota! — Os pensamentos dele seriam cortados pela afirmação dela que o olhou seriamente. — As pessoas nunca sabem de nada, elas só dizem o que elas acham! Todos dizem que eu deveria desistir da culinária, só que eu gosto muito! Então mesmo que eu falhe várias e várias vezes, eu vou seguir tentando, porque eu amo muito isso! Você deveria só fazer o mesmo!

Aquelas palavras doces e gentis o invadiram de uma forma que o mesmo se sentia calmo com uma certa pureza no olhar.

— Fazer o que eu gosto... Sem ligar pros outros? — ele disse aquilo de uma forma quase libertadora.

Ele se perdeu em pensamentos quando eram abafados pelo som estridente do bater da porta.

Um homem adentrou o restaurante, estava trajado com um terno e usava óculos e seu cabelo era preso em um rabo de cavalo.

— Onde se encontra o chefe deste restaurante? — questionou o homem com um olhar frio.

— Ah, eu sou a chefe — falou meio confusa com o homem. — Quem é você?

— Toji Makoto. Um avaliador de restaurante conhecido como "O Mestre das Carnes"!

— T-Toji Makoto?! — Ela balbuciou com os olhos arregalados e lábios tremendo. — O Toji Makoto?! Conhecido como um dos maiores críticos do Japão?! — indagou ela.

— Fufufu, vejo que mesmo uma amadora é capaz de reconhecer um verdadeiro dote quando o vê.

Ele se sentou numa cadeira e olhou os dois.

— Vamos logo, meu tempo é curto. — Ele ditou numa certa arrogância. — Eu quero um bom Tonkatsu e com as carnes bem fatiadas.

Ela agarrou Kurumi e o puxou para dentro, lá a garota arfava de preocupação.

— Por favor Kurumi-kun! Me ajuda! Eu preciso que você cozinhe!

Ele ouvia aquilo e tentava pegar a frigideira. A cada centímetro que sua tremula mão se aproximou dela mais forte seu coração batia, mais alto as risadas ecoavam, seus olhos estavam arregalados a um nível enorme e sua respiração era absurdamente ofegante.

Chifuyu via aquilo sem entender, o suor no rosto dele com sua mente dominada pelas risadas, suas pernas pareciam gelatina até que ele caia no chão ofegante.

— Kurumi-kun! — ela dizia se aproximando dele rapidamente.

— Não vai dar Chifuyu-chan, eu... Não consigo... Não consigo...

Ela ficou pasma com olhos arregalados e meio tremula.

— Mas você consegue. Hora de mostrar do que é capaz, proteja o restaurante! — dizia com um sorriso no rosto que brilhou para ela.

Ela fraquejou por segundos, mas o sorriso dele a confortou e ela apenas suspirou e ergueu a cabeça num olhar brilhante.

Toji se encontrava em sua mesa folheando um livro enquanto esperava até que sua concentração era perdida com um som estridente que adentrou seus tímpanos, sendo o som do bater do prato contra a mesa.

Chifuyu o olhou, ela sorria com uma chama no olhar e postura firme.

— Aqui está, Tonkatsu ao estilo da família Chifuyu!

“Só com algumas alterações da receita do Kurumi-kun, é claro.”

Ela retirou a bandeja e mostrou um lindo Tonkatsu, ao abrir o saboroso aroma percorreu pelo recinto, pessoas de fora sentiam aquele cheiro ficando intrigados e com sorrisos. Ele encarou a comida com uma feição cética e com os talheres ele pegou a carne e lentamente mastigou.

Com o termino de sua primeira mordida, num instante ele levantou da cadeira e despertou o silêncio nos dois que iriam olhando atentamente aquele homem e um silêncio enorme e profundo percorrendo no local.

— Chama isso de carne?! — Um grito repentino e furioso de Toji quebrou o silêncio. — Estava ultrajante, mas que real desperdício do meu valoroso tempo... Cortes mal feitos, fritura abaixo do esperado, tirou todo o delicioso sabor do porco! Você é um insulto para a culinária! — Exalou um olhar sanguinário, suas veias pulsavam e os dentes rangiam.

Para completar toda aquela balburdia, um som estridente chocou os dois.

CRAAASH!

Toji moveu sua mão jogando a comida no chão e estilhaçando o prato e em seguida cuspiu nele.

Chifuyu ouvia tudo aquilo, via sua comida no chão e então seus lábios tremulavam e algumas lagrimas saiam de seus doces olhos e ela caia no chão, chorando.

Kurumi via aquilo estando realmente sem entender.

"Oque?! Que porra esse cara tá falando?! Eu provei a comida da Chifuyu-chan antes de servir, tava bem gostosa, ela seguiu minha receita à risca, mas... isso não importa... Só o que importa é o que esse puto tá fazendo!"

Ele fez um olhar brutal em seu rosto enquanto Toji retirava os óculos e soltava seus longos cabelos negros.

A visão de Chifuyu chorando fazia Kurumi ranger os dentes e cerrar de uma forma intensa encarando-o com um olhar brutal.

— Após provar isso, meu único arrependimento terá sido a enorme perda de tempo — falou num tom arrogante e frio encarando a garota.

Ele juntou as mãos e ao abrir revelou um pequeno pedaço de carne humana, num formato de esfera com uma boca com dentes bem afiados.

— Carne!  Carnee! Carneeee!

— Mas que porra?! — Kurumi olhou aquilo fixamente com olhos arregalados sem conseguir tirar os olhos da criatura.

Aquele pequeno ser saltou dos braços dele e devorou a carne do chão numa pressa inacreditável e iria crescendo com aquilo enquanto Toji sorria.

O monstro correia e derrubou as paredes do lugar. Kurumi agarrou Chifuyu partindo com ela pra longe com os dois olhando aquele ser.

O ser crescia cada vez mais e mais até destruir todo o restaurante.

— Hahahaha! —Ele ria frenético com um sorriso largo e psicótico no rosto. — Isso! Vá e sacie sua fome com toda essa carne Wagyu!

— Carne! — berrou Wagyu, sua visão era aterrorizante, sem palavras para descreve-lo, se não... Uma abominação.



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