Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 141: Plano de Resgate

Com o avanço de Uji, Prya redobrou os esforços, cortando os tentáculos que tentavam alcançar o samurai enquanto ele destruía os pólipos com golpes precisos. Doyle, enfurecido, aumentou a velocidade de seus ataques, seus tentáculos zunindo como chicotes no ar. Um deles quase atingiu Uji, mas Joabe saltou por cima dele, derrubando ambos no chão enquanto o tentáculo passava sobre suas cabeças. 

— Cuidado, idiota! — resmungou Uji. 

— Salvei sua vida, de nada! — retrucou Joabe, antes de se levantar rapidamente. 

Prya avançou com seu Death Saber, cortando os tentáculos de Doyle repetidamente, mas cada golpe parecia inútil. A regeneração do mago o tornava praticamente imortal. Então, com um movimento rápido, Doyle a envolveu com seus tentáculos.

High Voltage (Alta Voltagem)! — bradou ele, eletrocutando-a com uma descarga elétrica poderosa. 

— Prya! — gritou Uji, vendo o corpo dela contorcer-se com a eletricidade. 

Desespero o dominou. Ele caiu de joelhos, cerrando os punhos. 

— Voltem... voltem... — sussurrou, implorando que seus poderes retornassem. 

De repente, sentiu algo diferente em seu copo, com um olhar determinado e feroz ele se moveu como um vulto. Num instante, ele estava atrás de Doyle. 

— Impossível! — gritou Doyle, surpreso. — Isso foi um... impulso fervoroso?! 

— Aokiji! — bradou Uji, brandindo sua katana. Um feixe elétrico cortou as costas de Doyle, forçando-o a soltar Prya. Ela caiu, rolando até perto de Kreik e os outros. 

Clemência se ergueu, um brilho de determinação nos olhos, sussurrando pausadamente:

— Cassie, Kreik, tenho uma ideia. Sigam meu plano, mas mantenham sigilo. 

Os três começaram a cochichar enquanto Joabe invocava seus braceletes. Ele assoprou nas lâminas, lançando duas lâminas de vento em forma de cruz. 

— Cross Kamaitachi! — gritou ele. 

As lâminas atingiram o peito de Doyle, arrancando um grito de dor enquanto ele cuspia sangue. Ele tentou contra-atacar, mas sentiu seu corpo paralisado.

— Que merda! Não consigo me mover — resmungou Doyle. 

— Seu imbecil, você tá preso na minha gaiola. Torikago (Gaiola de pássaros) — Uji havia fincado sua katana no chão, ativando sua técnica que criava um campo de nergia estática que paraliava o inimigo temporariamente. — Ele está preso! Ataque agora! — gritou Uji. 

Prya concentrou sua magia em sua palma. 

— Red Wave! — O feixe atingiu Doyle em cheio, arremessando-o contra a parede. Ferido e cambaleando, ele recuou. 

Mas ao ver os três avançando contra ele, optou por fugir, correndo pelos corredores. 

— Malditos! Isso... ainda não acabou! Podem apostar — gritou Doyle, tentando se levantar.

— Bem... — Uji soltou um suspiro aliviado, caindo no chão. — Pelo menos essa luta foi eletrizante! Hehehe! — Ele estendeu a mão para Prya, que o via de cima. — Obrigado pela ajuda. 

— Não somos amigos. Acho bom te lembrar. — Ela o ignorou, cruzando os braços. — Apenas não era conveniente deixar vocês morrerem. — E com isso, ela correu velozmente, desaparecendo nos corredores. 

— Espera... onde estão Kreik, Clemência e Cassie?! — Joabe olhou ao redor, confuso.  — Só me faltava essa...

AAAAAh, não pode ser... — Uji gritou, levantando-se de imediato, a preocupação dominando seu rosto. — Como ele conseguiu?

— Você viu para onde eles foram?

— Ver não... mas eu sei para onde eles foram. — Uji rangeu os dentes irritado. — Que merda, deveríamos ter ido junto...

