Volume 1
Capítulo 12 : Beareebal x Roy
— Vai me deixar? — Roy questionou enquanto seguia o homem mascarado. — Por acaso precisa de mim? Como espera evoluir se eu ficar ajudando o tempo todo?
Roy suspirou.
— Pelo menos tem algum conselho?
— Já falei tudo o que tinha para falar. Dessa vez, não terei como ajudar. Precisa se provar de verdade.
— Mas... é isso que me assusta. Se eu morrer e não conseguir cumprir minha promessa...
— Então você falhou.
O garoto ficou em silêncio. As palavras golpearam seu estômago como um soco. O homem continuou:
— Precisa lutar para não falhar. Você pretende lutar por quem se foi? Então se morrer, falhará com todos. Prove que Yuki não errou ao trazê-lo para cá. Você quer ser forte? Um homem forte se protege sozinho. Mas o mais forte protege a todos....
O homem colocou a mão sobre a cabeça do menino.
— Sei que vai ter momentos que tudo se acabou e tudo parece impossível. Nesse momento tenha fé e olhe pro céu.
Ao ouvir aquilo, Roy inspirou profundamente e soltou o ar devagar. Quando abriu os olhos, o homem havia desaparecido. Apenas um livro permanecia no chão.
Roy o pegou e leu o título:
“Histórias Sagradas.”
##
Um tremor sacudiu a floresta.
O urro de Beareebal estremeceu as árvores, fazendo a neve deslizar dos galhos como se a própria natureza reconhecesse o perigo iminente.
Roy cravou os pés no chão gelado, ajustando a postura. Seu coração martelava em seu peito como tambores de guerra. O medo estava ali. Mas ele não podia hesitar.
Beareebal avançou.
O impacto das patas contra o solo fez o chão tremer. Em um instante, a fera girou o corpo e desferiu um golpe lateral com a garra, rasgando o ar com brutalidade.
— Magia de vento?! — Roy arregalou os olhos.
Rajadas cortantes varreram o campo. As árvores ao redor foram dilaceradas como papel. Roy se esquivou da maioria dos ataques, mas um corte superficial abriu-se em sua costela quando uma lâmina de vento o alcançou.
Antes que pudesse pensar em uma estratégia, uma nova rajada cortante foi conjurada e disparada em sua direção. Ele rolou na neve no último instante, evitando ser partido ao meio enquanto o ataque abria uma cratera onde estivera segundos antes.
Beareebal não lhe deu descanso. A fera ergueu-se sobre as patas traseiras e desceu com uma investida brutal.
“Droga, não posso apenas me esquivar!”
Roy disparou.
Seu movimento tornou-se um borrão.
Deslizando pelo chão, ele aplicou um chute baixo para desequilibrar Beareebal. Mas a fera saltou para trás com uma agilidade impressionante para seu tamanho. O urso sentiu o ar mudar. Por um instante, enxergou apenas vultos enquanto golpes acertavam seu corpo de todos os lados.
Os punhos de Roy caíam como martelos, cada impacto mais feroz que o anterior. No entanto, a pele grossa da criatura parecia absorver os golpes. Rangeu os dentes e puxou sua adaga, mirando a garganta da fera. Com um grito de determinação, cravou a lâmina...
Beareebal abocanhou a arma antes que perfurasse sua pele e, com um estalo seco, quebrou-a entre os dentes.
Roy arregalou os olhos.
— Merda! — rugiu, sumindo da visão do urso.
A caça havia recomeçado.
O garoto reapareceu na lateral do urso, desferindo uma sequência de golpes rápidos nos flancos da fera. Seus punhos eram como martelos, cada impacto reverberando contra as costelas profundas do monstro. A respiração de Roy se transformava em vapor no ar gélido, mas ele não parava.
O urso rugiu, girando o corpo com uma velocidade assustadora. Sua pata imensa varreu o espaço como uma guilhotina. Roy tentou esquivar, mas desta vez não foi rápido o suficiente. As garras do urso rasgaram sua carne, um corte profundo queimando seu lado como fogo vivo.
A fera não deu trégua. Abriu suas mandíbulas, mirando o ombro do garoto. Roy, instintivamente, desferiu um chute brutal na mandíbula do urso, desviando por um instante o ataque. Usando o próprio braço do monstro como apoio, girou no ar e desceu com um chute destruidor, mirando o crânio de Beareebal.
