Volume 2

Capítulo 9: O Labirinto do Demônio (2)

Satou aqui. Desisti da ideia de que isto seja apenas um sonho, mas agora tenho pensado que não se trata do mundo real também, mas de um universo dentro de um game. Venho pensando nisso de maneira perplexa e preciso dizer, se fosse para estar dentro de um jogo, sinceramente eu preferia estar e um eroge.

Foi muita sorte a nossa que o primeiro inimigo que enfrentamos tenha sido um apenas um grilo e espero que isso nos ajude a sair do labirinto mais suavemente. Sem atrair muita atenção, é o que eu quero dizer.

 

◇◇◇

 

— O que seria esse [Núcleo Mágico]?

— É uma esfera que pode ser trocada por dinheiro. Se você coletar as partes de um monstro e entregar a um comerciante, é possível trocar por várias coisas diferentes.

A resposta de Liza não estava errada, mas não era exatamente o que eu gostaria de ouvir. Acho que esperar por uma resposta ao nível wikipedia que nem a Nadi-san era pouco realista.

Liza tirou uma esfera coberta pelo sangue verde do monstro. Era uma esfera vermelha com metade do tamanho de um punho e já que a cor era muito fosca, provavelmente não serviria como joia.

Quando voltou até a mim, passei a ela um saco e um pedaço de pano que tinha sobrado para poder limpar o sangue coagulado.

— Coloque o núcleo dentro do saco e também pegue esta lança.

Dei a Pochi o saco para ela carregar e entreguei à Liza a lança feita com a pata do Grilo Gigante. Quanto à adaga que ela estava usando, foi passada para Tama agora.

Troca de armas entre os membros da Equipe é realmente a cara de um RPG.

— Liza, na próxima vez que for retirar um núcleo mágico, chame Tama e Pochi para ajudar. Assim elas aprenderão a fazer isso também.

— Sim, senhor.

— Tudo bem, nanodesu!

— Aye~!

— Ah sim, Pochi.

— Sim, nanodesu!

— Não precisa se forçar em repetir “nanodesu” o tempo inteiro, sabe?

— Mas se Pochi não fizer, ela vai ser espancada, nanodesu...

Entendo, então ela foi coagida até aprender isso... Já que estou agindo como Mestre apenas temporariamente, então melhor não me meter.

— Tudo bem, mas não vou ficar zangado mesmo se você não disser, ok?

— Sim... nanodesu.

Nós fizemos uma oração por quem quer que fosse a vítima comida pelo grilo e então deixamos a sala, mas não sem antes colocar o nome do cadáver nos meus [Memorandos].

Agora que as coisas tinha se acalmado, comparei as estatísticas das garotas de antes e depois da batalha, mas nada exceto a barra de vigor tinha mudado.

Isso significava que elas não ganhavam experiência apenas por estarem junto? Nesse caso, como se fazia para aumentar os leveis de um sacerdote ou membros do tipo de suporte, então?

Se eu pudesse aumentar o nível das três, então mesmo no caso de resgatarmos mais pessoas pelo caminho não seria um problema, mas as coisas não seriam tão simples assim.

Já que este é um mundo que segue as mesmas leis que os jogos, eu deveria tentar usar uma aproximação mais parecida com a de um jogo?

— Tama, caso ache alguma pedra mais ou menos do mesmo tamanho que o núcleo, pegue-a para mim, por favor.

— Aye~!

 

◇◇◇

 

Nós avançamos sem problemas até que a passagem se dividiu. Todas os caminhos levavam para a mesma sala, só que um deles tinha uma sala diferente que antecedia a principal. Em ambas havia monstros, mas na do meio tinha apenas dois do tipo lagarta com level 10 e algumas pessoas presentes também... melhor ir ajudá-las.

— O caminho se espalha~ nyan?

No momento em que as divisões ficariam visíveis, um aviso veio de Tama.

Como já disse, não precisa se forçar a terminar as frases com alguma coisa desse tipo...

Elogie Tama e fiz carinho em sua cabeça, mas ela pareceu ter ficado embaraçada. Como Pochi estava nos encarando com um olhar cheio de inveja, resolvi acariciar ela também.

De qualquer forma, elas teriam mais ou menos quanto de altura? Um metro e vinte? Liza é um pouquinho mais alta que eu... algo em torno de um metro e sessenta e cinco, eu acho.

— Vamos pegar a passagem da direita.

Nós prosseguimos e alguma coisa apareceu no meu radar.

O que seria aquilo?

— Tem um inseto lá~ nya... no desu?

Esse foi o aviso de Tama, mas agora ela estava imitando Pochi? Deixando isso de lado, como deveríamos lidar com um monstro invisível?

Já que o meu radar indicava a posição aproximada do inimigo, tentei encarar na direção apontada. O [AR] passou a mostrar o nome e o level do monstro, então eu atirei repetidamente na posição que os detalhes do [AR] surgiram e uma lagarta caiu no chão.

— Tama, acerte ela com as pedras!

Tama atirou três pedras e duas delas atingiram, mas o corpo do monstro se mexeu apenas depois do segundo. Pelo visto, somente aquele tinha causado algum dano.

A lagarta avançou para cima de nós.