Joabe engoliu a seco e cerrou os punhos.

— Fala logo Uji, talvez ainda podemos alcança-los.

— Preste bem a atenção, Joabe. Eles foram espertos... Aproveitaram que estávamos distraídos e bolaram um plano por debaixo do pano. Os três... — Uji aproximou-se do amigo segurando em seus ombros, olhando em seus olhos, esbanjando seriedade e preocupação. — Fugiram para fazer um ménage!

— Deixa de conversar merda, seu lazarento da mente imunda! — bradou Joabe, dando um cascudo no amigo. — Você só pensa idiotice.

A brisa fria da noite soprava em Meryportos, as últimas gotas de chuva deixavam de cair sobre a cidade. Prya corria, sua respiração estava acelerada e seus passos rápidos. Saindo da universidade, ela passou a atravessar as ruas desertas, ela se aproximou de uma casa modesta, típica de classe média, e entrou pela janela aberta com a agilidade de alguém habituado àquela rota.

Dentro da casa, o ambiente exalava simplicidade. Havia porta-retratos sobre uma estante de madeira, retratando momentos familiares. Prya pegou um deles, fitando-o por alguns instantes com um misto de saudade e melancolia. Um suspiro escapou de seus lábios antes de ela recolocar o porta-retratos no lugar. Sem cerimônia, jogou seu manto negro sobre o sofá e foi até a cozinha, onde pegou um pote de sorvete. De volta à sala, deitou-se no sofá e começou a comer diretamente do pote, aproveitando aquele breve instante de calma.

De repente, algo se mexeu dentro do manto que ela havia deixado de lado. Três pequenas figuras emergiram, não maiores que uma barata: Kreik, Clemência e Cassie, reduzidos pela técnica de encolhimento de Clemência.

— Clemência, seu plano foi um sucesso! — comentou Kreik, com um sorriso satisfeito, enquanto observava os arredores. — Usar sua marreta para nos encolher enquanto todos estavam distraídos com a luta foi genial.

Clemência deu de ombros, mas seu semblante revelava orgulho. 

— Obrigada, mas sem suas luvas para nos levar até o manto da Prya, no momento em que ela lançou aquele laser em Doyle, nada disso teria funcionado. Foi um ótimo trabalho em equipe.

— Clemência, quanto tempo temos antes de voltarmos ao tamanho normal? — questionou Cassie. 

— Menos de quinze minutos — respondeu Clemência, conferindo rapidamente um relógio pequeno que trazia preso ao pulso. — Precisamos agir rápido. 

Enquanto isso, Kreik caminhava pelo móvel, observando atentamente o porta-retratos que Prya havia segurado momentos antes. Ele chamou a atenção das duas garotas. 

— Pessoal, venham ver isso. 

Clemência e Cassie se aproximaram, examinando a foto com curiosidade. Nela, uma jovem garota, parecida com Prya, estava nos ombros de um homem mais velho. Ao lado deles, havia um outro homem, mais jovem. 

— Essa menina parece a Prya... — murmurou Cassie. — E esse ao lado é o professor Hazard mais jovem?! 

Clemência inclinou a cabeça, franzindo o cenho. 

— Verdade... Parece ele... Mas quem será o homem que está segurando a Prya nos ombros? 

— Não faço ideia — Cassie respondeu, dando de ombros. 

Antes que pudessem investigar mais, a porta da casa foi aberta com força. Hazard entrou, claramente ferido, apoiando-se no clone de Donny, que o ajudava a caminhar. 

— Tio! — exclamou Prya, levantando-se apressada e jogando o pote de sorvete de lado. — Deixa eu te ajudar! 

— Tio?! — Clemência engasgou de surpresa. — Hazard é o tio da Prya? 

Kreik parecia ainda mais atônito.  

— O professor Hazard é o Poeta Fantasma... Droga! 