Mas o urso não estava mais ali.
— QUÊ?! — berrou, confuso.
Antes que pudesse entender o que aconteceu, sentiu um peso esmagador em sua retaguarda. Beareebal se movia como um pesadelo de puro músculo e fúria. Suas presas afundaram no ombro de Roy, e antes que pudesse reagir, foi lançado contra uma árvore com violência brutal. O impacto foi tão forte que rachaduras surgiram no tronco atrás dele. O mundo girou por um instante, o gosto metálico do sangue se espalhando em sua boca.
Mas o rei não esperou. Já estava sobre ele, as garras cortando o ar em um arco mortal.
Roy rolou para o lado no último segundo, sentindo o vento cortante roçar seu rosto. Assim que se ergueu, outro golpe veio—um corte horizontal que rasgou a neve e abriu um sulco profundo no chão congelado. Ele sentiu algo quente escorrer por seu rosto. Sangue. Seu próprio sangue.
— Merda... — sussurrou, arfando.
Seus músculos protestavam, seu corpo tremia devido aos ferimentos. Mas ele não podia parar. Não agora.
Beareebal rugiu e investiu. Roy saltou para trás, desviando por um fio. Mas então, um brilho frio surgiu nos olhos do garoto. No momento exato em que o urso avançou para abocanhá-lo novamente, seu punho disparou com precisão brutal, atingindo o ponto entre os olhos da fera com a força de um meteoro.
Beareebal estremeceu por um instante. Foi o suficiente.
Roy agarrou o pescoço do monstro em uma chave de braço selvagem. Seu corpo irradiava calor, vapor subindo de sua pele como se estivesse queimando por dentro. Uma aura verde começou a emanar ao redor dele, pulsando como uma chama viva. Seus músculos se contraíram, e ele pressionou com todas as forças, tentando sufocar a fera.
Beareebal, mesmo com o ar escapando de seus pulmões, não cedeu. Com um urro ensurdecedor, a besta começou a girar violentamente, tentando sacudir Roy como um mero inseto. O garoto sentiu seu corpo ser chicoteado pelo ar, a pressão quase arrancando seus braços do lugar. Mas ele não soltou. Ele não podia soltar.
Se perdesse essa luta, não haveria uma segunda chance.
Os olhos do animal brilharam, e tornados formaram-se ao redor de suas patas.
“Essa magia...”
Roy reconheceu aquele tipo de encantamento. Era a mesma técnica que Yuki usava para amplificar sua velocidade.
Num piscar de olhos, Beareebal lançou-se contra os troncos das árvores com uma rapidez e ferocidade avassaladoras. Roy sentiu sua coluna ser esmagada sob o impacto brutal. O urso continuou, jogando-o contra as árvores repetidamente, até que a força do garoto finalmente cedeu.
Seu corpo colidiu com a madeira, rachando o tronco. Ele desabou, cuspindo sangue na neve imaculada. Seus braços não respondiam. O cansaço e a dor o dominavam.
“Droga... droga...”
Usando a testa como apoio, forçou-se a se levantar.
Cambaleando, reuniu forças para se reerguer. Mas Beareebal já estava sobre ele. A pata desceu como um martelo. Roy se jogou para o lado no último instante, e as garras do urso enterraram-se na madeira, partindo a árvore ao meio.
O garoto mal conseguia enxergar os movimentos do monstro. O ar ao seu redor era um turbilhão de neve e vento cortante. De repente, a fera sumiu do seu campo de visão. Roy virou-se, mas já era tarde. As garras afundaram-se em suas costas.
— ARGH! — seu grito ecoou pela floresta.
Uma rajada de vento o lançou contra outro tronco, e o impacto foi tão forte que, por alguns instantes, sua consciência se apagou
##.
— Ei, garoto, como foi? — Johan perguntou, analisando o estado deplorável de Roy.
O corpo do garoto estava coberto de feridas, seus olhos carregavam frustração. Sentou-se ao lado do vice-capitão, ainda ofegante.
— Eu não consigo vencer... — murmurou.
— Não precisa disso. Ela é uma capitã, você é só um pirralho. — Johan tragou seu cigarro, soltando um pouco de fumaça no ar. — O feitiço mais forte dela é quando usa a magia de vento para aumentar a velocidade. Ela fica praticamente invisível.
— NEM FALE! — desabafou Roy. — É praticamente impossível vê-la, os golpes só chegam!