— Tama, Pochi, recuem! Liza venha comigo. Acerte ela uma vez por trás de mim!

Enquanto me segurava o máximo possível, chutei a lagarta para conseguir tempo. Quando Liza usou a chance para espetá-la com a lança, a barra de HP do monstro caiu em aproximadamente 10%.

Depois disso, atirei nela duas vezes até que finalmente morreu.

— Tama, Liza, conto com vocês para retirar o núcleo mágico. Pochi, venha comigo. Ainda tem outro monstro mais na frente.

Tama foi até Pochi e começou a entregar as várias pedras.

Afinal, quantas foi que você pegou?

Dentro da sala estava o mesmo tipo de lagarta que antes. Além disso, os corpos de uma mulher e um garoto, que parecia ser um escravo, estavam caídos no chão. Diferente do grilo de antes, eles não tinham sido comidos ainda.

— Pochi, quando entramos na sala, quero que você jogue as pedras do meu lado. Quando não tiver mais nenhuma, volte para onde Tama e Liza estão.

Entrei de maneira sorrateira na sala e atirei com a pistola mágica. Assim como instruída, Pochi jogou duas pedras de uma distância próxima, mas a lagarta se virou para ela atirando um jato de veneno. Cheguei bem na hora para chutar a cabeça da lagarta que acabou morreu instantaneamente.

Depois de ter atirado as pedras, Pochi correu de volta para passagem. A passagem errada, quero dizer.

Será que ela entrou em pânico e confundiu o caminho?

— Pochi, espere!

Fui imediatamente atrás dela depois de dar a volta no corpo da lagarta, só que isso acabou me atrasando um pouco.

— UWAAAAAA!!! NÃO VENHA! NÃO VE...!

Hã? Quem será? Não é a voz de Pochi.

Olhei no mapa e tinha um homem na passagem, mas o local para onde ele estava indo era perigoso.

— POCHI! VOLTE!

Desta vez Pochi me ouviu e retornou. Quanto ao homem, o sinal dele no meu [Radar] desapareceu.

Mas por que será que ele correu em primeiro lugar? Por acaso confundiu a Pochi com algum monstro? Ou será que estava se sentindo culpado por ter abandonado os outros dois para morrerem...?

— Mestre, o senhor está bem?

— Tudo bem~?

Liza e Tama vieram correndo para onde estávamos.

— Está tudo bem por aqui. Podem ir até aquela a sala recuperar o núcleo mágico do monstro que está lá?

— Pochi sente muito, nanodesu...

Pochi pediu desculpas com as orelhas baixas. Ela inclusive estava com a cauda entre as pernas.

— Não tem problema fugir quando estiver com medo, mas nada de ficar em pânico. Você entende?

— ...Sim.

Eu acariciei sua cabeça suavemente e voltamos para a sala, onde Liza e Tama estavam abrindo a lagarta.

Deixei uma nota no [Memorando] com o nome das duas vítimas... e ponderei se os corpos poderiam ter alguma coisa de útil. Pedi para que Pochi examinasse eles... já que bem, normalmente ninguém iria querer colocar as suas mãos em cadáveres, não é mesmo?¹

— Devo pegar as roupas?

Pochi perguntou, mas nós não precisávamos realmente delas. No entanto foi aí que percebi que as meninas estavam descalças.

— Pegue os sapatos, mas deixe o restante das roupas como estão.

Pochi também me entregou os objetos que possuíam. O menino escravo não tinha nada, mas a mulher carregava uma bolsa com joias como anéis e colares. Resolvi criar então uma pasta chamada “memento” e os coloquei dentro para entregar para a família dela mais tarde. Foi aí que tive também a ideia de cortar uma mecha de cabelo dos dois e colocar na pasta também.

As sandálias ficaram com Pochi e Tama, enquanto Liza, que era a criança mais velha, precisaria aguardar um pouco. No entanto, na sala seguinte estava mais uma lagarta e também o corpo do jovem de antes, portanto ela não teria de esperar muito.

 

◇◇◇

 

O experimento de atacar, ou melhor, causar dano, aparentemente foi um sucesso. Tama e Liza ganharam um nível cada, enquanto Pochi ganhou dois.

Pelo visto você ganhava um habilidade logo que passasse de nível, já que agora Pochi tinha ganho a habilidade [Atirar], Tama [Coletar] e Liza [Desossar].

Apesar de que eu mesmo não tenho [Desossar]... vou experimentar cortar um peixe ou algo assim depois.

Entretanto, alguma coisa estava errada com a nova habilidade de Liza. O nome dela estava acinzentado, enquanto a habilidade [lança] estava pintada de cor branca. A mesma coisa aconteceu com Tama e Pochi.

Me pergunto se isso significa que elas não foram ativadas ainda... Apesar de que as três ficariam mais fortes se elas já estivessem ativas...

Quanto aos atributos, eles também cresceram, mas estavam como STR 15(18), o que indicar que não estejam ativados também.

Bem, ainda tinham 100 salas até a saída, então vamos solucionar este mistério até lá!

Comigo na liderança, nós quatro (Eu, Tama, Pochi e Liza) fomos em direção à próxima sala.


Nota:

1 – Satou-kun, normalmente ninguém mandaria crianças fazerem isso também, não é mesmo?



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