Prya conduziu Hazard até o sofá, onde ele se sentou com dificuldade. Ela pegou um livro de invocação e o colocou na cômoda ao lado do manto. O clone de Donny desapareceu instantaneamente. Enquanto Prya corria até uma gaveta para buscar runas de cura, os três encolhidos se esconderam dentro do manto.

— Eu avisei, tio, que era loucura enfrentar Leonora de frente, mesmo com o cristal do Rupert! — disse Prya, agitada. — Eu deveria ter ido com você. 

Hazard soltou uma risada fraca, mas satisfeita. 

— Prya, não seja tola. Eu consegui capturar Leonora. 

Aquela declaração ecoou pela sala, deixando não apenas Prya, mas também Kreik, Clemência e Cassie em choque. 

— O quê?! — exclamaram os três, abafando suas vozes. 

Hazard apoiou-se no braço do sofá e continuou, com um sorriso cansado. 

— Sim, Prya. Em breve, finalizaremos nossa missão. Vamos trazer Cedric de volta. 

Uma lágrima escorreu discretamente pelo rosto de Prya. Ela sorriu, emocionada. 

— Não vejo a hora, tio, depois de todos esses anos... 

— Cedric? Eles estão falando de quem? — Clemência sussurrou, confusa. 

— Não temos tempo para isso agora. — Cassie balançou a cabeça. — Precisamos pegar o livro e libertar os prisioneiros. 

— Como vamos fazer isso? — questionou Clemência. — Nesse tamanho, nem conseguimos arrancar uma folha! 

Kreik esboçou um sorriso malicioso. 

— E se queimarmos o livro? 

Aproveitando que Prya estava distraída ajudando Hazard, os três se aproximaram do livro na cômoda. Ao folhearem as páginas, viram duas folhas vizinhas, na esqueda havia os retratos de Vicente como se estivesse preso em uma jaula e, na direita, Moara, da mesma forma. Informações detalhadas sobre eles ocupavam o decorrer das páginas.

Kreik ativou suas luvas e lançou pequenos jatos de fogo nas páginas, que começaram a queimar lentamente. 

— Agora vamos procurar a folha do Donny e da reitora — sugeriu Cassie, apressada. — Depois queimamos a folha da Kênia. 

Porém, antes que pudessem continuar, o livro gritou: 

— Tá queimando! Tá queimando! Socorro! 

Hazard e Prya se viraram imediatamente para a cômoda, vendo as chamas subindo do livro. 

— Magna Fábula, o que tá acontecendo? — perguntou Hazard, alarmado. 

Os olhos e a boca do livro apareceram na capa. 

— Mestre, intrusos! Estão queimando minhas folhas!

 

 

Prya correu até a cômoda e viu os três encolhidos. Sua expressão se contorceu em fúria enquanto levantava a mão para esmagá-los. 

— Vocês!

Kreik reagiu rápido, pegando Clemência e Cassie pela cintura e disparando um jato de suas luvas para escapar. 

— Não vão escapar! — rugiu Prya, apontando o dedo e disparando um laser em direção a eles. 

Antes que o ataque pudesse atingi-los, Moara surgiu de repente. Com um reflexo impressionante, ela desferiu um Gaia Punch, desviando o laser. Ao lado dela, Vicente surgia com suas espadas em mãos.

Vicente olhou para suas próprias mãos, quase sem acreditar. 

— Estamos livres... 

— Até que enfim! — Moara soltou uma risada e socou o ar, animada. — Agora posso acabar com esses malditos mequetrefes!  — Ela fixou os olhos em Prya, com um sorriso feroz, pronta para a batalha. 

Prya encarou o grupo com fúria nos olhos. O brilho avermelhado em seu dedo indicador anunciou o disparo iminente do Crimson Beam, mas Moara foi mais rápida. Ela gritou, desafiadora: 

— Ei, Prya! Ao invés de atacar, talvez fosse melhor se defender! 