Roy demonstrou socando o ar, exasperado. Johan riu com diversão.
— VOCÊ É O VICE-CAPITÃO DELA! DEVE TER ALGUMA DICA! — gritou o garoto, apontando o dedo na cara do homem.
Johan sorriu diante da ousadia de Roy.
— Não se anime tanto. É difícil até pra mim.
Decepcionado, Roy se jogou no chão.
— Mas eu tenho uma teoria — continuou Johan. — Basta ser mais rápido que ela. Assim, os movimentos dela parecerão lentos.
— Mas como eu faço isso?
— Não sei. Se vira. Você que quer esse feito. Quando menos esperar, vai se lembrar disso.
— Ajudou em nada, seu velho de merda.
Johan gargalhou da fala do garoto.
##
Roy acordou com um sobressalto. Beareebal já estava à sua frente. Seu corpo ainda estava lento, mas suas pernas responderam instintivamente. Com um movimento ágil, ele usou o tronco para se impulsionar, deslizando sobre a neve e desferindo uma rasteira potente na perna da fera. Não era o suficiente para derrubá-la, mas o impacto fez Beareebal vacilar por um instante.
Foi o tempo necessário para Roy tomar distância.
"Ser mais rápido? Que teoria idiota!"
A lembrança do homem mascarado ecoou em sua mente. Ele falou sobre olhar para o céu.
Roy olhou para o céu, os pulmões ardendo pelo ar frio que puxava com força.
— Não sei se existe alguém ouvindo... Mas uma ajuda cairia bem agora.
Um vapor quente começou a escapar de seu corpo. Então, apenas flashes de luz verdes puderam ser vistos. Ele se impulsionou para cima, girando no ar e acertando um chute giratório devastador na mandíbula da fera. O impacto seco fez Beareebal cambalear para trás, rosnando de fúria. Mas antes que Roy pudesse pressionar a vantagem, o urso ergueu as patas e desferiu um golpe duplo. Rajadas cortantes de vento rasgaram o ar em sua direção.
Roy tentou desviar, mas foi atingido de raspão. O golpe o lançou para longe, fazendo seu corpo colidir contra um tronco de árvore. Usando a própria força do impacto, ele se impulsionou de volta para a luta. Atacou no ar, mirando o pescoço da fera, mas Beareebal foi mais rápido. Com um único movimento, esmagou Roy contra o chão com sua pata imensa.
A pressão era insuportável. O peso do urso afundava seu corpo na neve congelada, esmagando suas costelas. O garoto puxou o máximo de oxigênio que conseguiu, e então...
Num piscar de olhos, vários golpes surgiram de todas as direções. Tão rápidos que pareciam borrões de luz verde cortando o ar. No entanto, Beareebal acompanhou cada um deles. Conjurando sua magia de vento, moveu-se ainda mais rapido que Roy. Num instante, estava acima dele. O chão tremeu quando o urso jogou seu peso contra o garoto, tentando esmagá-lo mais uma vez.
Desta vez, Roy conseguiu escapar no último segundo. Mas sentiu algo.
Beareebal aumentou a força dos tornados em suas patas, criando um vórtice mortal ao seu redor. Roy não teve tempo para reagir. A primeira abertura que conseguiu foi uma armadilha. O urso se lançou sobre ele, os dentes cravando fundo em sua perna esquerda. Roy sentiu a carne rasgar, e antes que pudesse reagir, foi arremessado violentamente contra uma parede de pedra.
Seu corpo se chocou com um estrondo, a neve ao redor derretendo com o calor que emanava de sua aura. O mundo parecia girar. A dor era lancinante.
Foi quando ouviu a voz de Johan em sua mente.
"Precisa ser mais rápido."
Roy puxou o ar novamente. Só que dessa vez, algo mudou. Ele pressionou os pulmões até sentir seus músculos rasgarem. Seu corpo começou a ferver por dentro.
O vento mudou de direção.
Um zumbido ecoou nos ouvidos de Beareebal. Pela primeira vez, o urso sentiu...
Medo.
Quando a neve se dissipou, Roy estava de pé. Seu corpo arqueado, joelhos flexionados, as mãos quase tocando o chão. Sua respiração estava lenta, mas profunda. Seus olhos brilhavam com uma luz selvagem. Sua aura verde se transformara em azul.
A Segunda Abertura havia sido liberada.
