Volume 3
Capítulo 138: Nuvens Negras
Os clones se aproximavam rapidamente. Moara invocou pilares de terra com sua técnica Gaia Awakening (Despertar de Gaia), mas Leonora saltou com agilidade felina, desviando de cada um, enquanto continuava a girar o braço esquerdo. Vicente aproveitou o momento para acoplar bolhas do Calderion em suas lâminas e desferiu um ataque com sua técnica Onda Fervente. O calor das bolhas explodiu em uma rajada de fogo ao redor da lâmina, mas Leonora se abaixou no último instante, derrubando Vicente com um chute preciso.
Antes que pudesse finalizar o clone, Donny, com um impulso fervoroso, apareceu atrás dela, socando freneticamente Battlewolf, que didiviu seu braço em cinco, desferindo poderosos socos com cada braço. Leonora, ágil como o vento, desapareceu em um movimento quase instantâneo, reaparecendo mais atrás, também se utilizando de um impulso fervoroso.
Moara lançou um Gaia Shoot (Tiro de Gaia), um pedregulho vindo diretamente na direção de Leonora. Kênia, usando o pedregulho como cobertura, correu logo atrás, escondendo-se de sua visão. Quando Leonora desviou do pedregulho com um salto para a esquerda, Kênia apareceu de surpresa e acertou um chute violento em seu abdômen. Leonora recuou alguns passos, mas se recompôs rapidamente, encarando o próximo movimento da inimiga.
Kênia sorriu maliciosamente e atacou novamente, arrastando o pé na areia. Leonora esquivou do golpe, mas uma rajada de areia levantou-se e encobriu seu rosto, prejudicando sua visão. Aproveitando a abertura, Donny socou sua besta e ativou sua habilidade Soco Indutivo.
Battlewolf socou o chão, e feixes luminosos correram pela areia até Leonora, explodindo em quatro golpes que a atingiram em cheio, derrubando-a ao chão, próxima de uma de suas nuvens negras.
Hazard riu triunfante, sua voz ecoando com um tom de vitória.
— Eu disse que vou capturá-la, Leonora. Clones, avancem e deem o golpe final!
Mesmo caída, Leonora manteve a calma. Girou o braço esquerdo uma última vez, tocando a nuvem negra ao seu lado.
— Travessia de Raijin! — bradou ela.
Toda a energia acumulada em seu braço foi transferida para a nuvem, que liberou uma poderosa descarga elétrica. A eletricidade saltou de nuvem em nuvem, como correntes que teciam um caminho até Hazard. Quando a última nuvem ao lado dele se ativou, uma descarga destrutiva o atingiu diretamente. Hazard gritou em agonia, o cheiro de queimado misturando-se ao ar salgado da praia. Seu corpo caiu ao chão, contorcendo-se em dor, enquanto seu sangue manchava a areia molhada.
Leonora se levantou lentamente, limpando o rosto com as costas da mão.
— Eu avisei que não tinha chance, Hazard. Você não deveria ter me subestimado.
Os clones pararam subitamente, olhando para trás sem entender o que havia acontecido. O grito de Hazard ecoou pela praia:
— Me ajude, Magna Fábula!
Vicente foi o primeiro a reagir, avançando contra Leonora enquanto os outros três clones recuavam para proteger seu criador. Ela permaneceu imóvel, observando o avanço do inimigo com os olhos fixos e cheios de determinação. Quando Vicente ergueu suas espadas para atacar, Leonora girou os dois braços num movimento veloz.
Com a precisão de um relâmpago, ela desferiu dois socos. O primeiro acertou o estômago do clone, liberando uma descarga elétrica que o fez vacilar; o segundo golpe, diretamente na cabeça, reduziu-o a uma chuva de papel que flutuava ao vento.
Os outros clones rapidamente retornaram para Hazard. Kênia foi a primeira a alcançá-lo, segurando-o pelo braço e ajudando-o a se levantar.
— Mestre, você tá bem? — perguntou a clone, com preocupação no olhar.
Hazard colocou-se de pé com dificuldade, respirando de forma irregular. Seus olhos estavam fixos em Leonora, que caminhava em sua direção com passos firmes e confiantes. Ele murmurou consigo mesmo enquanto analisava os movimentos dela:
“Então é assim que funciona... A habilidade dela se assemelha à produção de energia em um moinho de vento. Seu braço, girando incessantemente, produz energia mecânica. As nuvens negras que ela cria atuam como dínamos, convertendo a energia mecâica em eletricidade, amplificando a seus golpes. Quanto mais ela gira o braço, maior é a potência da descarga...”
Leonora parou a poucos metros de distância, o olhar decidido. Ela ergueu a voz para que todos ao redor pudessem ouvi-la:
— Muitas pessoas acreditam que todo raio é descendente, que ele parte das nuvens diretamente para o solo. Mas isso não é verdade... Existem raios que viajam entre nuvens, transferindo energia de uma para outra. Foi com base nesse princípio que desenvolvi minha técnica.