Com um forte pisão no chão, Moara ativou sua técnica Gaia Awakening. Um pilar massivo de terra emergiu sob o sofá onde Hazard, machucado, estava deitado. O impacto lançou o homem para o alto, fazendo-o bater violentamente contra o teto. 

— Tio! — Prya exclamou, olhando para trás, alarmada. 

— Ei! Tô aqui ainda, sua mequetrefe! — Moara zombou, aproveitando a distração de Prya para saltar em sua direção, com um Gaia Punch pronto para atingir a rival. 

Prya tentou reagir, mas não teve tempo. O soco acertou sua bochecha em cheio, arremessando-a pela janela, direto para fora da casa. 

No mesmo instante, Kreik, ainda em seu tamanho diminuto, chegou ao ouvido de Moara com o auxílio de suas luvas e sussurrou: 

— Pega o livro e corre! 

Moara assentiu, gritando para Vicente: 

— Vicente, pega o livro e me segue! 

Sem hesitar, Vicente deixou suas lâminas no chão e apanhou o Magna Fábula. Os dois correram em direção à porta dos fundos, enquanto Kreik, Clemência e Cassie, seguravam-se na gola da roupa de Moara para não caírem. 

Prya, furiosa, saltou de volta para dentro da casa pela janela quebrada. 

— Tio, você tá bem? — ela perguntou, tentando ajudar Hazard a se levantar. 

— Esqueça de mim! Recupere o Magna Fábula! Eu não posso trazê-lo de volta por conta própria se tiver alguém capturado dentro dele. Vai!  Respondeu Hazard com urgência.

Os vizinhos começaram a sair de suas casas, atraídos pelos barulhos e a confusão vindos da residência de Hazard. As luzes das casas ao redor se acenderam, aumentando a tensão. 

Enquanto isso, Kreik, Clemência e Cassie, ainda escapando, sentiram algo estranho em seus corpos. Clemência foi a primeira a perceber: 

— Pessoal, saltem! Nossos corpos estão voltando ao tamanho normal! 

Os três saltaram no momento exato, retomando suas proporções normais no ar. Kreik não perdeu tempo: segurou Vicente e Moara pela cintura e ativou suas luvas, liberando jatos de fogo pelos pés e alçando voo. Cassie, por sua vez, invocou sua habilidade: 

— Forja Básica: Relíquias Fantásticas de Sherazade! 

Um tapete voador e um véu de seda materializaram-se instantaneamente. Cassie agarrou o braço de Clemência e puxou-a para o tapete, que subiu velozmente aos céus. 

Prya, correndo atrás do grupo, lançou um laser com precisão, mas o tiro passou direto. Lá de cima, Vicente, sem perceber, deixou o Magna Fábula escorregar de suas mãos. O livro começou a despencar. 

— AAAh, eu vou me esborrachar no chão! — gritou o livro.

— Eu te pego! — Prya gritou, estendendo a mão para pegá-lo. 

Cassie foi mais rápida. Com uma manobra ágil do tapete, aproximou-se do livro no ar, e Clemência conseguiu agarrá-lo antes que Prya pudesse alcançá-lo. 

Furiosa, Prya lançou outro laser, mas Cassie, habilidosa no controle do tapete, desviou com facilidade. 

— Prya! Prya! Me pega de volta! — gritou o livro em pânico. 

— Cala a boca, seu livro tagarela! — Clemência resmungou, pressionando a mão contra a boca que se formava na capa do livro. Ela olhou para os amigos ao lado e gritou: 

— Kreik, Moara! Precisamos de uma distração para fugirmos! 

Moara, sem hesitar, deu uma sugestão: 

— Nos leve para longe das casas! Precisamos de um lugar sem moradores por perto! 

Cassie assentiu e redirecionou o tapete, mudando a trajetória para um campo mais afastado. Kreik seguiu logo atrás, carregando Vicente e Moara, enquanto Prya continuava sua perseguição implacável, disparando lasers incessantemente.



Comentários