A dor, o frio, o medo... Tudo desapareceu.
Seu coração batia como tambores de guerra. O instinto primal dominava cada célula de seu corpo.
Beareebal desceu a garra.
Roy não recuou.
Ele avançou direto contra a fera. No último instante, girou o corpo, deslizou por baixo do golpe e parou ao lado do urso. Antes que Beareebal pudesse reagir, Roy fincou os dedos na pele grossa da criatura e escalou seu flanco como um predador subindo em sua presa.
Beareebal rugiu e tentou sacudi-lo, mas Roy se segurou firme. Seus punhos desceram como martelos, golpeando o crânio do monstro repetidas vezes. Cada soco era mais forte que o anterior. Cada golpe carregava uma raiva acumulada, uma tempestade crescendo dentro dele.
O urso tentou conjurar uma nova rajada de vento, mas Roy já estava sobre sua cabeça. Com um grito selvagem, agarrou a orelha da fera e puxou com força brutal.
— É MINHA VEZ, SEU MERDA!
O urro de dor da criatura ecoou pelo vale.
Roy saltou, usando o próprio impulso do urso contra ele. No ar, girou e desferiu um chute destruidor no focinho da fera, lançando-a para trás. Beareebal caiu de lado, a neve explodindo ao seu redor. O garoto aterrissou no chão, ofegante. Mas seu corpo não tremia de exaustão. Não de medo.
Ele sentiu prazer.
Beareebal se levantou, mais furioso do que nunca. Roy se lembrou das palavras do mascarado.
"— Mas... e se eu falhar?
— Então você falhou."
Roy apertou os punhos.
— Claro que eu não vou falhar!
Um raio azul cortou o campo. Um chute acertou o focinho do urso. Beareebal cambaleou novamente.
O caçador virou a presa.
Roy não parou de golpear. Sua força agora era algo que o próprio urso não compreendia. A pele resistente da fera parecia papel sob seus punhos. Beareebal rugiu, conjurando mini tornados ao redor para afastá-lo. Mas não importava. Roy atravessou a tempestade, desviando de cada rajada de vento. Ele se movia como um fantasma, sempre um passo à frente.
O urso já não via de onde os ataques vinham.
Em um último ato de desespero, Beareebal lançou uma rajada de vento mortal.
Roy caminhou calmamente para seu alvo. Os olhos brilhando. O corpo leve como o próprio ar.
A fera não sabia.
Mas naquele momento...
Seu destino já tinha sido traçado.
O urso se lançou para o ataque mais uma vez. Seus movimentos estavam mais lentos, a respiração pesada. Roy aproveitou a abertura e desferiu um cruzado de direita contra seu oponente, fazendo-o cambalear. Beareebal tentou morder o garoto em resposta, mas Roy foi mais rápido,ele agarrou o pescoço da fera com ambas as mãos, travando sua investida.
Os pés do urso arrastaram-se pela neve enquanto ambos mediam forças. Os músculos de Roy estavam no limite, tremendo com o esforço. Ele não cedeu. Forçou ainda mais, até sentir um estalo seco reverberar pelo próprio braço.
Algo tinha quebrado.
O corpo do urso ficou pesado, os movimentos cessaram. Beareebal tombou, seus olhos arregalados em choque, como se só naquele momento tivesse compreendido o destino que o aguardava. Ele arfava, ainda vivo, mas à beira da morte.
Havia medo naquele olhar. Um pedido silencioso por misericórdia.
Roy sentiu um aperto no peito, mas logo afastou o pensamento. Se a situação fosse inversa, Beareebal não hesitaria.
— Vamos, não me olha assim — murmurou, preparando-se para o golpe final. — Acabemos logo com isso.
##
Com um galho improvisado como apoio, Roy seguiu em frente. A paisagem branca havia ficado para trás, substituída pelo verde da floresta. Seu corpo estava coberto de ataduras, os músculos ainda doíam a cada passo.
Nas costas, carregava algo envolto em seu sobretudo.
— Frou-do! — crocitou seu companheiro sapo, alertando-o sobre algo à direita.
Roy parou, observando a trilha adiante. Movendo-se entre as árvores, um grupo familiar surgia: tatus de pedra, criaturas de cascos rígidos e patas pesadas.
O garoto soltou a bengala improvisada e avançou, cerrando os punhos.
— Tenho uma coisa para resolver com vocês.
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