Hazard a observava em silêncio, com um sorriso irônico nos lábios, enquanto ela continuava:
— Minhas nuvens Cumulonimbus são muito mais do que você imagina, Hazard. Elas transferem energia de uma para outra até encontrarem seu alvo. E, infelizmente, você era o alvo mais próximo.
Hazard soltou uma risada baixa, desfazendo os clones de Kênia e Vicente com um movimento simples de mãos. Apenas Donny e Moara permaneceram. Ele retirou algo do bolso e entregou a Moara, que o pegou com cuidado.
Leonora estreitou os olhos, tentando identificar o objeto, mas a distância e a penumbra da batalha dificultavam.
— O que é isso? — perguntou, sem esconder a curiosidade.
Hazard ignorou a pergunta, voltando-se para ela com um sorriso sádico. Ele disse algo em voz baixa, e Leonora arregalou os olhos ao ouvir suas palavras.
— Foi você... — sussurrou, incrédula, tremendo de raiva.
O sorriso de Hazard alargou-se enquanto assentia com a cabeça.
— Sim, Leonora. Eu sou o responsável.
A expressão de Leonora mudou imediatamente. Seus punhos se cerraram com força, e seus olhos encheram-se de lágrimas, uma mistura de dor e ódio.
Ela começou a girar os dois braços em alta velocidade, liberando mais energia do que nunca. As nuvens negras ao seu redor pareciam pulsar, carregadas com uma fúria quase palpável.
— Você vai pagar, Hazard! — gritou, sua voz carregada de emoção. — Te mandarei ao inferno, o lugar de onde você nunca deveria ter saído, seu demônio.
Hazard deu um passo para trás, mas instruiu Moara:
— Prepare-se, meu clone.
Moara assentiu e tomou a dianteira, segurando o objeto que Hazard lhe entregara. Leonora, girando ainda seus braços freneticamente, lembrou-se de Randalf, das memórias dolorosas que a conectavam ao passado, e a raiva em seu coração se intensificou.
— Eu vou acabar com você, Hazard, sem piedade! Supremacia de Júpiter!
As nuvens negras ao redor de Leonora concentraram-se em seus braços, moldando-se em uma gigantesca figura nebulosa que lembrava o rosto de uma divindade furiosa. Com um grito de pura fúria, ela lançou a nuvem eletrificada em direção ao inimigo.
Moara agiu rapidamente. Ela colocou o objeto dado por Hazard em sua testa. Um cristal vermelho brilhou intensamente, espalhando veias rubras por todo o corpo do clone.
— Gaia Wall! — gritou Moara, colocando as mãos no chão.
Um paredão de terra ergueu-se diante dela, colidindo com o ataque de Leonora. A explosão resultante criou uma cortina de poeira e energia, bloqueando a visão de todos.
Quando a poeira finalmente baixou, Moara surgiu intacta, com o cristal pulsando em sua testa.
— Como...? — murmurou Leonora, incrédula, o suor escorrendo pelo rosto.
Hazard deu um passo à frente, o sorriso sádico ainda estampado em seu rosto.
— Esse é o cristal de Rupert Flamel — declarou ele, apontando para Moara.
— O cristal de Rupert...? — Leonora ficou boquiaberta. — Como você conseguiu isso?!
— Isso é um segredo que eu pretendo levar comigo. Agora... vamos terminar isso. Clones, ataquem! — ordenou Hazard.
Os clones avançaram, e Leonora se preparou para a batalha que parecia não terminar.
Moara avançou à frente, suas botas levantando pequenas nuvens de areia enquanto seus olhos estavam fixos em Leonora. Donny e Battlewolf seguiram logo atrás, movendo-se em um padrão de ziguezague, alternando suas posições com rápidos toques de mãos. Cada um tomou um flanco, cercando Leonora como predadores à espreita, até que saltaram, cada um segurando uma mão da reitora.
Leonora, no entanto, parecia impassível. Seus olhos estavam fixos em Moara, ignorando os movimentos estratégicos ao seu redor. A confiança em seu rosto era quase palpável, como se soubesse exatamente o que estava por vir.
Moara começou a desacelerar sua corrida. Com um grito feroz, ergueu o braço direito e começou a acumular uma quantidade colossal de terra, raízes e rochas ao redor do membro. O braço se transformou em uma massa titânica, pulsante de poder bruto.
— Gaia Force! — bradou Moara, lançando um soco com toda a potência de seu ataque.
Leonora observou o ataque com um sorriso de escárnio.
— Forte, sim. Mas... — Ela moveu as mãos com uma agilidade sobrenatural, escapando facilmente do aperto de Donny e Battlewolf. — Não é mais rápido do que eu.
Ela arremessou Battlewolf para longe e usou Donny como escudo humano. O soco de Moara atingiu Donny em cheio, lançando-o como uma bala para longe. Ainda assim, a força do golpe continuou em direção a Leonora, deslocando o ar ao redor como um furacão.
Leonora utilizou-se de seu impulso fervoroso e desapareceu em um piscar de olhos, surgindo atrás de Moara enquanto a jovem ainda tentava controlar o movimento descomunal de seu ataque. A areia foi levantada como se uma tempestade tivesse varrido o local, e o impacto do soco destruiu completamente as pedras adiante.
Quando o clone percebeu, já era tarde. O cristal na sua testa começava a se desfazer. Leonora ergueu um punho com frieza em seus olhos.
— Você errou. Agora acabou.
Com um soco direto, destruiu o clone de Moara sem esforço. A energia liberada parecia ecoar no silêncio da praia, como se a natureza reconhecesse a supremacia de Leonora.
Battlewolf avançou em um último ato de coragem, tentando surpreendê-la com um soco. Leonora o deteve facilmente, segurando seus braços com força.
— Vocês não aprendem, não é? — disse ela, quase entediada.
— Não me subestime Leonora, eu consigo usar até quatro impulsos fervorosos em uma luta. Logo, ainda tenho um restante — murmurou Hazard, assistindo a luta mais atrás.
Porém, antes que pudesse reagir, Donny surgiu atrás dela, seu punho brilhando com energia concentrada. Leonora arqueou uma sobrancelha, percebendo a intenção.
— Tudo isso por um soco comum? — ironizou.
Foi então que Battlewolf falou, sua voz profunda cortando o momento.
— Bestfriend.
Leonora ficou confusa por um segundo, mas logo percebeu o que havia acontecido. Seus olhos se arregalaram ao ver Battlewolf se transformar em Donny, enquanto Donny tomava a forma de Battlewolf.
Hazard, que ainda mantinha distância, não conseguiu conter o sorriso. “Caiu na nossa armadilha...”, murmurou para si mesmo. “O toque de mãos entre o meu clone e sua besta mágica ativou sua habilidade especial que permite criar uma ilusão ao inimigo, onde a besta assume a forma do seu conjurador e o conjurador a da sua besta mágica".
O verdadeiro Battlewolf, com o punho carregado de poder, desferiu o golpe. O impacto foi devastador. Leonora foi lançada como uma boneca de pano, quicando pela areia com brutalidade. Ossos quebrados e cortes profundos espalharam sangue por onde ela passava. O voo violento só terminou quando seu corpo colidiu com um grande rochedo próximo, que se partiu em pedaços com a força do impacto.
Ela ficou caída entre os escombros, sangue escorrendo de sua boca enquanto a chuva começava a diminuir. Estava inconsciente, mas ainda viva.
— Está vendo Leonora. Todos os meus clones foram friamente calculados. Eu precisava da força bruta da garota para desferir um poderoso golpe com ajuda do cristal de Rupert e da besta mágica desse aluno para receber esse golpe devastador e, então, replicá-lo, com o quíntuplo da potência. — Hazard ria freneteciamente, sua voz cheia de arrogância e confiança. — Era a única forma de superar a diferença entre os nossos poderes e te derrotar.
O clone de Donny voltou até Hazard, que estava visivelmente exausto. Ele passou o braço de Hazard por cima do ombro e o ajudou a caminhar até onde Leonora estava caída.
— Vamos acabar com isso, mestre, antes que ela recobre a consciência — disse o clone de Donny, ajudando o seu conjurador a andar.
Hazard assentiu, segurando seu livro com firmeza. Enquanto ele se aproximava, Leonora, com um esforço sobre-humano, abriu os olhos. Mesmo com os ossos quebrados e o corpo em agonia, ela reuniu todas as suas forças em um último ataque desesperado. Com um grito de dor e raiva, investiu contra Hazard, derrubando-o no chão, com o livro ao seu lado.
Achou que eu perderia tão fácil, seu desgraçado! Pelo visto sou bem mais forte do que você imaginava. Vou te matar agora para saciar todo o meu ódio — gritou ela, suas mãos apertando o pescoço do conjurador, tentando sufocá-lo.
Hazard sentiu o ar escapando de seus pulmões enquanto lutava para se livrar do aperto, sua morte parecia iminente. Donny tentou intervir, mas Leonora, com um movimento rápido, tocou no livro caído ao seu lado com uma das mãos, mantendo o outro ainda no pescoço do inimigo. Em um instante, o clone desapareceu.
Aproveitando a distração, Hazard alcançou o bolso e retirou uma de suas adagas inibidoras de magia. Com um movimento rápido, fincou-a na mão de Leonora. Ela soltou um grito de dor, sentindo sua magia se esvair.
Rastejando no chão, Hazard pegou o livro e o abriu. Folhas mágicas começaram a sair, envolvendo o corpo de Leonora. Ela tentou resistir, mas seus movimentos se tornaram cada vez mais fracos até que foi completamente aprisionada dentro do livro.
Deitado na areia, com o corpo dolorido e a respiração ofegante, Hazard olhou para o céu. A luz do luar atravessava as nuvens dissipadas, iluminando seu rosto suado.
— Ai... quanta dor. — Ele suspirou, sentindo cada músculo protestar. — Mas por você... eu vou superar. — Seus olhos se fecharam enquanto o silêncio tomava conta da noite. — Logo você estará de volta... E, então, chegaremos ao topo.
O livro em suas mãos brilhava com um tom suave, marcando o fim de mais uma batalha.
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